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Marilena Chauí
“Por natureza somos egoístas [...]. É justamente por isso que precisamos do
dever para nos tornarmos seres morais.”
Duas distinção:
“Essa imposição que a razão faz a si mesma daquilo que ela própria criou é o
dever. [...] Por dever, damos a nós mesmos os valores, os fins e as leis de nossa ação
moral e por isso somos autônomos.”
“Para o filósofo, toda a vontade, como sujeito da moral, não supõe apenas uma
regra; antes, visa um fim primordial. Este deve ser apropriado à regra, constituindo
ambos a condição inicial da moralidade, ou seja, a possibilitação de um imperativo
categórico, de uma necessidade moral absoluta.”
“Cumpramos o dever pelo próprio dever; ajamos de tal forma que a máxima da
própria intenção possa ser a qualquer tempo um princípio de lei geral.”
“Dadas essas definições, sendo a reta intenção o que de mais elevado existe no
universo, todos os seres humanos devem ser tratados com respeito, dado que a qualquer
deles é facultado chegar aos páramos dessa reta intenção.”
“A liberdade, porém, é por sua vez a única entre todas as idéias da razão
especulativa cuja possibilidade a priori conhecemos (wissen) sem penetrá-la
(einzusehen) contudo, porque ela constitui a condição (1) da lei moral, lei que
conhecemos.”
“Com o uso prático da razão ocorre coisa bem diversa. Nele vemos ocupar-se a
razão com fundamentos da determinação da vontade [...] seja ou não suficiente para isso
a faculdade física, isto é, a de determinar a sua causalidade. Desse modo pode a razão,
pelo menos, bastar para a determinação da vontade, tendo sempre realidade objetiva,
dentro dos limites da exclusividade do querer.”
“então não somente fica exposto com isso que a razão pura pode ser prática,
mas também que só ela, e não a razão empiricamente limitada, é prática de um modo
incondicionado. Deveremos, portanto, elaborar não uma crítica da razão pura prática,
mas só uma da razão prática em geral. A razão pura, se preliminarmente se demonstrou
que existe, não necessita de crítica alguma. Ela mesma contém a regra para a crítica de
todo o seu uso. A crítica da razão prática em geral tem, pois, a obrigação de tirar à razão
empiricamente condicionada a pretensão de querer proporcionar por si só, de modo
exclusivo, o fundamento da determinação da vontade.”
“O motivo disso é que temos agora de tratar com uma vontade, devendo
considerar a razão em relação não com os objetos, mas com essa vontade e com a
causalidade dessa vontade [...].”
“[...] uma regra designada por um “deve ser” (ein Sollen) que exprime a
compulsão (Nötigung) objetiva da ação e significa que se a razão determinasse
totalmente a vontade, a ação ocorreria indefectivelmente segundo essa regra.”
“Age de tal modo que a máxima de tua vontade possa valer-te sempre como
princípio de uma legislação universal.”
“A razão pura é por si mesma prática, facultando (ao homem) uma lei universal
que denominamos lei moral.”
Anotações
A ética do dever nos leva a assumir um papel em sua totalidade, cabendo a nós
o dever de no uso da liberdade, sempre fazer deste papel o simples dever de cumprir, e o
dever que lhe cabe.
A sociedade relativista moderna, não está para uma ética do dever, pois o que é
hoje (aquilo que me convêm) não é mais amanhã, e nisto a ética do dever que é
universalizante em seu conteúdo desfaz o relativismo das ações.
Não posso tomar por leis moral aquilo que provem da minha vontade, mesmo
que isso implique a vontade de ser feliz, ou o amor próprio.
-- Para Kant o agir moral depende também de qual a intenção com que ela é
praticada, o agir moral só é moral quando é praticado pelo dever, se a intenção for a
piedade ou o ajudar para ficar bem visto ou por causa de outrem está ação não é vista
como moral para o filósofo, pois para ação ser moral é necessário o agir simplesmente
pelo dever.
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“Para o filósofo, toda a vontade, como sujeito da moral, não supõe apenas uma
regra; antes, visa um fim primordial. Este deve ser apropriado à regra, constituindo
ambos a condição inicial da moralidade, ou seja, a possibilitação de um imperativo
categórico, de uma necessidade moral absoluta.”
Autonomia
Deontologia
“Cumpramos o dever pelo próprio dever; ajamos de tal forma que a máxima da
própria intenção possa ser a qualquer tempo um princípio de lei geral.”
“Age de tal modo que a máxima de tua vontade possa valer-te sempre como princípio
de uma legislação universal.”
Reta Razão
“ Dadas essas definições, sendo a reta intenção o que de mais elevado existe no
universo, todos os seres humanos devem ser tratados com respeito, dado que a qualquer
deles é facultado chegar aos páramos dessa reta intenção.”
Kant diz que só é livre aquele que pensa e age conforme sua razão pura, pois
liberdade é causalidade de uma vontade pura, ou especulativa, sendo assim se deduz que
livre é que age com autonomia de razão, reta razão. Vemos isso expresso também na
seguinte ideia:
Se a função da razão que temos é transformar a vontade em vontade boa e, consequentemente autônoma,
ou seja, livre – já que a submissão a si mesmo, e não a qualquer coisa fora de si, é liberdade – o homem
tem como dever caminhar para o seu fim moral, obter a sua liberdade, submetendo-se às leis próprias da
liberdade, porque "se a razão não quer se submeter à lei que ela se dá a si própria, tem de se curvar ao
jugo das leis que um outro lhe dá; pois sem alguma lei nada, nem mesmo o maior absurdo, pode exercer-
se por muito tempo."3
1
KANT. A Critica da razão prática
2
Idem, Ibdem
3
PAGOTTO, Marcos Sidnei. Considerações acerca da Fundamentação da Metafísica dos
Costumes de I. Kant Liberdade, Dever e Moralidade. In: Notandum 14 http://www.hottopos.com
Na ética do dever a intenção tem é um ponto fundamental. Sendo a intenção
apenas determinada pelo sujeito, somente ele saberá se seu ato foi ou não moral, isso
visto pelo viés da intuição.