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DIREITO PROCESSUAL

PENAL I
Prof.ª Ms. Juliana Gennarini
Competência
A expressão competência, em processo penal, é
utilizada para indicar o limite territorial ou material
do poder jurisdicional.
Competência
A esfera legalmente permitida para o exercício da
jurisdição pelo juiz natural.

No art. 4o do CPP a expressão é utilizada no


sentido vulgar, como designativo da esfera de
Autoridade atribuições da autoridade policial, que
policial exatamente por não ser detentora de jurisdição,
também não detém competência stricto sensu.

Há ainda delimitação que levam em conta a natureza


do delito, do que decorre a existência de delegacias
especializadas, como servem de exemplo as
delegacias de furtos e roubos; de drogas; etc.

01/15/2022 AULA 01 2
Instauração do IP

Identificação do delito
Ação Penal Pública
Dependendo da natureza do Incondicionada (APPI)
delito, a autoridade poderá
ou não agir de ofício. Ação Penal Pública
Condicionada à Representação
do Ofendido (APPCRO)

Ação Penal Pública


Condicionada à Requisição do
Min. Justiça (APPCRMJ)

Ação Penal Privada (APPriv)


APPI Ex officio (art. 5, I)

C/representação
APCRO
(art. 5, §4)

IP

C/requisição MJ (art.
APCRMJ
7, § 3, b CP)

Requerimento de
quem tem
APPriv
legitimidade (art. 5,
§5)
Ex officio pela
autoridade policial

Requerimento/requisição
do ofendido ou
representante legal
Em resumo

Instauração do IP
Requisição do Min. Justiça

Requisição do Ministério
Público

Por força de flagrante


(APF)

Por delação feita por 3º


Peças Inaugurais do IP

Portaria

OU
Auto de prisão em Flagrante
Notitia Criminis

Notitia criminis é a notícia do delito;

A notícia da prática de determinada conduta que pode, em tese,


configurar ilícito penal (crime ou contravenção).
Notitia criminis • Direta ou imediata (autoridade toma conhecimento do
fato delituoso por meio de suas atividades.
cognição • Regulada no art. 5, I, do CPP - nos crimes de ação penal
pública, o inquérito policial será iniciado de ofício.
espontânea
• Indireta ou mediata
Notitia criminis de • A autoridade policial toma conhecimento do delito por
meio de provocação formal que lhe é endereçada por
cognição provocada terceiro.

• Flagrancial
Notitia criminis de • Decorre da prisão em flagrante de determinada
pessoa.
cognição coercitiva
Delatio Criminis
É uma espécie de noticia criminis;
Comunicação de uma infração penal feita por qualquer pessoa do povo à
autoridade policial;
Nos termos do art. 5o, § 3o, do CPP: “Qualquer pessoa do povo que tiver
conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública
poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e
esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito
Delatio criminis, stricto sensu, é a delação, a comunicação feita por
particular à autoridade policial a respeito da ocorrência de delito de ação
pública incondicionada ou condicionada
• Quando o noticiante apenas
Delatio comunica a ocorrência do delito,
sem nada postular.
simples BO

• A comunicação de delito contida


Delatio em requerimento ou
representação visando à
postulatória instauração de inquérito para sua
apuração.
Diligências – arts. 6 e 7 CPP
Na fase de inquérito não há um procedimento rígido e específico para o
desenrolar das atividades investigatórias que se possa afirmar impositivo.

Salvo em relação às formalidades exigidas por ocasião da lavratura do


auto de prisão em flagrante

Não há uma sequência de atos que se deva seguir com rigor, muito
embora o bom senso e a inteligência apontem para a necessidade de
determinadas práticas numa certa ordem que só a realidade do caso
concreto permitirá estabelecer
Artigo 6
dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação
das coisas, até a chegada dos peritos criminais;
apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais
colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias;
ouvir o ofendido;
ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III
do Título VII, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas
testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura;
proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações
determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer
outras perícias;
determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer
outras perícias;
Artigo 6
averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e
social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e de-pois do
crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a
apreciação do seu temperamento e caráter;
colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se pos-suem
alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuida-dos dos
filhos, indicado pela pessoa presa.

Artigo 7
Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado
modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde
que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.
Identificação criminal
Na letra do art. 6o, VIII, do CPP, a autoridade policial deverá “ordenar a identificação do
indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de
antecedentes”.
Essa regra, entretanto, deve ser analisada em conjunto com o art. 5o, LVIII, da CF, segundo o
qual “o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei”.
Lei 12.037/2009 - regulamenta o art. 5o, LVIII, da CF e dispõe sobre a identificação
criminal do civilmente identificado
Indiciamento

Atribuir a autoria
(ou participação)
Conceito
de uma infração
penal a uma pessoa
Indiciamento

A condição de indiciado poderá ser atribuída:


a) auto de prisão em flagrante ou
Momento b) até o relatório final do delegado de polícia.
Indiciamento
Espécies

Direta Ocorre quando indiciado está presente

Indireta Indiciado está ausente


Pressupostos do indiciamento

Elementos informativos da materialidade

Elementos informativos da autoria


Partes
É ato resultante das investigações Qualquer pessoa pode ser indiciada
Ato privativo do delegado de polícia
Deverá fundamentar em elementos que
demonstrem a certeza quanto a materialidade
e indícios razoáveis de autoria
Conclusão do IP
Prazo do IP
Preso: 10 dias
art. 10 , caput + + 15
Regra
art. 3-B, p. 2 CPP
Solto: 30 dias
Prazo
15 dias (preso)
IP federal (Lei +15
5.010)
30 dias solto
Exceções
Preso: 30 dias +
30
Lei 11.343/06
Solto: 90 dias + 90
Prazo do IP
10 dias - preso
Lei 1.521
10 dias - solto)
Prazo

Lei 8.072/90 (p. Preso: 30 dias +


Exceções
temporária) 30 (preso)

Preso: 20 dias
CPPMilitar (art.
20)
Solto: 40 dias +20
Ato de conclusão
Art. 10, § 1º: o inquérito policial deverá ser concluído com a
elaboração, por parte da autoridade policial, de minucioso relatório
do que tiver sido apurado, com posterior remessa dos autos do
inquérito policial ao juiz competente.

Peça elaborada pela autoridade policial


Relatório Conteúdo eminentemente descritivo
Esboço das principais diligências realizadas
Não é peça obrigatória para o oferecimento da denúncia

Em regra, deve a autoridade policial abster-se de fazer qualquer


juízo de valor
Providências
1) APPrivada – juiz determina a permanência dos autos em cartório para aguardar iniciativa do
ofendido ou de seu representante legal (art. 19)
2) AAPública – autos remetidos ao MP para:
A) formalização do acordo de não persecução penal (art. 28 CPP)
B) oferecimento da denúncia
C) arquivamento dos autos do IP
D) requisição de diligências (art. 16)
E) declina da competência
F) conflito de competência
Arquivamento
Acordo de não persecução penal
Art. 28-A – lei 13.964/19 (lei anticrime)
Res. 181/17 do CNMP

Negócio jurídico de natureza extrajudicial, necessariamente homologado pelo


juiz competente (juiz de garantias), celebrado pelo MP com o autos do fato
delituoso devidamente assistido por seu defensor

Conceito Confessa formalmente


Cumprimento de certas condições não privativas de liberdade
Em troca do compromisso do MP não iniciar a ação penal
Infração penal – pena mínima < a 4 anos

REQUISITOS
Infração sem violência ou grave ameaça
a pessoa

Não ser caso de arquivamento


Se for possível transação penal

Investigado for reincidente ou houver elementos


probatórios que indiquem conduta criminal
VEDAÇÃO
habitual, reiterada ou profissional

Ter sido beneficiado nos 5 anos anteriores ao


cometimento da infração, acordo de não persecução,
transação penal ou suspensão condicional ao processo

Crimes de violência doméstica


Confessar formal e circunstancialmente a prática do crime

Reparação do dano ou restituição da coisa à vítima


CONDIÇÕES

Renúncia voluntária a bens e direitos indicados pelo MP

Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas

Pagamento de prestação pecuniária

Outras condições estipuladas pelo MP


Fases do IP
Conhecimento do fato – juízo de admissibilidade quanto à instauração ou não do IP (registro de
ocorrência, representação, requerimento – art. 6, I a III)
Instauração – portaria ou APF e remessa ao cartório para início do IP
Diligências – especificadas a partir do artigo 6. É a mais importante e se refere a formação da prova.
Relatório – ato personalíssimo da autoridade policial.
Remessa – prazos especificados, após o relatório, mediante despacho simples da autoridade
policial.
Arquivamento do IP. Não é de competência do delegado. Só pode instaurar aquilo que não dá azo a
IP.
Acordo de não persecução penal

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