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A independência das colônias

inglesas na América
1 Col.
Os confrontos entre a Inglaterra e as
Treze Colônias
• A primeira ruptura ocorrida de fato no Antigo Sistema Colonial foi o processo de independência das
colônias inglesas na América, que resultou na criação de um novo país independente, os Estados
Unidos.
• As origens do processo encontram-se na relativa autonomia vivida pelas Treze Colônias, que
começou a ser ameaçada no final do século XVII, quando a Inglaterra finalmente superou as
turbulências políticas vividas a partir da Revolução Puritana na década de 1640.
• A nomeação de governadores com poder de veto sobre as decisões das assembleias coloniais foi
uma das primeiras medidas que geraram tensão entre a autoridade metropolitana e os colonos.
• Todavia, a prosperidade crescente deixava questões políticas como essa em segundo plano.
• Nas colônias do sul, o desenvolvimento das plantações de algodão, cada vez mais necessário para
alimentar a nascente indústria têxtil inglesa, era quase ininterrupto.
• Nas colônias do norte, a ênfase no trabalho livre resultou na criação e consolidação de um mercado
consumidor, muitas vezes satisfeito e abastecido pela produção local, inclusive manufatureira.
• A movimentação dos portos, dedicados ao comércio externo, era complementada por redes
comerciais que alcançavam regiões cada vez mais distantes, na medida em que os territórios
coloniais avançavam em direção ao oeste.
Os confrontos entre a Inglaterra e as
Treze Colônias
• Em 1756, a Guerra dos Sete Anos, travada entre França e Inglaterra, esvaziou os cofres britânicos.
• No entanto, o engajamento das Treze Colônias ao lado de tropas inglesas evidenciou uma relativa harmonia de interesses que ainda
unia metrópole e colônia, conduzindo-os à vitória.
• A assinatura do Tratado de Paris entre França e Inglaterra, em 1763, celebrava o fim da guerra e incluía a anexação de vastos
territórios franceses, como o Canadá, agora posse dos colonos, que passaram a estender seus domínios até a margem leste do rio
Mississípi.
• Todavia, ao final do conflito, a Inglaterra lançou uma nova política imperial visando promover uma exploração mais eficiente da
América, utilizando como pretexto os gastos realizados durante o conflito.
• Em 1764, o Parlamento inglês criou a Lei do Açúcar, determinando o valor do imposto sobre a compra e venda do produto (e seus
derivados, como o melaço) e determinando regras rígidas de combate ao contrabando.
• No ano seguinte, foi criada a Lei do Selo, estabelecendo que todo material impresso que circulasse nas Treze Colônias (como livros,
revistas, documentos oficiais e até cartas de baralho) deveria ser taxado por meio da venda e afixação obrigatória de um selo vendido
pela autoridade inglesa.
• A lei provocou a reação dos colonos, que passaram a questionar o direito do Parlamento inglês legislar sobre assuntos ligados à
colônia sem possuir deputados que representassem essa população.
• “No taxation without representation” (“nenhuma taxação sem representação”) passou a ser uma das principais bandeiras da luta
colonial contra as novas leis impostas pela metrópole inglesa.
• A força do argumento era incontestável: havia uma forte tradição na legislação inglesa segundo a qual um governo só poderia cobrar
impostos com o consentimento dos representantes dos cidadãos, que votavam a taxação. Tal princípio remontava à Magna Carta de
1215, e era considerado um dos fundamentos das liberdades civis inglesas.
• Os colonos, argumentando obedecer aos fundamentos das leis inglesas, questionavam a legitimidade das taxações realizadas pelo
Parlamento inglês, que não possuía representantes da sociedade colonial.
• Com isso, os americanos se negaram a pagar os impostos e boicotaram os produtos ingleses.
Os confrontos entre a Inglaterra e as
Treze Colônias
• Em meio a crescentes tensões, em 1773 é criada a Lei do Chá, que concedia à Companhia inglesa
das Índias Ocidentais o monopólio do comércio de chá nas colônias da América do Norte.
• A medida prejudicava os comerciantes norte-americanos que compravam o chá em outras
regiões e que, a partir desse momento, estavam proibidos de fazê-lo.
• A reação mais radical a essa nova medida se deu em dezembro do mesmo ano e ficou conhecida
como Boston Tea Party, a Festa do Chá de Boston: um grupo de colonos disfarçados com trajes
indígenas invadiu três navios da Companhia das Índias, ancorados nos portos de Boston e, como
forma de protesto, jogou sua carga de chá ao mar.
• O governo inglês reagiu e, em 1774, promulgou as Leis Intoleráveis, incluindo decretos que
arruinariam o comércio de Boston, principal porto colonial.
• Em seu mais rigoroso artigo, decretou o fechamento do porto da cidade até que os colonos
pagassem o prejuízo causado pelo chá jogado ao mar.
• A chegada de tropas inglesas em número cada vez maior à América ampliava as tensões.
• As colônias reagiram contra o que classificavam como tirania inglesa: reunindo representantes no
Primeiro Congresso Continental, realizado na cidade da Filadélfia, em setembro de 1774,
exigiram que o governo inglês respeitasse os direitos das colônias e afirmaram que o uso da força
contra a população local seria respondida também com o uso da força.
Os confrontos entre a Inglaterra e as
Treze Colônias
• Em função da intransigência do governo inglês e em meio a diversos conflitos entre
colonos e tropas britânicas, organizou-se o Segundo Congresso Continental em 4 de julho
de 1776 sob a liderança de Thomas Jefferson, quando foi redigida a Declaração de
Independência.
• O documento, influenciado pelo pensamento iluminista de John Locke, afirmava o direito
dos colonos de se rebelar contra o Estado inglês e de escolher livremente um novo
governo.
• A rejeição inglesa à Declaração resultou no início da Guerra de Independência.
• Em função da intransigência do governo inglês e em meio a diversos conflitos entre
colonos e tropas britânicas, organizou-se o Segundo Congresso Continental em 4 de julho
de 1776 sob a liderança de Thomas Jefferson, quando foi redigida a Declaração de
Independência.
• O documento, influenciado pelo pensamento iluminista de John Locke, afirmava o direito
dos colonos de se rebelar contra o Estado inglês e de escolher livremente um novo
governo.
• A rejeição inglesa à Declaração resultou no início da Guerra de Independência.
O nascimento dos Estados Unidos
• Para enfrentar os ingleses, foi organizado um exército colonial, cujo comando coube a George Washington.
• Proveniente de família de latifundiários da Virgínia, Washington já havia se destacado na Guerra dos Sete Anos, e contou com apoio
francês para organizar, equipar e reforçar esse exército.
• Com o apoio da França e após uma sucessão de batalhas, a Inglaterra, derrotada, terminou por negociar e reconhecer a
Independência das Treze Colônias, com a assinatura do Tratado de Paris, em 1783.
• A diversidade das Treze Colônias bem como a existência de diferentes projetos para a criação do novo país resultaram em um
período de alguns anos de amplos debates políticos e de confusão institucional, que só se acalmariam em 1787 com a promulgação
de uma Constituição.
• A Carta de 1787 criou uma República federativa, em que os estados membros tinham ampla dose de autonomia.
• O cargo de presidente, inicialmente atribuído a George Washington, incluía funções precisas e tinha sua autoridade restringida pela
implantação do sistema de divisão dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), conforme proposto pelo iluminista
Montesquieu.
• As treze colônias originais transformaram-se nos treze estados da República dos Estados Unidos da América.
• A Constituição dos Estados Unidos mais tarde se converteu em modelo e inspiração para várias cartas constitucionais, sobretudo no
continente americano.
• Tornou-se símbolo de um movimento revolucionário contra a opressão e, para muitos, garantia de criação de um sistema político
baseado na liberdade e na democracia.
• Todavia, a independência norte-americana resultou de um movimento liderado pela elite das colônias e preservou a instituição da
escravidão, considerada um assunto a ser resolvido por cada estado da federação.
• As diferenças entre os estados (as antigas colônias) do sul e do norte acentuaram-se ao longo do tempo, com a crescente
prosperidade agrícola do sul convivendo com o desenvolvimento mercantil e manufatureiro do norte. Em pouco tempo, as elites
econômicas e políticas das duas regiões desenvolveram diferentes projetos para o país, levando a impasses que culminaram na
Guerra de Secessão em meados do século XIX.

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