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3ªfase do

Modernismo
A terceira geração modernista, terceira fase do
modernismo ou fase pós-modernista representa
o último momento do movimento modernista no
Brasil. Também chamada de “Geração de 45”, a
última fase do modernismo começa em 1945 e se
estende até 1980.
Contexto Histórico

• O momento em que surge a terceira geração modernista


no Brasil, é o período menos conturbado em relação às
outras duas gerações.
• Ou seja, é a fase de redemocratização do país, visto que em
1945 termina o Estado Novo (1937-1945) que fora
implementado pela ditadura de Getúlio Vargas.
• Em nível mundial, o ano de 1945 é também o fim da
segunda guerra mundial e do sistema totalitário do
Nazismo. Entretanto, tem início a Guerra Fria (Estados
Unidos e União Soviética) e a Corrida Armamentista.
• Os escritores desse período possuíam uma atitude mais
formal, em oposição ao espírito radical, contestador e de
liberdade desenvolvido na Semana de 1922.
Prosa
Modernista
Prosa
Urbana

• A principal caraterística
da prosa urbana é sua
ambientação nos
espaços da cidade, em
detrimento do campo e
do espaço agrário. Nesse
estilo destaca-se a
escritora Lygia Fagundes
Telles.
Características da
escrita de Lygia
• Lygia Fagundes Telles faz parte da história da literatura brasileira marcada pelo fim da
Segunda Guerra Mundial e uma série de mudanças políticas no país, como a
redemocratização. Esse contexto proporcionou a produção de um tipo de literatura
específico.
• A autora recorrentemente traz dramas de uma classe média e urbana. Esse grupo, com
suas aparências diante da sociedade, enfrenta questões existenciais essencialmente
humanas – o que é, entretanto, geralmente escondido por baixo dessas máscaras
sociais.
• A complexidade das personagens femininas presentes na obra da autora também é
notável. Estão presentes, por exemplo, o estereótipo de uma moça dócil em relação ao
homem, reservada em relação às temáticas sexuais e esperançosa em relação ao
matrimônio.

•Já que é preciso aceitar a vida, que seja então corajosamente.


•Se é difícil carregar a solidão, mais difícil ainda é carregar uma companhia.
•A distância mais curta entre dois pontos pode ser a linha reta, mas é nos
caminhos curvos que se encontram as melhores coisas da vida.
•A beleza não está nem na luz da manhã nem na sombra da noite, está no
crepúsculo, nesse meio tom, nessa incerteza.
Prosa
Intimista

Por sua vez, a prosa intimista é determinada


pela exploração de temas humanos e, portanto,
é mais íntima, psicológica e subjetiva. Esses
aspectos são observados nas obras de Clarice
Lispector e de Lygia Fagundes Telles.
Características da
escrita de Clarice
• Devido à profissão de seu marido, Clarice viveu em
muitos países do mundo, desde Itália, Inglaterra, Suíça e
Estados Unidos. O relacionamento durou até 1959, e
quando resolveram se separar, Clarice retornou ao Rio
com seus filhos.
• A escritora foi naturalizada brasileira e se declarava
pernambucana. Seu nome, Clarice, foi uma das formas
que seu pai encontrou de esconder toda sua família
quando chegaram ao Brasil.
• Em 1966, Clarice provocou um incêndio em seu quarto e
quase perdeu a mão direita. A escritora dormiu com um
cigarro aceso e precisou passar meses internada. Os anos
que se seguem são de depressão para Lispector, que ficou
com cicatrizes do incidente. Em 1974, devido a uma
mordida de cachorro no rosto, Clarice precisou ser
operada por Ivo Pitanguy.
Características da
escrita de Clarice
• O seu estilo é marcado pela inovação, Clarice introduz características novas à
literatura nacional. Os textos colocam em foco o inconsciente, na literatura da
escritora os sentimentos e sensações dos personagens são muito importantes.
A obra de Lispector apresenta características intimistas, o indivíduo, com seus
questionamentos e sua intimidade, é a peça mais importante.
• Em muitos casos, os narradores são construídos em primeira pessoa, ou seja,
os protagonistas narram as suas próprias histórias. Há casos também em que
ocorre a epifania, espécie de revelação na qual a personagem reconhece alguma
verdade sobre si ou sobre o mundo.
• A representação do pensamento não é feita de forma linear, é livre e
desordenada. É possível ainda identificar a introspecção na técnica de
desenvolvimento de texto. O mais importante na construção do texto não é a
correção gramatical e sim a expressividade.
• Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe
qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.
• Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.
• A gente tem o direito de deixar o barco correr. As coisas se
arranjam, não é preciso empurrar com tanta força.
• Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar.
• Que minha solidão me sirva de companhia.
que eu tenha a coragem de me enfrentar.
que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
• Toda mulher leva um sorriso no rosto e mil segredos no coração.
Prosa regionalista
“Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão
sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando.”
“Falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um
pouco de russo; leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário
agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei a gramática:
do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituano, do polonês, do tupi,
do hebraico, do japonês, do checo, do finlandês, do dinamarquês;
bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. E acho que
estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à
compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente, porém,
estudando-se por divertimento, gosto e distração.”
• Realismo mágico, regionalismo, liberdade de invenções linguísticas e neologismos são
algumas das características fundamentais da literatura de Guimarães Rosa, mas não as
suficientes para explicar seu sucesso. Guimarães Rosa prova o quão importante é ter a
linguagem a serviço da temática e vice-versa, uma potencializando a outra. Nesse sentido, o
Características escritor mineiro inaugura uma metamorfose no regionalismo brasileiro que o traria de novo ao
centro da ficção brasileira.

da obra de • Guimarães Rosa também seria incluído no cânone internacional a partir do boom da literatura
latino-americana pós-1950. O romance entrara em decadência nos Estados Unidos (onde à

Guimarães Rosa época era vitrine da própria arte literária, concorrendo apenas com o cinema), especialmente
após a morte de grandes escritores como Ernest Hemingway (1961), . E, a partir de Cem anos
de solidão (1967), do colombiano Gabriel García Márquez, a ficção latino-americana torna-se
a representação de uma vitalidade artística e de uma capacidade de invenção ficcional que
pareciam, naquele momento, perdidas para sempre
• A publicação do livro de
Estórias de Guimarães Rosa contos Sagarana, em
1946, garantiu-lhe um
privilegiado lugar de
destaque no panorama
da literatura brasileira,
pela linguagem
inovadora, pela singular
estrutura narrativa e a
riqueza de simbologia
dos seus contos. Com ele,
o regionalismo estava
novamente em pauta,
mas com um novo
significado e assumindo a
característica de
experiência estética
universal.
Grande Sertão Veredas
• Em 1952, Guimarães Rosa fez uma longa excursão a Mato Grosso e
escreveu o conto "Com o vaqueiro Mariano", que integra, hoje, o
livro póstumo Estas estórias (1969), sob o título "Entremeio: Com o
vaqueiro Mariano". A importância capital dessa excursão foi colocar
o Autor em contato com os cenários, os personagens e as histórias
que ele iria recriar em Grande sertão: Veredas. É o único romance
escrito por Guimarães Rosa e um dos mais importantes textos da
literatura brasileira. Publicado em 1956, mesmo ano da publicação
do ciclo novelesco Corpo de baile, Grande sertão: Veredas já foi
traduzido para muitas línguas. Por ser uma narrativa onde a
experiência de vida e a experiência de texto se fundem numa obra
fascinante, sua leitura e interpretação constituem um constante
desafio para os leitores.
• A obra do escritor é profundamente marcada pela temática do bem contra o
mal, presente nas narrativas do sertão. Os anos em que o escritor viveu na
Alemanha, no decorrer da II Guerra Mundial, certamente influenciaram sua
produção literária, reforçando o embate entre as forças do bem e do mal.
Poesia de 1945 O ano de 1945 é um marco na história da humanidade, pois marca o
fim da Segunda Guerra Mundial e o início da Era Atômica, com as
explosões de Hiroshima e Nagasaki. Começava então uma nova
divisão de poder no mundo, uma reestruturação geopolítica, com a
crença de uma paz duradoura, refletida na criação da Organização
das Nações Unidas e a subsequente publicação da Declaração dos
Direitos do Homem.

Na aventura da linguagem que propõem os experimentalismos estéticos estão balizados pelo


restabelecimento de uma forma artística e bela, com revalorização de estéticas parnasianas e
simbolistas.
João Cabral de
Melo Neto
João Cabral de Melo Neto constrói sua poética de maneira não-lírica e
não-confessional, ligada à realidade e voltada à racionalidade.
Pertenceu à geração de 45, mas, apesar de ser considerado seu maior
representante, não pode ser enquadrado como exemplar estilístico desta
geração, já que sua estética não propõe diretamente um retorno às
formas tradicionais do verso, apesar de que sua construção poética
guarde ênfase na palavra e seus sentidos.
Influenciado por temas da geração de 30, mergulha no sertão de
maneira contundente, produzindo a epopeia de seu povo em Morte e
Vida Severina. Sua linguagem cuidada, rigorosa, e seca em alguns
momentos dá forma a uma poesia autorreflexiva, voltada à discussão
sobre a própria linguagem e todas as suas possibilidades de expressão
poética. Passeia por outros temas de cunho social sem perder o cuidado
formal, a racionalidade e o equilíbrio de suas composições.
Morte e vida Severina
Vejamos: é o Severino
— O meu nome é Severino, da Maria do Zacarias,
como não tenho outro de pia. lá da serra da Costela,
Como há muitos Severinos, limites da Paraíba.
que é santo de romaria, Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
deram então de me chamar com nome de Severino
Severino de Maria; filhos de tantas Marias
como há muitos Severinos mulheres de outros tantos,
com mães chamadas Maria, já finados, Zacarias,
fiquei sendo o da Maria vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
do finado Zacarias. Mais isso ainda diz pouco:
Somos muitos Severinos
há muitos na freguesia, iguais em tudo na vida:
por causa de um coronel na mesma cabeça grande
que se chamou Zacarias que a custo é que se equilibra,
e que foi o mais antigo no mesmo ventre crescido
senhor desta sesmaria. sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
Como então dizer quem falo que usamos tem pouca tinta.
ora a Vossas Senhorias?
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
alguns roçado da cinza.
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
E se somos Severinos e melhor possam seguir
iguais em tudo na vida, a história de minha vida,
morremos de morte igual, passo a ser o Severino
mesma morte severina: que em vossa presença emigra.
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Catar Feijão
.

Catar feijão se limita com escrever:


joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,

e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

Ora, nesse catar feijão entra um risco:


o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção , isca-a como o risco

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