que nos ocupamos nas escolas. Sabia que as línguas, que aí se aprendem, são necessárias para a compreensão dos livros antigos; que a graça das fábulas desperta o espírito; que as ações memoráveis da história o elevam... Que a filosofia permite falar com verossimilhança de todas as coisas e fazer-se admirar pelos menos doutos... Enfim é bom tê-las examinado para reconhecer seu justo valor e não se deixar enganar” Alguns fatos
Estudou Direito (1616)
Alistou-se no exército de Maurício de Nassau (Holanda – 1618) Conheceu Isaac Beekman (matemático e físico) Alistou-se no exército católico (Baviera -1619) O sonho de Descartes
1. Unidade do conjunto das ciências
2. Reconciliação e unidade fundamental da filosofia e do conhecimento 3. Sensação de estar investido por Deus de uma missão: CONSTITUIR UM CORPUS DAS CIÊNCIAS E FUNDAR O VERDADEIRO CONHECIMENTO. Em gratidão... Peregrinação a Loreto O Método
A primeira das Regulae: o fim dos estudos deve ser
orientar a inteligência a pronunciar juízos sólidos e verdadeiros. – O espírito deve voltar-se primeiramente para si próprio; o método é a primeira condição para conhecer a verdade. – Os juízos verdadeiros e sólidos são obtidos não se voltando para as diversas coisas conhecíveis, não escolhendo uma ciência particular, mas reforçando o instrumento para conhecer, o lume da razão. O Método
A metodologia deve preceder o
conhecimento do objeto. (Bacon e Galileu) Nada há de tão estranho e inverossímil que não tenha sido dito por algum filósofo. A verdade de uma ciência depende do valor dos princípios nos quais ela se fundamenta; ora, aqueles que se chamam filósofos se esforçaram por encontrar os verdadeiros princípios, mas nenhum deles o conseguiu. O problema dos filósofos
“Não conheço nenhum deles que não tenha suposto
o peso nos corpos terrestres... Mas nem por isso conhecemos qual seja a natureza daquilo que se chama peso e temos de aprendê-lo de outra maneira (...) é essa filosofia que fracassou”. Porque todas as conclusões que se deduzem de um princípio não evidente não podem ser evidentes, ainda que deduzidas corretamente. Conclusões do 1º Método
“não aceitar jamais nenhuma coisa como
verdadeira se não a conhecer evidentemente como tal (...) e não incluir nos meus juízos nada além daquilo que se apresentar tão clara e distintamente que não tenha nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida”. 2ª Regra do Método
Limitar-se aos objetos dos quais
possamos ter um conhecimento certo e indubitável. Tais objetos são, nas ciências que já possuímos, somente os da aritmética e da geometria - porque só estas ciências têm a ver com um objeto tão puro e simples que não podem ser tomadas incertas pela experiência. O método da 3ª Regra A clareza e a evidência se obtêm nas proposições que são objeto de intuição ou de dedução. “Entendo por intuitus não a fé flutuante dos sentidos ou o juízo falaz de um imaginação que une desajeitadamente aspectos diversos: mas o conceito de uma mente pura e atenta, conceito tão fácil e distinto a ponto de não deixar margem a nenhuma dúvida daquilo que entendemos: ou seja, o conceito indubitável de uma mente pura e atenta, conceito que nasce da luz exclusiva da razão”. 2+2 = 3+1
Que diferença existe entre intuição e dedução, já
que a dedução, que é um discurso, consiste em ver o nexo entre as proposições? A diferença é apenas de grau: trata-se sempre de um ver, mas, quando as passagens são muitas, não se consegue tê-las todas presente... É preciso confiar na memória. A dedução, pois, difere da intuição, por implicar uma passagem e uma sucessão, ao passo que no intuído o objeto está todo presente. A originalidade essencial do cartesianismo
Claro e distinto, eividente, é portanto o objeto do
“puro” intelecto, aquilo que a experiência sensível não torna incerto, aquilo que não é objeto de fé flutuante dos sentidos. (Galileu: “se os sentido nos fossem tolhidos, talvez o intelecto ou a imaginação por si sós jamais chegassem a elas... Por isso continuo a pensar que as qualidades não existem nos corpos externos àquele que sente, mas estão naquele que sente). Por isso continuo a pensar
“Propondo-me tratar aqui da luz, a primeira
coisa de que quero advertir-vos é que pode haver diferença entre o sentimento que dela temos, isto é, a idéia que se forma em nossa imaginação por meio dos olhos, e aquilo que está nos objetos e produz em nós este sentimento, ou seja, aquilo que existe na chama ou no sol”. Análise e Síntese
“(...) conduzir por ordem os meus
pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir pouco a pouco, por graus, até o conhecimento dos mais complexos; supondo que haja uma ordem também entre os que não se precedem naturalmente entre si.” Uma consideração sobre a síntese e a análise
A síntese é a ordem com que reconstruímos o
processo, depois de ter descoberto uma verdade, mas não é a ordem em que se descobre efetivamente a verdade. A análise, ao contrário, é aquela que mostra o caminho pelo qual a verdade foi efetivamente descoberta, de modo que o leitor não é só “constrangido ao assentimento”, mas compreende a conclusão tão bem quanto quem a descobriu pela primeira vez. Ampliar o conceito de mathesis
Para que a mathesis possa realmente
tornar-se universal, é preciso concebê-la como um método, não só como um conjunto de soluções para problemas curiosos. Ampliar o conceito de mathesis
“A mathesis universalis – da qual a
matemática tradicional é somente a veste – deve exprimir as leis fundamentais da razão humana e estender-se a todas as verdades demonstráveis”. Enumeração completa
“Fazer em toda parte enumerações tão
completas e revisões tão gerais a ponto de ter certeza de não omitir nada” “Toda filosofia é como uma árvore, cujas raízes são a metafísica, o tronco é a física e os galhos que procedem do troco são todas as outras ciências”. Aproximação divina
“Penso agora que todos aqueles a quem
Deus deu o uso desta razão estão obrigados a usá-la primeiramente para tentar conhecê- lo e conhecer a si mesmos. Por aqui tentei começar os meus estudos: e vos direi que não teria jamais conseguido encontrar os fundamentos de minha física se não os tivesse buscado por esta via”. A dúvida nasce do erro.
“Já faz algum tempo que me dei conta de que,
desde meus primeiros anos, acolhera como verdadeiras uma quantidade de falsas opiniões (...); pensei então que devia empreender seriamente uma reviravolta na vida para desfazer- me de todas as opiniões que aceitara até então e começar tudo de novo desde os primeiros fundamentos, se quisesse estabelecer de uma vez por todas alguma coisa de sólido e estável no saber”. A dúvida como despojamento
A dúvida consiste, pois, no fundo, em despojar-se
dos preconceitos, e não exprime uma atitude do homem Descartes, mas do filósofo enquanto tal. O homem filosofante não deve jogar fora todas as suas convicções, mas também não deve adotar, na construção do saber, aquilo que não controlou. Trata-se, pois, de uma eliminação do edifício do saber, não do espírito humano.