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Saúde e Bem-estar no

Trabalho
Fatores de Riscos
Prof.ª Me. Letícia Oliveira Silva
Brainstorming: BEM-ESTAR NO
TRABALHO
Saúde e Bem-estar
no Trabalho
BENDASSOLLI, P. F; BORGES-
ANDRADE, J. E. Dicionário de
psicologia do trabalho e das
organizações. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 2015.

Palavra: Bem-estar no Trabalho


Bem-estar no Trabalho
O construto Bem-estar no trabalho é
focalizado pela Psicologia do Trabalho e
das Organizações na contemporaneidade.

Indagações:
Por que focalizar o bem-estar?
Seria o mesmo que falar em saúde
psíquica no Trabalho?
Origens do conceito de bem-estar
 Em 1948, a OMS definiu saúde como um estado
pleno de bem-estar físico, psíquico e social e não
mais como uma ausência de doença, contribuindo
para a criação de uma identidade entre os
conceitos de saúde e bem-estar.

 Nos anos de 1960, aspectos não biológicos, como


a experiência dos sujeitos, o ambiente e as
características sociodemográficas, passaram a ser
mais incorporadas nas considerações sobre os
processos de saúde e adoecimentos.
Outros teóricos também contribuíram para maior
consideração de aspectos subjetivos, cognitivos e
culturais. Psicólogos humanistas como Maslow e
Rogers vinham contribuindo na direção de ir
além das enfermidades e ampliando a atenção
para campos como trabalho, educação e o
desenvolvimento de potencialidades.

Maslow (1979) focalizou os conceitos de


realização pessoal e de autoatualização que
sinalizaram para a tendência de renovação do
próprio psiquismo em busca de permanente
crescimento e aperfeiçoamento.
Seligman e Csikszentmihalyi (2000) citaram
tendências mais recentes, abordando o sujeito
como ativo em suas capacidades cognitivas,
habilidades para o trabalho, honestidade e justiça.

A partir de 1980 assiste-se à consolidação do


campo da psicologia da saúde, contribuindo para
difundir o conceito positivo de saúde, abordando
de forma múltipla (biológicos, psíquicos, sociais).
Na elaboração de um conceito de bem-estar, a
publicação de uma edição especial da revista
American Psychologist dedicada à psicologia
positiva em 2000 é um marco importante.

Em tal revista, Seligman e Csikszentmihalyi


(2000) propõem, então, que se caminhe em
direção a uma mudança do foco de preocupação
dos conteúdos negativos da vida para outros
referentes a qualidades positivas, tais como:
satisfação, talento, autorrealização, felicidade,
esperança. Perseverança. Sabedoria, coragem,
espiritualidade, entre outros.
Estes estudos buscam reorientar a psicologia
dominantemente curativa, para um
posicionamento mais preventivo e de caráter
saudável, tendo em vista que a dimensão
preventiva antecipa a manifestação de quadros
de adoecimento como depressão, violência,
desordens emocionais entre outros.

Não basta se perguntar como prevenir a


doença; é preciso se perguntar também como
promover a saúde.
Esse novo enfoque científico sustenta-se
em três bases: estudo das experiencias
subjetivas (emoções positivas), estudo dos
traços individuais positivos (forças
pessoais e virtudes humanas) e estudo das
instituições e comunidades positivas
(democracia, trabalho e família) (Paludo
& Koller, 2007).
O bem-estar é um conceito que vem sendo
abordado sob duas perspectivas teóricas:
uma denominada bem-estar subjetivo (BES) –
perspectiva hedônica;
E o bem-estar psicológico (BEP) – perspectiva
eudaimônica.

O bem-estar hedônico aborda o estado


subjetivos de prazer ou felicidade.
O bem-estar eudaimônico se refere no
funcionamento das potencialidades humanas ou
de autorrealização.
Bem-estar subjetivo
Busca compreender o processo que sustenta a
felicidade, assim, os principais temas
abordados são a satisfação e a felicidade
(Siqueira & Padovam, 2008).

O BES apresenta um caráter multifacetado e é


acessado por meio de avaliações emocionais e
cognitivas que os indivíduos fazem
cotidianamente sobre a própria vida em seus
estados afetivos, psicológico e social.
Estudiosos consideram que são três os
componentes principais do BES:
1. A satisfação com a vida (avaliação geral
da vida da pessoa);
2. A presença de afetos positivos;
3. A ausência de afetos negativos.
Bem-estar psicológico
Segundo Siqueira e Padovam (2008), os
fundamentos conceituais de BEP foram
construídos a partir de várias teorias clássicas da
psicologia clinica e sobre o desenvolvimento
humano, incluindo-se a compreensão acerca dos
estágios de desenvolvimento e as mudanças de
personalidade nas fases adultas e de velhice, o
que possibilitou formular as dimensões de BEP
com base nas capacidades que as pessoas
desenvolvem para enfrentar os desafios da
vida.
Os autores elencam as características do
modelo de seis componentes de bem-estar
psicológico proposto por eles.
Componentes do BEP Descrição Sucinta
Nível de autoconhecimento, ótimo
1. Autoaceitação
funcionamento e maturidade.
2. Relacionamento positivo com outras Capacidade de amar, sentir empatia e manter
pessoas amizades por todos os seres humanos.

O processo de avaliação e autoavaliação passa


3. Autonomia pelo locus interno, com independência de
aprovações vindas do exterior.
Capacidade de criar ambientes propícios às
características psíquicas pessoais, com
4. Domínio do ambiente
participação, manipulação e controle de
ambientes complexos.

5. Propósito de vida Presença de objetivos, senso de direção e


sentido de vida.
Necessidade de crescimento e aprimoramento
pessoais, disponibilidade para novas
6. Crescimento Pessoal
experiências ultrapassando os desafios que
surgem.

Fonte: Siqueira e Padovam (2008).


Bem-estar no trabalho
 Não se encontrou na literatura internacional uma
definição clara sobre bem-estar no trabalho
(BET), embora este seja um termo que vem sendo
empregado na POT. Representa a transferência
de um conceito da psicologia social e da saúde
para outro campo.

 Observa-se o emprego do termo em duas


acepções: ora empregado na tentativa de refletir o
conceito positivo de saúde. (Andrade,2008;
Chaves, 2003, 2007)
Ora identificado ao polo positivo da
saúde, enfatizando a influencia do
movimento da psicologia positiva e na
intenção de focalizar-se apenas nos
aspectos positivos da vida (Siqueira,
Padovam & Chiuzi, 2007; Siqueira e
Martins, 2013);
Na primeira acepção, há uma influência do
modelo elaborado por Warr (1987). Tal
modelo, denominado ecológico, considera as
características individuais como dimensões
mediadoras da saúde que podem influenciar
na maneira como os indivíduos percebem e
atribuem valor as condições de vida.
Indicadores de bem-estar segundo Warr (1987)
o grau em que a pessoa se sente bem
Bem-estar afetivo
permanentemente
Enfrentar as pressões ambientais e
Competência pessoal
solucionar problemas

Saber atuar sobre as influências externas,


Autonomia
fazendo valer suas próprias opiniões

Interesse por novas oportunidades e para


Aspiração
atingir objetivos
Funcionamento
Equilíbrio entre as esferas de vida
Integrado

Fonte: Adaptada de Warr (1987)


Essas cinco dimensões são influenciadas pelas
percepção que os indivíduos têm das situações
sociolaborais. Por sua vez, o ambiente
sociolaboral pode proporcionar pelo menos nove
categoriais ambientais:

1. Recursos financeiros – percepção de que o


trabalho garante independência econômica para
o sustento pessoal e familiar;
2. Segurança física – percepção de quanto o
ambiente de trabalho é um lugar higiênico,
confortável, seguro e adequadamente equipado
para o exercício da atividade;
3. Posição social valorizada – percepção de
status social que ocupa, em função do trabalho
que exerce;
4. Oportunidade de controle sobre o meio –
percepção de quanto controla suas atividades e
toma decisões;
5. Oportunidade para desenvolver habilidades
– percepção do ambiente laboral como gerador
de oportunidades para expressar-se
criativamente;
6. Objetivos gerados pelo meio externo – grau
de esforço desprendido para produzir, alcançar
resultados e contribuir com o progresso social;
7. Variedade de alternativas – quanto o
indivíduo percebe a complexidade e a
variedade das suas tarefas;
8. Clareza ambiental – grau em que percebe o
ambiente laboral como suficientemente claro
e/ou compreensível;
9. Oportunidade para desenvolver relações
interpessoais – percepção de que o ambiente
de trabalho oportuniza fazer contatos pessoais
e amizades.
De acordo com o modelo, os
trabalhadores apresentarão déficits de
bem-estar sempre que perceberem essas
categorias ausentes ou empobrecidas no
ambiente de trabalho.
 Na segunda acepção do termo, Siqueira e Padovam
(2008) sugerem que o BET seja compreendido como
um construto formado por três vínculos afetivos
positivos, sendo dois deles relativos ao trabalho
(satisfação no trabalho e envolvimento com o
trabalho) e o terceiro relativo à organização em que o
sujeito trabalha (comprometimento organizacional).
 Tais vínculos são expressos por sentimentos, contudo
não são exclusivamente de ordem emocional, e sim
construídos cognitivamente na medida em que as
pessoas organizam seus pensamentos sobre suas
relações e experiencias no contexto de trabalho.
Vínculos afetivos positivos Descrição sucinta Escalas
Diz respeito a quanto o Escala de Satisfação
indivíduo que trabalha no Trabalho (EST)
Satisfação no Trabalho vivencia experiência para aferir níveis de
prazerosas no contexto das satisfação no
organizações Trabalho
Vínculos com o
Escala de
trabalho
Envolvimento com o
O grau em que o desempenho
Envolvimento com o Trabalho (EET) para
de uma pessoa no trabalho
Trabalho avaliar o vínculo
afeta sua autoestima.
afetivo do indivíduo
com o trabalho
Escala de
Comprometimento
Organizacional
Um estado em que o
Afetivo (ECOA) para
indivíduo se identifica com
avaliar a intensidade
Vínculos com a Comprometimento os valores e objetivos da
dos sentimentos
organização organizacional afetivo organização, desejando
positivos e negativos
manter-se vinculado a ela e
que o empregado
esforçando-se em sua defesa
nutre pela
organização em que
trabalha

Fonte: Adaptada de Siqueira e Padovam (2008).


De acordo com o modelo, altos níveis de
bem-estar no trabalho indicam que os
trabalhadores, sob condições adequadas de
trabalho, sentem-se muitos satisfeitos com o
trabalho, envolvidos com suas tarefas e
afetivamente comprometidos com a empresa
em que trabalham (Siqueira & Martins,
2013)
ZANELLI, J. C; KANAN, L. A. Fatores de
risco e de proteção psicossocial: organizações
que emancipam ou que matam. Lages: Editora
da Uniplac, 2018.
Organização Saudável
A saúde dos trabalhadores não pode, por
princípio, ser reduzida a um meio que
permite alcançar uma finalidade.
É preciso considerá-la como um fim em si
mesma, ou seja, como um objetivo e valor
estratégico.
A organização saudável está conectada
aos conceitos de resiliência e
aprendizagem.
Estar saudável em uma
organização saudável é um
requisito imperioso para a
produtividade e a
sustentabilidade.
A condição ou estado saudável de bem-
estar oscila permanentemente e diz
respeito ao conjunto dos trabalhadores –
gestores e geridos – nos vários aspectos:
físicos, afetivos, cognitivos e
comportamentais.

A saúde plena tanto do homem quanto da


organização é uma utopia. Precisa haver
equilíbrio.
Da interação dos riscos gerais a
proteção psicossocial relacionada ao
trabalho

Com base nas Nrs do MT, propomos um quadro


dos agentes de riscos relativos ao ambiente de
trabalho, em quatro conjuntos.

No ambiente laboral, podemos estar expostos a


agentes biológicos, químicos, físicos e
ergonômicos, e também aos psicossociais.
Os agentes biológicos nocivos provocam
alergias, intoxicações e infecções, seja por
meio de vírus, bactérias, protozoários,
fungos, parasitas ou bacilos.

Agem pela ingestão de alimentos


contaminados, através das vias
respiratórias e dermatológicas, por
picadas, cortes ou perfurações.
Os agentes químicos são constituídos por
ampla variedade de substancias orgânicas
e inorgânicas, em forma de poeiras,
fumos, névoas, neblinas, vapores e outras
substancia, compostos ou produtos.
 Os agentes físicos são classificados como formas de
energia presentes nas atividades laborais, tais como:
ruídos, vibrações, radiações ionizantes e não ionizantes,
frio, calor, pressões anormais e umidade.

 Tais agentes provocam danos diversos que podem ser


cumulativos ou não, a depender da intensidade da ação e
de outros fatores, quais sejam: lesões oculares, surdez,
aumento da pressão sanguínea, secreções anormais,
sobrecarga osteomuscular, tensão cardíaca e outras
disfunções. Estas estão associadas a dificuldades
cognitivas e emocionais, desde a irritabilidade
passageira ate o esgotamento mental intenso.
 Os riscos de acidentes são provocados por arranjo
físico inadequado, máquinas e equipamentos sem
proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosa,
iluminação inadequada, eletricidade, probabilidade de
incêndio ou explosão, armazenamento inadequado,
animais peçonhentos e outros.

 Já os riscos ergonômicos estão ligados a esforço físico


intenso, levantamento e transporte manual de peso,
exigência de postura inadequada, controle rígido de
produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho
em turno noturno e jornada de trabalho inflexível, entre
outros.
Fatores psicossociais relacionados
ao trabalho

 Segundo a OIT (1986) “referem-se às interações entre o


ambiente de trabalho, ao conteúdo do trabalho, às
condições organizacionais e às capacidades,
necessidades, cultura, condições pessoais externas ao
trabalho, que podem, por meio das percepções e
experiências, influenciar a saúde, o desempenho e a
satisfação dos trabalhadores”.
Fatores psicossociais relacionados ao
trabalho
 Fatores do indivíduo (Trabalhador):

 Característica demográficas;
 Autoestima e autoconhecimento;
 Lócus de controle;
 Capacidade de enfrentamento e adaptação;
 Habilidades sociais;
 Estilo de vida;
 Significado ou sentido da vida;
 Espiritualidade e transcendência;
 E outros…
Fatores psicossociais relacionados ao
trabalho
 Fatores internos ao trabalho:

 Condições do ambiente de trabalho;


 Condições das tarefas;
 Condições do grupo de trabalho;
 Condições da organização;
 E outros…
Fatores psicossociais relacionados ao
trabalho
 Fatores externos ao trabalho:

 Situação econômico familiar;


 Relacionamento conjugal e familiar;
 Qualidade da assistência à saúde;
 Acesso à educação e à recreação;
 Rede de apoio social;
 Participação em grupos comunitários;
 Situação política e econômica da localidade, do pais e do
mundo;
 E outros…
O que são Riscos?
E riscos psicossociais?
Fatores de riscos psicossociais
relacionados ao trabalho

São condições, circunstancias ou


acontecimentos que afetam os trabalhadores, os
grupos, a própria organização e o contexto
societário, em curto ou longo prazo, com maior
ou menor severidade, de modo a potencializar a
probabilidade de danos à saúde e segurança.
O grau de risco depende do tempo de
exposição aos fatores negativos e da
freqüência com que incidem, como é de
vasto consenso na literatura que trata do
assunto, referente ao ambiente de trabalho
interno ou externo.
Os fatores de proteção psicossocial relativos ao
trabalho, estão associados à idéia de apoio,
ajuda ou fortalecimento.

Referem-se a situações, eventos, contextos ou


recursos que atuam na diminuição ou supressão
das possibilidade de ocorrência de resultados
indesejados e de uma evolucao bem-sucedida e
adaptada.
A saúde e a segurança devem constituir
um valor estratégico autentico para os
gestores e toda a comunidade
organizacional.

É um trabalho que exige compromisso e


investimento dos implicados, em todos os
níveis e setores.
Políticas e práticas criteriosas para o
estabelecimento de metas, cargas de trabalho e
descanso, responsabilidades e autonomia,
recursos e conhecimentos, comunicação e
transparência, respeito e confiança interpessoais,
participação e apoio, expectativas e motivações
favorecem o desempenho e são promotores de
ambientes laborais saudáveis e seguros.
Organização de Trabalho Não
Saudável
+ Acidentes; - Satisfação;
 + Licenças Médicas;  - Comprometimento;
 + Atrasos;  - Resiliencia;
 + Absenteísmo;  - Eficiência;
 + Presenteísmo;  - Eficácia;
 + Turnover;  E outros…
 + Alcoolismo;
 + Reclamações dos
Clientes;
Organização de Trabalho
Saudável
- Acidentes; + Satisfação;
 - Licenças Médicas;  + Comprometimento;
 - Atrasos;  + Resiliencia;
 - Absenteísmo;  + Eficiência;
 - Presenteísmo;  + Eficácia;
 - Turnover;  E outros…
 - Alcoolismo;
 - Reclamações dos
Clientes;
Organizações Saudáveis tem como
uma de suas prioridades a atenção ao
trabalhador e a manutenção das
condições que o fazem ser saudável.

Saúde é
primordial, mas
não se sobrevive A busca
sem pelo
produtividade. Equilibrio!
Pergunta para fazer em grupo de 3 a
4 pessoas
1. Não basta se perguntar como prevenir a doença; é preciso se
perguntar também como promover a saúde. Como podemos
como psicólogos organizacionais promover saúde no
ambiente organizacional?

2. O que se compreende da teoria do Bem-estar no trabalho e


como promover este bem-estar no ambiente organizacional ?

1. Quais as consequências de uma organização saudável e uma


organização de trabalho não saudável?

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