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HOSPITAL CENTRAL DE MAPUTO

SERVIÇO DE RADIOLOGIA E IMAGIOLOGIA

TEMA: Traumatismo torácico

BANGU BIYELA, RADIOLOGIA HCM

ISCISA, Maio 2019


Introdução
• Uma das principais causas de
morbimortalidade em todo mundo;
• + em jovens de 10 a 35 A;
• Actuação precoce do radiologista é
importante;
• Podem ser, traumatismo aberto (penetrante),
ou fechado (não penetrante);
• Radiografia AP- 1° exame.
Objectivos
• Falar das várias formas de apresentação do
traumatismo toracico, assim como as suas
manifestações radiologicas.
Mecanismo de lesão
• Aceleração-desaceleração: através do
mecanismo de inércia pela mobilização dos
órgãos intratorácicos na caixa torácica;
• Compressão;
• Lesões produzidas por objectos em alta
velocidade (arma de fogo);
• Outras lesões com penetração em baixa
velocidade (arma branca).
Principais lesões
• Lesões da Parede Torácica
• Espaço pleural
• Diafragma
• Parênquima pulmonar
• Estruturas vasculares
• Vias aéreas
• Esófago
• Coração e pericárdio.
Lesões da Parede Torácica
• Lesões dos tecidos moles e fractura de costelas;
• A fractura dos 3 primeiros arcos costais, esta
relacionada com traumatismo violento. Pode
estar associada a lesões do plexo braquial e
estruturas vasculares e de grandes vias aereas;
• Fracturas costais, podem estar associadas a:
hemorragia extrapleural ou pleural, laceração
dos pulmões, hematomas extrapleurais.
• Enfisema subcutâneo geralmente indica
pneumotorax do mesmo lado;
• Fracturas da 9ª a 12ª costelas, podem ocorrer
em trauma de menor gravidade.
• Fracturas unicas da omoplata;
• Dissociacao escapulo-toracica;
• Luxações esterno-claviculares ;
• Fracturas da coluna- lesão neurologica.
• Tórax instável- fracturas segmentares em 3 ou
+ costelas, + de 2 fracturas na mesma costela,
ou fracturas em + de 5 costelas adjacentes-
respiração paradoxal (Volet costal);

• Herniação pulmonar- deformidade da caixa


toracica, que se altera durante a respiração ou
manobra de Valsalva.
Achados de imagem
• As radiografias de tórax apresentam
sensibilidade de apenas 30% para fracturas de
costelas, as quais muitas vezes só são
evidentes após o início do processo de
formação de calo ósseo, sendo possível repetir
as radiografias após quatro ou mais dias para
revelar as fracturas.
Fractura de costelas Fractura de costela
Fractura do manubrio Fractura do esterno
Fracturas do
esterno e de corpos vertebrais.
Fraturas costais esquerdas e herniação
pulmonar.
Lesões do Diafragma
• Podem ser secundárias a traumas penetrantes
ou não penetrantes;
• Herniação de conteúdo da cavidade
abdominal para o tórax, agudo ou
tardiamente;
• A herniação visceral pode levar a compressão
cardiaca ou pulmonar e, no caso de herniação
de alças intestinais, estas podem estrangular.
• Herniações sao menos comuns após
traumatismos penetrantes já que nestes casos
o defeito diafragmático geralmente é pequeno;

• O diagnóstico pré-operatório muitas vezes é


difícil, principalmente quando não há hérnia
associada, assim muitas lesões são descobertas
apenas durante a laparotomia.
• Sinais sugestivos de roptura, mas não
patognomónicos:
– Elevação aparente da hemicúpula
– Indefinição da hemicupula
– Desvio do mediastino
– Níveis hidroaéreos projectados no hemitórax
• Falsos positivos de roptura diafragmática :
– Laceração da base pulmonar
– Lesões do frênico
– Parésia diafragmatica
– Eventração
Achados de imagem
• Sensibilidade varia de 17% a 64%
• "elevação" da cúpula diagramática sem evidência de
atelectasia
• Presença do estômago ou alças intestinais na cavidade
torácica;
• Desvio contralateral do mediastino;
• Irregularidade de contornos do diafragma;
• Pode haver sinais de estrangulamento de alças, que
deve ser considerado principalmente quando há alças
intestinais na cavidade torácica e derrame pleural
associado.
Achados relacionados com o espaço Pleural

Hemotórax

• Resultante de traumatismo não penetrante;


• Laceração de vasos pulmonares ou veias
intercostais;
• Deve haver pelo menos 200 mL de sangue;
• A radiografia em decúbito lateral com raios
horizontais pode detectar quantidades muito
menores de liquido pleural, porém geralmente é
de difícil realização no paciente
politraumatizado;
• A radiografia em decúbito dorsal, apesar da baixa
sensibilidade, pode mostrar acúmulo de liquido
no ápice do hemitórax acometido ou opacidade
indistinta difusa.
Pneumotórax

• Geralmente secundário a ruptura alveolar com


dissecção do interstício adjacente pelo ar (enfisema
intersticial), que por fim ganha o espaço pleura.
• Pode ser originário de ruptura esofagiana, fractura
traqueobrônquica ou lesão pulmonar secundária à
fractura costal (geralmente associado a hemotórax).
• Pode haver rápida expansão em pacientes
recebendo ventilação com pressão positiva.
Achados de imagem
• O achado clássico da linha de pleura visceral
separada da pleura parietal (parede torácica)
muitas vezes não pode ser identificado na
radiografia inicial;

• Radiografia em decúbito dorsal, o ar acumula-se


na região anteromedial.
• A presença de enfisema subcutâneo associado
a fracturas costais deve sugerir pneumotórax
mesmo que não seja visto à radiografia.
Lesões Pulmonares
Contusão Pulmonar
• Ocorre por lesão de capilares e pequenos
vasos sanguíneos sem ruptura franca de
alvéolos;

• Manifestam-se por opacidades habitualmnt


perifericas, não segmentares e não lobares,
não associadas a broncograma aéreo.
• As lesões podem não ser identificadas nas primeiras
horas nas radiografias de tórax, sendo visíveis
geralmente após seis horas do trauma. Geralmente há
aumento das lesões em até 24 a 72 horas após o
trauma.

• Diagnóstico diferencial: pneumonia aspirativa e


atelectasia.
Laceração Pulmonar
• Acompanham muitas vezes contusões;
• Ruptura de alvéolos, formando lesões
quísticas.
• O quisto resultante pode ser preenchido por
ar (pneumatocele), ou por sangue
(hematoma), ou por ambos.
Lesões da Árvore Traqueobrônquica

• Trauma fechado;
• Secundárias a lesões contusas na região
anterior do tórax;
• Avulsão bronquica;
• Lesões iatrogênicas;
• A maioria destas lesões não é diagnosticada
nas primeiras 24 horas (70%), e cerca de 40%
só são vistas após um mês.
Achados de imagem
• São inespecíficos incluindo enfisema
intersticial, pneumotórax, pneumomediastino,
enfisema cervical profundo e enfisema
subcutâneo;

• O achado mais específico é o sinal do "pulmão


caído", quando o pulmão "cai" para uma
posição de gravidade dependente;
• Deve-se suspeitar de rutura traqueal ou
brônquica sempre que houver
pneumomediastino ou enfisema subcutâneo
persistente e progressivo (em paciente que não
está recebendo ventilação mecânica),
pneumotórax ou pneumomediastino na ausência
de derrame pleural e pneumotórax persistente
apesar da drenagem;

• Tubo endotraqueal em posição extraluminal.


Lesões Relacionadas com o Mediastino
Pneumomediastino

• Secundário ao efeito Macklin;


• Extensão de enfisema subcutâneo e/ ou cervical
profundo, extensão de pneumoretroperitônio (ao longo
das fáscias periesofagiana e periaórtica e da inserção
diafragmática na região esternocostal);
• Secundário a fracturas traqueobrônquicas;
• Secundário à ruptura esofagiana é raro após trauma
torácico fechado.
• Hipertransparência ao longo do pericárdio e das
porções laterais do mediastino junto à pleura
visceral;
Lesões da Aorta e Grandes Vasos
Hemomediastino

• Secundária a lesões da aorta ou dos grandes


vasos mediastinais (sendo as causas mais comuns
o acidente de automóvel e a queda de grande
altura).
Achados de imagem
• Alargamento mediastinal;
• Aorta com contorno anormal ou indistinto;
• A irregularidade de contornos do arco aórtico é
provavelmente o sinal mais confiável de ruptura
aórtica;
• Desvio da traqueia para a direita na altura de T4,
desvio da sonda nasogástrica para a direita na
altura de T4 e espessamento da linha
paratraqueal direita.
Lesões do Esôfago
• Ocorrem pós-manipulação cirúrgica e em
ferimentos por arma de fogo;
• Pode haver ruptura espontânea após
hiperêmese forçada.
Achados de imagem
• Alargamento mediastinal por mediastinite
aguda, pneumomediastino, derrame pleural;

• O diagnóstico pode ser feito por esofagograma


com contraste hidrossolúvel, porém a maior
parte dos casos só é diagnosticada na cirurgia.
Coração e pericárdio
• Lesões do coração e pericadio podem ocorrer
nos traumatismos fechados e penetrantes;
• O tamponamento cardíaco pode ser secundário
a presença de ar ou liquido no pericárdio;
• O ar no pericardio define o contorno cardiaco e
superiormente não ultrapassa a reflexão do
pericárdio a nivel da emergência dos grandes
vasos.
Conclusão
• Traumatismo toracico é uma patologia
frequente, e que se não tratada
atempadamente, pode levar à complicações
graves ou ate morte.
• Pode estar acompanhado de manifestações de
traumatismo, em outros aparelhos.
• A radiografia exerce papel importante no
diagnostico inicial, no seguimento, e pode dar
informações uteis do prognostico.
Bibliografia
• SILVA, C.Isabela, MULLER Nestor, TORAX, Serie
Colegio Brasileiro de Radiologia e Diagnostico por
Imagem, Pags 567 a 589; Rio de Janeiro, Elsevier
Editora, 2011
• MIRVIS Stuart, Dagnostico por imagem no
traumatismo toracico, Volume 25, nr 2, Abril 2004
• PEREIRA Rute, Traumatismos Toracicos-Revisão,
Faculdade de Medicina de Coimbra, 2015
• Google imagens

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