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CASO N 3 (REPRESENTAO SEM PODERES E ABUSO DE REPRESENTAO)

Abel, emigrante no Canad, outorgou procurao a Bento, um amigo de infncia, conferindo-lhe poderes para este dar de arrendamento o seu apartamento sito no Algarve. Como no aparecia ningum interessado em tomar de arrendamento o imvel, Bento vendeu-o, em representao de Abel, a Carlos, que lhe ofereceu um preo muito superior ao valor de mercado. a) Regressado a Portugal para passar frias, Abel pretende saber se est obrigado a entregar a chaves do apartamento a Carlos; b) Suponha agora que Abel conferiu ainda poderes para Bento comprar-lhe um monte alentejano. Em vez disso, Bento, comprou em nome de Abel um luxuoso apartamento sito no Parque das Naes com vista para o Rio. Quid Iuris

RESOLUO
a) Estamos perante uma representao (art 268 do Cdigo Civil), ou seja Bento actua em representao de Abel mas sem poderes no que tange ao contrato de compra e venda, porquanto a procurao s lhe confere poderes para dar de arrendamento o que consubstancia, atenta a natureza jurdica, uma acto de administrao e no para vender o que consubstancia, atenta a natureza jurdica, um acto de disposio Consequncias: Consequncia para Abel: O contrato ineficaz em relao a Abel, excepto se este viera a ratificar o contrato nos termos do art 268 do Cdigo Civil, Consequncias para Bento Se o contrato no for ratificado e se Carlos desconhecer sem culpa a falta de poderes Bento poder incorrer em responsabilidade pr-contratual, nos termos do art 227 do Cdigo Civil b) Estamos perante um caso de abuso de representao, nos termos do art 269 do Cdigo Civil e porqu? Bento actua em representao de Abel dentro dos limites formais e jurdicos dos poderes que lhe foram outorgados (poderes de comprar), mas desrespeitou, ou no observou, os fins materiais que lhe foram determinados pelo representado Abel. Consequncias: 1 Se a contraparte conhecia ou devia conhecer o abuso, o negcio ineficaz, excepto se Abel o ratificar (art 268 do Cdigo Civil)
Artur J. Marques N 21505007 21-11-2008

2 Se no houver situao de conhecimento do abuso ou desconhecimento culposo do abuso, o negcio eficaz e o terceiro pode opor a Abel os seus efeitos (art 269 contrrio do Cdigo Civil)

Artur J. Marques N 21505007 21-11-2008

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