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“
trabalho e planos. Conte um pouco sobre seus
Divulgação
trabalhos mais recentes com vídeo
Como começou seu interesse pela Somos feitos na Califórnia. Rubber Ham-
música, e mais especialmente pela
música experimental, pela improvi-
consumistas de uma mer, por exemplo: foi gravada uma
única performance em plano-se-
sação, noise etc.? Você acha que seu cultura em inglês quência, ou foram feitas várias to-
trabalho está mais ligado a um des-
tes gêneros, especificamente?
que muitos nem madas? Como foi a preparação e o
“esboço” desta performance e qual
Sou filho de músicos de orquestra e fui, compreendem” a interação com a videomaker Jang
logicamente, educado com muita música Suk Joon? Você ajuda na edição do
e arte erudita. Na adolescência fui metalei- muitos nem compreendem. Não digo material? Tenta colocar no audiovi-
ro e, quando adulto, mergulhei na música que devamos consumir mais samba. sual um pouco do experimentalis-
experimental. Foi em 2004 que comecei Longe disso! Essa “brasilidade” também mo sonoro?
a experimentar sons de forma inocente e deve ser banida. Só nos faz mais presos Quando admiro um artista, procuro
sem conhecer o que o mundo fazia nesse a uma ilusão de que ser brasileiro é ser fazer projetos em parceria. Com Joon
sentido. Usava gravador de rolo, bateria, malandro, alegre, etc. De fato, o brasilei- foi assim. Ela é uma fotógrafa coreana
colheres, piano, minha própria voz... Isso ro é muito mais do que só isso. que tem um pensamento muito maduro
me deu uma base e independência criati- sobre o que faz. Eu expliquei através de
va. Chamo o que faço de “música livre”, Você esteve recentemente na referências, como uma fotografia de um
por isso, não me considero um músico Califórnia em residência artística prédio com um céu azul de fundo e o
experimental ou improvisador. patrocinada pelo Djerassi Resident filme Koyaanisqatsi [documentário de
Artist Program. Era o único brasi- 1983] como ideia de fusão da imagem
O festival Música Livre tem um leiro lá. Certamente, seu trabalho com o som. Depois fomos construindo
público bem específico, muito dife- com o festival e sua trajetória in- um roteiro livre durante as filmagens.
rente da música mais mainstream fluenciaram na decisão de levá-lo Ela operava a câmera e eu, o gravador
(que tem divulgação nos meios de até lá. Como você foi selecionado? de som, posicionava o microfone, grita-
massa). Conte-nos um pouco sobre Definitivamente, o intercâmbio de va “gravando!”, dava uma porrada na
a criação, como você reuniu artis- artistas internacionais no Música Li- escultura e gritava “corta!”. A edição
tas e público interessado. vre colaborou para a decisão da Unes- levou um dia e fiz sozinho. Antes de gra-
Existia uma produção de música co em me patrocinar. Esse programa var pedi permissão para o escultor [Del
experimental que era divulgada pela de que participei é importantíssimo. Geist]. Ele gostou muito do resultado
internet e que não tinha palco para per- Ele incentiva a união entre as nações sobre sua obra, Aurora.
formances. Então, em agosto de 2006, 12ª edição do Música Livre, no Teatro Álvaro de Carvalho, com Diogo de Haro através dos artistas. Quando recebi a
em Minas Gerais, realizamos o primeiro notícia estava no meu primeiro dia no Há trabalhos seus de registro da
festival Música Livre. Como produtor e deturpá-la. Você junta um grão de areia Tocar no Japão foi um sonho realiza- Japão numa loja da Apple (vendo meus performance, como Duracell. Nos
curador, não consigo definir qual é o per- em cada cidade e no fim você tem um do. O público japonês recebeu com muito e-mails de graça!) fiquei muito feliz e mais recentes há mais pós-produ-
fil do público e tampouco o que é “músi- deserto. Acho que é esse o caminho para respeito o meu trabalho e recebi também saí para buscar um restaurante vegan. ção, e aparentemente há um trata-
ca livre”. Acho que faz parte do conceito quem faz música e arte ter o seu traba- elogios de Toshiji Mikawa, a lenda viva No caminho começou a nevar. Nunca mento de áudio posterior. O que você
geral de liberdade. Essa é a nossa manei- lho reconhecido. Lento, mas duradouro. do japanoise [cena noise japonesa] que tinha visto neve. Estava nevando, eu es- considera a obra: a performance ou
ra de ser livre, e, graças à insistência, reu- Não é o caminho de tocar no Faustão e encerrou a noite do festival. Mas foi du- tava no Japão e a Unesco ia pagar para o vídeo? Seu trabalho está indo em
nimos um público interessado. no dia seguinte vender milhões de CDs rante a turnê pela China e Taiwan no ano eu tocar na Califórnia! Tudo ao mesmo direção à videoperformance?
piratas [risos]. anterior que descobri o j-pop [pop-rock tempo! A felicidade foi forte. O resultado Um outro dia meu irmão gêmeo
Muitos músicos são mais reco- japonês], estilo alucinante e embaraço- desta residência na Califórnia está em chamou meus vídeos de videoclipes.
nhecidos no exterior que no país. Neste ano você esteve no Japão so ao mesmo tempo. Toda a inocência e vídeos postados na internet. Em breve Acho que isso vulgarizou o que é uma
A web te ajuda com os contatos e representando o Brasil no Extreme maluquice dos orientais está nesse tipo pretendo fazer uma mostra em Floria- videoperformance. Tenho todo o equi-
também com a divulgação da sua Music Festival, em Fukuoka. Como de música. Eles adoram e isso movimen- nópolis desses vídeos, incluindo um de pamento necessário para essa inde-
música? foi a experiência de tocar no Japão ta uma indústria gigante que vive sem 70 minutos. pendência de produção. Apenas ligo a
A cada ano, conheço pela internet e a recepção do seu trabalho? Quais a existência do pop americano. É um câmera e registro.
mais e mais pessoas no mundo que fa- foram as influências que você trou- fenômeno! Me fez ver como somos con- Percebe-se que você não faz uma
zem o mesmo que eu faço com a música: xe do outro lado do mundo? sumistas de uma cultura em inglês que separação entre a performance e Jessé Torres