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Renè Descartes

1596 - 1650
Formação Jesuítica

 “Não me desagradavam, porém, os exercícios de


que nos ocupamos nas escolas. Sabia que as
línguas, que aí se aprendem, são necessárias para
a compreensão dos livros antigos; que a graça das
fábulas desperta o espírito; que as ações
memoráveis da história o elevam... Que a filosofia
permite falar com verossimilhança de todas as
coisas e fazer-se admirar pelos menos doutos...
Enfim é bom tê-las examinado para reconhecer seu
justo valor e não se deixar enganar”
Alguns fatos

 Estudou Direito (1616)


 Alistou-se no exército de Maurício de Nassau
(Holanda – 1618)
 Conheceu Isaac Beekman (matemático e
físico)
 Alistou-se no exército católico (Baviera
-1619)
O sonho de Descartes

1. Unidade do conjunto das ciências


2. Reconciliação e unidade fundamental da
filosofia e do conhecimento
3. Sensação de estar investido por Deus de
uma missão: CONSTITUIR UM CORPUS
DAS CIÊNCIAS E FUNDAR O
VERDADEIRO CONHECIMENTO.
 Em gratidão... Peregrinação a Loreto
O Método

 A primeira das Regulae: o fim dos estudos deve ser


orientar a inteligência a pronunciar juízos sólidos e
verdadeiros.
– O espírito deve voltar-se primeiramente para si próprio; o
método é a primeira condição para conhecer a verdade.
– Os juízos verdadeiros e sólidos são obtidos não se
voltando para as diversas coisas conhecíveis, não
escolhendo uma ciência particular, mas reforçando o
instrumento para conhecer, o lume da razão.
O Método

A metodologia deve preceder o


conhecimento do objeto. (Bacon e Galileu)
 Nada há de tão estranho e inverossímil que
não tenha sido dito por algum filósofo.
 A verdade de uma ciência depende do valor
dos princípios nos quais ela se fundamenta;
ora, aqueles que se chamam filósofos se
esforçaram por encontrar os verdadeiros
princípios, mas nenhum deles o conseguiu.
O problema dos filósofos

 “Não conheço nenhum deles que não tenha suposto


o peso nos corpos terrestres... Mas nem por isso
conhecemos qual seja a natureza daquilo que se
chama peso e temos de aprendê-lo de outra
maneira (...) é essa filosofia que fracassou”.
 Porque todas as conclusões que se deduzem de
um princípio não evidente não podem ser
evidentes, ainda que deduzidas corretamente.
Conclusões do 1º Método

 “não aceitar jamais nenhuma coisa como


verdadeira se não a conhecer evidentemente
como tal (...) e não incluir nos meus juízos
nada além daquilo que se apresentar tão
clara e distintamente que não tenha
nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida”.
2ª Regra do Método

 Limitar-se aos objetos dos quais


possamos ter um conhecimento certo e
indubitável.
 Tais objetos são, nas ciências que já
possuímos, somente os da aritmética e da
geometria - porque só estas ciências têm
a ver com um objeto tão puro e simples
que não podem ser tomadas incertas pela
experiência.
O método da 3ª Regra
 A clareza e a evidência se obtêm nas proposições que são
objeto de intuição ou de dedução.
 “Entendo por intuitus não a fé flutuante dos sentidos
ou o juízo falaz de um imaginação que une
desajeitadamente aspectos diversos: mas o
conceito de uma mente pura e atenta, conceito
tão fácil e distinto a ponto de não deixar margem a
nenhuma dúvida daquilo que entendemos: ou seja,
o conceito indubitável de uma mente pura e
atenta, conceito que nasce da luz exclusiva da
razão”.
2+2 = 3+1

 Que diferença existe entre intuição e dedução, já


que a dedução, que é um discurso, consiste em ver
o nexo entre as proposições?
 A diferença é apenas de grau: trata-se sempre de
um ver, mas, quando as passagens são muitas,
não se consegue tê-las todas presente... É
preciso confiar na memória.
 A dedução, pois, difere da intuição, por implicar uma
passagem e uma sucessão, ao passo que no intuído
o objeto está todo presente.
A originalidade essencial do
cartesianismo

 Claro e distinto, eividente, é portanto o objeto do


“puro” intelecto, aquilo que a experiência sensível
não torna incerto, aquilo que não é objeto de fé
flutuante dos sentidos.
 (Galileu: “se os sentido nos fossem tolhidos, talvez o
intelecto ou a imaginação por si sós jamais
chegassem a elas... Por isso continuo a pensar que
as qualidades não existem nos corpos externos
àquele que sente, mas estão naquele que sente).
Por isso continuo a pensar

 “Propondo-me tratar aqui da luz, a primeira


coisa de que quero advertir-vos é que pode
haver diferença entre o sentimento que dela
temos, isto é, a idéia que se forma em nossa
imaginação por meio dos olhos, e aquilo que
está nos objetos e produz em nós este
sentimento, ou seja, aquilo que existe na
chama ou no sol”.
Análise e Síntese

 “(...) conduzir por ordem os meus


pensamentos, começando pelos objetos
mais simples e mais fáceis de conhecer,
para subir pouco a pouco, por graus, até o
conhecimento dos mais complexos; supondo
que haja uma ordem também entre os que
não se precedem naturalmente entre si.”
Uma consideração sobre a síntese
e a análise

 A síntese é a ordem com que reconstruímos o


processo, depois de ter descoberto uma verdade,
mas não é a ordem em que se descobre
efetivamente a verdade.
 A análise, ao contrário, é aquela que mostra o
caminho pelo qual a verdade foi efetivamente
descoberta, de modo que o leitor não é só
“constrangido ao assentimento”, mas compreende a
conclusão tão bem quanto quem a descobriu pela
primeira vez.
Ampliar o conceito de mathesis

 Para que a mathesis possa realmente


tornar-se universal, é preciso concebê-la
como um método, não só como um
conjunto de soluções para problemas
curiosos.
Ampliar o conceito de mathesis

 “A mathesis universalis – da qual a


matemática tradicional é somente a veste –
deve exprimir as leis fundamentais da razão
humana e estender-se a todas as verdades
demonstráveis”.
Enumeração completa

 “Fazer em toda parte enumerações tão


completas e revisões tão gerais a ponto de
ter certeza de não omitir nada”
 “Toda filosofia é como uma árvore, cujas
raízes são a metafísica, o tronco é a física e
os galhos que procedem do troco são todas
as outras ciências”.
Aproximação divina

 “Penso agora que todos aqueles a quem


Deus deu o uso desta razão estão obrigados
a usá-la primeiramente para tentar conhecê-
lo e conhecer a si mesmos. Por aqui tentei
começar os meus estudos: e vos direi que
não teria jamais conseguido encontrar os
fundamentos de minha física se não os
tivesse buscado por esta via”.
A dúvida nasce do erro.

 “Já faz algum tempo que me dei conta de que,


desde meus primeiros anos, acolhera como
verdadeiras uma quantidade de falsas opiniões
(...); pensei então que devia empreender
seriamente uma reviravolta na vida para desfazer-
me de todas as opiniões que aceitara até então e
começar tudo de novo desde os primeiros
fundamentos, se quisesse estabelecer de uma vez
por todas alguma coisa de sólido e estável no
saber”.
A dúvida como despojamento

 A dúvida consiste, pois, no fundo, em despojar-se


dos preconceitos, e não exprime uma atitude do
homem Descartes, mas do filósofo enquanto tal.
 O homem filosofante não deve jogar fora todas as
suas convicções, mas também não deve adotar,
na construção do saber, aquilo que não controlou.
 Trata-se, pois, de uma eliminação do edifício do
saber, não do espírito humano.

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