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LUTERO E A REVOLTA DOS CAMPONESES

O desafio de Lutero Igreja no atraiu apenas a burguesia e os prncipes. Os camponeses da Alemanha, enfurecidos com a desigualdade social, foram arrebatados por idias utpicas de um mundo justo, governado pelo esprito de Cristo. Panfletos pregando a abolio das instituies capitalistas, a subordinao dos governantes a um conselho eleito pelo povo e o confisco da riqueza dos mosteiros alimentavam a chama dessa insatisfao. No fim de 1524 cerca de 30.000 camponeses na Alemanha meridional se recusavam a pagar imposto ao governo, dzimos ou direitos feudais. Sob influencia dos protestantes zuinglianos de Zurique, foram redigidos doze artigos propondo reformas radicais. Transcrevo abaixo o terceiro artigo, porque sobre ele Lutero far uma declarao surpreendente: Tem sido costume at agora que os homens nos detenham como sua propriedade, o que lamentvel, sabendo-se que Cristo nos redimiu e comprou a todos com o precioso derramamento de Seu sangue [...] portanto est de acordo com as Escrituras que sejamos livres, e assim seremos...[1]. Inicialmente Lutero apoiou o grupo, mas depois explicou que a liberdade que o cristo deve gozar a espiritual. O recurso utilizado por Lutero tpico entre alguns "valorosos condutores de ovelhas": se a interpretao literal no agrada, espiritualize-a! Pois , mas no texto abaixo, escrito pelo reformador alemo, a interpretao literal se mostrou muito conveniente: Abrao e os outros patriarcas no tinham escravos? Lede o que So Paulo ensina a respeito dos criados? Portanto o vosso terceiro artigo inoperante face ao Evangelho. Esse artigo deveria tornar todos os homens iguais... e isso impossvel. Pois um reino terreno no pode sobreviver se nele no houver uma desigualdade de pessoas, de modo que algumas sejam livres e outras presas, algumas soberanas outras sditas [2]. Mas citaes como essa a gente s encontra em livros escritos por quem est do lado de fora da igreja. Uma pena... Notas: [1] DURANT, Will. A Reforma, 2002, p. 322. [2] Id. ibid., p. 323

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