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Breve reflexo sobre os corpos que importam

Diante da ambiguidade que se impe sobre as materialidades, um conceito pertinente a se pensar tal dinmica pode ser o de abjeo. Visualizando em Judith Butler (2007) a partir de sua leitura de Julia Kristeva, encontramos um conceito com forte potncia poltico-terica. Ao passo em que se nega a exemplificar a abjeo, negando colar seus sentidos numa vivncia especfica, Butler denuncia que a materialidade dada aos corpos pesa de maneiras diferenciadas, uma vez que haveria certos preceitos normativos que, inscrevendo-se nos corpos, delineiam o quanto de coerncia carregam entre si, e a partir dessa coerncia, o quanto humano se . (PRINS e MEIJER, 2002). Butler nos aponta com sua teoria, a compulsoriedade de instncias normativas que operam nos processos de constituio e conformao dos corpos, esperando deles a suposta linearidade entre diversas instncias/vivncias. O que foge e quebra essa expectativa passa a ser inscrito como algo a ser corrigido, violentamente se necessrio. Os sujeitos no lineares seriam ento empurrados para zonas de abjeo, lugares nos quais sua prpria humanidade contestada, exatamente por no corresponder aos ideais normativos do humano. (PINO, 2007 p.162). Uma vez dentro das zonas de abjeo, dos campos inspitos e inabitveis da existncia coletiva, suas vidas passam a ser consideradas menores, menos importantes. As polticas pblicas lhes alcanam com menos eficcia e interesse e suas mortes certamente no sero aquelas por quem choraremos (BUTLER, 2010).

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