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FACULDADES DOCTUM

CURSO DE DIREITO

DISCIPLINA: CIÊNCIA POLÍTICA

PROF. PE. SERAFIM MAGALHÃES JR.


O PENSAMENTO POLÍTICO
NA IDADE MODERNA

NICOLAU MAQUIAVEL
( 1469 – 1527 )

A POLÍTICA
COMO CATEGORIA AUTÔNOMA
UNIDADE I:
O PENSAMENTO POLÍTICO DE MAQUIAVEL

A) CONTEXTO SOCIO-CULTURAL

> Momento histórico = Renascimento

Séc. XVI = mudanças sócio-culturais na Europa


sobretudo no norte da Itália.
> crises políticas e religiosas ( luxo da igreja )
> ameaças externas e
> ausência de unidade nacional.
+ As Cidades-Estado ou Repúblicas dirigidas por
Monarcas, com poder ilegítimo.
+ A Nova Imagem do Mundo causada pelas:
> Descoberta do Novo Mundo ( América)
> Revolução Copérnicana (1473-1543)
Sistema Heliocêntrico ( o Sol está em repouso e os
planetas giram ao seu redor).

> Galileu Galilei (1564-1642) confirmou a teoria


de Copérnico
+ Mudança na Cultura: ( Antropocentrismo)
+ A Crise dos Valores Morais se agravara entre os
monarcas e na Igreja.

+ A Nova Realidade Política de Florença e de toda a


Itália.
Maquiavel está
inserido neste
contexto sócio-cultural

Quem foi MAQUIAVEL ?


> Nasceu em
FLORENÇA
(1469 – 1527)
FLORENÇA era uma República, governada pela
Família Médici ( muito poder político e dinheiro).
A República estava em profunda CRISE POLITICA
FLORENÇA: Berço do Renascimento, iniciado pela
Família dos Médici.
Cidade natal de:
Nicolau Maquiavel
Américo Vespúcio
Michelangelo
Dante Alighieri
Galileu Galilei
Bottitelli
Giotto
FLORENÇA
Construída no Século V,
e tem como marca a
construção do Batistério
de San Giovanni
FLORENÇA -
Catedral de
Santa Maria Del Fiori
( 150 de construção)
PONTE VECCHIO sobre o Rio Arno ( mais antiga da cidade)
FLORENÇA
FAMÍLIA:
Pai: Bernardo de Niccolò Machiavelli.
Doutor em Leis ( Advogado),
homem ativo e com vocação para os estudos. Leitor dos
Clássicos como Tito Lívio (historiador romano),
Aristóteles e Demóstenes.
Mãe: mulher muito religiosa, de cultura literária e
de alma poética.
Maquiavel herdou da família a instrução literária da
época.
Infância:
> Aos 7 anos
iniciou os estudos de
Latim, mas não aprendeu grego.
> Aos 9 anos
presenciou
um fato trágico na

Catedral de Florença
Florença
Em 1478, durante uma
Missa na Catedral, estavam o
Monarca Lourenço de Médici ( O
Magnífico) e seu irmão
Juliano de Médici.

Quatro homens da
poderosa família dos Pazzi, inimiga
dos Médici, invadem a Catedral e
apunhalam ( assassinam) o
Juliano, enquanto o Lourenço
refugia-se na Sacristia com
ferimentos leves.
Este atentado provocou grande
tumulto em Florença.

Os quatro homens foram presos,


enforcados e esquartejados
pela multidão.
FLORENÇA
A FAMÍLIA MÉDICI.
A Família ganhou fama quando abriu um Banco
Familiar, tornando-se uma família de banqueiros e
comerciantes muito ricos. Patrocinava construções
da Igreja Católica e dos rei da França e da
Inglaterra.
Na Itália conseguiram
prestígio e poder político,
tornando-se a família mais rica de toda a Europa.
Dos mais influentes na política, destaca-se o
Monarca Lourenço de Médici.
Além de príncipes, princesas, duques,
destacaram-se também três papas da família Médici.
Lourenço de Médici – O Magnífico
( 1449 – 1492)
governava Florença
quando nasceu Maquiavel.
Foi um político, banqueiro
e poeta influente e
dominou a vida política, social e
cultural de Florença.
Construiu bibliotecas
em Florença, patrocinou
artistas e literatos como o
pintor Michelangelo e o poeta e
humanista Ângelo Poliziano.
O Governo dos Médici: ( de 1434 a 1737 )
> Em 1434, assumiram o poder político em Florença.
> Governava usando o sistema de rodízio nos cargos,
colocando sempre no poder membros da aristocracia
local amigos dos Médici.
> A cidade vivia em crise política, financeira e
comercial. Muitas casas bancárias se transferiram para
outras praças, em especial Lion, na França.
> Mesmo com um fraco exército, a cidade se envolvia
em freqüentes guerras.
> Em 1469, neste ambiente tumultuado, nascia
Maquiavel.
CRISE POLÍTICA NA FAMÍLIA MÉDICI:
> Em 1494, perdem o poder na República de
Florença com a invasão da Itália pelo rei Carlos VIII
da França. ( ficam 18 anos afastados).
> Em 1500, Maquiavel casou-se com Marietta de
Ludovico Corsini, tendo dela 6 filhos, sendo 4
homem e duas mulheres.

> Em 1512, voltam ao poder em Florença com a


eleição papal do Cardeal João de Médici ( Papa
Leão X ).
> Prisão de presos políticos, considerados inimigos
do Papa.
Maquiavel: Vida adulta
> Em 1498 (com 29 anos) dois fatos marcantes:
1º) Maquiavel entra para a vida política de Florença.
Convidado a ser o 2º Secretário da República de
Florença, para cuidar dos assuntos diplomáticos
(fazendo muitas viagens pela Itália) e das questões
bélicas.
Organizou um exército para defender a cidade com
(cidadãos) homens convidados, e não com
mercenários. Ganhou fama por desempenhar bem as
funções diplomáticas e as relações com as demais
repúblicas.
2º) Presenciou outro fato trágico na cidade de
Florença, a morte do frei Jerônimo SAVONAROLA
Quem foi Frei Jerônimo
SAVONAROLA ?
> Líder religioso com grande
prestígio político.
> Pregador famoso por seus
discursos contra os maus costumes
do povo e o luxo de alguns bispos e do Papa.
> Pregador autoritário, legalista e se proclamava
santo.
> Convocava o povo para rezar, fazer penitência,
jejuns e aos jovens que entrassem para o convento
em busca de santidade.
> Seu radicalismo o levou a ser excomungado da
Igreja, preso, enforcado e queimado na fogueira.
Praça da Senhoria

Execução de Savonarola
Maquiavel, convidado a ser Chanceler de Veneza,
conheceu CÉSAR BÓRGIA ( 1476-1507 ).
Quem foi César Bórgia ?
> Filho do Papa Alexandre VI.
> Político influente ( era duque e
nomeado Cardeal aos 17 anos.
> Recebeu do pai várias Províncias
Foi governador da Romanha.
Ficou conhecido como a figura
mais ‘terrível’ de toda a Itália.
> Temperamento autoritário,
decidido, e grande poder
de fazer trapaças e traições.
César Borgia recebeu do pai a missão de:
> Reconstituir o Estado Papal e assegurar a
estabilidade da região central da Itália.
> Principal conselheiro do pai à frente dos negócios
da Igreja.
> Invadir territórios para expandir o poder político
da Igreja. Quando queria invadir Florença,
Maquiavel o convenceu de voltar atrás.
A Família Bórgia
> Natural da região de Valencia ( Espanha )
> Destacou-se na Renascença italiana através do
poder político de vários membros.
+ Papa Calisto III (Afonso Bórgia, tio de
Rodrigo Borgia; Pontificou de 1455 - 1458)
+ Papa Alexandre VI ( Rodrigo Borgia )
( pontificou de 1492 a 1503 ; pai de César
Bórgia e Lucrecia Bórgia, filhos tidos
quando era Chanceler do Vaticano, antes
de ser papa )
+ São Francisco de Bórgia
Influências sobre a vida de Maquiavel.
1º] Da Família > formação intelectual
2º] Da Política > seu empenho diplomático
3º] De César Bórgia > conhecimento profundo do
modo como os duques, monarcas, e até membros
da Igreja faziam política.
Vendo a política de César Bórgia, Maquiavel
percebeu como os políticos agiam. >
possuídos pela astúcia política, >
obstinação em perseguir objetivos sem se importar com
os meios. >
capacidade de aliar a sorte à prudência permanente.
CRISE NA VIDA POLÍTICA DE MAQUIAVEL
> Em 1512, foi acusado de ser amigo dos inimigos do
Papa. Ele foi cassado, torturado e preso por 22 dias.
Estava com 43 anos e 14 anos de vida política.
> Incluído na lista de presos políticos que receberam
anistia do próprio Papa Leão X, Maquiavel foi solto.
Pena política:
= condenado a um confinamento
de um ano fora de Florença.
= multa de 100 mil Florins-ouro.
= proibido de entrar no
Palazzo Vecchio, onde morava
a Família Médici.
> Entristecido pela inatividade política, Maquiavel
foi morar numa fazenda ( bosque) nos arredores
de Florença.
> O ostracismo político o levou à escrita de obras
políticas.
Obras: - ‘O PRÍNCIPE’ = principal obra política.
Com esta recebeu o título de
“Pai da Política Moderna”.
- Comentários sobre a primeira década de
Tito Lívio ( 59 a. C –17 d. C) historiador
romano)
‘O PRÍNCIPE’
Escrito em
1513,
mas
publicado
somente
em 1531,
cinco anos
após sua
morte.
Obras de Maquiavel:
1518 = A Mandrágora
Peça teatral

1519 = A Arte da Guerra


1525 = História da Florença
Em 1527 – com 58 anos, perdida a esperança de
voltar à vida política, cai doente e é desenganado
pelo médico e amigos.
Morreu em 21 de junho de 1527.
> Sepultado no túmulo da família na Basílica de
Santa Croce, em Florença.
> HOJE, os restos mortais estão no Panteão de
Florença e no epitáfio está escrito:
‘TANTO NOMINI NULLUM PAR ELOGIUM’
‘NENHUM ELOGIO ESTÁ À ALTURA DE
TÃO ELEVADO NOME’
Basílica
Santa Croce -
depósito dos
restos
mortais de
Maquiavel
B) Problemas Políticos vistos por Maquiavel.
a) Derrotas constantes dos monarcas sem exércitos
nacionais ( tinham exércitos de mercenários ( pagos)
b) Sentiu as constantes ameaças para a República de
Florença. Presenciou a derrota de Florença para o
Rei Carlos VIII da França. Organizou um exército
de cidadãos para Florença.
c) Florença dominava pequenas cidades e territórios,
e sofria com o ódio destas cidades que sempre se
rebelavam. Isto o levou a escrever no Príncipe, “Como
Tratar Povos Conquistados”.
d) Se a Itália está desunida, é preciso lutar pela
unificação política da Itália.
C) Intenção de Maquiavel com a obra ‘O Príncipe’
1) A amargura e descrença com relação à condição
humana.
O que é o ser humano ? Maquiavel, entristecido
pelo abandono político, vê os homens em crise .
2) Observando a realidade italiana da época,
procura encontrar um processo político que
criasse um Estado permanente, pois todos os
conhecidos estavam em crise. Pretende formar um
Estado Moderno baseado na soberania do povo.
3) Quer habilitar os governantes a realizarem a
unificação da Itália.
4) Os governantes medievais governavam com base
na ‘ética religiosa’ ( chamada de ética paternalista
cristã).
Na Idade Média o Estado usava da tradição moral e
religiosa para governar. Toda a cosmovisão era
religiosa. O Estado não tinha autonomia, por depender
das normas morais e religiosas.
5) Na obra ‘O Príncipe’, Maquiavel faz o Estado
(governantes) tomarem consciência da autonomia da
esfera política.
Maquiavel deu ao Estado a significação de Poder
Central Soberano, legislador e capaz de decidir, sem
compartilhar esse poder com ninguém ( sobretudo
com a Igreja).
D) O que é o Estado para Maquiavel ?
1º) É um Poder Político.
2º) É um Poder Central.
3º) É um Poder Soberano, Autônomo.
4º) É um Poder que Legisla de forma laica.
5º) É um Poder Político desvinculado da Ética.
UNIDADE II
A CONCEPÇÃPO POLÍTICA DE MAQUIAVEL
1º) Distinção Fundamental

a ) O Mito do Maquiavelismo

b) O Pensamento Político de Maquiavel


A) O MITO DO MAQUIAVELISMO
“Maquiavelismo” e “Maquiavélico” no curso da
história receberam conotações diferentes.
Os conceitos receberam dois sentidos:
1º) Sentido ético:
>Maquiavélico é o sujeito ‘mau’, que planeja uma
política falsa, sem preocupação com as
conseqüências da ação. >
Maquiavélico é o sujeito que procura tirar vantagem
da desgraça alheia.
> Maquiavélico é o sujeito que justifica a violência
a qualquer preço.
Maquiavel foi compreendido assim porque ele
afirma que “em determinadas circunstâncias a violência
pode acontecer.”
Ex: quando um novo príncipe conquista o poder ou
luta para não perdê-lo, como fez César Borgia.
Dizer que alguém é maquiavélico foi sempre
entendido como uma grave ofensa.

Maquiavel ficou marcado com esse sentido negativo,


de mau sujeito, devido à má compreensão de sua
filosofia política.
O mito do Maquiavelismo surge após a morte de
Maquiavel.
Maquiavel usou a figura de César Borgia como
modelo de “príncipe novo”, como exemplo a ser seguido
pelos que desejam sucesso na vida política.
O padrão vigente na época era o do príncipe bom e
caridoso, capaz de agir eticamente e de, por isso,
alcançar a conservação de seus domínios da forma
mais suave possível.
Maquiavel não está dizendo que o duque deva ser
seguido por todos, como regra geral, e nem que seja
um modelo impossível de ser atingido.
2º) Sentido psicológico-crítico.
Neste segundo sentido, ser maquiavélico é ser um
sujeito crítico, astuto, inteligente, pensador
profundo.
> Ser maquiavélico é ser capaz de fazer profunda
análise crítico-política, de compreender a realidade
sócio-política e o contexto social de uma época.
> Ser maquiavélico é ser capaz de organizar a
ação política, de ver mais longe, de estar na frente do
seu tempo, de ser lúcido e lógico na argumentação.
B) O Pensamento Político de Maquiavel.
a) Maquiavel está preocupado com uma questão que
incomodou os filósofos no século XIV e XV.
É possível o homem intervir na história ?
Até que ponto pode o homem MUDAR a história?
Para resolver a questão, é preciso OBSERVAR O
MODO como os homens governam de fato.
Maquiavel faz um paralelo entre a política medieval
e a política moderna.
Política medieval: buscava-se fazer um bom governo.
Política moderna: a política é a lógica da força e é
impossível governar sem fazer uso da violência.
Maquiavel afirma que o soberano pode se encontrar
em situação de ter que aplicar métodos
extremamente cruéis e desumanos.
“Quando são necessários remédios extremos para
males extremos, ele deve adotar tais remédios
extremos, e de qualquer forma, evitar o meio-termo, que
é o caminho do compromisso, que de nada serve; ao
contrário, é sempre e somente de extremo dano”.
Para Maquiavel, o homem não é bom nem mau, mas
de fato, tende a ser mau. Conseqüentemente, o
político não deve confiar no aspecto positivo do homem, e
sim constatar seu aspecto negativo e agir em conseqüência
disso.
b) O conceito de política de Maquiavel é contextual.
Ele está refletindo sobre aquele momento político
da Itália:
> o problema da unificação da Itália.
> o problema da conquista e manutenção do poder.
> o problema de quais atributos o príncipe deve ter
para permanecer no poder ( virtú e fortuna).
c) Maquiavel pensa a política como algo ‘artificial’,
isto é, algo que não está dado, acabado.
A política tem que ser construída. Ela é fruto da
ação do homem.
d) A política não é distribuição de recursos, pois
assim ela seria busca de sobrevivência.
> a política se dá no campo da vida. A vida não está
pronta, constrói-se.

> Maquiavel coloca a política no campo do desejo.

O que é o desejo? Desejo é a aspiração do que


ainda não está. É aspirar o que ainda não existe.

e) A Política não é a satisfação de interesses.


“O homem tem sede de tudo alcançar”.
f) Política é a construção do espaço da liberdade. É a
construção do diferente.
> política é olhar para o mundo e criar uma ordem
social diferente.

> política é “apagar” o real e pensar o que


ainda não está. O homem mata a possibilidade de
liberdade quando ele se reconhece acabado.
> política é a arte de tornar possível o
aparentemente impossível.
>
Corrupção é retração da liberdade. O príncipe que
transforma o espaço de liberdade em interesses, é um
tirano.
Para Maquiavel, ao agir o homem dá um movimento
à história.

Não basta o homem reconhecer-se profundamente


motivado pela vontade política.

Ele tem que perceber as circunstâncias, a realidade


circundante, a história, os dilemas e os conflitos.
Para Maquiavel, tanto em política, como no
pensamento político é preciso ir diretamente à verdade
efetiva da coisa, sem perder-se nas fantasias vãs de
filósofos e moralistas;
O adjetivo “efetivo” é criação de Maquiavel, e
significa “mais do que real”, isto é, a verdade, além de
em si mesma, também em seus efeitos.
QUAIS OS ATRIBUTOS DO PRÍNCIPE
VIRTÚ e FORTUNA
Energia Sorte (boa ou má )
Força, habilidade Acaso, ocasião
Coragem Oportunidade
Decisão, capacidade Momento
propício Empenho São as
circunstâncias Vontade dirigida para nas
quais o homem um objetivo está
inserido, ou seja, É a vontade a história.
infinitamente política
que os indivíduos
possuem.
Discernir:
Virtú = palavra italiana,
vem do latim VIR = HOMEM
Virtus = latim = virtude,
no sentido bíblico de virtude cristã.
A virtude cristã pressupõe força moral. É um
compromisso ético e religioso em vista de um fim
sobrenatural.

Virtú e Fortuna são qualidades do príncipe. Todo


governante deve possuí-las, pois só muito raramente
consegue a vitória ou decisão correta e o objetivo é
alcançado.
VIRTÚ: é a qualidade primeira do príncipe.

> O homem de virtú é capaz de tomar decisões,


possui objetivos traçados, sem se apegar a um código
moral ( isto é, seguir regras fixas) ou se aprisionar em
escrúpulos.
> O homem de virtú é
capaz de realizar grandes obras. É a qualidade que
todo governante deve ter.
> Virtú é a capacidade do ator político de agir de
maneira adequada no momento adequado. Contudo,
não deve ser confundida com prudência.
O conceito de “virtú” defendido por Maquiavel,
distante das virtudes cristãs e da prudência ( da ética
de Aristóteles) não fundamentava uma leitura da
política com uma busca de fins independentes dos
meios.
Maquiavel nunca disse que
“OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS”.
Ele pretende mostrar que a política constitui uma
esfera da existência humana que, estando
relacionada com várias outras, não pode ser
confundida nem com a ética nem com a religião.
A Política é uma dimensão AUTONOMA, mas não
de forma absoluta, com o também não é a Ética.
A FORTUNA ( deusa romana = designava o
‘acaso’)
>deusa da roda, ela retira dos homens tudo aquilo que
conquistaram, quando decidem mudar o curso das coisas
sem aviso prévio.
Fortuna Virilis = adorada pelos homens
Fortuna Muliebris = adorada pelas mulheres
Fortuna presidia todos os acontecimentos,
distribuindo segundo sua cega vontade, os bens e os
males.
> Era a deusa da sorte boa ou sorte má. Invocada
nos momentos de perigo ou incerteza.
Fortuna é sempre
apresentada careca, com
um tufo de cabelos
( por onde se
podia apanhá-la) segurando
uma
cornucópia e um
timão
( para guiar a vida dos
homens )
FORTUNA: tem um duplo sentido
1º) Significa Sorte ( boa ou má). É a oportunidade, o
momento propício no correr do tempo ou na
seqüência dos dias. É o curso da história, o acaso.
Fortuna é o momento certo, já antecipadamente
calculado pelo príncipe.
A fortuna favorece quem tem virtú, conforme o
ditado: “ a sorte ajuda os audaciosos”

2º) Significa certeza do êxito, garantida pela


perspicácia e pela prontidão do príncipe. É o momento
exato do golpe ou bote da serpente para vitimar o
inimigo.
Relação dinâmica entre Liberdade e Sorte.
Muitos humanistas contemporâneos de Maquiavel
acreditavam no “destino” dos acontecimentos, e que
é inútil se esforçar para impor-lhe uma barreira,
sendo melhor deixar-se guiar por ele.

Maquiavel afirma que “metade das coisas humanas


dependem da sorte, a outra metade da virtude e da
liberdade”.
Maquiavel usou de uma imagem que marcou muito
os pensadores do seu tempo.
Para Maquiavel a “sorte” é como a deusa ‘Fortuna’.
Ela é uma mulher....
...porque a sorte é mulher. E, querendo
mantê-la sob domínio, é necessário bater-lhe e
espancá-la. O que se vê é que ela deixa-se
mais vencer por estes ( = temperamentos
impetuosos) do que por aqueles que procedem
friamente. E sempre, como mulher, é amiga do
jovens, porque são menos respeitosos, mais
ferozes e a dominam com mais audácia”.
A Fortuna aparece sempre como uma força que não
pode ser inteiramente dominada pelos homens.
Num mundo sujeito a movimentos constantes, ela
representa o elemento de imponderabilidade das
coisas humanas.
Dessa Força (Fortuna) conhecemos apenas os efeitos
e o fato de que pode sempre se manifestar, mas
nunca suas vontades e o momento em que vai lançar seus
fios. Maquiavel não está dizendo para cairmos no
fatalismo, no desespero e na irracionalidade. Como não
sabemos os caminhos da deusa, devemos viver sempre na
esperança de que ele vai nos orientar para o bem.
HOMO POLITICUS
Maquiavel criou o modelo do governante bem-
sucedido, chamado homo politicus. >
Ele criou o modelo teórico, calcado na realidade por
ele vivida, e baseado no comportamento efetivo dos
homens, e não na norma ou ideal.
> Para Maquiavel todas os defeitos humanos
medo, hipocrisia,
estão na base da ambição,
ação política do mentira,
Homo Politicus. traição,
covardia,
má-fé,
assassinatos)
O Estado ou Principado do Homo Politicus deve ter
boas leis e boas armas.
As Armas: devem ser usadas por milícias ou
exércitos nacionais e nunca por forças mercenárias que
são interesseiras e traidoras ao sabor da derrota ou
da vitória e das circunstâncias.
As Leis: servem para manter a disciplina.
HOMO POLITICUS
Objetivos Qualidades Atividades
Conquistar e Estado Príncipe Guerra
manter o Boas Leis Virtú Leis da guerra
poder Boas Armas Fortuna Disciplina
O PRÍNCIPE NOVO
Qual deve ser o comportamento de um príncipe que
ocupa um novo território?
Qual deve ser o comportamento do político no
governo?
a) Não basta gozar dos benefícios de uma conquista.
b) É necessário conhecer o funcionamento do poder
em suas várias circunstâncias para se obter sucesso.
...”ganhar uma batalha não é o mesmo que
administrar uma cidade”.
Para ensinar o príncipe a governar, Maquiavel parte
de duas proposições de conteúdo diferente.
1º) Maquiavel possui total confiança no fato de que
as coisas humanas se repetem, e por isso, o estudo do
passado e dos acontecimentos recentes é um
instrumento poderoso para os que exercem o poder, ou
desejam conquistá-lo.
Maquiavel ensina a usar o passado como guia, pois é
a melhor forma de evitar os erros que arruinou
muitos poderosos.
“...muitos governantes preferem confiar no seu
próprio julgamento a aprender com o passado”.
2º) A segunda proposição à qual deve estar atento o
príncipe é a crença de que “a natureza humana se
mantém ao longo do tempo, mas é má”.
Muitos autores medievais defendiam a natureza
humana como voltada para a procura do bem.
Maquiavel afirma que “os homens são ingratos,
volúveis, simuladores e dissimuladores, inimigos dos
perigos e ávidos de ganho...”
Maquiavel não quer dizer que todos os homens
sejam ruins e ajam sempre com maldade. Ele está
afirmando que não podemos agir na suposição de que
os homens corresponderão às nossas expectativas, e
por isso, devemos sempre estar precavidos contra a
manifestação de sua natureza má.
Maquiavel tomou a figura de César Borgia para
explicar como o novo príncipe deve agir.
Ele mostra que César Borgia foi um mestre na arte
de dissimulação de seus pensamentos e de sua
natureza mais íntima.
Maquiavel elogiou César Borgia afirmando:
“ele é um modelo para todos os que pela
sorte ou pela força dos outros chegou ao
poder”.
Espelhando-se na figura poderosa de César Borgia,
Maquiavel mostra:
O duque, mesmo com toda a sua habilidade para
lidar com situações extremas, depois da morte de seu
pai (Papa Alexandre VI), foi derrubado pelas
mesmas forças que lhe deram o poder. Ele foi tragado
pela força da contingência ( ficou doente), e esse erro
foi fatal.
O duque soube aproveitar a ocasião que lhe foi
oferecida pela sorte para galgar os degraus do poder.
Para Maquiavel, ‘não existe poder que possa durar
para sempre’. “Tudo o que existe no mundo tem
limites em sua duração”.
Uma Moral para a Política.
Distinção Fundamental:
1º] A Moral Religiosa antes de Maquiavel

2º] A Moral Autônoma depois de Maquiavel


1º] A Moral Religiosa antes de Maquiavel:
> A Moral do Bom Governo.
+ Significa que o monarca tinha que ser possuidor
de um conjunto de virtudes cristãs ( bondade,
justiça, honestidade, etc...) devendo ser o primeiro a dar
exemplo de conduta moral.
+ Significa que sendo um homem bom, ético, ele
será amado pelos súditos.
+ Significa que deverá ter uma religião ( Cristã) de
preferência ( ser amigo da Igreja ).
+ Significa que não há separação entre Ética e
Política. São dimensões interdependentes.
2º) A Moral Autônoma depois de Maquiavel:
+Significa saber que a Ética e a Política são
categorias autônomas. São separadas, mas se
relacionam.
+ Significa saber se para o príncipe “é melhor ser
amado ou temido”.
+ Significa saber qual animal deveria ser imitado
pelos príncipes.
+ Significa conhecer a “verdade efetiva das coisas” e
não perder tempo imaginando repúblicas e
monarquias que nunca existiram.
Maquiavel retoma na história do pensamento
político, o modo realista de pensar a política ( já
presente em Aristóteles) , mas esquecida pelos medievais.
O que é
totalmente NOVO em Maquiavel ?
A interrogação sobre a relação entre Ética e Política.
Maquiavel foi criticado por ter supostamente
afirmado que o governante pode fazer tudo o que for
necessário para atingir o poder e para conservá- lo.

Seria dizer que o poder tem um fim em si mesmo,


que não depende de nada, além do desejo de
conquistá-lo e da habilidade em mantê-lo para se
legitimar.
A preocupação central de Maquiavel é:
Saber se o governante pode agir sempre em
conformidade com os princípios éticos cristãos aceitos em
seu tempo e esperar atingir seus objetivos,
ou
Se deve aprender a seguir outros caminhos,
quando confrontado com situações difíceis.
Maquiavel está perguntando se a Ética é suficiente
para nos mostrar como agir na política em todas as
situações.
Maquiavel mostra que NÃO, pois Savonarola era
um homem profundamente ético e teve um trágico
fim.
Maquiavel está refletindo sobre como os valores
éticos são vividos na esfera da política. Ele não
despreza a ética, apenas a trata como um campo
independente, mas convivendo com a Política.
Maquiavel ensina ao governante que se ele seguir a
ética religiosa como ensina os manuais de moral, ele
acabará na ruína, como Savonarola.
Para Maquiavel, os governados cobram ética dos
governantes, mas não vivem conforme os princípios
da ética cristã.
Ele toma o exemplo do Amor ao Próximo: nem todos
seguem o princípio do amor para resolver todos os
seus problemas e em todas as situações.
Se o governante não pode esperar que todos vivam o
princípio do amor ao próximo, então é preferível ser
temido do que amado pelos governados.
.... “o temor é o melhor caminho para os que não
querem perder o poder”.
... “os homens dissimulam com freqüência seus
desejos, mas nunca agem contra seus interesses”.
... “os homens esquecem mais rápido a morte do pai
do que a perda do patrimônio”.
> Ao preferir que o príncipe seja temido, Maquiavel
não está escolhendo o caminho da violência, mas sim
evitando uma forma de agir que pode obrigar o
governante a ser ainda mais violento, quando se vir
diante da necessidade de garantir seus domínios.
> Um governo fraco pode ser muito mais nocivo do
que um governo forte, se não souber administrar o
uso da força.
A concepção política de Maquiavel foi considerada
subversiva em sua época, pois acreditava que a
religião cristã ( a moral dos valores religiosos)
enfraquece os homens e os leva a agir de forma falsa
sobretudo na política.
> Para Maquiavel, se não podemos ser virtuosos o
tempo todo, também não podemos deixar passar a
idéia de que somos viciosos.
> Se um príncipe não pode ter todas as qualidade (fé,
prudência, bondade, etc...) deve ao menos cuidar
para que seus governados acreditem que ele as
possui.
E mesmo se alguém perceber que o príncipe é um
enganador, ele sempre encontrará outros dispostos a
serem enganados, pois ... “os homens são tão simples e
obedecem tão bem às necessidades presentes, que aquele
que engana encontra sempre quem se deixará enganar.”
Os homens não possuem um padrão seguro de
julgamento.
Maquiavel nos ensina a perceber que existe uma
diferença entre “SER” e “PARECER”. Na arena
política nada é transparente, pois todos nela
comparecem portando múltiplos desejos e
defendendo vários interesses.
O príncipe sai beneficiado por isso, pois ele finge
virtudes que não possui, mas afirma com tão
naturalidade que possui, possibilitando a muitos
defendê-lo quando é atacado por seus inimigos.
Mas o
príncipe precisa se cuidar, pois querer enganar a todos
o tempo todo é um jogo perigoso, que resulta no
descontentamento de muitos que aproveitarão a
primeira oportunidade para destruir o seu poder.
Para Maquiavel o Jogo Político se faz com duas
armas principais:
AS LEIS e A FORÇA.
As Leis = são próprias do homem
A Força = é própria da besta ( dos animais)
A política nunca é feita por uma só destas armas.
Quem quiser governar com sucesso terá que se
EQUILIBRAR entre o “SER” e o “PARECER”.
Significa: terá que respeitar as leis e os contratos, mas
terá que recorrer à força quando os mecanismos de
persuasão derivados da aplicação da lei não se
mostrarem suficientes.
UNIDADE III - MAQUIAVEL REPUBLICANO

Maquiavel tem preferência pelo regime republicano.


.... “o que assegura às repúblicas mais vida e uma
saúde mais vigorosa e mais duradoura do que
aquela das monarquias é o fato de poder, dada a
variedade e a diferença do gênio de seus cidadãos, se
acomodar melhor e mais facilmente às mudanças do
tempo do que aquele regime”.
Mesmo considerando que o regime republicano
prioriza a liberdade dos cidadãos e a superioridade do
governo livre sobre todos os outros regimes, Maquiavel
adverte que nem sempre o governo republicano poder ser
considerado a melhor escolha.
> Para se construir uma verdadeira república,
Maquiavel considera que o governante tem que se
desvincular do poder institucional e secular da Igreja.
> Não seremos livres se a Igreja nos governa.
> Não seremos livres se a moral da Igreja nos
governa.
Maquiavel concebe o regime republicano capaz de
orientar os cidadãos a se interessarem pelos
problemas e negócios de sua cidade.
Maquiavel separa o cristão contemplativo da Idade
Média com o cidadão ativo da Idade Moderna.
Para Maquiavel, Roma foi a verdadeira república do
passado, embora não seja o único modelo a ser
seguido, é o exemplo mais claro do que o povo pode
alcançar quando decide tomar seu destino em mãos.
A POLÍTICA A PARTIR DE MAQUIAVEL
1º) Ele é responsável pela autonomia da ciência
política desligada das preocupações >
predominantemente filosóficas da política normativa
dos gregos e >
desvinculada da fé e da moral cristã.
2º)
A política não se refere às utopias e abstrações, mas ao
jogo efetivo das forças em circunstâncias concretas.
O bom político é
aquele que consegue identificar as forças do conflito para
nele atuar com eficácia.
3º) A moral é compreendida como um conjunto de
regras e valores que serve para regular as condutas
individuais;
>ela não serve para a ação política enquanto
decide o destino dos cidadãos de uma comunidade.
>Por esse motivo, “O Príncipe” foi
considerado “livro do diabo”, anticristão e imoral.
O Concílio de Trento o condenou em 1557. Daí
nasceram os conceitos de
“maquiavelismo” e “maquiavélico”.
Maquiavelismo = algo oculto e planejado sem a
preocupação moral, visando apenas o interesse próprio.
4º) O Realismo Político.
Maquiavel foi o primeiro a abandonar a
relação entre o ‘dever ser’ e o ‘ser’, entre o
comportamento ideal ou normativo e o comportamento
real. Necessário se ater à “verdade efetiva das coisas”.
> Investigou a
realidade como esta se apresenta e não como seria
desejado se apresentar. > Ele tem uma visão
política prática e psicológica, baseado na realidade nua e
crua. > Por ter feito pela primeira vez
uma investigação do comportamento efetivo dos
homens, ele recebeu como condenação o título de cruel
e demoníaco, como se fosse ele próprio o autor da
crueldade e má- fé dos homens, e principalmente dos
governantes.
ANÁLISE DA OBRA ‘O PRÍNCIPE’
O pequeno e mais conhecido livro de Maquiavel foi
apresentado ao longo dos séculos de várias formas:
1] TRATADO DE CIÊNCIA POLÍTICA
2] PRIMEIRO MANUAL DA ARTE DA POLÍTICA
3] MANUAL DO ABSOLUTISMO
4] LIVRO DO DIABO, ANTICRISTÃO E IMORAL
5] SÁTIRA OU RETRATO DA ÉPOCA
1º] TRATADO DE CIÊNCIA POLÍTICA
Afirmar que o “O Príncipe” é um Tratado de
Ciência Política é uma classificação ambiciosa.
O
que é um Tratado ? É um estudo que abrange grandes
temas em questão. “O
Príncipe” trata apenas de uma forma de governo: como
conquistar e manter o principado (monarquia) e quais as
razões de sua perda.
Maquiavel é um
demarcador de fronteiras: a política ANTES e DEPOIS
de Maquiavel. ANTES: a política era
obrigatoriamente ética. DEPOIS: a política é
autônoma, separada da ética.
Significado da Política separada da Ética.
> Significa que a política deve tratar da vida
concreta, da realidade social vivida, cujo eixo de ação
ou estrutura de poder está no Estado.
> Significa que a política não é divina ou sagrada. A
política é histórica.

> Significa que tanto no passado como hoje os


homens são interesseiros e ambiciosos, só fugindo do mal
pela força da lei e da punição.
2º] PRIMEIRO MANUAL DE ARTE DA POLÍTICA
“O Príncipe” também foi qualificado de MANUAL.
O que é um Manual? Um livro a ser usado com
freqüente consulta.
Muitos
pensadores atribuíram ao livro o titulo de Manual
por ter sido usado como um “VADE
MECUM” = livro de leitura freqüente como fazia
Napoleão Bonaparte. ARTE da
Política = significa prática, exercício, profissão, o
‘fazer política’. Arte é práxis = prática. O livro foi
considerado um MODELO para o governante fazer
política, uma cartilha com indicações.
3º] MANUAL DO ABSOLUTISMO
Manual = livro para consulta freqüente
do Absolutismo = governo autocrático
Auto = EU
Kratós = PODER
Absolutismo é o poder de um déspota, do tirano,
poder totalitário.
Maquiavel nunca foi defensor do Absolutismo e
sim do governo republicano.
Na sua obra “Discorsi” ele é um defensor do
governo republicano.
Ele mostrou o comportamento autoritário de
muitos monarcas que usam as armas para ter poder.
4]LIVRO DO DIABO, ANTICRISTÃO E IMORAL
O termo diabo (grego) > diá = separação
(latim) > diabolu = chefe dos demônios
Qualificar o livro de diabólico significa que ele causa
divisão entre as pessoas e sobretudo divisão na arte
de fazer política.
No contexto sócio-cultural de Maquiavel, muitos
governantes preferiam o modelo medieval de fazer
política, que une a ética (princípios cristãos) com a
política.
Em 1557 = A Igreja Católica condenou o livro.
Em 1572 = A Igreja Luterana condenou o livro, ‘
dando o título de’ imoral’.
5º] SÁTIRA OU RETRATO DA ÉPOCA

Muitos pensadores vincularam “O Príncipe” a


outra obra de Maquiavel, “A Mandrágora” ( peça
teatral mostrando sua visão da sociedade e costumes de
Florença).
> Será uma Sátira? Gênero literário muito usado na
época.
Satirizar é empregar o humor, o cômico, o ridículo
na desmoralização do indivíduo.
Satirizar é usar o humor para veicular idéias,
costumes, convenções, criticar regimes políticos,
instituições com intenção de reformas ou destruição de
aspectos da sociedade.
No século XVII surgiu o provérbio deJean De
Santeuil ( 1630 – 1690).

“PELO RISO
OS COSTUMES
SÃO CORRIGIDOS”
OBJETIVO DA OBRA “O PRÍNCIPE”
No prefácio da obra, Maquiavel escreve seu objetivo:
Três objetivos bem definidos:
1º] Objetivo Ocasional = oferta como pedido de
emprego a Lourenço de Médici. Ele que voltar à
atividade político-diplomática.
2º] Objetivo Genérico = guia ou receituário para
conquistar e manter o poder.
3º] Objetivo Final = sugestão e guia para a
unificação da Itália.
Especialistas em Maquiavel afirmam que os dois
últimos objetivos estavam em sua mente, não só
quando escreveu o livro, mas durante o seu retiro nos
arredores de Florença, em San Casciano.
Maquiavel não seguiu nenhuma corrente filosófica
de pensamento para escrever sua obra. Mas, do
nada, nada se cria. Maquiavel tem como ponto de
referência duas teorias, duas evidências históricas:
1ª] O Passado Histórico. Ele releu a vida dos grandes
governantes da história da Antiguidades Clássica até
o seu tempo.
2ª] O Passado Recente. Ele presenciou fatos da
política da Europa.
O Passado e o Presente se unem para dar
originalidade ao novo pensamento político.
Para
Maquiavel, o interesse próprio, o desejo de conquista,
a fama, o sucesso, dominaram os homens através dos
tempos, sobretudo os conquistadores e governantes.
Ele mostra que os mais altos gestos de grandeza da
alma e os mais baixos gestos de maldade humana
encontram-se registrados na história desde a
Antiguidade Clássica até os nossos dias.
UNIDADE II – O PENSAMENTO LIBERAL

A) CONTEXTO SÓCIO-CULTURAL
> Momento histórico = Renascimento
+ Mudanças sócio-culturais abalaram as sociedades
da Europa Ocidental.
+ As idéias de Maquiavel ganham fama e críticas.
+ Surgimento do pensamento liberal
+ Transição do Feudalismo para o Capitalismo
I) SOCIEDADE CIVIL E SOCIEDADE POLÍTICA

1. Conceito de sociedade.

2. Os fundamentos da sociedade.

a) sociedade natural –
> teoria contratualista do Estado
b) relação entre sociedade civil e
sociedade política
1) Conceito de Sociedade
> É o conceito mais genérico que existe,
é abstrato e impreciso.
> Autores (Sanches Agesta e Maurras) afirmam que
não há sociedade, mas sociedades = “uma
pluralidade de grupos da mais diversa espécie e
coesão”.
> Há uma ‘Sociedade de sociedades’ e não
‘Sociedades de indivíduos’.
Formulações históricas = Duas Teorias

1ª) Teoria 2ª) Teoria


Orgânica Mecânica
( organicistas) ( mecanicistas)
> Filosofia Grega >Filosofia Moderna
( Séc. III a. C. ) ( Séc. XVI )
> Aristóteles > Contratualistas
> Platão
1ª) TEORIA ORGANICISTA
DE SOCIEDADE
> O homem é um ser social por natureza.
> O que fez do homem um ser social?
= os instintos egocêntricos e altruístas.
= o instinto de preservação da espécie.

> O homem não pode viver fora da sociedade.


Hugo Grotius (séc. XVI) (precursor do Direito Internacional)
= Há uma vocação inata do homem para a
vida social.
> Há uma identificação entre o organismo
biológico e a sociedade.
= Os indivíduos passam, a sociedade fica.
= O homem não nasce livre; depende da
sociedade para a sobrevivência desde o
nascimento = princípio da autoridade.
= A sociedade grava no indivíduo uma
segunda natureza, a cultura como a parte mais
autêntica do seu ser.
Conceito organicista de sociedade
Georgio Del Vecchio
( 1878 – 1970)

Sociedade é o conjunto de relações


mediante as quais vários indivíduos
vivem e atuam solidariamente em
ordem a formar uma entidade nova
e superior.
2ª) TEORIA MECANICISTA
DE SOCIEDADE
> a sociedade é a soma das partes que a
compõem.
> Não há identificação com um organismo
biológico devido fenômenos como as
migrações, a mobilidade social ( indivíduos sofrem
impacto da ascensão social, econômica ou profissional) e o
suicídio.
> O homem nasce livre e dotado de
racionalidade criativa.
B) THOMAS HOBBES
E O ESTADO ABSOLUTO
( 1588 - 1679 )
A) Dados Biográficos:
Nasceu em Malmesbury em 1588. Nasceu
prematuramente devido o medo da mãe ao receber a
notícia da chegada da “Invencível Armada”.
> Na sua autobiografia ele conta que o medo é seu
irmão gêmeo.
> Este trauma o acompanhou por toda a vida. Ele
construiu sua teoria política sobre o absolutismo
tendo como raízes sobretudo o terror pelas guerras
que ensangüentaram sua época.
MALMESBURY
> Aprendeu muito cedo e bem o grego e o latim,
sendo que com 15 anos traduziu “Medéia” de
Eurípides, do grego para o latim, em versos.
> Estudou na Universidade de Oxford, e quando
terminou os estudos em 1608, tornou-se preceptor na
poderosa casa dos Cavendish, condes de Devonshire.
> Em 1646 foi preceptor de Carlos Stuart
( o futuro Carlos II), durante a ditadura de Cromwel
em Londres.
> Em 1666, na Inglaterra, queimaram seus livros por
considerarem-no um ateu e herético e após a sua
morte (com 91 anos), queimaram seus livros em
praça pública.
> Em vida, teve dois grandes inimigos:
1º) A Igreja Anglicana

2º) A Universidade
de Oxford.

> Considerado o homem que fez a ruptura com a


Idade Média.
> Viajou muito pela Europa, e em Florença
conheceu Galileu Galilei de quem ficou amigo.
O período político-cultural de Hobbes está marcado
por uma grande divisão política instituída por dois
grupos políticos:
1º) Os Monarquistas:
Defendiam a monarquia absoluta afirmando que sua
legitimidade vem diretamente de Deus.
2º) Os Parlamentaristas:
Afirmavam que a soberania devia ser
compartilhada entre o Rei e o Povo.
HOBBES, além de condicionado, foi um defensor
das duas doutrinas mais marcantes de sua época:
a) Mecanicismo Científico
> doutrina que considera a natureza e tudo o que
nela existe como um mecanismo, ou como um
conjunto de mecanismos. Pretende tudo explicar de
forma mecânica, científica, através da força e
movimento dos corpos.
b) Absolutismo Político: É a teoria elaborada por
Hobbes cujos princípios fazem oposição à teoria
liberal e democrática.
Princípios do Absolutismo:
1] A Indivisibilidade do poder soberano, que deve
concentrar-se em uma única instituição, seja essa
instituição representada por um homem, seja por
uma assembléia.
2] O dever de obediência dos súditos
3] A supremacia do Estado sobre a lei.
4] Proibição de qualquer tipo de rebelião
5] Fusão das autoridades política e religiosa
Publicou muitas obras.
A mais importante “O Leviatã” ( 1651 -em inglês )
Depois de Maquiavel, Hobbes é o filósofo político de
maior renome.
> Possuem idéias comuns, mas uma grande
diferença em investigar a instauração da política no
mundo.
Ponto de Partida:

‘O QUE EXISTIA ANTES DOS HOMENS


INSTAURAREM A ORDEM POLÍTICA’ ?
Resposta: O ESTADO DE NATUREZA.
Iº] O QUE É O ESTADO DE NATUREZA?
1º] Um Estado Imaginário
2º] Uma Hipótese lógica
3º] Um pensamento de uma realidade
ESTADO DE SOCIEDADE
NATUREZA CIVIL

C
O
N
T
R
A
T
O
IIº) O QUE É O HOMEM EM SITUAÇÃO
DE ESTADO DE NATUREZA ?
A) É uma situação de conflito permanente
No estado de natureza o homem vive em situação
de violenta paixão ( não é paixão afetiva) sem freio,
sem limites.
VALE TUDO. Vivendo nesta
situação o homem se reconhece
carente, sem recursos, em
constante busca.
É um Estado de Anarquia.
2º] É uma situação de delírio.
Todos vivem delirando.
Não há referência de limites.
Não há nenhuma mediação,
nem leis.
É uma situação anterior a
qualquer sociabilidade.
3º] É uma situação a-histórica
Mesmo sendo a-histórica ela
é possível de existir no mundo.
É uma situação eminentemente potencial.
O homem tem a posse de tudo
aquilo que desejar manter pela

força, até que alguém tome.


4º] É uma situação de guerra permanente.
Não é necessária sua realização, basta a ameaça de
guerra, que o homem já se percebe em guerra.
É uma luta de todos contra todos.

Potência versus potência resulta em impotência.

Nesta situação o homem só consegue sobreviver, e


não
em viver.

Não há política no estado de natureza.


O estado de natureza não descreve o homem
primitivo, ou o homem anteriormente a
qualquer organização social, mas sim como o
homem se comportaria, dada a natureza humana,
caso se suspendesse a obrigação de cumprir as
leis e contratos imposta pela sociedade.

Teríamos uma guerra de


todos contra todos .
O CONTRATO SOCIAL. Teoria Contratualista

Teoria elaborada por Hobbes:


“A reunião dos homens em sociedade não é
um evento natural ou instintivo, mas
resultado de um pacto, um contrato original que
põe fim ao estado de natureza.”
III) COMO O HOMEM PODE ( OU PÔDE)
SAIR DO ESTADO DE NATUREZA ?
A) O HOMEM FAZ UM CONTRATO
O homem faz um ‘Pacto Social’.
É desse contrato que nasce a política.
Ela nasce do medo da morte.
A Política é garantia de vida. Ela não é
administração de recursos. É a política que
possibilita ao homem a vida:
mais política = mais vida;
menos política = mais morte.
B) O CONTRATO É FEITO ATRAVÉS DAS LEIS.
A lei impede o homem de matar.

É necessário que o homem entregue

sua potência individualista para a

autoridade pública, ou seja,


para
um soberano ( ou para um indivíduo, uma
Assembléia, ou um Parlamento)
IV) O QUE É O HOMEM
PARA THOMAS HOBBES ?
A) O homem é uma maquina natural,
submetida ao estrito
encadeamento de causas e
efeitos. Todo
ato humano é visto
de forma radicalmente determinista.
B) O homem é um ser de propriedades, e a
primeira e a mais importante é o DESEJO.
É o desejo que leva o homem a deliberar e
agir.
Os homens são potências movidas pelo desejo.
C) O homem é mau. HOMO LUPUS HOMO.
O HOMEM É UM LOBO PARA O
HOMEM.
A natureza humana é basicamente animal,
apetitiva.
Segundo a psicologia hobbesiana, os homens
são naturalmente inimigos entre si, o que
deriva da igualdade com que a natureza os
criou.
Todas as motivações humanas, inclusive a
compaixão, são manifestações dissimuladas de
Na psicologia Hobbesiana,
basta que dois homens, com a mesma
capacidade, almejem simultaneamente
algo que não pode ser desfrutado em
comum, para que se esforcem para
destruir e subjugar um ao outro.
O HOMEM = ANIMAL + RACIONAL
> Como se formam os pensamentos ?
>O que distingue o raciocínio das outras formas de
pensamento?
1º] Hobbes reduz as operações mentais a um puro
cálculo aritmético.
2º] Raciocinar é computar, ou seja, subtrair, somar,
calcular.
3º] Todas as formas do saber, especialmente as
ciências físicas, se baseiam no cálculo.
Hobbes é considerado pelos atuais programadores
de inteligência artificial o seu longínquo precursor.
> Hobbes analisa a natureza humana em uma
perspectiva mecanicista. O homem é como
uma máquina que age sozinha. Os homens
são essencialmente iguais.

O mecanicismo dominava as discussões na


Física daquela época. O problema central era
como entender a natureza dos corpos e de
seus movimentos.
THOMAS HOBBES

DIFUNDIU

A TESE
SOBRE O EGOISMO E
O INDIVIDUALISMO NO

CAMPO ECONÔMICO.
V) O “L E V I A T Ô
a) É um monstro de um antiga lenda fenícia, lenda
que também está na Bíblia (Livro de Jó )
simbolizando uma força maldosa, à qual ninguém
resiste.
b) É um deus mortal, uma figura diabólica ( diá =
separação) que tudo separa.
Daqui surge o antigo provérbio:
“Dividir pra governar”
Hobbes utiliza da figura do Leviatã para explicar o
que é o Estado Político = Sociedade Civil
Após o Contrato, o Leviatã é o Estado Político.
LIVRO – O LEVIATÃ
O QUE É O ESTADO ? = LEVIATÃ
O Estado ( em latim = Civitas ) só tem
direitos.
a) O Estado não pode ser contestado pelos que
o instituíram.
b) O Estado é juiz de paz e de defesa dos
súditos.
c) O Estado é juiz das doutrinas que convém
serem ensinadas.
D) O Estado tem o direito de
editar regras ( legislar).
E) O Estado tem o direito de
ser ministro da justiça em
todas as suas formas.
F) O Estado tem o direito de
decidir sobre a guerra e a paz.
g) O Estado tem o direito de escolher todos os
conselheiros e ministros.
h) O Estado tem o direito de retribuir e
castigar.
i) O Estado tem o direito de atribuir honras e
hierarquias.
J) O Estado tem o direito de administrar a
sua liberdade. Todos estão submissos ao
Estado.
K) O Estado tem o direito de intervir nas
questões religiosas. A fé pode ser imposta. Não
é qualquer religião que serve para o homem.
L) O Estado nasce do instinto selvagem do
homem, pois o homem é um um lobo, um
animal apetitivo.
O Poder para ser eficaz deve ser
exercido de forma absoluta.

Para Hobbes o Estado dever ser


repressivo, pois o homem é mau, egoísta,
apetitivo e desejoso.
O Estado Soberano é um Deus Mortal.
É uma entidade digna de veneração.
> O homem não é como sustentava Aristóteles, um
animal naturalmente social ( como a abelha ou a
formiga).
> O homem só cumpre a lei e respeita a segurança
alheia somente quanto atemorizado pela força
exercida pelo Estado.
> Quanto mais forte o Estado, menores serão as
transgressões.
Definição de Estado e Soberania para Hobbes:

“ É um indivíduo de cujos atos cada membro


de uma grande multidão, com base em pactos
recíprocos, se considera autor, para que esse
indivíduo possa usar a força e os meios de
todos do modo que julgar mais vantajoso para
a paz e a defesa comum”.

“ aquele que desempenha esse papel é chamado de


soberano, e se diz que tem poder soberano; todos os
outros são súditos’.
O DIREITO NATURAL DE CADA UM DE

GOVERNAR A SI MESMO É DELEGADO


AO
SOBERANO, QUE MEDIANTE TAL
ATO
TEM TODAS AS SUAS AÇÕES
LEGITIMADAS.
COMENTÁRIO CRÍTICO SOBRE A
CONCEPÇÃO POLÍTICA DE HOBBES.
1) Hobbes é considerado o precursor do Estado
Totalitário.
2) Considerado o “pai” das idéias do Estado Liberal.
O primeiro filósofo ideólogo do Capitalismo.
3) Hobbes é um moralista, crítico e pessimista
quanto ao ser do homem.
4) Considerado um conselheiro de tiranos ( como
Hitler, Mussolini, Stalin, etc)
5) Para alguns, Hobbes não é nem totalitarista, nem
liberal, mas o defensor da unidade do Estado.
No século XX, alguns filósofos vêem em Hobbes a
presença de pensamentos divergentes.
1º] Norberto BOBBIO: afirma a vertente Absolutista
do pensamento de Hobbes.
2º] CB. MACPHERSON: afirma a vertente Liberal
do pensamento de Hobbes, ao mostrar o seu
individualismo possessivo.
Hobbes é o
“pai” da teoria contratualista.
É o protagonista de uma tradição
formada principalmente por:
> JOHN LOCKE ( 1632 – 1704 )
> JEAN-JACQUES ROUSSEAU (1712 –
1778)
> IMMANUEL KANT ( 1724 – 1804 )
O que é a Teoria contratualista.
> Chamada também de contratualismo
jusnaturalita:

> compreende a origem da sociedade e a base


do poder político como frutos de um
‘contrato’: um
acordo tácito ou formal divulgado em meio à
maioria dos habitantes de um dado local, de modo
que tal acordo põe fim ao “estado natural” e
inaugura o “estado social e político – a esfera da
civilização.
JOHN LOCKE ( 1632 – 1704 )
= O ESTADO LIBERAL =
Igreja de
II] Dados Biográficos. Wrington
> Nasceu em Wrington,
arredores de Bristol em 29
agosto de 1632.
Sua casa ficava ao lado da
Igreja de Wrington
> A família era de
comerciantes burgueses de
área rural.
Pai: advogado rural.
Mãe: considerada a mulher
mais linda do vilarejo.
Depois do nascimento de Locke a família mudou-se
para uma fazenda em Bristol.
Em 1642, Locke com dez anos, viu iniciar a Guerra
Civil.
A Guerra foi o fim de uma longa disputa entre o Rei
Carlos I e o Parlamento Inglês.
O Rei aumentava os impostos sem consultar o
Parlamento. Governava com autoritarismo, pois
acreditava no Direito Divino dos Reis, segundo o qual
o monarca recebia sua autoridade diretamente de Deus, e
não podia ser contestado por ninguém, nem pelo
Parlamento.
Em 1649, Locke com 17 anos,
estudava em Westminster School
e presenciou o julgamento e a
execução do Rei Carlos I.
A família de Locke apoiou
os Parlamentaristas.
Esta foi a Iª revolução vitoriosa
da história européia moderna.
Em 1649 com a morte do Rei inicia-se a
Ditadura Oliver Cromwell ( até 1660)
e restabelece a ordem política no país.
Rei Carlos I (1625-1649)
WHITEHALL
Praça do Julgamento e Execução do Rei Carlos I
Em 1652 ( com 20 anos) estudou Filosofia na
Universidade de Oxford, e Em
1658 ( com 26 anos) recebeu o título de “Master of
Arts” tornando-se imediatamente professor de grego e
retórica.
> Insatisfeito com a filosofia aristotélica que recebeu
em Oxford afirmou que ela era :
“um peripatetismo recheado de palavras
obscuras e de pesquisas inúteis”.
Isto o levou a estudar:
- Medicina ( era chamado de “Doutor Locke”),
- Anatomia, Fisiologia, Física, Astronomia, História,
Durante a ditadura Cromwell ( 1649 – 1660), muitos
costumes mudaram na Inglaterra.
Os ingleses se tornaram puritanos e o fanatismo
religioso dominou o país.

Os puritanos reprimiam qualquer manifestação de


alegria, chegando a proibir a Festa de Natal, na qual
se comia muita torta e a confraternização era de
longas gargalhadas.

Cansados de tanto fanatismo, os ingleses convidaram


Carlos II para assumir o poder. Ele governou de
1660 até 1685.
O fanatismo religioso e o puritanismo
dominava a Inglaterra

Eles viviam um fervor emocional impensado


Puritanos na Festa de Natal Nos Estados Unidos
Pregação para os índios Cherokee
Durante a ditadura Cromwell, Locke preferiu
estudar Medicina.
A Medicina se tornava
sempre mais experimental
( o que contribui para Locke
se tornar um Empirista) e
muitas descobertas
motivavam os estudantes,
como a descoberta da circulação
do sangue pelo Dr.
William Harvey em 1578.
Dr. Harvey mostra ao Rei Carlo I
o coração de um veado e prova a
circulação do sangue nas veias.
> Em 1666 (com 34 anos) torna-se médico da família
do Lorde Ashley Cooper, chanceler da Inglaterra e
Conde de Shaftesbury.
> Em 1668 ( com 36 anos) foi nomeado membro da
prestigiosa Royal Society de Londres, da qual
Hobbes não fora admitido por causa da sua filosofia
pessimista sobre o homem.
> Em 1672 (com 40 anos) entrou para a vida política
como secretário do Conde de Shaftesbury.
> Nas suas horas de lazer, gostava de escrever cartas
às mulheres descomprometidas, mas jamais se casou.
As mulheres sempre respondiam suas cartas: trecho
de uma das cartas:

Prezado senhor,
Não pode imaginar com que prazer e
satisfação li sua polida e tão obsequiosa
carta... Lamento
saber que se desviou de seu caminho e
arrependo-me com tristeza de ter sido a causa,
pois asseguro-lhe que minhas orações eram
para que tivesse uma boa viagem...
a carta termina:
“De sua cordial amiga...”
Locke respondeu uma semana mais tarde:
“Que meus retornos não sejam tão rápidos
quanto os seus deve a uma impossibilidade
de encontrar aquele êxtase em que sua
excelente carta de início me colocou, para o
qual o espaço de uma semana é brevíssimo
para recuperar-me”.
Muitos historiadores concluíram que Locke era um
apaixonado pelas mulheres ( que ele chamava de
ladies) e viveu a vida em prolongados flertes até
conhecer Damaris Cudworth (1659-1708) de 24
anos).
Em 1682, conheceu Damaris Cudworth, de 24 anos,
filha de um professor de Cambridge. Locke se
apaixonou por ela, e dizia ser a mulher mais inteligente
que conhecera.
> Tanto quanto Locke, Damaris era de caráter
explosivo. “Amor por semelhança”.
Em 1683, Locke descobriu estar sendo vigiado por
espiões do Rei Carlos II, e refugiou-se na Holanda.
Mais tarde soube que Damaris se casara com Sir
Francis Masham ( um viúvo).
Em 1688, Locke volta para Londres e continua seus
encontros “amigáveis” com Damaris.
Em 1689, Damaris convida Locke para morar com
em sua casa de campo, e lá viveram um ménage à trois.
A vida na casa de Lady Damaris Cudworth Masham.
> Longas conversas com Damaris.
> O marido viajava para Londres e aceitava a
amizade de Locke com Damaris.
> 28 de outubro de 1704 – Locke morre nos braços
de Damaris.
> 1704 – Damaris abandona o marido.
> 1708 – Damaris morre.
Hoje: os três estão enterrados lado a lado na igreja
de High Lever.
Em 1688, no reinado de

Guilherme de
Orange Maria Stuart

Locke participou intensamente da vida política de


Londres. Foi ministro da Agricultura e Comércio
Ficou amigo de Newton ( “Pai” da Física )
A Revolução Gloriosa
De 1685-1688 reinou Jaime II ( irmão de Carlos II)
O Parlamento inglês fez um acordo secreto com o
príncipe da Holanda, chamado Guilherme de
Orange, de lhe entregar o poder. As tropas
abandonaram o Rei Jaime II e apoiaram o novo rei. Este
fato histórico ficou conhecido como Revolução Gloriosa
por não ter
havido
derramamento de
sangue.
Desembarque de
Guilherme de Orange
em Torquay, sul da
Inglaterra apoiado
pelas tropas inglesas.
Principais obras:
> Ensaio sobre o intelecto humano.
> Epístola sobre a tolerância.
> A racionalidade do Cristianismo.
> Pensamentos sobre a educação.
> Obra Política:
“Dois Tratados Sobre o Governo Civil”
ENSAIO SOBRE O INTELECTO HUMANO
( sua obra-prima
de 1690 )

“Não aprendemos
com a razão,
aprendemos com
a experiência”
DOIS TRATADO SOBRE O GOVERNO CIVIL
( de 1690 )
Locke foi o único grande
filósofo a se tornar
Ministro de Estado,
embora sua Filosofia
fosse revolucionária.
> Ele deu inspiração
filosófica a dois grandes
eventos históricos:
A) Declaração de Independência dos Estados
Unidos.
B) Revolução Francesa.
I] Contexto Sócio-político
> Na Inglaterra –
Intensa atividade
comercial.
II) Contexto Filosófico:
Momento de idéias novas
A) Racionalismo : afirma a possibilidade de se
conhecer pela razão natural.
B) Empirismo: afirma a possibilidade de se
conhecer pela experiência sensível.
Locke é defensor do Empirismo Crítico.
“Todos os conhecimentos provêm da
experiência, mas também da capacidade reflexiva
do homem”.
A) Os Racionalistas:
Acreditavam na existência de idéias inatas.
“São aquelas que estão na mente humana por força
de uma intuição intelectual”.
> São aquelas que possibilitam o conhecimento
filosófico, o conhecimento da verdade. São elas que
captam realidades extramentais, de ordem não física.
B) Os Empiristas: ( T. Hobbes e J. Locke)
Acreditavam que todo conhecimento nasce da
experiência sensível. É partindo dos fatos que
elaboramos verdades gerais, de caráter científico.
FILOSOFIA POLÍTICA DE JOHN LOCKE
I] O Que é o Estado de Natureza ?
A) É uma situação de absoluta paz e harmonia.
Contrariando Hobbes – estado de guerra contínua

B) É uma situação onde o homem é LIVRE e vive


em harmonia com a natureza, ou seja, sem tirania.
“TODOS SOMOS LIVRES E IGUAIS”.
Significa: cada sujeito é um rei. Ninguém limita a
liberdade do outro.
C) É uma situação de potencialidades realizadas;
ninguém vive na miséria nem em guerra. É um local
onde o imaginário é realidade.
“NO PRINCÍPIO TUDO ERA AMÉRICA”.
Locke faz referência ao continente americano, onde
os índios viviam em harmonia com a natureza, sem
destruí-la, e onde não existiam miseráveis como na
Europa.
D) É um período histórico primitivo. Não é uma
hipótese lógica como afirma Hobbes. O estado de
natureza existiu de forma concreta.
Exemplo: os índios da América, especialmente
do Brasil.
II) Como é a vida no Estado de Natureza ?
1) O homem se governa pela lei da razão. A razão é a
base da lei da natureza.
2) O homem tem direitos naturais e quando faz o
contrato social, ele não perde esses direitos.
No contrato, o homem apenas delega à autoridade
constituída a defesa dos seus direitos.

“A liberdade, enquanto direito natural,


não se entrega para ninguém”.
“A liberdade natural do homem é ser livre
de qualquer poder superior na terra e não se
sujeitar à vontade ou autoridade legislativa
do homem, mas ter apenas a lei da natureza
para regê-lo.
A liberdade do homem, na sociedade, é
não se submeter a nenhum outro poder
legislativo, senão o estabelecido mediante
assentimento no país, nem ao domínio de qualquer
vontade, ou restrição de qualquer lei, senão
daquela que o legislativo promulgar, segundo a
confiança nele depositado”.
3) No estado de natureza não há política. Se os
homens se guiam pela razão, porque teriam que
construir a política.
MAS, nem todos se governam pela razão e, sim pelas
PAIXÕES e pelas EMOÇÕES. A estes a política
deve combater.
Eles são os TRANSFUGAS da razão. Eles são
uma ameaça à situação de harmonia do estado de
natureza.
4) No estado de natureza vive-se uma insegurança
potencial.
É a situação do indivíduo que está desfrutando da
harmonia do estado de natureza e, chega alguém
e ameaça invadir o seu mundo.
Para vencer a insegurança potencial, o homem
precisa sair do estado de natureza através do Contrato.
Pelo contrato se constrói a política.
III) A CONSTRUÇÃO DA POLÍTICA.
1] A política nasce da situação de insegurança
potencial.
2] Nasce com um objetivo bem definido: vencer a
insegurança potencial.
3] Nasce marcada pela coerção: o homem foi
forçado a deixar o estado de natureza. Foi coagido.
4] Na construção da política deve-se
destruir as paixões transformando-as em
interesses.
5] Qual a função da
política? A) Normatizar a
ação do indivíduo B) Distribuir
recursos.
IV) Concepção de Homem em Locke.
1) O homem é essencialmente bom.
2) O sujeito é cada indivíduo isolado, vivendo em
sociedade. Locke fundamenta o individualismo
filosófico.
3) O sujeito é racional e movido por paixões. O
homem deve ter paixões calmas e transformá-las
em interesses.
4) O sujeito deve mover-se por interesses. São os
interesses que nos fazem operantes e agentes do
progresso.
5) O sujeito é um construtor de propriedades. Mas o
significam essas propriedade?
PROPRIEDADES:

1º] VIDA

2º] LIBERDADE
> Liberdade de pensamento e
> Liberdade de ação.

3º] BENS MATERIAIS


São características inerentes ao indivíduo.
Para Locke, todos os indivíduos tem DIREITO
> à Vida
> à Liberdade ( significa livre iniciativa)
> ao trabalho
> à propriedade privada
> à família
> aos bens de consumo
ESTE MODELO DE VIDA ELE CHAMA DE
LIBERALISMO. LOCKE É O “PAI”
DO LIBERALISMO FILOSÓFICO-POLÍTICO.
V) O CONTRATO:
Trata-se de dois contratos ou duas dimensões de
um único contrato.
1º Contrato = 1º momento
O contrato tem a função de aperfeiçoar o estado de
natureza. É o momento da situação zero. O homem
só pode contar ( e só conta) com os seus próprios
recursos naturais, com suas próprias
potencialidades.
Ex: quando os puritanos irlandeses desembarcaram
do navio May-Flower chegando dos Estados Unidos.
“Vamos construir uma NOVA Inglaterra”.
NAVIO MAY FLOWER
No primeiro momento do contrato devemos buscar a
paz e a harmonia que existia no estado de natureza.
> Deve-se procurar normatizar e garantir os direitos
naturais.
> Sendo os homens por natureza LIVRE E IGUAIS,
no contrato, todos tomam consciência da necessidade
de construir a política.
2º Contrato – 2º Momento – Momento do TRUST = CONFIANÇA
Todos os homens entregam a um outro (à autoridade)
o DIREITO de representá-los na conduta social para que
não haja guerras.
Confio ao outro (o Estado Político) o direito de representar-
me diante das ameaças do Trânsfugas da Razão ( aqueles que só
agem pelas paixões e não querem construir a política = analfabeto
político, políticos corruptos).
A função do Estado é normatizar para garantir o
estado de natureza.
> O Estado deve ser uma REPÚBLICA.
Res = coisa
publica = de todos
> O Estado não pode ser autoritário.
Os dirigentes devem ser trocados todas as vezes
que interferirem nos:
a) direitos naturais ( alimentação, habitação, escolha
da religião, pois a fé não pode ser imposta,
contrariando Hobbes ...) e
b) na propriedade ( vida, liberdade e bens materiais)
Locke teorizou o Constitucionalismo Liberal.
A sociedade e o Estado nascem do direito natural,
que é racional e o governo tem sim o poder
legislativo e executivo, mas continua sempre sujeito ao
juízo do povo.
Locke saiu vencedor, pois em 1688 a Inglaterra
assumiu um governo constitucional liberal.
A Monarquia deixou de se fundamentar no Direito
Divino, embora alguns monarcas para se
perpetuarem no poder, continuavam defendendo tal tese.
JEAN-JACQUES ROUSSEAU
( 1712 – 1778 )
I) Contexto Sócio-Cultural do século XVIII
( Século do Iluminismo )
Paris ( França em 1712)
> Guerras religiosas entre católicos e
calvinistas.

> Sua família era calvinista e se refugia na


Suíça (Genebra) quando nasceu a criança.
Paris no Século XVIII
Genebra ( Suíça)
> República independente e capital do Calvinismo
( deu segurança à família de Rousseau).

> Pai: Isaac = relogioeiro, violinista e mestre


de dança.
> Mãe: Suzanne = morre no parto (e quase também
a criança).
Pai e filho viviam das lembranças da mãe.
O pai descuidou-se da educação do filho e o entregou
ao “Tio Bernard”. Ainda pequeno aprende o gosto
pela leitura de romances e mais tarde os Clássicos,
sobretudo John Locke que muito o influenciou.
> Com 10 anos foi coroinha do pastor
Lambercier onde aprendeu o
> rigorismo do Calvinismo e as
> injustiças da educação das crianças,
( fato que
mais tarde fará nascer a grande obra
de pedagogia “Emílio”).
> Toda a sua infância foi de “déu em déu”,
aqui e ali, até a vida adulta. Teve uma vida
conturbada e solitária.
> Com 15 anos, converte-se ao Catolicismo, foge
para Annecy e vai morar com a
Madame de Warens que foi para ele:
a) mãe ( a quem chama de “maman”),
b) amiga que o leva para ser batizado e aprende a ler
os filósofos clássicos,
c) amante, a partir dos 21 anos.
> Madame de Warens o leva para Turim (Itália)
para ser secretário de várias madames, emprego do
qual não se sai bem, e volta para Annecy.
> Entra para o coro da Catedral e cultiva grande
amor pela música e faz suas primeiras composições.
ROUSSEAU
E
MADAME
DE WARENS
Rousseau
e
Madame
de

Warens
SECRETÁRIO
DE
DAMAS
ITALIANAS
Com 19 anos ( 1731) vai para Paris. Estuda latim e
música. Seu sonho é se tornar um músico famoso.
Em 1733 (21 anos) volta para a casa da Madame de
Warens, a quem chama de “maman” e inicia um
belo romance, fazendo-se sua amante.
> Em 1742, volta para Paris ( Cidade Luz) pensando
em se tornar famoso como músico, e ganha a vida
como copista de música.
Fracassa como músico mas faz amizade com os
filósofos:

Condillac (1715-1780) e com


Dennis Diderot (1713 - 1784).
Rousseau sofre da síndrome do plebeu, isto é,
não ter uma morada definitiva, viver de “déu
em déu’.
Em 1749, a vida melhora. Ganha dinheiro
com a opereta “O Adivinho da Aldeia”, onde
é apresentada no Palácio Real.
Em 1761, para aplacar tantas desavenças,
volta à fé calvinista e casa-se com Thérèse
Levasseur, antiga criada do quarto com quem
teve cinco filhos ( todos entregues às creches
após o parto)
Em 1757 escreve:
> “Emílio” ( obra de pedagogia, na qual
retrata sua própria vida)
> “O CONTRATO SOCIAL” ( obra de
Filosofia Política.
Em 1764 escreve:
> “ As Confissões” ( de quase mil páginas)
> “ Dicionário de Música”
“ E M Í L I O”
====
ROUSSEAU
DEU
INÍCIO À

PEDAGOGIA
MODERNA
O
CONTRATO
SOCIAL
Em 1762, suspeito de hostilidade contra o
regime francês, foi obrigado a fugir da França,
refugiando-se na Inglaterra, onde recebeu ajuda
do filósofo David Hume.
Mas como era de difícil relacionamento,
rompeu com David Hume e volta para a França.
Acaba também sua amizade com os filósofos
Diderot e d’Alembert.
Terminou a vida na miséria e solidão.
Participou ativamente dos preparativos da
Revolução Francesa, mas não viu seus resultados.
Contam que o rei Luis XVI, na Bastilha, teria dito:

“Sem Rousseau e Voltaire a


Revolução não teria acontecido”.
No fim da vida, menos deprimido, escreve:
“Devaneios de um Caminhante Solitário”
Suas obras foram condenadas pelas
autoridades. Escreveu em francês o que Locke
dissera em inglês.
Panteão de Paris

Tumba de Rousseau
PREOCUPAÇÕES POLÍTICAS:

1º) ORIGEM E CONSTITUIÇÃO DO ESTADO

2º) CRÍTICA À TEORIA POLÍTICA DE HOBBES


I] CONCEPÇÃO POLÍTICA DE ROUSSEAU.

A) O ESTADO DE NATUREZA.
1º) Um estado de inocência:
Inspirado no Livro do Gênesis ( Bíblia), compara
o Estado de Natureza com o Paraíso, onde a
humanidade vive uma situação de inocência
ameaçada.
Nas situações de ameaça, o homem precisa de um
contrato.
Paraíso:
Estado
de
Inocência
2) Um Estado Imaginário.
Rousseau é mais radical do que Locke nessa idéia

> estado de total e absoluta harmonia e paz.


> no estado de natureza o homem é BOM.
“O HOMEM É UM BOM SELVAGEM”.
MAS, quando faz o CONTRATO, a sociedade o
corrompe e se torna um HOMEM MAU.
“O HOMEM É
POR NATUREZA BOM,
A SOCIEDADE
O CORROMPE”.
“O HOMEM
NASCE LIVRE
E POR TODA PARTE
SE ENCONTRA
ACORRENTADO”
3º) Paralelo entre

Estado de Natureza e Sociedade Moderna


> Vive em harmonia > vive na perversidade
> Vive em estado > vive em estado
natural artificial
= liberdade natural = liberdade artificial
O sujeito (homem) de Rousseau
é simultaneamente
NATURAL E ARTIFICIAL
em si mesmo.

Por isso precisa do Contrato Social.


Rousseau procura resgatar
o homem natural na sociedade moderna
e cria o conceito de

HOMEM CIDADÃO.
O HOMEM CIDADÃO
1º) Dotado de Inteligência Crítica.
Sabe pensar com a própria cabeça = senso crítico
2º) Capaz de ouvir a si mesmo.
Dentro do homem habitam dois modelos de
homem:
. o homem natural = homem bom e
. o homem artificial = homem mau.
Na sociedade moderna é preciso abandonar sua
condição existencial de homem artificial e
incorporar sua antiga condição de
3º) Capaz de auto-avaliação constante:
> avaliar a si mesmo.
> avaliar seus interesses para abandonar o
homem artificial.
4º) É um homem livre.
Ele só obedece a lei que ele mesmo
formulou.
É administrador e é administrado pela lei
que ele próprio é.
5º) O homem cidadão é capaz de intervir na
ordem política, para garantir
a sua liberdade.
Só ele pode garantir sua própria liberdade.
O Contrato Social visa resolver este problema:
viver na sociedade civil com
as características do estado de natureza.
Entra em cena o
conceito de VONTADE.
O QUE É A VONTADE GERAL ?
Iº) VONTADE PARTICULAR:
É a vontade de cada indivíduo em
particular. Cada cidadão possui a vontade
particular.
IIº) VONTADE GERAL:
É a vontade que leva a querer o
“bem comum” da sociedade na qual está
inserido.
É A VONTADE DO POVO.
A Vontade Geral dá existência e
vida ao corpo político.
Ela não é:
1º) Não é a soma das vontades particulares.
2º) Não é a vontade da maioria.
A Vontade Geral é o Consenso Geral.
É a vontade de um povo, mas não da maioria.
Formar a Vontade Geral é tarefa da
Educação.
> O regime ideal é o democrático, mas mesmo
o governo representativo pode usurpar a
soberania. É hora de depor o usurpador.
“ Um homem livre obedece, mas não
serve. Tem chefes, e não mestres. Obedece
às leis, mas somente às leis. E é pela força
das leis que não obedece aos homens”.
Na obra “EMÍLIO”, Rousseau afirma:
A educação deve ser feita
seguindo etapas precisas.
O objetivo da educação
é reformar a sociedade.

Como ?
> A sociedade ideal pressupõe a “vontade
geral”, educada para o bem comum, para
reformar a sociedade.
> A juventude tem que ser educada longe das
influências perversas da sociedade
corrompida. Só assim, poderemos desenvolver sua
boa índole.
> Devemos formar primeiro seu coração,
depois seus instintos, sem repreensões e castigos.
> Após os 15 anos, é que se faz a
educação da razão.
É o momento em que o jovem
poderá decidir por si o que fazer
da vida.
Mas, do modo como sua
consciência moral está formada,
é que ele abraçará a virtude.
Quem é o Soberano ?
a) É o conjunto dos membros da sociedade.
( é um ser coletivo)
b) A soberania é:
1. Inalienável = intransferível
2. Indivisível = não divisível
3. Infalível = justa.
4. Absoluta = independente
Sendo um ser coletivo, só pode ser representado por
si mesmo.
> O governo pode ser transmitido,
a vontade geral não.
> Não é a vontade do soberano que deve ser
satisfeita, mas a vontade geral.
O Governo pode ser:
A) Democrático
O soberano é apenas
B) Aristocrático um funcionário, ele
C) Monárquico não é o governo.
COMENTÁRIO CRÍTICO:
> Rousseau reflete sobre os problemas da
sociedade do seu tempo. A França está às vésperas
de uma revolução política.
> Rousseau é um homem desencantado com a
sociedade francesa. Foi um leitor de Locke e
segue muitas de suas idéias.
> Rousseau é um pensador polêmico e aberto
às contradições e ambigüidades.
Conservadores progressistas usaram as idéias de
Rousseau para justificar suas ideologias.
> Inconformado,
inquieto,
individualista,
mas também
coletivista, complexo,
iluminista e
romântico.
> Rousseau influenciou a Moral, a Política e a
Educação.
Questões relevantes na filosofia de Rousseau:
> O Culto à natureza.
> Valorização da experiência individual.
> Importância dos sentimentos e da emoções.
> Relação entre arte e filosofia.
> Influenciou o espírito romântico do
século XIX.
ATUALIDADE DO PENSAMENTO
DE JEAN-JACQUES ROUSSEAU
> A civilização torna o mundo artificial,
corrompe o ambiente natural, altera o
equilíbrio ecológico.
> A pressão social manipula a mente do
indivíduo desde o nascimento.
> Todas as cognições nascem da relação com o
ambiente. Logo, é a educação que forma as
mentes.
> A natureza educa os sentidos,
o ensino a mente e, a experiência o
comportamento.
Estes são nossos três professores.
1º) A Natureza: ensina o desenvolvimento
interno de nossas faculdades e de
nossos órgãos.
2º) Os Homens: educam nossa mente.
3º) As Coisas: pela experiência educam nosso
comportamento.
UINIDADE III ]

O LIBERALISMO CLÁSSICO
1) Conceituação:
> Liberalismo, vem de LIBERAL.
> Um conceito bastante equívoco, com vários
significados.
Ex: posso dizer:
“ pais liberais” # “pais tradicionais”
“ escola liberal # “escola tradicional”
“ profissão liberal” # “profissão artesanal”
Nenhum destes sentidos expressa o que significa
LIBERALISMO.
O QUE É LIBERALISMO?
Liberalismo é um conceito surgido no século
XVII significando:
“É a Teoria Política e Econômica
que visava construir um novo
modo de vida contrário ao modo
absolutista de se viver’.
> O Liberalismo nasce como um pensamento
revolucionário e progressista diante dos
regimes absolutistas e aristocráticos do século
XVII. >
Atualmente, os filósofos preferem falar de
LIBERALISMOS.
Discernir:

A] LIBERALISMO CLÁSSICO: (Séc. XVII)


1º) LIBERALISMO FILOSÓFICO-POLÍTICO.
> John Locke,
> Montesquieu, Kant, Humboldt,
>Benjamin Constant, Stuart Mill e Tocqueville

2º) LIBERALISMO ECONÔMICO.


> Adam Smith
> David Ricardo

B] NEO – LIBERALISMO: ( Séc. XX )


A) LIBERALISMO CLÁSSICO
1º) Liberalismo Filosófico-político.
A) John LOCKE (“Pai”do Liberalismo filosófico-político )
Ponto de partida:
“O homem se basta
a si mesmo como indivíduo”.

> Acentua-se a pessoa como ideal


absoluto, minimizando seu aspecto social.
PRINCÍPIOS FILOSÓFICO-POLÍTICOS
DE JOHN LOCKE:

>TODOS NASCEMOS LIVRES E IGUAIS


> O HOMEM É UM SER LIVRE.
Locke defende um modelo de organização social
fundado basicamente na liberdade do indivíduo. A
liberdade é a idéia força de uma sociedade.
Características do Liberalismo filosófico-político.
a) Filosofia = política da liberdade

b) Posiciona-se contra toda e qualquer forma de


tirania = monarquias absolutas e aristocracia.

c) Proclama = liberdade, igualdade e fraternidade


(uma filosofia que gerou movimentos libertários
em todo o mundo).

Ex: > 1776 - Revolução norte-americana contra a


coroa inglesa.
> 1789 – Revolução Francesa
contra a monarquia absoluta
B ) MONTESQUIEU (1689 – 1755 )
Vida e obras:
Família: Pai = oficial da guarda do rei da França.
Mãe = morreu quando ele tinha
11 anos.
Educação ( Colégio de Juilly – educação clássica
Escolar
( perto de Paris.
Em 1705 – fez estudos jurídicos para herdar o lugar
do tio que era presidente do Parlamento de
Bordéus.
Em 1715 – casou-se com a calvinista francesa que
lhe deu um valioso dote e assumiu o lugar do tio no
Viajou muito pela Europa ficando conhecido como
importante filósofo.
Em 1748,
publicou

DO ESPÍRITO
DAS LEIS
> sofreu severas críticas do
catolicismo ortodoxo e
dos Jansenistas.
> Sofreu críticas da
Universidade de Paris
(Sorbonne)
> Em 1755, já quase cego,
faleceu tendo recebido os
últimos sacramentos de
um padre católico.
CONCEPÇÃO POLÍTICA
DE MONTESQUIEU
Para eliminar a corrupção é preciso dividir o
poder em três potências :
1º ) EXECUTIVO
2º) LEGISLATIVO
3º) JUDICIÁRIO
Só dividindo o poder podemos eliminar a
tirania.
> O três poderes devem conviver
harmoniosamente para evitar a Oligarquia ea
Tirania.
>Nenhuma das potências pode abusar do poder,
nem exercê-lo de modo unilateral.
> O governo deve administrar através das leis.
O LIBERALISMO ECONÔMICO
ADAM SMITH ( 1723 – 1790 )
ADAM SMITH
> Filósofo e economista escocês.
> “Pai” do Liberalismo Econômico
I) Contexto:
> Inglaterra, constituída como um
‘Império’, estava “cem” anos na frente da
França em termos de “democracia”.
> As colônias inglesas se espalhavam da
América aos confins da África, da Ásia e Oceania.
> Condições sociais superiores a muitos
países da Europa.
> Adam Smith se forma como filósofo e
economista usando as idéias filosóficas de Locke,
de liberdade, igualdade, democracia,
soberania, etc...
> Observando o Capitalismo de sua época,
investiga a natureza e a causa da riqueza das
nações.
Pergunta: Como uma nação se enriquece ?
Obra: “A RIQUEZA DAS NAÇÕES”
( 1776 )
A

RIQUEZA
DAS
NAÇÕES
( 1776 )
II) Concepção Econômica de Adam Smith
> As Leis econômica são de duas ordens:
1º) Leis Naturais = que tem vida própria
2º) Leis Dinâmicas = não podem ser
mudadas.
A ECONOMIA É
UM CONJUNTO DE
LEIS NATURAIS E DINÂMICAS.
Adam Smith percebe a crueldade do sistema
capitalista quando afirma:
> Os empresários e mercadores possuem um
espírito monopolizador.
> Eles não podem ser guias da humanidade.
> Nenhuma sociedade poderá ser florescente e
feliz se a maioria a elas pertencente for
pobre e miserável.
Adam Smith não criou uma teoria econômica. Ele
sistematizou as leis que descobre no Capitalismo.
Ponto de Partida:
> a economia tem como fonte a divisão do
trabalho e da troca.
Pergunta: O QUE FAZ
A RIQUEZA DE
UMA NAÇÃO ?
1º) É a massa de bens que são produzidos = são
mercadorias.
2º) É a troca dos bens, pois gera capital.
3º) É a capacidade de exportação dos bens.
CONCLUSÃO:
1º) Possuir Capital: Como ?
a) Inicialmente pela poupança.
b) Secundariamente pelos lucros comerciais.
2º) Trabalhar muito: empresas e cidadãos.
Produzir mercadorias, trocar mercadorias (lucro) e
III ) CREDO ECONÔMICO DE ADAM SMITH
1º) O QUE É O HOMEM?
É naturalmente EGOISTA e só age em seu
próprio interesse.
... “os indivíduos quando desprovidos de capital
estarão sempre procurando um emprego que lhe
ofereça o maior retorno monetário possível”.
... “todos, interesseiros e egoístas, buscam o lucro e
isto faz com que nossas escolhas recaiam
naturalmente sobre a produção de um bem que
corresponde à necessidade das pessoas e que elas
estariam dispostas a adquirir”.
2º) Os indivíduos, devem estar livres para
concorrer no mercado e disputar seus
melhores salários, e lucros.
MAS,
COMO FREAR O EGOISMO E APETITE
PELO LUCRO ?
SÓ COMPETINDO NO MERCADO,
ABERTO A TODOS,
E NÃO SÓ AOS CAPITALISTAS.
3º) O BOM GOVERNO.
É AQUELE QUE NÃO INTERVÊM DE
NENHUM MODO NA ECONOMIA.
A) MERCADO MÁXIMO = Livre
Concorrência.
B) ESTADO MÍNIMO = Só Protetor
Quais as funções do Estado ?
Ser um Estado Protetor:
1] Proteger a Propriedade Privada
2] Proteger o Capital
3] Criar uma ordem graças à qual cada um
possa tomar suas iniciativas
4] Proteger contra invasores
5] Manter instituições para fazer obras
públicas
6] Defender os cidadãos contra injustiças de
outros indivíduos ( prisões )
IV) OS VALORES DO HOMEM LIBERAL
1º] LIBERDADE = LIVRE INICIATIVA, LIVRE
CONCORRÊNCIA, LIBERDADE RELIGIOSA,LIBERDDE
DE IR E VIR, LIBERDADE DE IMPRENSA ,DE OPINIÃO.

2º] INDIVIDUALISMO = SUJEITO É INDIVÍDUO


LIVRE. O INDIVIDUALISMO FAZ ENRIQUECER.

3º] UTILIDADE = TUDO É BOM PORQUE É ÚTIL.


4º] CALCULISTA = SIGNIFICA SER FRIO,
CALCULISTA, RACIONAL, ISENTO DE EMOÇÕES E
SENSIBILIDADE DIANTE DO OUTRO.
V) COMO RESOLVER OS PROBLEMA SOCIAIS ?
TEORIA DA MÃO INVISÍVEL:
Para Adam Smith os problemas sociais são
resolvidos pelo
PRINCÍPIO DA AUTO-REGULAÇÃO, isto é, o
MERCADO.
O Mercado Livre e Máximo pela sua própria
natureza age como uma MÃO INVISÍVEL regulando
os desequilíbrios da sociedade.
Ex: se cada capitalista fizer individualmente o bem,
chegaremos ao bem total da sociedade.
“Pessoas boas” = “estruturas boas”.
O QUE É LIBERALISMO ECONÔMICO?
É A TEORIA DA LIBERDADE ECONÔMICA
FUNDADE EM:
A) LIVRE CONCORRÊNCIA REGULADORA DA
PRODUÇÃO E DOS PREÇOS.
B) LIVRE JOGO DAS LEIS ECONÔMICAS
NATURAIS DO MERCADO.
VI) ESCOLAS ESCONÔMICAS
QUE FUNDAMENTARAM
O LIBERALISMO ECONÔMICO:

A) ESCOLA MERCANTILISTA (Séc. XVI / XVII )

B) ESCOLA FISIOCRATA ( Séc. XVIII )


A) ESCOLA MERCANTILISTA
Doutrina:

Afirma que a riqueza e o poder de uma nação


está principalmente na acumulação de metais:
ouro e prata.
Objetivo: entesouramento ( fazer tesouro
> dominou a economia até século XVII
> Defende o capitalismo comercial
> Estado regula preços e cria suas próprias
fábricas. > Estado deve intervir na
economia. > Estado cria
barreiras alfandegárias para impedir importação de
artigos estrangeiros.
B) ESCOLA FISIOCRATA ( SÉC. XVIII )
Doutrina: A riqueza de uma nação depende
da produção e circulação de bens, mais do que
da acumulação de ouro e prata.
Fisiocrata: vem da comparação que Francisco
Quesney, médico da corte de Luis XV ( França), fez
da economia à fisiologia do corpo humano. Economia
é produção e circulação de bens, assim como o sangue
circula no corpo humano e seus órgãos.
A Escola Fisiocrata defende a concepção
econômica chamada:
> LAISSEZ – FAIRE = DEIXAR FAZER
Opondo-se ao intervencionismo estatal e
abrindo a economia à iniciativa privada.
> LAISSER – PASSER = DEIXAR PASSAR
Suprimir as alfândegas, para motivar a
circulação das riquezas.
O ESTADO NÃO DEVE INTERVIR NA ECONOMIA.
VII) LEIS ( MECANISMOS ) que Adam Smith
descobre no Capitalismo.
A) O interesse egoísta que traduzido em lucro
é o motor da iniciativa privada.
.... “esperamos receber o alimento, não da
benevolência do açougueiro ou do padeiro, mas
de seus objetivos, de seu interesse próprio. Não
imploramos sua humanidade, acudimos seu
egoísmo. Para conseguir seus serviços não lhes
falamos de nossas necessidades, e sim de suas
vantagens”.
B) A COMPETIÇÃO DO MERCADO É QUE
REGULA O APETITE DESENFREADO DO
LUCRO.
Surgem novos produtores dos mesmo artigos e,
diante do crescimento da oferta, baixam os preços e de
forma “natural” se estabelece um nível razoável que
beneficia o consumidor, impedindo a especulação
abusiva.
A interação de interesses egoístas serve como
regulador espontâneo.
“ Eles não se esforçam muito em fazer o bem,
deixam que o bem surja como conseqüência do próprio
egoísmo”.
C) LEI DA OFERTA E DA PROCURA.
Os artigos oferecidos ao consumidor mantêm seus
preços enquanto houver procura. Quando as
necessidades do consumidor são satisfeitas, diminui a
procura e os industriais tratam de fabricar outros
produtos: é o que se chama diversificação da produção.
Resolvidos os problemas, os preços voltam
novamente a subir, restabelecendo-se o equilíbrio
entre a oferta e a procura.
Este princípio é aplicado também na relação
operário-patrão, regulando os salários.
D) A Acumulação e a População
As utilidades de uma empresa determinam o
crescimento do capital que serve para expandir a
atividade econômica. Esta expansão cria um aumento
da procura de trabalhadores, fazendo com que os
salários subam, até ao ponto de fazer desaparecer as
utilidades. Na medida em
que melhoram os salários, melhoram também as
condições de vida do operário e baixa o índice de
mortalidade infantil, aumentando destarte a
população.
Resultado: haverá mais trabalhadores. Com o
aumento da oferta de trabalho os salários baixam
novamente. Esta lei é considerada natural, fazendo o
equilíbrio entre mão-de-obra e salários.
Conclusão da Escola Fisiocrata:
> A produção tende a aumentar quando há procura,
e os preços se mantêm relativamente altos.
> Quando a oferta sobrepuja a procura, os preços
vedem baixar e, com eles a produção.
> A queda dos preços continua até a oferta voltar a
ser maior que a procura. Aí vem a escassez e, com
ela, a disposição do consumidor de pagar mais.
> Isso faz com que os preços subam novamente e,
conseqüentemente a produção.
> O salários e o aumento populacional crescem ou
decrescem de acordo com esta dinâmica.
Qual o papel do Estado ?
1º] Cuidar da segurança externa

2º] Garantir a observância das leis do país.

O ESTADO NÃO
DEVE INTERVIR NA
ÁREA
ECONÔMICA.
F I M ...

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