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O ESPAÇO SEM ESPAÇO PARA A ARTE

Manifesto a minha indignação sobre o Centro Cultural Usina do Gasômetro perante o


meu trabalho artístico. Dia 23 de novembro de 2006, abri mostra individual na Galeria
Lunara, espaço que pretende promover discussões sobre a imagem através da linguagem
fotográfica. A exposição, composta por sete conjuntos de imagens, cumpriu o papel
artístico, institucional e curatorial pelo qual foi submetida, via edital público em 2005,
mas não recebeu segurança como mínima contrapartida.

No dia 6 de dezembro, fiquei sabendo que três dos sete conjuntos tinham sido
destruídos! Infelizmente, práticas como estas são freqüentes naquele espaço, que não
possui estrutura tanto para coibir ações de barbárie quanto para promover ações
educativas.

É com lástima e pouca surpresa que compartilho esta informação com todos os artistas
e/ou interessados em discutir e/ou freqüentar arte em Porto Alegre. Também gostaria de
compartilhar esta nota como um alerta aos artistas sobre a total carência de condições
daquele espaço de mostra para assegurar a integridade dos nossos trabalhos. Por óbvio,
sabemos que as manifestações artísticas não são prioridades dos órgãos públicos (dos
seus gestores), sendo meramente consideradas como estatísticas promocionais.

Ainda sobre a barbárie ocorrida no interior da Galeria Lunara, sob a responsabilidade da


Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Prefeitura de Porto Alegre, vinculada à
Secretaria Municipal de Cultura, instala-se um tipo de "curadoria de segurança", na qual
somente poucos agraciados têm um privilégio de obterem monitores ou mediadores.

A doxa desta situação sempre será a desculpa de que "não há verbas". Aceitando
infelizmente este argumento comum, perde-se o trabalho realizado pelo artista, como
em minha mostra, "Diálogos sobre o Aparelho", que ficou apenas 2 semanas, e a
confiança do artista no espaço institucional e público.

Deixo por fim, com esta breve nota do péssimo tratamento dado aos artistas em Porto
Alegre. Assim, perdemos mais um espaço de discussão (dos poucos que ainda restam na
cidade) para um silêncio que legitima o descaso e o conformismo de funcionários
públicos que carecem de apreço pela coisa pública cultural ou de informação sobre o
papel fundamental que executam para a cultura da cidade.

Jorge Soledar / verão de 2006.

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