A Filosofia no Ensino Secundrio

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TERA-FEIRA, 14 DE NOVEMBRO DE 2006

Filosofia Moral: David Hume versus Immanuel Kant

Daqui decorre, por exemplo ( e este um argumento fundamental no Tratado da Natureza Humana, Livro III), que, na medida em que a moral nos move aco (Hume pensa que ela excita paixes e produz ou impede aces), ela no pode ser derivada da Razo. Na prtica isto significa que para Hume nem as regras da moral so concluses da Razo nem a virtude concebvel como conformidade com esta.
p.109

Por mais vilipendiada que a posio humeana seja, nomeadamente devido ao que parece ser a sua natural associao com o relativismo moral, preciso notar que a tese central de Hume segundo a qual s uma paixo contraria, equilibra ou suporta outra paixo no assim to invulgar no pensamento tico.
p.111

Mas por que razo necessitar Kant de afastar os desejos para ter uma boa teoria da motivao para a aco? A razo que Kant considera todos os desejos como sendo, precisamente, sensveis e contaminados e f-lo em grande parte porque os v como sendo no apenas individuais mas tambm egostas, i. e., desejos de prazer pessoal. Para Kant, os desejos so basicamente desejo de prazer pessoal e precisamente isso que h de errado com eles. por isso que para Kant uma coisa a motivao por desejos, outra coisa totalmente diferente e muito mais importante, a motivao pela Razo, que merecer o nome mais nobre de vontade. Assim, para Kant, no importa, por exemplo, que as inclinaes empricas dos agentes, os seus desejos, sejam generosos ou no, no importa a diferena entre o desejo de fazer algo de amvel a algum e o desejo de matar essa pessoa. Ambos so inclinaes subjectivas, logo no podem ser fonte de lei. Um sentimento que inclina uma mola motivacional de natureza totalmente diferente da boa mola motivacional que a Razo.
p.112-113

Sofia Miguens, Racionalidade, Campo das Letras, col. Campo da Filosofia, Porto, 2004