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Luto

Luto refere-se à “resposta emocional


vivenciada nos primeiros estágios da perda”
e a elaboração do luto tem a ver com a forma
pela qual o indivíduo lida com os aspectos
emocionais e psicológicos relacionados a tal
perda.

(PAPALIA; FELDMAN, 2013, p.640)


DSM-5 e o Luto
LUTO SEM COMPLICAÇÕES (CID-10 Z63.4)
O indivíduo a apresentar sintomas similares ao Episódio Depressivo
Maior (EDM), porém, os sentimentos de vazio e perda são
sobrepujantes. A preocupação e saudade do ente querido falecido são
também respostas emocionais esperadas.

TRANSTORNO DO LUTO COMPLEXO PERSISTENTE (TLCP)


Caracterizado pelo prejuízo psicossocial e pela durabilidade com
que as emoções e sentimentos são expressos (12 meses em adultos e
seis meses em crianças). Associa-se também ao TLCP a decadência
laboral e o aumento de hábitos prejudiciais, como por exemplo, uso de
álcool e outras drogas.
Diagnóstico diferencial para
TLCP
Luto normal – Duração maior no TLCP (12 meses em adultos; 6 meses
em crianças);
Transtornos depressivos – Alterações no humor, porém no TLCP o
foco está na perda;
TEPT – Pensamentos intrusivos em TEPT giram em torno do evento
traumático, enquanto no TLCP as memórias intrusivas estão focadas no
relacionamento com o falecido (Obs.: Esta é a principal comorbidade);
Transtorno de Ansiedade de Separação – Ansiedade pela separação
de figuras de apego atuais, enquanto o TLCP envolve sofrimento pela
separação de um indivíduo falecido.

(DSM-5, p. 789-792)
Luto Antecipatório

“O luto antecipatório [...] pode ser entendido como


o tipo de luto que ocorre antes da perda real e
tem as mesmas características e sintomatologia
das primeiras fases de luto normal, como torpor e
aturdimento, anseio e protesto, desespero.”

(WORDEN, 1998 apud FLACH et. al, 2012)


Nucleo Accumbens (NA), Teoria
do Processo Oponente e o luto
As análises revelaram que, enquanto
ambos os participantes do TLCP e o
Luto sem complicações mostraram
atividade neural relacionada à dor em
resposta a lembretes do falecido,
apenas aqueles com TLCP mostraram
atividade relacionada à recompensa
no NA. Isso foi positivamente
correlacionado com o anseio
autorrelatado. Para aqueles com
TLCP, lembranças do falecido ainda
ativam a atividade de recompensa
neural, o que pode interferir na
adaptação à perda no presente.

Teoria do Processo Oponente de


Solomon sugere que reações
emocionais a um estímulo são
seguidas por reações emocionais
opostas. (O'CONNOR et. al., 2008; GONALVEZ, 2014)
Amígdala e o luto
• A amígdala compõe o sistema límbico,
processando a memória emocional junto
ao hipocampo e hipotálamo.

• A relação da amígdala com a perda está


relacionada no sentindo interno do
corpo; há aumento do senso do próprio
corpo.

• Estimula as interpretações internas e


externas, agradáveis ou desagradáveis.

• Nas desagradáveis estimula a lutar ou


fugir (ativada nos pesadelos,
ruminações, atuando no fator
traumático).
O luto segundo...

Kübler-Ross
O luto segundo...
Bowlby
O luto segundo...
Schut & Strobe
Modelo do processo dual
O luto segundo...
Worden
Atuação do Psicólogo
“Alguns sintomas relacionados ao luto [...] podem aumentar e diminuir ao longo
do ano”, no entanto, isso “não representa por si só patologia ou indicar a
necessidade de intervenção”.

O tratamento deve ser focado na facilitação dos processos adaptativos naturais


à perda:
• fornecer informações para ajudar os pacientes a entender e aceitar o luto;
• gerenciar a dor emocional e monitorar os sintomas;
• pensar no futuro;
• reconectar-se com os outros;
• contar a história da morte;
• aprender a conviver com lembretes;
• conectar-se com memórias.

(SZUHANY et. al, 2021, tradução nossa)


Cartilha de Orientações sobre
Luto para Profissionais
da área da saúde
Referências
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Manual Diagnóstico e Estatísticos de Transtornos Mentais: DSM-5.
Tradução: Maria I. C. et al. 5. ed. Porto Alegre: ARTMED, 2014.

BUSA, Ana Laura A.; DA SILVA, Gabriela B.; ROCHA, Fernanda P. O Luto do Jovem Adulto Decorrente da Morte dos Pais
pelo Câncer. Psicologia, Ciência e Profissão, vol. 39, 2019, p. 1-16. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/pcp/a/3M7tLbVjGCmyVkTSNhNh8XP/?lang=pt#.

FLACH, Katherine; LOBO, Beatriz de O. M.; POTTER, Juliana R.; LIMA, Nara s. O luto antecipatório na unidade de terapia
intensiva pediátrica: relato de experiência. Revista SBPH, vol.15, n. 1, Rio de Janeiro, jun. 2012. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582012000100006.

GONÇALVES, Carlos H. A terapia cognitiva e a teoria cognitiva da emoção de lazarus. Dissertação de Mestrado.
Universidade Federal de Juíz de Fora, 2014. Disponível em: https://historiapt.info/pdfview/carlos-henrique-goncalves.html.

O'CONNOR, Mary-Frances; WELLISCH, David K.; STANTON, Annette L.; EISENBERGER, Naomi I.; IRWIN, Michael R.;
LIEBERMAN, Matthew D. Craving love? Enduring grief activates brain's reward center. NeuroImage, vol. 42 (2008) 969–
972. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18559294/.

PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Ruth D. Desenvolvimento Humano. In: PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Ruth D. Lidando
com a morte e o sentimento de perda. Tradução: Cristina Monteiro e Mauro de Campos Silva. 12. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2013, p. 634-656. Título original: Experience Human Development. ISBN 0078035147 / 9780078035142.

SZUHANY, Kristin L.; MALGAROLI, Matteo; MIRON, Carly D.; SIMON, Naomi B.A. Prolonged Grief Disorder: Course,
Diagnosis, Assessment, and Treatment. Focus, Vol. 19, n. 2, Spring 2021.
https://focus.psychiatryonline.org/doi/10.1176/appi.focus.20200052.

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