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Processo de tratamento de esgotos

O tratamento de esgoto é uma medida de saneamento básico tendo como objetivo acelerar
o processo de purificação da água antes de ser devolvida ao meio ambiente ou reutilizada.
O sistema utilizado em boa parte do Brasil, considerado do tipo ‘separador absoluto’
constitui a veiculação do esgoto sanitário (doméstico, industrial e infiltração) em um sistema
independente denominado de sistema de esgoto sanitário. Os esgotos domésticos contêm
aproximadamente 99,9% de água, e apenas 0,1% de sólidos. É devido a essa fração de
0,1% de sólidos que ocorrem os problemas de poluição das águas. As características dos
esgotos gerados por uma comunidade são função dos usos a que a água foi submetida.
Esses usos, e a forma com que são exercidos, variam com o clima, os hábitos, a situação
social e econômica da população. As características físicas dos esgotos podem ser
interpretadas pela obtenção das grandezas correspondentes a matéria sólida, temperatura,
odor, cor e turbidez. As características químicas podem ser classificadas em dois grandes
grupos: matéria orgânica e inorgânica. Os principais parâmetros utilizados são: pH, DBO,
DQO, Nitrogênio e Fósforo. Os principais organismos encontrados nos rios e esgotos são:
as bactérias, os fungos, os protozoários, os vírus, as algas e grupos de plantas e de
animais. O organismo mais utilizado como indicador de poluição é do grupo das bactérias
coliformes.
O sistema de tratamento começa coletando o esgoto nos domicílios e indústrias,
transportando-o até uma ETE (Estação de Tratamento de Esgoto), por meio de coletores
primários, interceptores e emissários, nessa ordem. Na ETE, o processo objetiva separar a
parte sólida da líquida e tratar cada uma delas, reduzindo ao máximo a carga poluidora,
reproduzindo o que é feito na natureza, em menor espaço e tempo. São utilizadas bactérias
aeróbias ou anaeróbias que degradarão a matéria orgânica presente.

Etapas do processo de tratamento

1) Tratamento Preliminar
Consiste em retirar sólidos grosseiros por meio de grades e matéria inorgânica mais pesada
como areia por meio de desarenadores. São utilizados os processos físicos de
gradeamento, peneiramento e sedimentação.
2) Tratamento Primário
São retirados sólidos em suspensão sedimentáveis e sólidos flutuantes, principalmente
óleos e graxas. Mesmo depois do tratamento preliminar, os esgotos ainda contêm sólidos,
não grosseiros, em suspensão, que são mais pesados do que a parte líquida. Esses sólidos
se sedimentam no fundo dos decantadores, formando o lodo primário bruto. Esse lodo é
retirado do fundo do decantador, por meio de raspadores, tubulações ou bombas, e podem
ser caminhados para digestores anaeróbios, onde acontece a fermentação na ausência do
oxigênio.
Fossas sépticas e reator anaeróbio de manta de lodo (UASB, sigla em inglês de ‘Upflow
Anaerobic Sludge Blanket’) são exemplos de tratamento primário usados no brasil. A fossa
séptica funciona da seguinte maneira: os sólidos em suspensão se sedimentam no fundo da
fossa e formam o lodo onde ocorre a digestão por meio das bactérias anaeróbias; o líquido
é encaminhado para o filtro anaeróbio, que possui bactérias, formando biomassa e
reduzindo a carga orgânica nos esgotos. O reator anaeróbio funciona com a biomassa
crescendo dispersa no meio e formando pequenos grânulos, que servem de suporte para
outras bactérias; o fluxo do líquido é ascendente e aí se formam gás carbônico e gás
metano, resultantes do processo de fermentação anaeróbia
3) Tratamento Secundário
O processo remove a matéria orgânica e os sólidos dissolvidos na massa líquida dos
esgotos, utilizando reações bioquímicas realizadas por bactérias, protozoários e fungos. No
processo aeróbio, os micro-organismos presentes nos esgotos se alimentam da matéria
orgânica, convertendo-a em gás carbônico, água e material celular. Essa decomposição
biológica requer a presença de oxigênio e outras condições ambientais favoráveis.
Lagoas de estabilização (ou lagoas de oxidação) são lagoas construídas de forma simples –
o esgoto entra por uma extremidade e sai por outra, oposta – onde a matéria orgânica, na
forma de sólidos em suspensão, fica no fundo da lagoa formando um lodo que vai aos
poucos sendo estabilizado por bactérias anaeróbias. O processo da fase líquida se baseia
nos princípios da respiração e fotossíntese: as algas existentes nos esgotos, na presença
de luz, produzem oxigênio que é liberado pela fotossíntese. Esse oxigênio dissolvido é
utilizado pelas bactérias aeróbias (respiração), que se alimentam da matéria orgânica em
suspensão e dissolvida presente nos esgotos. O resultado é a produção de sais minerais e
de gás carbônico.
Lodos ativados são outro exemplo de tratamento secundário. É composto por um tanque de
aeração (reator biológico), um tanque de decantação (decantador secundário) e uma bomba
de recirculação de lodo. A base desse sistema é basicamente a recirculação do lodo, de um
decantador para um tanque de aeração. Com o lodo do decantador circulando
continuamente e a adição constante de matéria orgânica, ocorre o aumento de biomassa de
bactérias, cujo excesso é descartado regularmente.
O tratamento aeróbio com biofilme é outro exemplo de tratamento secundário, onde os
esgotos são dispostos descontinuamente sobre um leito de material grosseiro, como pedras
ou plástico, e descem em direção aos drenos do fundo. Esse fluxo permite o crescimento de
bactérias na superfície do leito, formando uma película de micro-organismos. Com a
circulação do ar entre as pedras, há o fornecimento de oxigênio para os micro-organismos
decomporem a matéria orgânica.
4) Tratamento Terciário
Nessa etapa, há a remoção de poluentes específicos (micronutrientes), além de outros
poluentes que não são retidos nos tratamentos primário e secundário. Costumeiramente, é
utilizado quando se deseja obter um tratamento de qualidade superior para os esgotos,
removendo compostos como nitrogênio e fósforo. Pode ser utilizada também a desinfecção
do efluente por ultravioleta ou ozônio, eliminando os micro-organismos ainda presentes.

Como subprodutos do tratamento de esgoto, temos normalmente o material gradeado,


areia, escuma (conjunto de bolhas de ar ou de gás que se formam à superfície de líquidos
em fermentação ou agitados), lodo primário e lodo secundário, que devem ser tratados
antes de lançados no meio ambiente. Um exemplo disso é a aplicação do lodo como
fertilizante na agricultura, depois de intervenção adequada, ou como o exemplo da ETE
Arrudas, em Sabará, utilizando os gases liberados no processo de tratamento do esgoto
(nesse caso, o metano) para produzir a própria energia, numa central termoelétrica.

Referências

http://www.copasa.com.br/wps/portal/internet/esgotamento-sanitario/o-sistema-de-
esgoto
https://www.infoescola.com/meio-ambiente/tratamento-de-esgoto/
https://escolakids.uol.com.br/ciencias/tratamento-do-esgoto.htm
https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/escuma
https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/04/04/interna_gerais,287086/ete-
arrudas-ganha-central-termeletrica.shtml
http://www.copasa.com.br/wps/wcm/connect/1bf04012-9303-4757-bc41-
5ed6c9af5563/COPASA_Esgoto.pdf?MOD=AJPERES&CVID=lq-blK0

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