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UNIVERSIDADE DE CABO VERDE

Uni-CV

Projecto Edulink

Formação Contínua de Professores:


 

«A avaliação das aprendizagens – Da teoria à


prática»

 
Arlinda Cabral (arlinda.cabral@adm.unicv.edu.cv) 20 de Março de 2010
Estrutura e objectivos da apresentação
Parte I

Enquadramento teórico e conceptual da avaliação

Parte II

Parte Prática – Concepção de instrumentos de avaliação

Objectivos da apresentação:
 - Conhecer a emergência da avaliação enquanto processo de melhoria contínua
- Identificar os tipos, momentos e variáveis da avaliação
- Aplicar os conhecimentos adquiridos mediante a elaboração de testes (parte prática)
- Analisar e reflectir sobre as estratégias e instrumentos de avaliação
Parte I
Introdução

• Avaliação - parte integrante do processo


ensino/aprendizagem
• Avaliação da aprendizagem
– Novo paradigma: processo mediador na construção do
currículo e encontra-se intimamente relacionada com a
gestão da aprendizagem dos alunos (Perrenoud, 1999)
– Igual valorização dos testes intercalares e finais e das
observações diárias, de carácter diagnóstico

Aspectos a ter em conta - participação e produtividade


de cada aluno ao longo das aulas
Introdução (cont.)

• Não tem sentido falar de avaliação de resultados se não


se assumir uma planificação de todo o processo
(Ribeiro, 1999):

– Identificar o que se pretende atingir (os objectivos de


aprendizagem),
– Conceber o processo de chegar até lá (os métodos,
meios e materiais)
– Saber se se conseguiu, ou não, o pretendido (tipos e
instrumentos de avaliação)
Enquadramento histórico e conceptual da
Avaliação
– Presente na vida pessoal e pública

– Processo universal, que articula:


• A emissão de juízos sobre um facto que não está no
próprio objecto
• A construção de uma grelha
• A definição de critérios

– Significa: ajuizar, julgar, medir, testar e comparar

– Implica: identificar o mais objectivamente o que se pretende,


procurando ser o mais rigoroso possível, para inventar
técnicas e instrumentos
Enquadramento do conceito (Cont.)

Avaliação - processo natural com vista à tomada de


decisões

• Aprendizagem e construção constante, ao longo de


toda a vida
• Relação entre avaliar - aprender-construir-corrigir
• Influências: representações, certeza e dúvidas
• Necessidade: valores e critérios

Elemento estruturante de todo o processo de


aprendizagem
Definições do conceito (Hadji, 1994)
• 1.ª Medida, caracterizada por três fases: i) Testing, de
1920 a 1940; ii) Measurement period, durante a 2.ª Guerra
Mundial; iii) Avaliação, «com a ambição de apreciar a
coerência dos sistemas educativos e de medir-lhes o
rendimento» (p. 94)

• 2.ª Operação pela qual se determina a congruência entre o


desempenho e os objectivos (Ralp Tyler)

• 3.ª Juízo profissional (juízo de valor) e operação de


especialista que estabelece a relação entre:
– Dados da ordem dos factos/objecto real/referente/modelo ideal
– Dados da ordem do ideal/expectativas e
intenções/referido/conjunto dos observáveis
Avaliar – termo polissémico

• Verificar, julgar, estimar, situar, representar, determinar, dar um


conselho ou uma opinião

– Incide sobre: «saberes, saber-fazer, competências,


produções, trabalhos» (Hadji, 1994, p. 28),

Sistematiza-se em três verbos: verificar, situar e julgar.

Essencial da avaliação – identificar a relação entre:


- O que existe / o que era esperado
- Um dado comportamento / um comportamento alvo
- Uma realidade / um modelo ideal.
O Avaliador
• Dois tipos de ruptura:
• 1.ª Entre o sujeito que constrói o juízo de valor e o objecto de
avaliação
• 2.ª Entre o real e ideal e o ser e dever-ser.
Essência do trabalho do avaliador:
Relacionar e criar os laços
Intervir: «um poder de conceber um estado de coisas melhor»
(Hadji, 1994)
Estabelecer a relação entre:
O que existe / o que era esperado
Um dado comportamento / comportamento alvo
Realidade / modelo ideal
O Avaliador (cont.)
As três grandes funções do avaliador:
• Orientar – Avaliação diagnóstica / prognóstica / preditiva
Explorar ou identificar algumas características de um aprendente com vista a
escolher a sequência de formação mais adequada às suas característica;
•Regular – Avaliação formativa (Scriven, 1967),
Finalidade pedagógica, incorporada no próprio acto de ensino. Objectivo -
melhorar a aprendizagem durante o seu processo, informando sobre as
condições em que está a decorrer essa aprendizagem e instruindo o
aprendente sobre o seu próprio percurso, os seus êxitos e as suas
dificuldades
Dupla retroacção - função reforçadora e uma função correctiva
•Certificar - Avaliação sumativa
Fazer um balanço depois de uma ou várias sequências ou depois de um ciclo
de formação, sendo normalmente pontual e efectuada num momento
determinado.
Variáveis da avaliação – questões de uma
operação de avaliação

• Qual o objectivo da avaliação?


• Com que finalidade?
• Qual o objecto?
• Com que instrumentos se avaliará?
• Quem avaliará?
• Quando avaliará?
• Para quem se realizará a avaliação?
• Par tomar que género de decisão?
• Qual a utilidade da avaliação?
Modalidades de avaliação

Modalidades possíveis de avaliação dos comportamento:

Avaliação normativa:
Distribuição dos resultados obtidos por um grupo de
referência, sendo puramente descritiva, na medida em
que é definida pelos desempenhos reais.

Avaliação criterial:
Utilização de uma norma, mas em que o quadro de
referência é constituído por um desempenho-alvo,
segundo Hadji (1994), o critério de conteúdo.
Finalidade da avaliação – Avaliar para que fim?
• Quatro fins essenciais (Hadji, 1994):
– Melhorar as decisões relativas à aprendizagem de cada um dos
aprendentes;
– Informar o aluno e os pais sobre a sua progressão;
– Outorgar as certificações necessárias;
– Melhorar o ensino em geral

• Cada finalidade define um tipo de continuação do respectivo


processo:
– Orientação - processo dinâmico para reajustamento do processo
à situação;
– Controlo – processo de verificação periódica do estado do
sistema, para desenvolvimento de acções correctivas;
– Avaliação - processo de avaliação com vista a retirar as
conclusões necessárias sobre o interesse da formação e da sua
eventual recondução.
Parte II

Parte Prática
A concepção de instrumentos de avaliação
Objectivos do professor
1. Organizar e gerir a sala de aula
2. Obter recursos e materiais de ensino
3. Planificar, organizar e gerir o ensino bem como outras
responsabilidades profissionais
4. Planificar aulas eficazes
5. Motivar os alunos
6. Usar métodos de ensino eficazes
7. Lidar com as necessidades, interesses, capacidades e problemas
individuais dos alunos
8. Comunicar com os colegas, incluindo administradores, orientadores
e outros professores
9. Comunicar com os pais
10. Adaptar-se ao meio ambiente e ao papel do ensino
11. Avaliar os alunos e os progressos destes
Construir dispositivos pertinentes
Determinar um objecto preciso caracteriza-se por escolher instrumentos,
definir intervenientes e determinar momentos.

Dispositivos:
• Conjunto de modalidades que visam o levantamento e tratamento da
informação, possibilitando a leitura da realidade à luz de uma grelha
de referência estabelece uma relação que origina o juízo que a define.
• Implica critérios, significados e indicadores úteis
• Deve descrever e articular determinadas modalidades de recolha de
informação e «prever os níveis e os tipos de confrontação
referente/referido a realizar» (Hadji, 1994, p. 153).

Não existe um instrumento de avaliação mas sim técnicas, instrumentos


e procedimentos que são utilizados no domínio das ciências sociais
que são adaptáveis a um processo de avaliação (Hadji, 1994).
Reflexão e análise…

• A avaliação está presente em todos os momentos do processo


de ensino e aprendizagem e tem como fim último contribuir para
a melhoria do processo de ensino-aprendizagem do estudante.
• Na educação, a avaliação deve consistir num instrumento
facilitador de todo o processo da aprendizagem, na medida em
que visa regular, monitorizar e conduzir esse mesmo processo.
• A avaliação visa o equilíbrio, consubstanciando-se num
constante ajuizar, julgar, medir, testar e comparar,
estabelecendo relações através da utilização dos nossos
sentidos, dos nossos conhecimentos, das nossas experiências
(Tira-Picos & Sampaio, 1988).
•  
Como procede a avaliação?
– Descreve que conhecimentos, atitudes ou aptidões os
alunos adquiriram, ou seja, que objectivos do ensino
já atingiram num determinado ponto do percurso e
que dificuldades estão a revelar relativamente a
outros.
• Esta informação é necessária:
– A professor - para procurar meios e estratégias que possam
ajudar os alunos a resolver essas dificuldades e é necessária
– Aos alunos para se aperceberem delas (não podem os alunos
identificar claramente as suas próprias dificuldades num campo
que desconhecem) e tentarem ultrapassá-las com a ajuda do
professor e com o próprio esforço.

A avaliação deve ter maioritariamente intenção formativa…


Bibliografia
Hadji, C. (1994). A avaliação, regras do jogo – Das intenções aos instrumentos. Porto: Porto Editora.
Pacheco, J. (1998). «Conhecer, aprender, avaliar». A Avaliação da aprendizagem. Org. Leandro Almeida e José Tavares,
Colecção CiDINE. Porto: Porto Editora, pp. 111-132.
Perrenoud, Philippe (1999). Avaliação. Da Excelência à Regulação das Aprendizagens. Porto Alegre : Artmed Editora.
Ribeiro, L. M. (1994). Avaliação de Aprendizagem. Lisboa: Texto Editora.
Romão, A., Fernandes, A., & Rafael, J. (2004). Referencial de formação pedagógica contínua de formadores – Técnicas de
avaliação na formação. Lisboa: Instituto do Emprego e Formação Profissional, Centro Nacional de Formação de
Formadores.
Tira-Picos, A., & Sampaio, J. (1988). Programa modular de formação de formadores – A avaliação na formação profissional.
Lisboa: Instituto do Emprego e Formação Profissional, Centro Nacional de Formação de Formadores.
Ribeiro, Lucie Carrilho (1999). Avaliação da Aprendizagem, Colecção «Educação Hoje». Lisboa: Texto Editora.
 
Bibliografia recomendada para aprofundamento
 
Azeredo, Joaquim (coord.). Avaliação dos resultados escolares. Medidas para tornar o sistema mais eficaz. Porto: Edições Asa.
Estrela, Albano, & Albano, Maria Teresa (1993). Avaliações em educação: novas perspectivas. Porto: Porto Editora.
Hadji, Charles (1997). A avaliação, regras do jogo. Porto: Porto Editora.
Kraemer, Maria Elisabeth (2005). Gestão do conhecimento. «A avaliação da aprendizagem corocesso construtivo de um novo
fazer». In http://www.gestiopolis.com/Canales4/rrhh/aprendizagem.htm
Leite, Carlinda, & Fernandes, Preciosa (2002). Avaliação das aprendizagens dos alunos: novos contextos, novas práticas. Porto:
Edições Asa.
Méndez, Juan Manuel (2002). Avaliar para conhecer, examinar para excluir. Porto: Edições Asa.
Morgado, José (2001). A relação pedagógica (2.ª ed.). Lisboa: Editorial Presença.
Obrigada!

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