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Soneto da fidelidade
Procura-se um amigo
[Nota: este texto corre meio mundo como sendo de Vinicius, mas não é. A sua Obra
Completa, Editora Aguilar, não o registra; muito menos o registra a página oficial,
mantida pela família do poeta. Outros textos, de outros autores, igualmente
apócrifos, clique aqui. O pior é que cada diz este absurdo mais cresce.]
Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa
saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de
pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um
grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e
respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode
já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem
que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no
caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias
humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e
compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não
puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de
amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das
recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que
se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.
Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada,
de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque
já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver
debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou
chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.
São Francisco
Natal
— Cristo nasceu!
— Aonde? Aonde?
— Em Belém! Em Belém!
Brava
A arara a gritar começa:
O girassol
Pretas e vermelhas
Ali ficam elas
Brincando, fedelhas
Nas pétalas amarelas.
Vinicius de Moraes
O relógio
O pingüim
Bom-dia, Pingüim
Onde vai assim
Com ar apressado?
Eu não sou malvado
Não fique assustado
Com medo de mim.
Eu só gostaria
De dar um tapinha
No seu chapéu de jaca
Ou bem de levinho
Puxar o rabinho
Da sua casaca.
O elefantinho
A porta
Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de sopetão
Pra passar o capitão.
O leão
(inspirado em William Blake)
O pato
Lá vem o Pato
Pata aqui, pata acolá
La vem o Pato
Para ver o que é que há.
O Pato pateta
Pintou o caneco
Surrou a galinha
Bateu no marreco
Pulou do poleiro
No pé do cavalo
Levou um coice
Criou um galo
Comeu um pedaço
De jenipapo
Ficou engasgado
Com dor no papo
Caiu no poço
Quebrou a tigela
Tantas fez o moço
Que foi pra panela.
A cachorrinha
Mas que amor de cachorrinha!
Mas que amor de cachorrinha!
A galinha-d'angola
Coitada
Da galinha-
D'Angola
Não anda
Regulando
Da bola
Não pára
De comer
A matraca
E vive
A reclamar
Que está fraca:
O peru
O gato
As borboletas
Brancas
Azuis
Amarelas
E pretas
Brincam
Na luz
As belas
Borboletas
Borboletas brancas
São alegres e francas.
Borboletas azuis
Gostam muito de luz.
As amarelinhas
São tão bonitinhas!
E as pretas, então . . .
Oh, que escuridão!
O marimbondo
Marimbondo furibundo
Vai mordendo meio mundo
Cuidado com o marimbondo
Que esse bicho morde fundo!
Marimbondô
De chocolat
Saia daqui
Sem me morder
Senão eu dou
Uma paulada
Bem na cabeça
De você.
As abelhas
A AAAAAAAbelha mestra
E aaaaaaas abelhinhas
Estão tooooooodas prontinhas
Pra iiiiiiir para a festa.
Num zune que zune
Lá vão pro jardim
Brincar com a cravina
Valsar com o jasmim.
A foca
O mosquito
Você é o inseto
Mais indiscreto
Da Criação
Tocando fino
Seu violino
Na escuridão.
Tudo de mau
Você reúne
Mosquito pau
Que morde e zune.
Você gostaria
De passar o dia
Numa serraria —
Gostaria?
A casa
Letras musicas
Eu sei
Papas da Língua
Composição: Serginho Moah e Fernando Pezão