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ISOMERIA

Prof. Raphael Coutinho


Facebook: @prof.raphaelcoutinho
Química – Usberco e Salvador, 2002.
O que é isomeria?
Quando se substitui um átomo de hidrogênio do etano por um átomo de cloro, pode-se obter
somente uma substância, pois, qualquer que seja o hidrogênio substituído, a estrutura obtida será
sempre a mesma:

Porém, quando se substituem dois átomos de hidrogênio por dois átomos de cloro, obtêm-se duas
substâncias diferentes, pois podem ocorrer duas possibilidades:
a) os dois hidrogênios substituídos estão ligados b) os dois hidrogênios substituídos estão
ao mesmo carbono: ligados a carbonos diferentes:

Os dois compostos diferentes possuem os mesmos átomos, na mesma quantidade, mas apresentam
estruturas diferentes. Esse é um exemplo do fenômeno denominado isomeria.
O estudo da isomeria será dividido em duas partes: plana e espacial (estereoisomeria).

ISOMERIA PLANA
Nesse tipo de isomeria, verifica-se a diferença entre os isômeros através do estudo de suas
fórmulas estruturais planas.

ISOMERIA ESPACIAL
Nesse tipo de isomeria, a diferença entre os isômeros só é perceptível pela análise da
fórmula estrutural espacial. Existem dois tipos de isomeria espacial: geométrica (cis-trans
ou Z-E) e óptica.
Os principais casos de tautomeria (tautos = dois de si mesmo) envolvem compostos carbonílicos.
Ao preparar uma solução de aldeído acético, uma pequena parte se transforma em etenol, o qual,
por sua vez, regenera o aldeído, estabelecendo um equilíbrio químico em que o aldeído, por ser
mais estável, está presente em maior concentração. Observe os exemplos:

A solução que contém os dois tautômeros é denominada alelotrópica, e ambos os equilíbrios são
genericamente denominados cetoenólicos.
Isomeria geométrica
Quando dois hidrogênios, um de cada carbono do etileno, são substituídos por dois átomos de
cloro, formam-se duas estruturas diferentes com a mesma fórmula molecular: C2H2Cℓ2.
As fórmulas estruturais podem ser feitas da seguinte forma:
As diferentes disposições espaciais dos átomos provocam alterações nas propriedades
físicas desses compostos, como, por exemplo, na temperatura de ebulição, isso porque tais
mudanças acarretam diferença de polaridade das moléculas.
Ocorrência de isomeria geométrica
Compostos acíclicos
Os compostos acíclicos devem apresentar pelo menos uma dupla ligação entre
carbonos, e cada um dos carbonos da dupla deve apresentar grupos ligantes
diferentes.
pent-2-eno

Cis-pent-2-eno Trans-pent-2-eno
Neste caso, os dois isômeros geométricos não podem ser
identificados pelos prefixos cis e trans, pois não apresentam
nenhum ligante igual nos dois carbonos da dupla ligação. Em
tais casos, devemos utilizar as designações E e Z.
Compostos cíclicos
Os compostos cíclicos devem apresentar grupos ligantes diferentes em pelo
menos dois carbonos do ciclo.
Isomeria óptica
A isomeria óptica está associada ao comportamento das substâncias submetidas a um feixe de luz
polarizada (um só plano de vibração) obtida quando a luz natural, não polarizada (infinitos planos
de vibração), atravessa um polarizador.
Algumas substâncias têm a propriedade de desviar o plano de vibração da luz polarizada e são
denominadas opticamente ativas. Essa propriedade caracteriza os compostos que apresentam
isomeria óptica.
O desvio do plano de vibração pode ocorrer em dois sentidos:
a) desvio para o lado direito = isômero dextrogiro (d);
b) desvio para o lado esquerdo = isômero levogiro (ℓ).
Esse desvio é determinado experimentalmente por um aparelho denominado polarímetro,
esquematizado a seguir:
Ocorrência de isomeria geométrica
Compostos acíclicos
Os compostos acíclicos devem apresentar pelo menos uma dupla ligação entre
carbonos, e cada um dos carbonos da dupla deve apresentar grupos ligantes
diferentes.
Isomeria óptica e assimetria molecular
A condição necessária para a ocorrência de isomeria óptica é que a substância apresente
assimetria.
O caso mais importante de assimetria molecular ocorre quando existir, na estrutura da molécula,
pelo menos um carbono assimétrico ou quiral (do grego cheir = mão). Para que um átomo de
carbono seja assimétrico, deve apresentar quatro grupos ligantes diferentes entre si. Na fórmula
estrutural, o carbono quiral é indicado por um asterisco (*).
O ácido láctico, encontrado tanto no leite azedo quanto nos músculos, apresenta a seguinte
fórmula estrutural.

A presença de 1 carbono assimétrico (1 C*) determina a existência de dois isômeros opticamente


ativos: o ácido d-láctico e o ℓ-láctico, que são química e fisicamente iguais e fisiologicamente
diferentes, provocando o mesmo desvio angular, porém em sentidos opostos. Um par de isômeros
opticamente ativos [(d) e (ℓ)], os quais apresentam o mesmo ângulo de desvio, são denominados
antípodas ópticos ou enantiomorfos. Sua mistura em quantidades equimolares resulta numa
mistura opticamente inativa, denominada mistura racêmica, conhecida também como isômero
racêmico [(dℓ) ou (r)].
Observação:
A única maneira de saber se um isômero óptico é dextrogiro (d) ou levogiro (ℓ) consiste em
utilizar um polarímetro. É impossível obter tal informação mediante a simples análise da fórmula
estrutural do isômero.
Quantidade de carbonos assimétricos e número de isômeros ópticos
Moléculas com um carbono quiral (C*)
O exemplo dado permite concluir que para um carbono assimétrico ou quiral temos:

Moléculas com vários carbonos assimétricos diferentes


A maneira mais prática de determinar a quantidade de isômeros opticamente ativos e inativos de
uma substância é utilizar as expressões matemáticas propostas por Van’t Hoff e Le Bel:
Moléculas cíclicas
A isomeria óptica ocorre também em compostos cíclicos, em função da assimetria molecular.
Embora nessas moléculas não existam carbonos assimétricos (C*), para determinar o número de
isômeros, deve-se considerar sua existência. Para isso, devemos levar em conta os ligantes fora do
anel e considerar como ligantes as sequências no sentido horário e anti-horário no anel.
Vejamos um exemplo:

O carbono (C3) não pode ser considerado um carbono assimétrico, pois apresenta ligantes iguais.
Logo, pode-se considerar que essa molécula apresenta 2 C* diferentes.
Em compostos cíclicos, após determinar o número de carbonos que funcionam como C*,
pode-se determinar o número de isômeros ópticos, como nos compostos alifáticos, usando
expressões matemáticas.

Neste exemplo, temos:


Moléculas assimétricas
Na maioria dos processos biológicos, somente um dos isômeros ópticos é ativo. Por exemplo, o
isômero dextrogiro do LSD causa alucinações, ao passo que o isômero levogiro não produz
nenhum efeito.

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