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Todos nós já ouvimos falar sobre a importância da ciclagem para o correto equilíbrio do ecossistema de um
aquário recém-montado. Porém muitos de nós, principalmente os mais iniciantes, não sabem exatamente como
realizar o passo-a-passo desse processo. Neste artigo será demonstrado como deve ser feita a ciclagem de
maneira correta.
A CICLAGEM
A ciclagem nada mais é do que a colonização de bactérias nitrificantes benéficas que são responsáveis pela
transformação da amônia e nitritos presentes na água. Para maiores informações sobre a amônia, nitrito e
outros componentes leia Nitrogênio, Bactérias e Ciclagem.
Imagine que um aquário recém montado não possui colônia de bactérias nitrificantes, portanto, qualquer nível
de amônia, seja gerada por restos de alimentos, ou fezes dos peixes, poderá ter um impacto muito maior ao
equilíbrio do meio.
Muitos aquaristas, mesmo nos dias de hoje, utilizam um método de ciclagem chamado de "ciclagem com peixes",
que nada mais é do que realizar esta etapa inicial da criação de colônias de bactérias através dos excrementos
liberados pelos próprios peixes, chamados muitas vezes de “peixes cicladores”. Mas Como funciona isso?
Ao serem introduzidos em um ambiente novo, os peixes irão lançar uma carga orgânica na água do aquário,
restos de alimentos etc, forçando a criação das colônias de bactérias, seja nos filtros ou no substrato ou
decorações. Porém, durante todo o processo, os peixes estarão diante de uma situação extremamente incômoda
e perigosa, devido ao alto teor de amônia e nitrito que estarão presentes na água, capaz de intoxicar seu
sistema respiratório, levando-os à morte rapidamente. Até que a ciclagem esteja finalizada, é correto dizer que
os peixes estarão sofrendo nesse ambiente, mesmo que, aparentemente, estejam ativos e se alimentando
adequadamente. Por isso é comum a utilização de peixes mais resistentes e baratos, como é o caso dos platis,
espadas ou molinésias, como “peixes cicladores”. Este processo de "sofrimento" costuma durar cerca de 30 a 40
dias.
Trata-se de um processo de ciclagem que seria o "politicamente correto", e amplamente utilizado por aquaristas
de todo o mundo, conhecido como "ciclagem sem peixes". Neste processo, o incentivo à produção de amônia é
fundamental, antes da inserção da fauna pretendida. É este tipo de ciclagem que será abordada neste artigo.
"Se eu deixar o aquário funcionando durante 30 dias sem fauna, ele estará ciclado?"
Essa pergunta é muito comum, já que a média de tempo utilizado para a ciclagem é algo aproximado a 30 dias.
Contudo, deve-se levar em consideração as etapas do ciclo nitrificante (amônia -> nitrito -> nitrato) para que se
tenha certeza de que a ciclagem foi concluída.
Finalmente as colônias de bactérias estarão bem populadas para consumir a amônia (NH3/NH4) que será
transformada em nitrito (NO2) em quantidade significativa, para ser consumido e transformado em nitrato (NO3);
Uma substância não tão tóxica aos peixes, e uma boa fonte de nitrogênio para as plantas (e algas!).
Material a ser utilizado no processo: Amoníaco puro (vendido em farmácias), conta-gotas e testes de amônia e
nitrito (encontrados em lojas de aquarismo).
Obs: Existem outras formas de produzir amônia no aquário além do uso de amoníaco, como é o caso da adição
de ração para peixes, restos de plantas mortas, etc, mas existem dois inconvenientes nestes casos, que é a
sujeira que irá se formar no substrato, e a demora para que a amônia seja gerada, já que adicionando amoníaco
estamos adicionando o material final. Adicionando ração, esta ainda deverá passar pelo processo de
degeneração até que se transforme em amônia.
Passo 0: Encher o aquário de água sem cloro, contabilizando o total de litros reais (descontando-se substrato,
decorações e outros fatores). Deixar os filtros em funcionamento em regime 24x7 (sempre ativos).
Passo 1: Adicionar 1/2 gota de amoníaco por litro de água do aquário (ex: 35 gotas para um aquário de 70 litros
reais). Faça um teste de amônia após 15 minutos, que deve marcar de 2,5 a 5 ppm de amônia. Caso não tenha
atingido esta marca, aplique mais uma dose de amoníaco e refaça o teste. Caso ultrapasse esta marca, não se
preocupe, pois não há habitantes no aquário. Por esse motivo, o passo 1 deve ser realizado sem a fauna
desejada, apesar do aquário estar todo já montado, com plantas e decorações inclusive.
Passo 2: Dois dias após ter realizado o passo 1, faça um teste de amônia e nitrito. A amônia possivelmente ainda
estará na mesma marca que no passo anterior, e o nitrito estará em 0 ppm.
Passo 3: De dois em dois dias deve-se fazer um teste de amônia para verificar se a mesma está diminuindo.
Sempre que ela atingir valores inferiores a 2,0 ppm, deve-se acrescentar a metade de gotas de amoníaco
utilizado inicialmente (ex: para um aquário de 70 litros reais, aplicar cerca de 17 gotas). Isso quer dizer que a
primeira etapa da ciclagem já está bem avançada.
Passo 4: Aproximadamente 5 dias após verificar que a amônia está diminuinfo, deve-se fazer um teste de nitrito,
que provavelmente estará batendo um pico de + ou – 2,0 ppm. Isso quer dizer que a primeira etapa da ciclagem
chegou ao fim, e a segunda já se iniciou.
Passo 5: Deve-se verificar a amônia e o nitrito a cada 2 dias, sempre adicionando porções pequenas de
amoníaco na água do aquário, para manter o "alimento" das bactérias. Assim que os valores do teste de nitrito
estiverem diminuindo, significa que a etapa 2 chegou ao fim, e a etapa final já está em andamento.
Passo 6: Ter paciência. Dentro de pouco menos de 15 dias os valores de nitrito estarão em 0 ppm novamente.
Desta forma deve-se realizar uma TPA (Troca Parcial de Água) de 50% e introduzir a quantidade inicial de
amoníaco (ex: 35 gotas para um aquário de 70 litros reais), e esta amônia introduzida deve chegar a 0 ppm em
até 24 horas. Se isso ocorrer a ciclagem chegou ao fim, e os primeiros peixes podem ser introduzidos. Caso
contrário, deve-se aguardar mais alguns dias até que toda a colônia de bactérias esteja populada.
Aceleradores de Biologia
Existem outras técnicas utilizadas para acelerar a biologia nos aquários novos. Uma delas é a utilização de
mídias biológicas (anéis de cerâmicas, placas ou esponjas) de um aquário que já estava ciclado. Outra forma
também é a utilização da água de aquários cujo ciclo do nitrogênio (ciclagem) já foi concluído. Vale ressaltar
aqui também que somente estas técnicas não farão com que a ciclagem já esteja concluída. Deve-se observar
todos os passos do processo até que os níveis de nitrito e amônia estejam zerados.
Temperatura
Quanto maior a temperatura mais rápida será a ciclagem, portanto é indicado manter entre 29oC e 30oC,
inicialmente. Vale lembrar que a oxigenação é um fator necessário, e deve ter uma atenção dedicada, já que as
bactérias que queremos são aeróbicas e necessitam de boa quantidade de oxigênio dissolvido. Isso é importante
porque quanto maior a temperatura, menor é a quantidade de oxigênio disponível.
Não é indicado realizar TPAs durante o processo, pois devido à renovação da água, muitas bactérias podem ser
perdidas. Diz-se que TPAs retardam o processo, mas ainda assim podem ser feitas caso haja necessidade.