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A CEIA do SENHOR

Manual da igreja e do obreiro – Ebenézer Soares Ferreira– 9a. ed – JUERP/RJ - 2002


Pág. 52 - A ceia é um memorial, de acordo com o que Cristo disse e de acordo com o que se
acha em I Coríntios 11:25: “... Fazei isto, ...em memória de Mim.”
De modo algum ela é eucaristia ou sacramento. Aurélio Buarque de Hollanda
Ferreira define: “Eucaristia (eucharistia), S.F. Um dos sete sacramentos da Igreja
Católica, no qual Jesus Cristo, segundo a crença, está presente, sob as aparências do
pão e do vinho, com seu corpo, sangue, alma e divindade.” As teorias da
transubstanciação, consubstanciação e presença mística não encontram base bíblica.
Pág. 150,151 – Ceia livre, restrita e ultra-restrita
Tem havido, através dos séculos, três posições entre os evangélicos, no que
tange à participação da ceia:
1- Ceia livre – Advogam algumas denominações que a Ceia deve ser dada a
membros de qualquer seita. Opinam, também, que ela pode ser dada fora da igreja, em
casos particulares, aos enfermos nos leitos, em reuniões sociais, etc.

2 – Ceia restrita – Ela só deve ser dada a aos membros da Denominação Batista
da mesma fé e ordem. Isto quer dizer que um membro de alguma igreja batista que
não for da mesma fé e ordem daquela que está celebrando a ceia não poderá
participar da mesma. Numa igreja batista, a ceia só será dada aos membros que
estiverem em plena comunhão com ela, e, por uma questão de cortesia, a algum
crente vivistante que pertença a uma igreja batista da mesma fé e ordem.
The Episcopal Recorder publicou:
“A comunhão restrita das igrejas batistas é apenas a consequência necessária da idéia fundamental
na qual se baseia sua existência. Nenhuma igreja cristã receberia, voluntariamente, em sua comunhão,
até mesmo o mais humilde e verdadeiro crente que não fosse ainda batizado. Para os batistas,
somente a imersão é batismo, e, portanto, necessariamente excluem da mesa do Senhor todos quantos
não tiverem sido imersos. Faz parte essencial de seu sistema; é a execução do seu credo.”
3 – Ceia ultra-restrita – Só participam da ceia os membros da igreja local. É uma posição bem sensata
porque a ceia é para a igreja. Dela só devem, então, participar seus membros. Não há nisso nenhuma
descaridade, mesmo porque os que esposam este ponto de vista reconhecem que a ceia não transmite
nenhum ato de graça ao participante. O autor defende a ceia restrita.

Pontos de vista quanto ao simbolismo da ceia.


1- Transubstanciação – É a doutrina católica. Eles crêem na transubstanciação das substancia do pão
e do vinho nas substancias do corpo e do sangue de Cristo pelo efeito da consagração eucarística. É
uma grande heresia.
2- Consubstanciação – É o ponto de vista dos luteranos. Eles crêem que o paticipante dos elementos,
após a consagração, realmente come a carne e bebe o sangue de Cristo, embora os elementos não se
modifiquem.
3- Presença mística – Crêem muitas igrejas reformadas que a união é espiritual, de modo que, onde o
sacramento é recebido com fé, a graça de Deus o acompanha.
4- Memorial – Este é o ponto de vista dos batistas. Cristo instituiu a ceia como um memorial. O crente
não recebe nenhuma graça especial quando dela participa. Ela o leva a rememorar o sacrifício de
Cristo por nós na cruz.
Manual das Igrejas – William Carey Taylor – 3a. Ed.–1941 –Casa Publicadora Batista-RJ.
Capítulo IX – Ordenanças da Igreja:
A CEIA – ATO CONGREGACIONAL
2. A passagem clássica sôbre a Ceia do Senhor prova que esta foi a concepção apostólica
das cerimônias cristãs, I Cor. 11:17-34. A instrução é dirigida à igreja de Corinto.
“Ordenando-vos isto, não vos louvo”, v.17. A coletividade é censurável pelos abusos da
Ceia. Isto só pode ser na hipótese da responsabilidade da igreja na administração da
cerimônia. “Porque vos congregais..., v.17. A ceia é um ato congregacional. “Quando vos
congregais na igreja”, v.18. Isto não quer dizer na casa de culto, mas quando vos
congregais na capacidade de igreja de Deus para um ato coletivo, um ato da igreja. A Ceia
é um ato da igreja na sua capacidade coletiva, “Quando vos reunís no mesmo lugar”, v.20.
A Ceia não é levada à casa dos membros, nem lhes é dada um a um, mas se reúnem para
comer e beber na reunião da igreja. “Ou menosprezais a Igreja de Deus”, v.22. Tomar o
cálice, estando bêbado, é uma ofensa contra a igreja de Deus. Claro é que isto só pode ser
a verdade se a cerimônia for um ato da igreja de Deus. “Pois eu recebi do Senhor, o que
também vos entreguei”, I Cor. 11:23. Pela autoridade apostólica a ordenança foi entregue
diretamente à igreja; vem de Cristo à sua igreja através dos apóstolos. Nãp ficaram com a
cerimônia nas suas mãos para ser entregue ao clero que porventura fosse seu sucessor.
Pousou nas mãos de cada igreja a manutenção dos ritos cristãos segundo a revelação
apostólica da vontade do Cristo ressuscitado. O plural dos verbos nas fórmulas indica que
nunca nenhum oficiante havia de tomar o cálice sozinho. “Quando beberdes... Quando
comerdes... Fazei isto... Anunciais”. “Pelo que, meus irmãos, reunindo-vos para comer a
Ceia, esperai uns pelos outros. Se alguém tem fome, coma em casa, afim de que a vossa
reunião não seja para juízo”, v.33 e 34.
A Ceia nunca visou ser um banquete para satisfazer fome. É uma ordenança
proclamadora dos fatos do Evangelho. “Todas as vêzes que comerdes deste pão e
beberdes do cálice anunciais a vinda do Senhor até que venha”, v.26. Até a volta de
Senhor Jesus a Ceia é simbólica; é ato coletivo de uma igreja congregacional; é um
sermão silencioso. Todos pregam. Todos anunciam. Todos repetem em santo
símbolo a dilaceração do corpo crucificado. Todos anunciam o derramamento do
sangue remidor. Todos dizem que como o corpo vive de comer e beber, assim a
igreja e seus membros vivem pela apropriação, pela alma, de Cristo crucificado. A
ordenança é declarativa: “anunciais, ANUNCIAIS”, ó igreja de Corinto, em silencioso
símbolo, em mensagem dramática, a essência do evangelho, o Calvário. O corpo de
Cristo não é pão, nem o cálice contém Seu sangue. Aquele sangue e aquele corpo
se discernem pela memória, pela visão da fé. Daí a exortação: “Fazei isto em
memória de Mim”. Daí a necessidade de fé e espiritualidade para discernir o corpo,
depois do exame próprio.
Seria difícil ajuntar em tão pouco espaço mais afirmações da responsabilidade
congregacional, coletiva, (sem diminuir a responsabilidade de cada indivíduo que
forma a coletividade). Numa pequena página, na passagem clássica do N.T. sôbre a
observância da Ceia, Paulo afirma nunca menos de dez vezes que a Ceia é um ato
de responsabilidade congegacional, uma ordenança que como apóstolo êle recebera
do Senhor Jesus e entregara à Igreja de Corinto.
3. Não se pode afirmar que no princípio deste mesmo capítulo quando Paulo louva a
igreja porque guardava os ensinos (ordenanças) “como vô-los entreguei”, que estes
ensinos ou ordenanças se referem tão somente ao batismo e à Ceia, porém,
certamente, incluem estas ordenanças.

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