Você está na página 1de 3

Disciplina : Tratamento de Águas Residuárias

Professor: Fernando Hermes Passig


Aluna: Larissa Rios Lima

ATIVIDADE 11
Resumo

Capítulo 4 - Processo Anaeróbio - Lagoa


Título: Tratamento de Esgotos Sanitários por Processo Anaeróbio e
Disposição Controlada no Solo - 1999.

As lagoas de estabilização como uma tecnologia consolidada para


tratamento de águas residuais, tanto sanitárias quanto industriais, devido à
sua eficiência e baixo custo operacional. A origem exata dessa técnica não
é clara, mas há relatos de seu uso na China para criação de peixes
alimentados por resíduos orgânicos e na Alemanha para depuração de
efluentes com a ajuda de peixes. As lagoas de estabilização são
reservatórios rasos construídos com diques de terra compactada, sendo
reconhecidas como uma opção de tratamento amigável ao meio
ambiente. No entanto, sua principal limitação é a necessidade de grandes
áreas, o que levou ao desenvolvimento de sistemas que combinam
diferentes tipos de lagoas para reduzir a área necessária. As lagoas
anaeróbias, projetadas para cargas orgânicas elevadas, eliminam a
necessidade de oxigênio dissolvido na água, permitindo uma redução
significativa na área requerida. No entanto, estas lagoas podem apresentar
problemas, como maus odores e acúmulo de materiais flutuantes, que
exigem cuidados na sua operação. Apesar de eficazes na remoção de
poluentes orgânicos, as lagoas anaeróbias devem ser seguidas por etapas
adicionais de tratamento para eliminar substâncias indesejáveis antes de o
efluente ser considerado seguro para o meio ambiente.
As lagoas anaeróbias são unidades de tratamento biológico onde
ocorre intensa atividade bioquímica, convertendo a matéria orgânica
carbonácea em biogás. Os poluentes são removidos por forças físicas, com
sólidos sedimentáveis no fundo e partículas menos densas na superfície.
Os microrganismos ativos estão no lodo acumulado no fundo, onde ocorre
produção de biogás. A eficiência de remoção de poluentes nessas lagoas
pode chegar a 50%-60%, superando decantadores primários. A camada
flotante também degrada a matéria orgânica, sendo variável em espessura
e área. Há debate sobre manter ou remover essa camada devido a
considerações ambientais. Em climas frios, a proteção contra a perda de
calor justifica mantê-la. Dispositivos como cortinas de retenção de
gorduras evitam a passagem de materiais flutuantes para unidades
seguintes. Comparadas a estações de tratamento convencionais, as lagoas
anaeróbias podem substituir eficientemente várias unidades, oferecendo
vantagens em eficiência, custo e operacionalidade.
Fatores Ambientais Que Interferem no Processo
Os principais fatores ambientais que afetam o desempenho das
lagoas anaeróbias são: temperatura, ventos, insolação e precipitação
pluviométrica. A ação dos ventos pode causar danos físicos e
curto-circuitos hidráulicos nas lagoas, sendo recomendada a proteção dos
taludes e a posição estratégica de dispositivos de entrada e saída para
evitar esses problemas. A temperatura também é crucial, com faixas
específicas (psicrofílica, mesofílica e termofílica) impactando a atividade
dos microrganismos. A precipitação pluviométrica pode aumentar a vazão
de esgoto e causar problemas hidráulicos, enquanto a evaporação natural
pode alterar a concentração de substâncias dissolvidas. Esses fatores
devem ser considerados no dimensionamento e operação das lagoas
anaeróbias.
Configurações de Lagoas Anaeróbias
A importância da Engenharia de Reatores no tratamento de águas
residuais, com foco nas lagoas de estabilização. Para maximizar a eficiência
do tratamento, é essencial considerar a configuração dos reatores e as
taxas de remoção de poluentes. Nas lagoas anaeróbias, é crucial garantir
uma mistura adequada entre a água residuária e a biomassa ativa para
melhorar a eficácia do processo. Para isso, são propostos dois modelos
hidráulicos básicos: lagoas anaeróbias convencionais e lagoas anaeróbias
de alta taxa. Nas lagoas de alta taxa, ocorre um fluxo ascendente próximo à
entrada, permitindo um contato mais eficaz entre os poluentes dissolvidos
e os microrganismos, resultando em uma melhor remoção de poluentes. O
dimensionamento deve levar em conta o modelo hidráulico específico das
lagoas anaeróbias.
Critérios de Dimensionamento
As lagoas anaeróbias convencionais são projetadas com
profundidades de 3 a 5 metros e seu volume é determinado pela taxa de
aplicação de carga orgânica (TCO) e pelo tempo de detenção hidráulica (Θ).
A TCO, expressa em g DBO/m²-dia, garante condições anaeróbias e é mais
utilizada do que a aplicação superficial de matéria orgânica. O Θ é um
parâmetro crítico que influencia a eficiência do tratamento; valores
superiores a 3 dias são recomendados, embora algumas lagoas funcionem
bem com menos de 3 dias, especialmente em condições específicas como
no Nordeste brasileiro. O volume da lagoa é determinado pela vazão de
águas residuárias e pelo Θ selecionado com base na temperatura, devendo
também atender aos valores recomendados de TCO. Em efluentes
industriais concentrados, é importante verificar o volume da lagoa para
evitar desequilíbrios no processo anaeróbio, enquanto em esgotos
sanitários diluídos, o dimensionamento deve seguir os valores
recomendados para o Θ.
Lagoas Anaeróbias de Alta Taxa
É abordado quanto à configuração de lagoas de estabilização com
poços de entrada para tratamento de águas residuais. Esse método,
inicialmente proposto por Oswald et al. (1967), utiliza uma zona anaeróbia
de fluxo ascendente para melhorar o contato da matéria orgânica com a
biomassa anaeróbia, reduzindo o volume de lodo no fundo das lagoas. No
Brasil, a Companhia de Água e Esgotos de Brasília (CAESB) foi pioneira
nesse método, aplicando lagoas anaeróbias de alta taxa. Embora essa
abordagem seja promissora, há poucos dados operacionais disponíveis
sobre sua eficácia na remoção de poluentes. O projeto dessas lagoas deve
considerar a distribuição uniforme do esgoto no fundo do reator e
determinar o volume do poço de entrada com base no tempo de detenção
hidráulico, que pode ser de 24 horas ou mais. Além disso, é necessário
prever um volume adicional para armazenamento do lodo digerido, já que
as lagoas anaeróbias não têm descarte de excesso de lodo.
Considerações Complementares sobre Lagoas Anaeróbias
Após determinar o volume útil da lagoa com base em valores
recomendados, a área útil é calculada, geralmente, com duas unidades em
paralelo. Profundidades maiores reduzem a área necessária, mas há limites
(4 a 5 metros) determinados por estudos geotécnicos. A forma da lagoa
deve evitar zonas mortas e acúmulo excessivo de lodo, sendo a
configuração B preferível para distribuição uniforme do afluente e melhor
aproveitamento do volume. A escolha do local de implantação deve
considerar a distância de aglomerados urbanos para prevenir maus odores,
e estudos detalhados são necessários, especialmente em relação aos
ventos predominantes na área.

Você também pode gostar