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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA – CAMPUS VIII

CENTRO DE CIÊNCIAS, TECNOLOGIA E SAÚDE


DISCENTES: CLEBER DE SOUZA SILVA
MARIA MERIEN FERREIRA DA SILVA
COMPONENTE CURRICULAR: SANEAMENTO II

LAGOA DE ESTABILIZAÇÃO

ARARUNA/ PB
JUNHO DE 2023
Introdução
As lagoas de estabilização são uma forma eficiente e econômica de tratamento
de efluentes líquidos, sejam eles domésticos ou industriais. Essa tecnologia,
cuja origem remonta ao início do século XX nos Estados Unidos, utiliza
processos naturais para purificar os resíduos orgânicos presentes nos
efluentes, por meio de fenômenos físicos, biológicos e bioquímicos. As lagoas
de estabilização são caracterizadas por grandes escavações que proporcionam
tempos de detenção hidráulica prolongados, permitindo o armazenamento e a
depuração dos efluentes ao longo do tempo. Existem diferentes tipos de
lagoas, como as aeróbias, anaeróbias, facultativas e de maturação, cada uma
com suas características e aplicações específicas. Embora apresentem
vantagens significativas, como baixos custos operacionais e capacidade de
remoção de patógenos, as lagoas de estabilização também possuem algumas
desvantagens, como a necessidade de áreas extensas e a possibilidade de
odores e contaminação das águas subterrâneas. Neste contexto, é essencial
considerar as condições climáticas e as características locais ao projetar e
operar as lagoas de estabilização, a fim de garantir um tratamento eficiente e
minimizar os impactos ambientais.
Lagoa de estabilização
A origem
De origem acidental, as primeiras lagoas de estabilização surgiram em 1924 na
Califórnia e 1928 na Dakota do Norte.
Há séculos, existem lagoas naturais ou artificiais, de origem acidental, que
recebem despejos e realizam fenômeno de depuração dos efluentes.
No caso de Santa Rosa na Califórnia, a “lagoa” foi estabelecida em cima de um
leito de pedra que colmatou com a passagem do efluente, produzindo um
clarificado com características de um efluente de filtro biológico.
Em Fesseden na Dakota do Norte, o efluente foi direcionado para uma
depressão natural e após alguns meses, a qualidade do efluente final foi
comparada a de um tratamento secundário e esta lagoa permaneceu em
operação por 30 anos.
Porém, somente após a II Guerra Mundial que surgiriam as lagoas com algum
controle de seu funcionamento, a partir do qual se procurava conhecer alguns
parâmetros.
As primeiras pesquisas sobre lagoas de estabilização foram realizadas nos
Estados Unidos, nos estados de Dakota do Norte e Sul, no ano de 1948.
Nesta época entrou em funcionamento a primeira lagoa projetada
especificamente para receber e depurar esgoto bruto.
A primeira lagoa construída no Brasil foi em São José dos Campos, SP,
projetada de acordo com o sistema chamado “australiano”, sendo uma
anaeróbia seguida de uma facultativa, com a finalidade de estabelecer
parâmetros de projetos para outras lagoas em todo o país.
O que é uma lagoa de estabilização
Grandes escavações taludadas propiciando tempos de detenção hidráulica
elevados, destinados a armazenar resíduos líquidos de natureza orgânica
(efluente sanitário bruto e sedimentado) despejos industriais orgânicos e
oxidáveis, ou águas residuárias oxidadas.
O tratamento é feito através de processos naturais: físicos, biológicos e
bioquímicos, denominados autodepuração ou estabilização.
Esses processos naturais, sob condições parcialmente controladas, são
responsáveis pela transformação de compostos orgânicos putrescíveis em
compostos minerais ou orgânicos mais estáveis, principalmente pela ação de
algas e bactérias.
Esta instalação versátil serve a muitos propósitos, incluindo:
 Armazenamento ou represamento de efluentes;
 Sedimentação e remoção de sólidos suspensos;
 Armazenamento ou represamento de sólidos sedimentáveis;
 Aeração;
 Tratamento biológico;
 Evaporação.
A relativa simplicidade e baixos custos operacionais de uma lagoa de
estabilização tornam a tecnologia preferida para manuseio, tratamento e
descarte de efluentes industriais e domésticos.
Podem alcançar grau de depuração a um custo baixo e com um mínimo de
manutenção, sendo umas das formas mais econômicas de tratamento.
As lagoas de estabilização podem ser: facultativas, associação entre
anaeróbias e facultativas; aeradas seguidas de facultativas; aerada de mistura
completa seguidas de lagoa de decantação, e ainda, lagoa de maturação.
A associação dos vários modelos, em série, ou a utilização de lagoas como
pós-tratamento de outros sistemas é muito vantajosa e altamente eficiente em
termos de redução de carga orgânica poluente.
Adicionalmente, a construção é simples, baseando-se principalmente em
movimento de terra de escavação e preparação dos taludes.
A operação das lagoas de estabilização, apesar de simples, não deve ser
negligenciada. Existem procedimentos de operação e manutenção que devem
ser executados dentro de uma determinada rotina, no intuito de evitar
problemas ambientais e redução na eficiência do tratamento.
Muitas variações nos tanques são possíveis devido às diferenças de
profundidade, condições de operação e cargas.
Como podem ser classificadas as lagoas de estabilização
A literatura atual geralmente usa três classificações amplas de lagoas:
aeróbica, anaeróbica e facultativa. E a lagoa de maturação ou polimento, que
via de regra atua com a finalidade de tratamento terciário.
Lagoas Aeróbias
As lagoas aeróbias são caracterizadas por terem oxigênio dissolvido distribuído
por todo o seu conteúdo praticamente o tempo todo.
Elas geralmente requerem uma fonte adicional de oxigênio para complementar
a quantidade mínima que pode ser difundida da atmosfera na superfície da
água.
Neste tipo de lagoa se introduz oxigênio no meio líquido através de um sistema
mecanizado de aeração.
Os aeradores superficiais criam turbulências necessárias para o oxigênio
contido na atmosfera adentre ao meio líquido, garantindo, assim, oxigenação
para os microrganismos que estão na lagoa.
Além disso, os aeradores superficiais são responsáveis pela mistura entre os
microrganismos e os sólidos em suspensão, há em decorrências, uma maior
concentração de bactérias no meio líquido.
Com isto, a eficiência da lagoa aeróbia aumenta, permitindo também uma
redução em seu volume.
Lagoas Anaeróbias
Neste tipo de lagoa predominam processos de fermentação anaeróbia, isto é,
imediatamente abaixo da superfície não existe oxigênio dissolvido.
As lagoas anaeróbias são escavações mais profundas, com altura útil variando
na faixa de 3 a 5 metros, retendo os efluentes durante 5 a 20 dias.
Nestas condições, se garante a anaerobiose, uma vez que a penetração de luz
solar e a sobrevivência de algas só são possíveis e de forma bastante limitada
apenas em estreita camada superficial.
Por outro lado, a taxa de aplicação de matéria orgânica é forçada, provocando
o rápido esgotamento do oxigênio que porventura esteja presente nos
afluentes.
Lagoas Facultativas
Nessas lagoas ocorrem, simultaneamente, processos de fermentação
anaeróbia, oxidação aeróbia e redução fotossintética, isto é, uma zona de
atividade bêntica é sobreposta por uma zona aeróbia de atividade biológica,
próxima à superfície.
As lagoas facultativas são escavações mais rasas, com profundidades típicas
na faixa de 1,5 a 2,0 m e áreas de espelho de água relativamente maiores do
que as das anaeróbias.
Os sólidos sedimentáveis presentes nos efluentes depositam-se no fundo das
lagoas facultativas, entrando em decomposição anaeróbia.
A matéria orgânica solúvel mantém-se na massa líquida, sofrendo
decomposição aeróbia pela ação de microrganismos heterotróficos, que
aproveitam o oxigênio liberado pela fotossíntese de algas bem como
decorrente da ventilação superficial.
O gás carbônico resultante da decomposição da matéria orgânica é utilizado
como matéria prima para o processo fotossintético, fechando o ciclo da
simbiose que caracteriza o processo.
Lagoas de Maturação
São escavações com profundidades inferiores a 1,0 m, permitindo elevados
tempos de detenção dos esgotos e o decaimento dos coliformes devido à
incidência da radiação ultravioleta da luz solar.
Os efluentes das lagoas facultativas são mais clarificados e assim ocorre boa
penetração de luz.
A baixa concentração de matéria orgânica biodegradável contribui para o
decaimento por metabolismo endógeno.
Promove boa nitrificação dos esgotos e pequeno aumento na remoção de
DBO.
Obtêm-se normalmente eficiências na remoção de coliformes fecais superiores
a 99,99%.
Um tempo de detenção típico é de 7 dias para a obtenção das eficiências
mencionadas.
As lagoas de maturação possibilitam um polimento no efluente de qualquer
sistema de tratamento de efluentes.
O principal objetivo é o de remoção de patogênicos.
É uma alternativa mais econômica que a cloração.
Vantagens e Desvantagens das lagoas de estabilização
As principais vantagens deste processo são:
 Necessidades de manutenção são mínimas, resumindo-se no corte
regular da grama do talude e remoção da escuma da superfície da lagoa
quando necessário;
 A remoção de organismos patogênicos é consideravelmente maior do
que nos demais processos de tratamento.
 Cistos e ovos de parasitas intestinais que são comumente presentes em
efluentes de tratamentos convencionais não são encontrados nos
efluentes de lagoas de maturação;
 As lagoas de estabilização mostram-se capazes de suportar bem não só
os choques de sobrecargas hidráulicas como das orgânicas.
 O longo tempo de detenção assegura a existência de diluição suficiente
para fazer face a curtas sobrecargas;
 Podem tratar, efetivamente, uma grande variedade de efluentes
industriais, com excelentes resultados;
 O alto pH prevalecente nas lagoas provoca a precipitação dos metais
pesados tóxicos, sob a forma de hidróxidos e, desta maneira, remove-
os, acumulando-os nas camadas de lodo;
 O método de construção das lagoas é tal que proporciona recuperação
das áreas onde estão construídas, se necessário;
 As algas produzidas nas lagoas são fonte potencial de alimentos de alto
teor proteico, o que pode ser convenientemente explorado através da
criação de peixes;
 Não requer equipamentos caros;
 Não requer pessoal de operação altamente treinado;
 Oferece tratamento igual ou superior a alguns processos convencionais;
 Consome pouca energia;
 Serve como habitat da vida selvagem;
 Tem uma vida útil potencial aumentada;
 Tem poucos problemas de manuseio e descarte de lodo;
 É provavelmente o mais isento de problemas de qualquer tratamento
processo quando usado corretamente, desde que um efluente de alta
qualidade consistente não seja necessário.
Como tudo não terás, as principais desvantagens deste processo são:
 As lagoas de estabilização apresentam como maior desvantagem, o fato
de necessitarem de áreas muito maiores do que as dos outros
processos de tratamento de efluentes. Todavia, em muitos países
tropicais em desenvolvimento, esta não é uma desvantagem de grande
importância, desde que, normalmente, existe área disponível a um custo
relativamente baixo;
 Pode emanar odores;
 Requer área extensa para implantação;
 Trata os resíduos de forma inconsistente dependendo de condições
climáticas;
 Pode contaminar as águas subterrâneas, a menos que devidamente
revestido e monitorado;
 Pode ter altos níveis de sólidos suspensos no efluente tratado.

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