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SANEAMENTO 2

LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO

Lagoas de estabilização são escavações taludadas, construções que envolvem


cavidades com inclinações suaves. Elas permitem que o esgoto sanitário seja retido por
períodos prolongados, visando seu tratamento. Essa abordagem não requer processos de
aeração ou a mistura mecânica do esgoto.
Essa configuração apresenta várias vantagens, como implantação com custos
reduzidos, facilidade tanto no projeto quanto na operação e menor consumo energético.
No entanto, existem desvantagens associadas a esse método. O espaço necessário
para a implementação pode ser considerável. Além disso, o efluente tratado pode conter
algas em alguns casos, e há a possibilidade de maus odores serem gerados na lagoa
anaeróbia.
Essas lagoas são projetadas para simular processos naturais de tratamento,
aproveitando as ações da luz solar, microorganismos e processos químicos para degradar
matéria orgânica, nutrientes e patógenos presentes no esgoto. Existem três tipos principais
de lagoas de estabilização:

1. Lagoa Anaeróbia:
As lagoas anaeróbicas representam uma abordagem alternativa de tratamento, onde
a presença de condições estritamente anaeróbias é fundamental. Isso requer a introdução
de uma carga substancial de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) por unidade de
volume na lagoa. Nesse cenário, a taxa de consumo de oxigênio supera consideravelmente
a taxa de produção. Esse processo ocorre de maneira semelhante a um digestor
anaeróbico ou a uma fossa séptica.
Essa técnica é empregada principalmente para tratar esgoto doméstico e efluentes
industriais que contêm predominantemente materiais orgânicos, como os provenientes de
matadouros, laticínios, indústrias de bebidas, entre outros. O processo de conversão
anaeróbica ocorre sequencialmente, desenvolvendo-se em duas etapas:
1. Liquefação e Formação de Ácidos: Nessa etapa, as bactérias acidogênicas atuam
na liquefação dos resíduos orgânicos, resultando na formação de ácidos.
2. Formação de Metano: Na segunda etapa, as bactérias metanogênicas entram em
ação, convertendo os ácidos gerados anteriormente em metano.
Esse processo sequencial de conversão anaeróbica é crucial para o tratamento
eficiente em lagoas anaeróbicas.

2. Lagoa Facultativa:
As lagoas facultativas constituem um tipo de lagoa de estabilização que recebe seu
nome devido à combinação de condições aeróbias e anaeróbias que nelas ocorrem. Nesse
contexto, a atividade fotossintética ocorre na superfície, enquanto a anaerobiose prevalece
no fundo. Essa categoria de lagoa é a mais comumente utilizada e pode ser empregada
isoladamente ou em sequência, com uma lagoa anaeróbia antecedendo-a.
A profundidade útil dessas lagoas geralmente varia de 1,5 a 2,0 metros. Elas
operam com uma coexistência de processos aeróbios, onde a atividade fotossintética das
algas fornece oxigênio na parte superior, e processos anaeróbios na porção inferior.
Essas lagoas demonstram uma eficiência notável na remoção de Demanda
Bioquímica de Oxigênio (DBO), geralmente superior a 80%, e na redução de coliformes,
com uma eficácia de aproximadamente 99%. A relação entre o comprimento e a largura
(L/B) costuma variar de 3 a 5.
Recomenda-se que lagoas facultativas tenham áreas inferiores a 15 hectares, e os
Tempos de Detenção Hidráulica (TDHs) podem variar de 15 a 45 dias para as lagoas
primárias e de 10 a 30 dias para as lagoas secundárias.
Diversos fatores estão fora do controle, como evaporação, chuvas, temperatura,
ventos, mistura e estratificação térmica, e radiação solar. Por outro lado, há fatores que
podem ser controlados, como o tipo de esgoto, a vazão de entrada, as concentrações de
diferentes parâmetros, o nível do lençol freático, as características do terreno, a localização
de cursos d'água, a proximidade de comunidades, o risco de assoreamento, as questões
legislativas e a temperatura.
A temperatura desempenha um papel direto nas velocidades das reações dentro
dessas lagoas e deve ser considerada para o dimensionamento adequado. Geralmente, a
temperatura da água é estimada a partir da temperatura do ar e do próprio esgoto.

3. Lagoa de Maturação
As lagoas de maturação, também conhecidas como lagoas de polimento, têm como
principal objetivo a desinfecção do efluente proveniente das lagoas de estabilização.
Comumente apresentam uma profundidade de cerca de 1,0 metro, permitindo que os raios
ultravioleta (UV) atuem eficazmente sobre os organismos presentes em toda a coluna de
água.
O propósito principal dessas lagoas é desinfetar os esgotos, uma necessidade que
está crescendo em importância. Esse processo visa inativar micro-organismos patogênicos
presentes no efluente tratado. Diversas opções estão disponíveis para a desinfecção,
incluindo o uso de cloro, radiação UV, ozônio e, é claro, as lagoas de maturação.
A característica de baixa profundidade nesse tipo de lagoa é crucial para alcançar
uma eficaz desinfecção. A reduzida profundidade permite o decaimento dos coliformes por
meio do metabolismo endógeno dos próprios microorganismos e da exposição à radiação
ultravioleta.
A profundidade rasa, que pode chegar a até 1,0 metro, é ideal para a penetração
dos raios solares e, consequentemente, para a eficácia da desinfecção por UV. O Tempo de
Detenção Hidráulica (TDH) típico nesse contexto é de aproximadamente 7 dias.
Em termos de eficiência de remoção da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO),
considerando a combinação com as lagoas anteriores no processo de tratamento, essa
etapa pode atingir cerca de 85%. A relação entre o comprimento e a largura (L/B)
geralmente é mantida em 3 ou mais para garantir um desempenho eficaz.

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