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A Sensopercepção e Suas Alterações

 Sensação: fenômeno gerado por estímulos físicos, químicos


ou biológicos, originados fora ou dentro do organismo, que
produzem alterações nos órgãos receptores, estimulando-
os – dimensão neuronal.
 Percepção: tomada de consciência do estímulo sensorial –
dimensão neuropsicológica e psicológica.
 Apercepção:
 Leibniz – plena entrada de uma percepção na consciência e
sua articulação com o resto dos elementos psíquicos.
 Jung – articulação de um novo conteúdo com conteúdos
semelhantes já conhecidos, tornando, então, aquele
imediatamente claro e compreendido.
 Imagem: elemento básico do processo de sensopercepção.
A Sensopercepção e Suas Alterações
 Qualidades da imagem:

 Nitidez
 Corporeidade
 Estabilidade
 Extrojeção
 Ininfluenciabilidade voluntária
 Compleitude

 Representação (re-apresentação): revivescência de uma


imagem sensorial determinada, sem que esteja presente
o objeto original que a produziu.
A Sensopercepção e Suas Alterações
 Qualidades da representação:
 Pouca nitidez
 Pouca corporeidade
 Instabilidade
 Introjeção
 Incompletude
 Subtipos da representação:
 Imagem eidética – evocação de uma imagem guardada na
memória, é voluntária e não representa sintoma de transtorno
mental.
 Pareidolias – imagens visualizadas voluntariamente a partir de
estímulos imprecisos do ambiente.
 Imaginação: atividade psíquica que consiste na evocação de
imagens percebidas no passado ou na criação de novas imagens
– ocorre, normalmente, na ausência de estímulos sensoriais.
 Fantasia: produto organizado da imaginação.
A Sensopercepção e Suas Alterações
 Alterações da sensopercepção:

a) Alterações quantitativas da sensopercepção

 Hiperestesia: percepções anormalmente aumentadas –


intoxicações por alucinógenos, algumas formas de
epilepsia, enxaqueca, hipertireoidismo, esquizofrenia
aguda, alguns quadros maníacos.
 Hipoestesia: mundo circundante percebido como mais
escuro, cores mais pálidas, alimentos sem sabor, etc. –
depressão.
 Analgesia de partes do corpo sem origem neurológica –
histeria, hipocondria, somatizações, estados emocionais
intensos.
A Sensopercepção e Suas Alterações
b) Alterações qualitativas da sensopercepção
 Ilusão: percepção deformada, alterada, de um objeto
real e presente.
 Condições de ocorrência da ilusão:
- Estados de rebaixamento do nível de consciência –
percepções se tornam imprecisas.
- Estados de fadiga grave – ilusões transitórias.
- Estados afetivos intensos – afeto deforma as percepções
(ilusões catatímicas).
 Tipos mais comuns de ilusão:
- Visuais
- Auditivas
A Sensopercepção e Suas Alterações
 Alucinação: vivência de percepção de um objeto, sem que este
objeto esteja presente – não há o estímulo sensorial respectivo.
 Tipos de alucinações:
- Auditivas – esquizofrenia, quadros maníacos (conteúdo de
grandeza, de poder, etc.)
- Musicais – tipo raro, acompanhado de consciência e crítica –
déficits auditivos, doenças neurológicas, transtornos
depressivos – ocorrem com maior freqüência em idosos
- Visuais – epilepsia, delirium, psicoses tóxicas
- Táteis – delirium tremens, psicoses tóxicas, esquizofrenia
(sentidas nos genitais)
- Olfativas e gustativas – relativamente raras – esquizofrenia,
epilepsia
- Cenestésicas e cinestésicas
- Funcionais – desencadeadas por estímulos sensoriais, porém
diferem da ilusão
A Sensopercepção e Suas Alterações
 Alucinose: percepção de uma alucinação como sendo estranha,
falta a crença que comumente ocorre na alucinação – quadros
psicorgânicos.

c) Alterações da representação
 Pseudo-alucinação: semelhante à alucinação, porém não
apresenta aspectos vivos e corpóreos de uma imagem real –
psicoses funcionais e orgânicas, estados afetivos intensos,
fadiga, rebaixamento da consciência, intoxicações.
 Imagem pós-optica – não se trata de um fenômeno patológico.
 Alucinações psíquicas: imagens alucinatórias sem um caráter
sensorial (vozes sem ruído).
 Alucinação negativa: ausência de visão de objetos reais –
histeria.
Caso 1
 “Acordei um dia, numa época de grande tensão pessoal
e conflito interior, e encontrei três figuras cinzentas e
um tanto delgadas ao lado da cama. Fiquei
completamente fascinada por elas. O garoto tinha cerca
de doze anos, bonito, e com um sorriso agradável,
tranqüilo. O homem idoso era impressivo: sólido,
conservador, um homem fidedigno, com regras próprias.
O terceiro era um verdadeiro ser sobrenatural, com
cabelos de oito centímetros, preto, reto e flácido, e com
um corpo também longo e flácido. O rosto não pertencia
ao corpo ou ao cabelo: os traços eram finos e sensíveis,
a expressão arrogante e inflexível. Estavam lendo minha
mente. Podia percebê-lo pela maneira em que os olhos
deles se concentravam em meu rosto, as expressões dos
rostos, quando me observavam ao pensar.”
Caso 2
 “Na última vez que estive doente, na minha casa tinha
emanações de gás, emanações horrorosas de gás. Eu
vou contar ao senhor, foi horrível, horrível mesmo. Eu
não queria mais relembrar, mas eu tenho de contar,
para chegar ao âmago do problema. Na minha casa
estava aquele cheiro de gás. Então era um cheiro
horrível, intolerável. Ninguém sentia. Somente eu sentia
aquele odor desagradável. Então diziam que esta
maluca. Eu passava o dia todo lavando as coisas: lavava
os meus turbantes, mas não desaparecia aquele fedor
horrível. Era uma coisa medonha. Tudo fedia, era um
fedor insuportável, mas ninguém percebia nem sentia.
Diziam: anda com mania de limpeza, está maluca”.

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