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CIÊNCIA E PROPRIEDADE

DOS MATERIAIS

Encontro Virtual IV – 27/04/2020

 Engenharia Civil - EAD / Camboriú - SC


 Tutor: Eng.º Rômulo Soares.
 E-mail: romulo.carmo@uniasselvi.edu.br
 Telefone: 47 9 9937 0940
UNIDADE 3 – PROCESSO E SELEÇÃO DE MATERIAIS

OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
 Conhecer os principais processos de fabricação de materiais metálicos, cerâmicos, poliméricos e compósitos, e quais
são os parâmetros que devem ser controlados no processamento;

 Entender como é possível alterar as propriedades dos materiais através da modificação dos parâmetros nos processos
de fabricação, correlacionando essas propriedades com a microestrutura;

 Conhecer os critérios que podem ser utilizados para seleção de materiais, através do entendimento de situações
práticas hipotéticas apresentadas na unidade;

 Correlacionar as informações apresentadas em todo o conteúdo para determinar e selecionar materiais para
aplicações, considerando critérios técnicos e econômicos;

 Compreender aspectos relacionados à reciclagem de materiais e sua importância para a sustentabilidade.


PLANO DE ESTUDO

TÓPICO 1 – PROCESSOS DE FABRICAÇÃO;

TÓPICO 2 – CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS;

TÓPICO 3 – RECICLAGEM DOS MATERIAIS.


TÓPICO 1 – PROCESSO DE FABRICAÇÃO
INTRODUÇÃO

Na fabricação de componentes para máquinas ou de produtos para diversos fins, utilizamos uma
gama muito grande de materiais. Assim como dispomos da possibilidade de fabricar um produto a
partir de diversos tipos de materiais, obtendo um resultado técnico satisfatório, também podemos
utilizar várias técnicas de processamento para a fabricação desse mesmo produto.
PROCESSAMENTO DE MATERIAIS METÁLICOS

Os metais apresentam poucas restrições a tipos de processamento aplicáveis. Algumas de suas


características, como o relativamente baixo ponto de fusão, a capacidade de se deformar
plasticamente, e a facilidade de usinagem, permitem a fabricação de componentes de forma e
aplicação variadas.
FUNDIÇÃO

A fundição é uma das técnicas precursoras na fabricação de ligas metálicas, sendo muito utilizada
até hoje. Normalmente essa técnica é escolhida quando:

 A peça é muito grande e a sua produção por métodos de conformação ou usinagem não é
viáveis, como, por exemplo, na fabricação de hélices para turbinas de hidrelétricas;

 O metal a ser utilizado no processo de fabricação não apresenta boa ductilidade que permita o
processo de fabricação por conformação mecânica a frio ou a quente;

 Custo de fabricação: quando a fabricação de matrizes para conformação mecânica é inviável,


principalmente quando a quantidade de peças a ser produzida é pequena, inviabilizando esse
tipo de processamento.
FUNDIÇÃO
Para a fabricação de peças em ferro fundido (liga ferro-carbono com percentual de carbono acima
de 2%), normalmente são utilizados moldes de areia de fundição. Os moldes são obtidos pela
compactação mecânica dessa areia por vibração sobre um modelo com as dimensões da peça a ser
fabricada, com ajustes que irão considerar a retração na solidificação e necessidade de usinagem.
Um molde é normalmente constituído por duas partes, e contém um canal de entrada do metal
líquido.

Os ferros fundidos são obtidos normalmente pela fusão acima de 1150ºC, em fornos de indução, a
partir de sucatas metálicas selecionadas. Como a composição química dessas sucatas pode sofrer
variações, um controle da composição química do metal fundido se faz necessário. Normalmente
são realizados ajustes de composição do metal fundido, adicionando Ferro Gusa e outros materiais
ao material fundido.

Na fabricação de ferro fundido, três classes são de produção mais usual:


1. Ferro fundido cinzento;
2. Ferro fundido nodular;
3. Ferro fundido branco.
FUNDIÇÃO
O ferro fundido cinzento contém em sua microestrutura carbono na forma de grafita, e apresenta
como aspecto de sua fratura uma tonalidade acinzentada, de onde surgiu a sua denominação. A
grafita nesse tipo de material está na forma de lamelas. Esse tipo de material apresenta alta dureza e
resistência ao desgaste. Além disso, a grafita presente na microestrutura atua como lubrificante,
facilitando um posterior processo de usinagem da peça.

O ferro fundido nodular é obtido pela adição de elementos ao metal líquido como o Mg
(Magnésio), Ca (Cálcio) e Ce (Cério), que fazem com que a grafita deixe de ser lamelar e se torne
esférica na microestrutura. Com isso, os pontos de concentração de tensão causados pelas lamelas
da grafita são eliminados, o que resulta em uma maior resistência mecânica e tenacidade.

O ferro fundido branco apresenta carbono na forma de cementita (ausência de grafita), o que faz
com que este apresente maior dureza, quando comparado aos outros tipos de ferro fundido. Ele é
empregado quando é necessária uma elevada resistência ao desgaste, como em componentes onde
ocorre atrito elevado.
FUNDIÇÃO
A fundição dos aços apresenta aspectos semelhantes ao da fundição dos ferros fundidos, porém a
temperatura de fusão é mais elevada (acima de 1400ºC).

Turbina tipo Francis, utilização em hidrelétricas, fabricada em aço pelo processo de fundição.
FUNDIÇÃO
Alguns parâmetros em processos de fundição devem ser considerados para a obtenção de produtos
de acordo com a especificação:

 Composição química da liga: A composição química da liga deve ser calculada, monitorada e
ajustada (quando necessário) durante o processo de fabricação, visto que esta altera as
propriedades do produto e os demais parâmetros de processo;

 Temperatura de fusão e de vazamento: A viscosidade do material fundido depende da sua


temperatura. O intervalo de tempo entre a retirada do metal líquido do forno para o vazamento
nos moldes deve ser controlado. Se a temperatura do fundido no momento do vazamento no
molde de areia for inferior ao especificado, algumas partes da peça podem não ser formadas, ou
teremos inclusões de ar, como bolhas;
FUNDIÇÃO
 Nos casos específicos de alguns ferros fundidos, espessuras muito finas devem ser obtidas por
usinagem. A espessura mínima admissível para uma liga é determinada pelo teste de
coquilhamento, que consiste na fundição de um corpo de prova em forma de cunha, onde o
limiar entre a formação de ferro fundido branco e ferro fundido nodular ou cinzento é avaliado,
e sua espessura na região é determinada;

 Espessura da peça: Peças com espessura muito elevada podem apresentar diferenças
importantes de tamanho de grão da superfície para o núcleo, resultando em uma diferença de
dureza da superfície para o centro. Esses parâmetros precisam ser controlados e comparados
com a especificação do produto;

 Em ferros fundidos nodulares, o controle da microestrutura deve ser mais rigoroso. O grau de
nodularização deve ser avaliado para garantir a qualidade do produto.
CONFORMAÇÃO MECÂNICA
Os processos de conformação mecânica dos materiais metálicos podem ser de dois tipos: a quente
ou a frio. No processo de conformação a quente, a temperatura utilizada fica acima da temperatura
de recristalização do material, enquanto na conformação a frio a temperatura geralmente é próxima
à ambiente. Em alguns casos, o processo pode ser realizado a temperaturas intermediárias, sendo
denominado de conformação a morno.

Em todos os tipos de conformação mecânica, o material recebe uma tensão superior ao seu limite
de escoamento. Dessa forma, uma deformação permanente é gerada no material, e a nova forma é
mantida após retirarmos a carga. Quando o processo é realizado a frio, o material ao ser
conformado adquire um progressivo aumento de dureza e resistência à deformação, ao que
chamamos de encruamento, que, conforme já estudamos, se relaciona com a movimentação e
geração de discordâncias no material. Isso significa que se o processo de conformação a frio for
realizado em etapas, a tensão que deve ser aplicada no material aumenta a cada parcela de
conformação.
CONFORMAÇÃO MECÂNICA - FORJAMENTE
O forjamento é uma das técnicas de conformação de metais mais antigas, e consiste na deformação
da peça pela aplicação de uma tensão, sendo o processo realizado normalmente a quente. A peça é
deformada em etapas sucessivas dentro da matriz, adquirindo a sua forma.
CONFORMAÇÃO MECÂNICA - LAMINAÇÃO
O processo de laminação é normalmente utilizado na fabricação de chapas e perfis. Esse tipo de
conformação pode iniciar a partir do material fundido, ou partindo-se de chapas ou perfis de maior
espessura inicial. Nesse processo, o material passa por uma sequência de rolos cilíndricos, que
conformam a peça. Quando o processo é realizado a frio, um alongamento dos grãos é observado
na
microestrutura do material, paralelamente à direção de laminação.
CONFORMAÇÃO MECÂNICA - EXTRUSÃO
No processo de extrusão, um êmbolo força a passagem de uma barra metálica através de um
orifício em uma matriz. Por esse método podem ser obtidos perfis com menor diâmetro do que a
barra inicial, cuja geometria pode ser relativamente complexa. Tubos metálicos sem costura
também podem ser obtidos por esse processo (tubos com costura são geralmente obtidos pelo
dobramento de
chapas e soldagem).
CONFORMAÇÃO MECÂNICA – ESTIRAMENTO OU TREFILAÇÃO

O estiramento ou trefilação consiste no tracionamento de um fio ou barra através de uma matriz


cônica, fazendo com que o material sofra uma diminuição em seu diâmetro e aumento do
comprimento. O processo é normalmente realizado a frio, e gera um grande atrito na matriz. Essa
matriz é fabricada em material de elevada dureza, como o diamante. Uma sequência de reduções
pode ser aplicada até se obter o diâmetro desejado. Em muitos processos de fabricação de perfis
cilíndricos, como é o caso dos parafusos, o diâmetro do arame que será utilizado para a sua
fabricação é ajustado a partir de um arame com diâmetro inicial, de maior espessura, que é trefilado
até o diâmetro desejado.
USINAGEM
O processo de usinagem de metais é comumente utilizado para ajuste de dimensões de peças
produzidas por outros processos de fabricação, ou para a produção de peças a partir de blocos
metálicos, que são postos em contato com uma ferramenta de usinagem, gerando cavaco. Existem
diversos métodos de usinagem: torneamento, fresamento, retificação, furação, mandrilamento,
brunimento, serramento, roscamento, aplainamento, eletroerosão, laser, jateamento;

Na usinagem, além do resultado esperado, precisamos ter em mente a facilidade de processo e


custo das ferramentas. Uma peça com elevada dureza, a qual foi obtida mediante um tratamento
térmico, pode ser revertida por outro tratamento térmico, evitando a necessidade de utilização de
ferramentas de corte mais caras e que apresentam maior chance de quebrarem no processo.
PROCESSAMENTO DE MATERIAIS CERÂMICOS
Assim como nos materiais metálicos, no processamento dos materiais cerâmicos temos, em certas
etapas do processamento, o consumo de energia na forma de calor. Na fabricação de vidros, que
apresentam temperatura de fabricação inferior a 1000ºC, o processo de moldagem e conformação é
realizado a quente, com a utilização de moldes metálicos ou por insuflação de ar, ou ambos.

A fabricação de vidros planos pode ser por processo de laminação a quente, semelhante ao
processo que estudamos anteriormente para os metais, ou pela deposição do vidro fundido sobre
uma “piscina” de metal líquido de baixo ponto de fusão (normalmente se utiliza estanho fundido).
PROCESSAMENTO DE MATERIAIS CERÂMICOS - COLAGEM DE
BARBOTINA
O processo de colagem de barbotina é bastante utilizado na fabricação de louças de mesa, para a
obtenção de formas complexas, como bules. Na indústria de louças sanitárias esse processo é
comum na fabricação de vasos sanitários e pias.
O processo de colagem de barbotina demanda um relativo baixo investimento em equipamentos,
sendo bastante utilizado na cerâmica artística. No entanto, a produtividade, quando comparada a
outros métodos de conformação, pode ser considerada baixa. As características do processo devem
ser bem controladas para evitar defeitos. Dentre as principais podemos citar:

 Densidade e viscosidade da barbotina;


 Permeabilidade e tipo de material do molde;
 Característica dos aditivos adicionados à barbotina;
 Velocidade de formação de parede;
 Consistência da peça no desmolde.
PROCESSAMENTO DE MATERIAIS CERÂMICOS - EXTRUSÃO E
CONFORMAÇÃO PLÁSTICA
Muitos dos produtos cerâmicos técnicos ou estruturais são obtidos através de extrusão, seguida ou
não de conformação plástica. Nesses processos, o material cerâmico é passado através de uma
matriz metálica, em um equipamento denominado extrusora, que pode ser de êmbolo ou fuso. A
umidade da massa cerâmica, a qual usualmente apresenta um percentual de material argiloso, varia
em função do tipo de material a ser produzido, e se encontra geralmente na faixa de 20-30%.
PROCESSAMENTO DE MATERIAIS CERÂMICOS - PRENSAGEM
A prensagem de materiais cerâmicos é atualmente muito utilizada na fabricação de revestimentos
cerâmicos (pisos e azulejos, dentre outros), bem como alguns itens de porcelana de mesa. Os tipos
de prensagem mais utilizados são:

• Uniaxial: A prensagem é realizada em um único eixo, pela movimentação de uma punção que
compacta o pó sobre uma matriz fixa;

• Uniaxial de duplo efeito: A prensagem é realizada pela movimentação tanto de uma punção
superior como da matriz inferior;

• Semi-isostática: A prensagem se dá pelo movimento de uma punção, sendo o material cerâmico


compactado sobre uma matriz confeccionada em material elástico (borracha, silicone) que é
preenchida com óleo. A pressão gerada pelo óleo é uniformemente distribuída sobre o pó;

• Isostática: Um pó cerâmico é colocado no interior de um molde elástico (borracha, silicone). Esse


molde é colocado em um recipiente contendo óleo. O óleo é pressionado, transferindo a pressão de
forma uniforme por todo o molde, compactando o pó.
PROCESSAMENTO DE MATERIAIS POLIMÉRICOS
O processamento dos materiais poliméricos difere substancialmente dos materiais metálicos e
cerâmicos, em função da sua baixa temperatura de fusão. Como vimos anteriormente, as
propriedades dos polímeros se relacionam diretamente com as características das ligações
secundárias, ou seja, as ligações entre as cadeias poliméricas do material.

Os polímeros podem ser agrupados em duas classes: termoplásticos e termofixos:

 Os termoplásticos sofrem amolecimento quando aquecidos e podem ser conformados, e quando


resfriados e reaquecidos, podem ser moldados novamente.

 Já os termofixos formam ligações cruzadas (ligações primárias) entre as cadeias poliméricas e,


ao serem reaquecidos, ocorre a quebra de ligações, gerando a degradação do polímero, não
sendo possível moldá-los novamente.
RESUMO DA UNIDADE 3 – TÓPICO I
 Os metais podem ser fabricados através de diversas técnicas de fabricação. A técnica selecionada
depende dos requisitos do produto, custo e facilidade de fabricação.

 O processo de fundição apresenta relativo baixo custo e é utilizado na fabricação de metais


ferrosos e não ferrosos. Peças grandes são geralmente obtidas através desse tipo de
processamento.

 Os metais podem ser conformados mecanicamente a frio ou a quente, dependendo das


propriedades desejadas e do nível de deformação necessário para conformar o material de
partida no produto final.

 A microestrutura, e consequentemente as propriedades dos metais, pode ser alterada através de


tratamentos térmicos.

 No processo de usinagem de materiais metálicos deve-se selecionar o material mais adequado da


ferramenta em função do tipo de material a ser usinado.
.
RESUMO DA UNIDADE 3 – TÓPICO I
 Materiais cerâmicos cristalinos apresentam, a priori, alto ponto de fusão, e normalmente não é
viável produzi-los por fundição. O produto é conformado a frio e sinterizado em altas
temperaturas. Vidros, de baixo ponto de fusão, podem ser conformados a quente.

 Materiais cerâmicos cristalinos apresentam, a priori, alto ponto de fusão, e normalmente não é
viável produzi-los por fundição. O produto é conformado a frio e sinterizado em altas
temperaturas. Vidros, de baixo ponto de fusão, podem ser conformados a quente.

 Materiais cerâmicos são produzidos usualmente por colagem de barbotina, extrusão ou


prensagem, sendo a principal diferença entre os processos o teor de umidade do material;

 Materiais poliméricos termoplásticos são mais comumente obtidos por extrusão ou injeção,
processados a baixa temperatura. Nesses processos é necessário um controle estreito da
temperatura para evitar a degradação do polímero.

 Materiais compósitos são mais comumente obtidos por metalurgia do pó, extrusão, injeção e
autoclave, dependendo do tipo de material a ser processado.
AUTO ATIVIDADE
1 Quais são as semelhanças, em termos de microestruturas e propriedades, entre um material compósito metal-
cerâmica e um aço? Faça uma análise comparando os dois materiais.

R.: Na microestrutura de um aço comum ao carbono, como, por exemplo, um aço SAE 1020, temos as fases ferrita e perlita.
A ferrita é uma solução sólida de ferro e carbono, enquanto a perlita consiste em lamelas intercaladas de ferrita e cementita.
A cementita é um carboneto de ferro (Fe3C) e, portanto, consiste em um microconstituinte cerâmico. Um material compósito
metal-cerâmica apresenta carbonetos (fase cerâmica) ligados a uma fase contínua metálica. Em certos aspectos, a
microestrutura de um compósito metal-cerâmica se assemelha à apresentada pelos aços, pois ambas contêm carbonetos, que
apresentam estrutura cristalina com poucos sistemas de escorregamento. Os mecanismos de encruamento e restrição ao
movimento das discordâncias são equivalentes: O movimento das discordâncias é restringido pela presença dos carbonetos,
o que gera encruamento.

2 Quais processos descritos nessa unidade poderiam estar envolvidos no processo de fabricação de um parafuso?

R.: Dentre outros processos e etapas específicas, o processo de fabricação de parafusos usualmente envolve a utilização de
arames metálicos de seção reta inicial maior, que são geralmente estirados até o diâmetro adequado ao produto, gerando
deformação plástica e aumentando a sua resistência por encruamento. A conformação da cabeça do parafuso pode ser
realizada por forjamento.
AUTO ATIVIDADE
3 Descreva sucintamente o processo de secagem de um material cerâmico. Qual dos processos de fabricação
apresentados tem menor consumo energético na etapa de secagem?

R.: Em um estado inicial, as partículas sólidas estão separadas por uma fase contínua de água. À medida que se segue o
processo de secagem, ocorre a eliminação progressiva da água, resultando na aproximação das partículas, o que observamos
macroscopicamente como a retração da peça. Em um segundo estágio, as partículas se tocam, tornando-se uma fase contínua,
enquanto a água remanescente entre as partículas é eliminada. Os processos de fabricação que utilizam menores teores de
umidade irão naturalmente representar um menor consumo energético para a eliminação dessa água na secagem. É o caso do
processo de prensagem do pó.

4 Qual a principal diferença entre materiais termoplásticos e termofixos, em termos de processamento?

R.: Os termoplásticos apresentam ligações secundárias entre suas cadeias, que são ligações fracas. Ao serem aquecidos no
processo de fabricação, as cadeias adquirem mobilidade, permitindo a conformação em diferentes formatos. Após
resfriamento, o material volta a adquirir rigidez. Esse processo pode ser realizado repetidamente, o que permite a sua
reciclagem. Os materiais termofixos formam ligações fortes entre as cadeias poliméricas no seu processamento, o que
resulta, no posterior reaquecimento, na ruptura dessas ligações, resultando na degradação do material. Portanto, após
processados, não conseguimos reprocessá-los da mesma forma. Isso naturalmente limita a sua reciclagem.
AUTO ATIVIDADE
5 Quais são as vantagens de utilizarmos um componente fabricado com a utilização de um material compósito
contendo fibras cerâmicas, quando comparado à utilização do mesmo componente fabricado com o mesmo material
cerâmico da fibra? Considere que o componente estará em solicitação mecânica na aplicação.

R.: Os materiais cerâmicos apresentam elevada sensibilidade a defeitos. Essa sensibilidade a defeitos limita sua
confiabilidade, tendo em vista que o seu comportamento mecânico fica vinculado a uma probabilidade de se encontrar um
defeito crítico no material, em muitos casos não detectáveis por técnicas de caracterização não destrutivas. Em um material
compósito com fibras cerâmicas, reduzimos a probabilidade de que um defeito crítico gere a ruptura do componente. As
fibras apresentam menores dimensões, o que naturalmente elimina os defeitos de maior tamanho, que podem ser
encontrados em materiais cerâmicos de maiores dimensões. Além disso, a ruptura de fibras defeituosas pode não representar
a perda da integridade do componente, enquanto uma trinca em um material cerâmico pode crescer com a aplicação de
tensão mecânica e, se atingir o tamanho crítico, pode se propagar e gerar a falha do componente.
RESUMO DA UNIDADE 3 – TÓPICO II
 A seleção de materiais para aplicações mecânicas passa pela análise dos esforços mecânicos
presentes no material na aplicação.

 Os critérios de projeto precisam ser bem definidos, pois o direcionamento para escolha do
material mais adequado depende de vários aspectos.

 Na seleção de materiais é importante considerar diversas possibilidades de materiais, analisando


a sua disponibilidade no mercado e facilidade de processamento.

 Os custos envolvidos no processo de seleção de materiais não englobam somente o custo e


desempenho do componente, mas também os aspectos econômicos relacionados à aplicação.

 A substituição e regionalização de matérias-primas e materiais pode ser conveniente, quando


aliada a um processo de qualificação de fornecimento e controle de qualidade.

 O desenvolvimento de materiais para uso específico permite a minimização de resíduos,


melhora na produtividade e economia de energia.
RESUMO DA UNIDADE 3 – TÓPICO III
 Os resíduos sólidos são classificados em perigosos (classe I) e não perigosos (classe II), e
podem ser inertes ou não inertes.

 A reciclagem de materiais metálicos é normalmente realizada através do processo de fundição.

 Os polímeros são classificados de acordo com o tipo, através de símbolos padronizados;

 A reciclagem dos polímeros apresenta dificuldades, que se relacionam com a variedade, mistura
de polímeros e aditivos utilizados.

 A reciclagem de materiais cerâmicos cristalinos é dificultada pela alteração das suas


propriedades pelo processo de queima.

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