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Direito Penal III

Direito – UniJuazeiro
4° Semestre Tarde
Professor: José Fontenele Lopes Júnior
Homicídio Qualificado

 Homicídio qualificado - Art. 121, §2° do Código Penal

§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso
ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte
ou torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Homicídio Qualificado

VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:(Incluído pela Lei


nº 13.104, de 2015)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Homicídio Qualificado

 O homicídio qualificado é definido como crime hediondo, nos termos do art. 1º, I, da Lei
n. 8.072/90, com redação determinada pela Lei n. 8.930/94.
 As circunstâncias que qualificam o homicídio são mais complexas e variadas que aquelas
que o privilegiam, e dividem-se em:
a) Motivos: paga, promessa de recompensa ou outro motivo torpe ou fútil — art. 121, § 2º, I e
II;
b) Meios: veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio de que
possa resultar perigo comum — III;
c) Modos: traição, emboscada, mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa da vítima — IV;
d) Fins: para assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime — V;
e) Condição ou pessoa do sujeito passivo: feminicídio e homicídio funcional – VI e VII.
Homicídio Qualificado
Homicídio Qualificado

1) Mediante paga ou promessa de recompensa (§2, inciso I): crime de mercenário,


típico de grupos de extermínios, popularmente conhecido como ação armada de
“jagunços”.
 Trata-se de uma das modalidades de torpeza na execução de homicídio.
 Na paga o agente recebe previamente a recompensa pelo crime.
 Na promessa de recompensa há somente a expectativa de paga, cuja efetivação
está condicionada à realização efetiva do crime de homicídio.
 A recompensa ou sua promessa não precisa ser necessariamente em dinheiro,
podendo revestir-se de qualquer vantagem para o agente, de natureza
patrimonial ou pessoal.
 É desnecessário que o agente receba a recompensa para qualificar o homicídio,
basta que seja provado a existência da sua promessa.
Homicídio Qualificado

 Respondem pelo crime qualificado o que praticou a conduta e o que pagou ou


prometeu a recompensa.
 A qualificação do crime de homicídio mercenário se configura pela ausência
de razões pessoais para a prática do crime, cujo pagamento caracteriza a sua
torpeza. É o fundamento que move o autor imediato a praticar o crime.
 Estamos diante de um crime bilateral ou de concurso necessário, ou seja, é
indispensável a participação de, no mínimo, duas pessoas: quem
paga/promete para o crime ser cometido e quem o executa pela paga ou
recompensa.
Homicídio Qualificado

2) Por motivo torpe (§2, inciso I): é o motivo repugnante, abjeto, vil, indigno,
que repugna à consciência média. Viola o sentimento ético-moral da
sociedade, demonstrativo de depravação espiritual do sujeito.
 Ex.: matar alguém para adquirir-lhe a herança, por ódio de classe, vaidade e
prazer de ver sofrer.
 O motivo não pode ser ao mesmo tempo torpe e fútil.
 Na fase da pronúncia, o Magistrado deve manifestar-se de forma sucinta
acerca da existência ou não de indícios da qualificadora do homicídio.
Homicídio Qualificado

3) Fútil (§2, inciso II): Fútil é o motivo insignificante, banal, que se apresenta de
forma desproporcional entre o crime e sua causa moral, não pode ser causa
suficiente para tal ação do agente.
 O motivo fútil não se confunde com ausência de motivo.
 Exs.: matar o garçom porque encontrou uma mosca na sopa, matar o cobrador
porque errou no troco, matar a funcionária doméstica porque deixou queimar o
feijão na panela etc.
 As circunstâncias de caráter pessoal (subjetivo) não se comunicam entre os
participantes do crime (art. 30 CP). Os motivos do homicídio constituem
circunstâncias pessoais ou subjetivas.
 Ex.: Os sujeitos A e B praticam homicídio, agindo o primeiro por motivo torpe,
desconhecido do segundo, só o primeiro responde pela forma qualificada.
Homicídio Qualificado

4) Meios insidiosos ou cruéis ou que possa resultar perigo comum (§2, inciso
III):

 Roberto Lyra: “o código exemplifica o meio insidioso (veneno), o meio


cruel (asfixia, tortura) e o meio extensivamente perigoso (fogo, explosivo),
mas qualquer outro meio insidioso, cruel ou extensivamente perigoso, isto
é, de que possa (basta o dano potencial, não é necessário o efetivo)
resultar perigo comum, encerra a circunstância”
Homicídio Qualificado

 O CP adota uma fórmula casuística inicial, nos fornecendo exemplos: veneno,


fogo, tortura, fogo e explosivo. Em seguida se vale da fórmula genérica: meio
insidioso, cruel ou de que possa resultar perigo comum. Significa que esses
meios devem ter a mesma natureza do conteúdo da parte exemplificativa.
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a) Meio insidioso: veneno.

 Veneno é toda substância que, introduzida no organismo, por intermédio de ação biológica ou
química, pode lesar ou causar a morte.
 Meio insidioso existe no homicídio cometido por intermédio de estratagema, dissimuladamente,
isto é, como cilada.
 O envenenamento só irá constituir meio insidioso se a vítima desconhecer a circunstância de
estar sendo envenenada.
 Existindo emprego de violência no sentido de que a vítima ingira a substância, não ocorre a
qualificadora, podendo incidir o meio cruel.
 Obs.: Uma substância teoricamente inidônea para fins de causar lesão/morte pode assumir a
condição de venenosa. Ex.: ministrar açúcar em quantidades razoáveis a pessoa diabética é um
modo ou forma de envenená-la.
Homicídio Qualificado

b) Meio cruel: fogo ou tortura.

 Meio cruel é aquele que causa sofrimentos à vítima, não incidindo se


empregado após sua morte.
 O fogo pode ser meio cruel ou de que pode resultar perigo comum, conforme
as circunstâncias em o que agente utilizou esse artifício.
 O fogo também poderá ser meio insidioso, como no exemplo de ateamentos
de fogo em mendigos pelas ruas das grandes cidades.
Homicídio Qualificado

 A Lei n. 9.455/97, ao definir o crime de tortura, comina a pena de 8 a 16 anos


de reclusão na hipótese de resultar morte (art. 1º, § 3º, 2ª parte). Trata-se de
crime qualificado pelo resultado e preterdoloso, em que o primum delictum
(tortura) é punido a título de dolo e o evento qualificador (morte), a título de
culpa.
 Havendo dolo quanto a morte, direto ou eventual, o agente só responde por
homicídio qualificado pela tortura (art. 121, § 2º, III, 5ª figura), afastada a
incidência da lei especial.
 Se durante tortura o agente resolve matar a vítima, por exemplo, a tiros de
revólver? Haverá dois crimes em concurso material: tortura (art. 1º da Lei n.
9.455/97) e homicídio, que pode ser qualificado por motivo torpe, recurso
que impediu a defesa da vítima etc.
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c) Meio que pode resultar perigo comum: fogo e explosivo.

 Perigo comum é aquele que expõe um número indeterminado de pessoas a aquela


situação de perigo, o meio empregado pelo agente ocasiona riscos para além do
seu alvo.
 Exemplifica-se o emprego de fogo com a utilização de produto inflamável seguido
do ateamento de fogo.
 Caso emblemático: Índio pataxó que foi embebido em combustível e depois
incendiado por alguns marginais da classe média de Brasília/DF.
 Explosivo é qualquer objeto ou artefato capaz de provocar explosão ou qualquer
corpo capaz de se transformar rapidamente em uma explosão. Ex.: dinamite ou
qualquer outro material explosivo, bombacaseira, coquetel molotov etc.

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