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Centro de Ciências Humanas – CCH


Curso de História
Disciplina: Métodos e Técnicas da Pesquisa em História (METEC)
Professora: Telma Bessa Sales

O cinema nas aulas de História da Escola Inocência Alcântara


Freire em Alcântaras – CE (2000-2022)

Alexandra Lima Araújo

Sobral – CE
Junho – 2022
Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA
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Centro de Ciências Humanas – CCH


Curso de História

O cinema nas aulas de História da Escola Inocência Alcântara


Freire em Alcântaras – CE (2000-2022)

Projeto de Pesquisa apresentado como requisito para a


obtenção da nota referente à 3º AP na disciplina de
Métodos e Técnicas da Pesquisa em História (METEC),
ministrada pela professora Telma Bessa Sales, do Curso
de História da Universidade Estadual Vale do Acaraú –
UVA,

Alexandra Lima Araújo

Sobral – CE
Junho – 2022
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SUMÁRIO

1 ITRODUÇÃO...............................................................................................................................4

2. JUSTIFICATIVA..........................................................................................................................5

3. PROBLEMATIZAÇÃO.................................................................................................................5

4. OBJETIVOS................................................................................................................................6

5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.......................................................................................7

6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................................................7

7. CRONOGRAMA.......................................................................................................................10

8. REFERÈNCIAS..........................................................................................................................11
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1. INTRODUÇÃO
Quando eu era estudante de ensino fundamental e médio, a História sempre me
encantou, pois ela era para mim como um conjunto fechado de fatos e estruturas, a partir do
qual eu construía um conjunto de significações e compreensões do mundo ao meu redor.
Tratava-se de um passado completo, compacto e vivo, que me orientava na formulação das
minhas concepções de mundo e nos meus posicionamentos diante dos problemas que nele
enxergava.

No ensino superior, a partir de 2019, tomei contato com um conjunto amplo de


conceitos, ideias e significados muito diferentes do que até então conhecia como História. O
distanciamento entre o que havia visto e aprendido como aluno da educação básica, e aquilo
que me foi apresentado durante os primeiros anos de graduação no curso de licenciatura em
História, o que se descortinou diante de meus olhos foram conceitos, métodos e reflexões
filosóficas, os quais me afastaram das certezas e convicções dos anos de estudante
secundarista.

A partir de então, comecei a questionar como investigar e refletir sobre o ensino de


História em uma das escolas de minha cidade, Alcântaras nos últimos anos. É um grande
desafio, porque as discussões que envolvem a área já não mais se limitam ao nível pragmático
da definição de estratégias e objetivos para melhor ensinar. O quadro que se apresenta
contempla uma ampla gama de questões, que giram em torno da definição de fundamentos
teórico-filosóficos que dão sustentação a novas formas de relacionamento com a ciência da
História e da indicação de novos direcionamentos pragmáticos e normativos, que possibilitem
principalmente, uma redefinição da ideia de aprendizagem histórica.

Da relação entre as preocupações advindas da prática no ensino de História e as


contribuições teórico-metodológicas da Educação Histórica, nasce a presente pesquisa. Trata-
se de uma pesquisa empírica envolvendo professores de História do ensino fundamental de
uma das escolas de minha cidade. A pesquisa será realizada com 5 profissionais, sendo 3
deles entrevistados. Serão analisadas as condições materiais, as práticas, os conceitos e a
presença da indústria cultural nesta relação de ensino, a qual interfere na formação dos alunos.
Tal será analisada considerando a cultura escolar, a prática didática, e a relação do professor
com seus alunos e com o cinema.

No decorrer do projeto e entrevistas, analisarei a respeito das relações históricas entre


cinema e educação, com ênfase ao ensino de história, à indústria cultural, à tecnologia, bem
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como de estudos que enfatizam o cinema como produto cultural com linguagem estética
singular. Como futura professora, engajada na melhoria de sua prática e preocupada com as
produções cinematográficas, como linguagem e artefatos da indústria cultural, me interessei
em formular uma proposta investigativa que abordasse a questão do uso de filmes no ensino
da História destacando a escola Inocência Alcântara Freire e seus profissionais como principal
fonte (oral) para o desenvolver da pesquisa, tendo como foco os anos 2000-2022, observando
os possíveis avanços e regressos nessa questão.

2. JUSTIFICATIVA
Apesar de ser uma forma eficaz e muito difundida na prática do ensino, o uso de
recursos cinematográficos ainda precisa de melhorias por parte dos profissionais que o
utilizam. A utilização correta dessa ferramenta pode ser bastante promissora se observados os
principais objetivos que podem atingir. Em questão de justificativa, o uso de filmes pode
proporcionar a quebra da rotina didática de aulas expositivas e centradas no livro didático. Daí
procura-se aqui responder a seguinte questão: como utilizar o cinema no ensino de História?

Parto da hipótese de que a utilização do cinema no ensino/aprendizagem em História


pode ser de grande ajuda para compreensão das representações da realidade social em
diferentes momentos Históricos, além disso, pensar cinema é também ter que observa-lo
como integrante de uma gama de outras produções imagéticas, produzidas pelas mais diversas
necessidades humanas. A exemplo da pintura, do desenho, o cinema é uma forma de
representar a realidade.

3. PROBLEMATIZAÇÃO
O mundo contemporâneo está rodeado de imagens; todos os dias são produzidos
inúmeros filmes e documentários, os quais apresentam diferentes cenários/imagens, assim
como os telejornais, novelas, outdoors, entre outros recursos visuais. Essas imagens que nos
são transmitidas diariamente, e toda a informação que elas abarcam, penetram em nossas
mentes sem que possamos ou tenhamos tempo para processá-las, isto é, nem tudo o que
vemos ou ouvimos fica retido em nossas mentes de forma relevante.

Uma fonte audiovisual dá a sensação de que realmente se está, de fato, inserido no


mundo globalizado. O cinema, neste contexto, torna-se um importante instrumento
pedagógico, no entanto, apesar dos inúmeros recursos ofertados pelo mundo globalizado, a
leitura da historiografia, bem como novas pesquisas voltadas ao campo da História são
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fundamentais e indispensáveis para a construção e conhecimento de um determinado passado


ou fato histórico, as inovações tecnológicas, através de inúmeras e diversificadas imagens,
bem como por meio de jogos de computadores e slides, têm despertado interesse por temas do
passado quando utilizados com esse fim.

Muitos educadores acreditam ser possível ensinar História por meio do cinema,
entendendo que essa arte pode contribuir, e muito, para o ensino, promovendo a interação dos
alunos e discussões sobre o passado e fatos históricos. No entanto, não se pode pensar, de
forma ingênua, que apenas assistindo a um filme, e repassando-o aos alunos, o professor
estará apto para tratar e discutir sobre o assunto em questão. Assim como o teatro, o cinema
inspira e diverte, mas não substitui a História em toda sua complexidade escrita e analítica,
isto é, o cinema auxilia, mas não substitui a produção realizada e concretizada por
historiadores e pesquisadores.

A pretensão de alguns diretores de cinema, as razões ideológicas e comerciais, a falta


de pesquisa histórica, os figurinos e a adulteração do passado fazem com que certas obras
cinematográficas acabem fazendo um caminho inverso àquele feito por historiadores e
pesquisadores, isto é, desmerecem os estudos e pesquisas realizados por esses profissionais. O
mundo cinematográfico tem mostrado muitas inverdades sobre o passado, no entanto filmes
com erros históricos – de datas, fatos e mentalidade – podem ser verdadeiras obras de arte,
desde que sejam entendidos, encarados como ficção, pois acreditar em tudo que nos é
apresentado como sendo verdadeiro pode acarretar erros de compreensão histórica.

4. OBJETIVOS
4.1 - Objetivo Geral - Analisar e trazer à reflexão o uso do cinema como ferramenta didático
pedagógica voltada ao ensino de História.

4.2 - Objetivos Específicos:

 Buscar e criar abordagens para a utilização do cinema em sala de aula, possibilitando


uma visão crítica e questionadora, compreendendo os vários aspectos de um filme e
sua relação com o tempo histórico estudado.

 Pesquisar quais são as maiores dificuldades encontradas pelos professores para


trabalhar com o cinema na sala de aula.
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 Superar o tratamento tradicional dado ao documento histórico e levar para a sala de


aula novas fontes e formas de análise histórica.

 Tratar dos cuidados que se deve ter quando da utilização, em sala de aula, de um filme
histórico como recurso de ensino.

5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Os procedimentos metodológicos adotados para a realização deste trabalho são de
caráter exploratório e centram-se sobretudo em entrevistas que serão realizadas no decorrer da
pesquisa sendo a principal fonte dela. Para a realização dessas entrevistas, será visitada uma
das escolas da Rede Municipal de Alcântaras, os professores de História serão entrevistados
individualmente, para que possam ser encontradas as dificuldades de cada um, e se é ou como
é implementado o uso dos filmes dentro das aulas de História de cada um. O grupo de
professores é formado por homens e mulheres, que possuem idade entre 28 e 41 anos, todos
concursados no município. Será uma entrevista estruturada, utilizando-se da conceituação de
análise de dados e de uma pesquisa qualitativa no campo social, que foi construída a partir dos
Saberes Docentes.

O levantamento do material pauta-se também em buscas através de textos, teses e


dissertações, utilizando como descritores “Filmes no Ensino de História” e “Cinema no
Ensino de História”. Durante o processo de análise serão realizadas a exploração de
documentos, dividindo-os em categorias específicas para refinar os resultados. A
categorização nessa fase da investigação pauta-se na explanação através do título, problema,
objetivo, objeto e/ou sujeito de pesquisa, metodologia, referencial teórico empregado e
conceito atribuído ao cinema no ensino de História.

Essa categorização, acima mencionada, proporcionará o desenvolvimento do processo


de análise, afim de trazer compreensão e reflexão dos materiais encontrados juntamente com
as visitas na escola e entrevistas, para que possa ser realizado o mapeamento dos dados que
serão obtidos, por meio de quadros que denotam as especificidades encontradas ao longo da
investigação.

6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Vários autores problematizam a utilização do cinema como elemento didático
pedagógico como, por exemplo, os historiadores Barros (2012) e Ferro (2010) ao afirmar que
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o cinema pode e deve ser utilizado como fonte para o ensino. Barros expõe que a utilização
deste material em sala de aula aumenta as potencialidades de se aprender o conteúdo histórico
e Marc Ferro foi o historiador que deu início aos estudos sobre o cinema na História. As
contribuições dos estudos de Ferro para a História e o ensino foram muito importantes, uma
vez que o autor defende que através dessa ferramenta cinemática é possível “analisar (...)
principalmente a narrativa, o cenário, o texto, as relações do filme com o que não é filme: o
autor, a produção, o público, a crítica, o regime” (FERRO, 1976, p. 203).

O autor apresenta ainda que a utilização do cinema pode ser vista de duas maneiras: a
primeira como sendo um testemunho do presente e a segunda como discurso do passado.
Todo um contexto poderá ser analisado, o que também irá acarretar em uma compreensão da
sociedade que o representa, algo fundamental na medida em que “retrotopias” (BAUMAN,
2017) são apresentadas como soluções a serem alcançadas, evidenciando retrocessos e casos
mal resolvidos com a história ou com o ensino de história nesse caso.

Assim, falar sobre a utilização ou apropriação do cinema no ensino de História não é


uma tarefa fácil, nem para qualquer um que não tenha o conhecimento especializado, uma vez
que a utilização deste artefato pode sofrer algumas inclinações e compreensões equivocadas
no âmbito escolar. O emprego desses materiais em sala de aula é exigente em estudo,
requerendo cuidado, pesquisa e atenção sobre o material audiovisual que será empregado
junto aos estudantes, para poder proporcionar discussões sobre os temas que serão
apresentados com o auxílio deste produto de massa. (SOARES, 2017).

Desde que surgiu, o cinema trata do registro da realidade, transformando a forma


como olhamos para o mundo. Em sua pedagogia, nos ensina maneiras de interpretar e
compreender a sociedade, influenciando nossas escolhas e hábitos. Para Duarte (2002, p.17),
“ver filmes, é uma prática social tão importante, do ponto de vista da formação cultural e
educacional das pessoas, quanto à leitura de obras literárias, filosóficas, sociológicas e tantas
mais”. O cinema expõe, a todo o momento, imagens que, de certa forma, se apropriam de
nossas angústias e desejos, às vezes com tal intensidade que confundem os sentidos que cada
um de nós daria a essas mesmas angústias e desejos. E é essa separação entre a vida real e a
ficção que parece cada vez mais diluir-se. Como aponta Fischer (2003, p. 20), “uma invade a
outra e novos problemas são criados”.
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A escola e o professor devem saber identificar tais recursos, quais as


implicações psicopedagógicas no receptor, em que gênero de
programa determinado conteúdo está sendo veiculado, se o conteúdo
escolar está sendo revestido por uma mensagem ideológica mais
precisa ou não. (NAPOLITANO, 2003, p. 21

Para usar o cinema dentro da escola, os professores precisam trabalhar filmes que
deem suporte aos temas abordados nas disciplinas curriculares, ampliando o olhar dos alunos.
Dentro das inúmeras possibilidades dessa ferramenta pedagógica vários eixos temáticos
poderão ser trabalhados, como discussões psicológicas, teológicas, sociológicas, filosóficas,
históricas, políticas, econômicas ou culturais

Esta abordagem pode ser mais adequada no trabalho com os Temas


Transversais: cidadania, meio ambiente, sexualidade, diversidade
cultural etc. Em princípio, todos os filmes – ‘comerciais’ ou
‘artísticos’, ficcionais ou documentais – são veículos de valores,
conceitos e atitudes tratados nos Temas Transversais, com
possibilidade de ir além deste enfoque. Neste sentido, o cinema é um
ótimo recurso para discuti-los (NAPOLITANO, 2009, p. 20).

A partir do momento em que estamos expostos a um universo cheio de linguagens


diversas, temos que nos preparar para entender criticamente o que ele nos oferece. O cinema
se ajusta neste processo como um trabalho pedagógico que busca a interação e o
aperfeiçoamento do aluno na leitura de novos códigos, nos preparando para interpretar,
produzir e reproduzir conhecimentos. O cinema como meio simbólico leva as pessoas a
seduzirem pelas imagens em movimento que propõem retratar a vida. Está aí a riqueza da
linguagem cinematográfica, que conquista cada vez mais pesquisadores que reconhecem os
filmes como fonte de investigação de problemas de grande interesse para os meios
educacionais.

O segredo, o mistério, os não-ditos atiçam nossa curiosidade,


mobilizam nossa curiosidade, mobilizam nossos desejos sobre esses
ídolos que aprendemos a cultivar, desde a primeira vez que entramos
numa sala de cinema. Queremos ser como eles, ao mesmo tempo, nos
afastamos deles, pois sabemos, de antemão que a tela imaginaria
jamais se converterá na tela real em que se movem as ações
cotidianas. É esse processo de identificação-diferenciação que o
cinema nos proporciona (GALENO et al., 2008, p. 138).
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O cinema é uma ferramenta importante para o desenvolvimento da aprendizagem,


proporcionando aos estudantes o processo de experimentação, descobertas e invenções.
Ampliar estas nossas capacidades é um dos desafios que o cinema vem nos colocar. Neste
prisma, o uso do filme em aulas de História torna-se material histórico fundamental para a
problematização, contextualização e construção histórica de temas propostos pelo professor,
como também uma possibilidade prazerosa de análise posterior dos alunos. Como conclui
Napolitano (2009 p. 11-12): “trabalhar com o cinema em sala de aula é ajudar a escola a
reencontrar a cultura ao mesmo tempo cotidiana e elevada, pois o cinema é o campo no qual a
estética, o lazer, a ideologia e os valores sociais mais amplos são sintetizados numa mesma
obra de arte,”

7. CRONOGRAMA

Mês Março Abril Maio Junho Julho

Atividades
Elaboração do projeto x

Preparação para coleta de dados x

Coleta dos dados x

Discussão de resultados x

Produção final do texto x

Revisão de trabalho x

Entrega final x
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8. REFERÈNCIAS

DUARTE, Rosália. Cinema & educação. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

FERRO, Marc. Cinema e História. São Paulo, Paz e Terra, 2001.

FISCHER, Rosa Maria Bueno. Televisão e educação: fruir e pensar a TV. 2 ed. Belo
Horizonte: Autêntica, 2003.

GALENO, Alex. et al. Brasil em tela: cinema e poética do social. Porto Alegre: Sulina, 2008.

NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2009

NAPOLITANO, Marcos. Como usar a televisão na sala de aula. 5. ed. São Paulo: Contexto,
2003.

SOARES, M. de C. Cinema e História ou Cinema na Escola. Primeiros Escritos.


Revista do Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI). Niterói: Universidade
Federal Fluminense, n. 1, p. 237-250, jul./ago. 2017

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