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Geonatura 2022

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Como escolher o melhor tratamento para as águas residuais

O tipo e o nível de tratamento a aplicar às águas residuais, que podem ser


domésticas, industriais ou urbanas, depende de vários fatores, entre eles a
quantidade e qualidade dos efluentes.

Na escolha do melhor tratamento para as águas residuais é importante


também definir as características do local de descarga, bem como o nível
de exigência da água que varia consoante o seu destino.

As águas industriais apresentam características físico-químicas distintas


dos efluentes domésticos e urbanos, pelo que é imperativo optar pelo
tratamento mais adequado.

O objetivo é tratar as águas por forma a poderem ser devolvidas à


natureza e em condições que sejam ambientalmente seguras.

O tratamento de efluentes é realizado numa Estação de Tratamento de


Águas Residuais (ETAR”s) e compreende quatro fases que serão
explicadas mais à frente neste artigo:

 Tratamento preliminar;
 Tratamento primário:
 Tratamento secundário;
 Tratamento terciário.

Neste processo de tratamento de efluentes inclui-se ainda a secagem de


lamas que têm o potencial de serem utilizadas como fertilizantes ou
mesmo na produção de energia.

Os três grandes tipos de águas


residuais
A proveniência das águas residuais permite separá-las em três grandes
grupos: águas domésticas, águas industriais e águas residuais urbanas.
Apresentam características e cargas poluentes distintas, logo necessitam
de tratamentos diferenciados.

 Águas domésticas: estes efluentes resultam da utilização da água pelas


populações e outras atividades habitacionais, podendo incluir águas
residuais de estabelecimentos de hotelaria e restauração.
 Águas industriais: são provenientes das descargas de diversas
indústrias. Consoante a indústria em causa, assim varia o tipo de efluente.
As águas residuais provenientes da pecuária, por exemplo, necessitam de
um tratamento distinto dos efluentes de uma indústria que utilize produtos
químicos.
 Águas residuais urbanas: são águas residuais domésticas ou que
resultam da sua mistura com águas pluviais e/ou industriais.

Estes efluentes são recolhidos e posteriormente encaminhados para as


Estações de Tratamento de Águas Residuais através de sistemas como as
estações elevatórias.

Tipos de tratamento de águas


residuais – industriais e
domésticas
As ETAR”s são unidades de processamento e purificação de efluentes,
sejam de origem doméstica ou industriais. Estas águas são sujeitas a
tratamentos específicos e de acordo com as características iniciais do
efluente a tratar.

O resultado final deve estar de acordo com os parâmetros permitidos para


descargas numa linha de água ou infiltração em solo.

Como mencionado anteriormente, o processo de tratamento compreende 4


fases, isto é, os efluentes são sujeitos a sucessivas fases de purificação e
desinfeção:
1 – Tratamento Preliminar/ Pré-tratamento

Esta fase compreende um conjunto de processos físicos, entre eles, a


filtração dos resíduos mais grosseiros, sedimentos e resíduos flutuantes.
Esta limpeza é realizada mediante a gradagem, a desarenação e o
desengorduramento.

 Gradagem: separação dos sólidos de maiores dimensões através de


gradagem manual ou automática;
 Desarenação: remoção de areias e outros detritos sólidos minerais;
 Desengorduramento: remoção de gorduras dos efluentes.

2 – Tratamento Primário

O tratamento primário também pode ser designado por tratamento físico-


químico. Os processos físicos envolvem a decantação mediante a
sedimentação de partículas, com vista a remover gorduras e areias. Os
processos químicos destinam-se a corrigir o pH das águas residuais, bem
como a coagulação e a floculação que vão tornar os sedimentos maiores e
mais pesados, facilitando a sua decantação.

A correção do pH é vital nesta fase, uma vez que as etapas seguintes


exigem níveis de pH dentro de determinados limites.

3 – Tratamento Secundário

Esta fase envolve um processo biológico que tem como objetivo reduzir as
cargas orgânicas dos efluentes. Através da atividade de microrganismos,
nomeadamente bactérias aeróbias (cuja atividade depende da presença
de oxigénio) e/ou anaeróbias (não necessitam de oxigénio), é realizada a
degradação dos compostos orgânicos resultantes da fase anterior.

Nesta fase, atinge-se a eliminação quase-total da carga poluente,


nomeadamente:

 Redução da maior parte dos sólidos suspensos totais (SST);


 Redução da carência química de oxigénio;
 Redução da carência bioquímica de oxigénio.
Esta etapa exige também um decantador primário para a decantação das
lamas primárias, um tanque aeróbio e um decantador secundário para
decantação das lamas secundárias que poderão voltar a ser recirculadas
ou submetidas a processamento.

4 – Tratamento Terciário

Nesta etapa procede-se a um tratamento de desinfeção e controlo de


nutrientes. O objetivo é a eliminação de bactérias e vírus. Após esta fase,
as águas podem ser utilizadas para fins como a agricultura, rega de
espaços verdes, combate a incêndios, processos industriais, entre outras
aplicações.

É recomendado que a desinfeção seja realizada por meio de


ultravioletasuma vez que adição de cloro origina organocloratos que têm
impacto nocivo nos ecossistemas.

5 – Tratamento das Lamas

No final destas quatro fases obtém-se, por um lado, um efluente com baixo
nível de poluição e, por outro lado, vários tipos de lamas provenientes das
etapas anteriores.

Recomenda-se que estas lamas sejam desidratadas e desinfetadas uma


vez que, apesar de serem ricas em nutrientes e matéria orgânica, também
podem conter microrganismos patogénicos. O seu elevado teor de
humidade também favorece o seu crescimento de bactérias.

Após a desinfeção e desidratação, estas lamas podem ser utilizadas na


agricultura como fertilizantes, como substrato para energia ou até mesmo
no setor dos biocombustíveis.

Existem outras soluções mais compactas e adaptadas a indústrias


específicas que permitem um tratamento simplificado dos efluentes
produzidos:

 Separadores de Gorduras: indicados na remoção de gorduras


alimentares por meio da decantação, estes separadores são
particularmente úteis no ramo da restauração, confeção e matadouros.
 Separadores de Hidrocarbonetos: indicados para remover gorduras
minerais por fenómenos de decantação e filtração, são utilizados em
indústrias que envolvem o contato da água com óleos, como sucatas,
oficinas e garagem automóveis, entre outras.

Objetivos do processo de
tratamento de águas residuais
O tratamento de efluentes é projetado com o objetivo de melhorar a
qualidade das águas residuais, através da eliminação de:

 Sólidos em suspensão;
 Bactérias e microrganismos patogénicos;
 Nutrientes como o nitrato e fosfato, nocivos à saúde humana e
potenciadores do crescimento de algas indesejadas criando um ambiente
aquático impróprio para várias espécies de peixes;
 Produtos orgânicos biodegradáveis.

O principal objetivo do tratamento de efluentes urbanos e industriais é


eliminar os resíduos por forma a não oferecerem perigo à saúde pública,
nem ao meio ambiente.

Este processo tem ainda a vantagem de produzir lamas que podem ser
aplicadas na fertilização dos solos, valorização energética, combustíveis,
entre outras utilizações.

Devolver as águas residuais ao meio ambiente sem tratamento coloca em


perigo a saúde das pessoas e de todo o ecossistema, para além de ser
considerada uma transgressão, uma vez que a descarga de efluentes é
sujeita a legislação.

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