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1. Ultimamente ouve-se falar muito da questão do Darfur. Podemos falar um pouco do que é e
como é a região do Darfur?
- Uma região com 503.180km2 (5,5x Portugal) no maior país da Africa: Sudão (2.505.810 km²) – 27x maior que
Portugal.
- Darfur divide-se em 3 zonas: o norte maioritariamente seco, deserto; centro e sul menos secos, petróleo, água
no subsolo, mais propício à agricultura.
- Todas as 3 regiões de Darfur têm uma população de 5,5 milhões de pessoas (metade da população portuguesa).
- As populações do Sudão são: no norte – maioritariamente árabe; no sul e concretamente na região do Darfur,
populações negras.
- É um estado islâmico, autoritário, onde todo o poder está nas mãos do Presidente, Omar al-Bashir; ele e o seu
partido estão no poder desde o golpe militar a 30 Junho de 1989.
-…
8. Uma das acusações que é feita ao Governo do Sudão é de não ter facilitado a ajuda
humanitária internacional às populações desta região. É verdade tal situação?
- São os próprios organismos internacionais não governamentais que o afirmam. Era óbvio que qualquer
estrangeiro no local era uma antena emissora do que lá se passa para o mundo. O governo deveria providenciar
segurança para a distribuição da ajuda alimentar, mas não o fazia, ou então não autorizava a entrada nas zonas
de conflito por e simplesmente. Há emboscadas, há gente das ONGs mortas, ameaçadas. Ainda há poucas
semanas foram mortos 10 soldados da Amis… Mas o que é facto é que esta ajuda internacional tem chegado
com muita abnegação por parte do pessoal humanitário… são cerca de 4 milhões de pessoas, segundo António
Guterres, que são alimentadas (também escolas e no campo da saúde) por dinheiros internacionais.
9. As populações têm abandonado a região, fugindo dos ataques e dos massacres. Para onde se
dirigem? Há então segurança nos campos de refugiados?
- Como disse acima, não há segurança nem nos acampamentos. As pessoas fogem para campos de refugiados nos
países vizinhos.
10. A Igreja e nomeadamente os Missionários Combonianos estão presentes no terreno. Que
feedback têm recolhido acerca desta situação?
- Sudão é o berço dos Missionários Combonianos. Foi lá que trabalhou e deu a vida S. Daniel Comboni. Neste
momento temos vários colegas em Darfur, Nyala. Há um português com quem vivi 3 anos: P. Feliz. Várias
noticias têm chegado. Ultima há cerca de 1 mês. Confirma-nos o estado de calamidade, os ataques, as
estratégias planeadas pelos Janjaweed. E mais, diz que não foi só desde 2003 que estes ataques começaram. Há
testemunhos desde 1999 dos ataques a aldeias na região. Pilhagens, destruição dos campos de cultivo que são a
base de sustento para a população, mortes em catadupa, violações…
- Da carta do Feliz:
As notícias sobre o conflito do Darfur começaram a ser divulgadas fora do Sudão em 2003. Mas a verdade é que,
desde 1999, os habitantes de Teguê conheciam o flagelo dos janjauid e eram vítimas das suas barbaridades.
A maioria montava em camelos; outros usavam cavalos. Vinham à nossa terra só para nos provocar e humilhar.
Passeavam-se pelas cultivações de amendoim e sorgo – o nosso pão diário – das muitas famílias da nossa aldeia.
Naquele dia, eram mais de mil.
Não fosse eu duvidar dos seus cálculos, Ibrahim repetiu pausadamente:
Mais de 1000, uallahi. Juro por Deus.
Ele não compreende como alguém tem a coragem de impedir outrem de colher e comer o pão semeado por suas
próprias mãos. E perguntava ainda:
Se, de verdade, quisessem ir a algures e tivessem que passar por Teguê, porquê não abriam caminho pelo espaço
livre e não cultivado do deserto ali à volta?! Além disso, mais tarde começaram a fazer verdadeiras razias.
Entravam nas nossas casas, levavam o que bem lhes apetecia, violavam mulheres e quem oferecesse resistência
era abatido.
Notei que o meu amigo se tornou mais triste ao afirmar que ele e a sua gente preferiam não reparar nas palavras
venenosas que tantas vezes tiveram que ouvir da boca daqueles inimigos do Darfur:
Se quereis viver, ide embora para longe de aqui!
Ibrahim deixou de me olhar e ouvi-o falar a sós:
Ir embora? Deixar a nossa terra? Se há uma terra que nos pertence é mesmo esta. Nós somos da tribo Fur e
vivemos aqui no Darfur, a nossa casa, a nossa terra.
Fez um esforço para controlar a emoção. E concluiu:
Abuna, destruindo o pão que crescia no campo, entende-se bem que nos queriam matar à fome.
11. Que actividades têm procurado desenvolver para ajudar ao conhecimento desta situação?
Que propostas de acção para a resolução deste conflito?
- Sessões de esclarecimento (3 Novembro em Nogueira do Cravo)
- Campanha de recolha de assinaturas para pressionar o Governo português a “impor” na
agenda de trabalhos da Cimeira Europa-Africa a realizar em 8 de Dezembro 2007 o tema
“Darfur”
- Caminhada a Fátima do Grupo de “Jovens Fé e Missão”
- Exposições sobre o conflito do Darfur em vários locais, “Tenda do Darfur”
- Plataforma por Africa – organismos vários de Institutos Missionários e ONGs
- Campanhas em várias paróquias de sensibilização sobre este conflito.
- Campanha de recolha de fundos para o projecto “Escola em Darfur” de Nyala (Sul do
Darfur), para formação e alimentação dos alunos (escola da missão comboniana com
Padre Feliz, Missionário comboniano).
- “Por Amor… uma carta!”
- Uma hora Darfur – Vigília de oração
- Site da Plataforma onde se pode também fazer a assinatura online: www.pordarfur.org
- Grupo de artistas portugueses que gravaram um CD por Darfur
-…
13. Qual a motivação, como missionários católicos, que os leva a envolverem-se em acções deste
género? Haverá muitos outros Darfur no mundo hoje com certeza…
- João 10,10: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”…