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O amor mora de fundos

Querida Coral, Sua Mamma no sabia onde estava na cabea quando contou que gostava de escrever e pediu um tema para voc. Agora, nada mais justo do que esquentar os dedinhos no piano de letras que tanto gostamos de dedilhar. Obrigada pelo desafio e pela inspirao: o amor. A maneira mais fcil de chegar at voc seria uma cartinha, simples assim, de me para filha. Para guardar contigo e reler sempre. Como definir o amor? Aquilo que digo diariamente que sinto por voc, enquanto te olho pelo retrovisor, a caminho da escola. Amor tipo tanto-que-nem-sei-quanto, que mora l nos fundos. Nos fundos do meu corao. Nos fundos esto as coisas de que mais gostamos, que a gente nem sabe que existe. Coisas que nos lembram quem somos, de onde viemos e pra onde vamos (se nunca arrumarmos aquela tralha toda!). L mora a tal vida da gente. Ela e o amor, vizinhos de porta. Desconfio que os fundos so uma vila inteira. Mais sossegada do que a fachada do corao. O corao d de cara pra rua, obra na calada. Nos fundos, diferente: ntimo, familiar, quentinho. Na frente, a campainha avisa a chegada de alguem. Nos fundos, quem de casa entra sempre sem bater. Descobri que o amor, alm de morar de fundos, e arte de receber com rimas doces saindo do forno... Amar receber. Receber para cuidar. Amar conceber. Conceder o seu lugar. Amar conhecer. Todo dia, devagar. ver o amanhecer antes de o sol levantar. nunca cerrar os olhos sem agradecer ou beijar Amar reconhecer cada trao que herdar. Na origem, voc.

No destino, seu par. Um dia basta pra ver a vida toda se transformar. Quem se transmuta voc com a chegada ao lar do maior amor do mundo, novo eixo pra girar. Amar estar disponvel enquanto a vida durar. E torcer pra que a vida dure todo o tempo que restar. Querida filha, nunca mais quis outra lida que no fosse dar a vida. Amor para recomear. Espero que esqueca esta cartinha la no fundo do teu corao. Com todo o amor, sua me.

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