Você está na página 1de 1

PEQUETITA

Artur Azevedo
Como o Bandeira positivista e no admite a vacina, o Coriolano, que sobrinho do Bandeira e
dirigido por ele, no quis que a Pequetita se vacinasse. Quando D. saura, sua esposa, lhe !alou
nisso, !oi como se lhe propusesse uma vergonha.
" Pois tu conheces as minhas idias e me prop#es semelhante coisa$ %acinar a Pequetita$ Que
diria o tio Bandeira$
D. saura, que tinha muito bom senso, no costumava contrariar a vontade do marido& submetia"
se resignadamente a quanto ele dizia. Por seu gosto a Pequetita se vacinaria' mas como o
Coriolano era de opinio contr(ria, a Pequetita no seria vacinada. )ra a* est(.
+as veio a var*ola, e o bairro em que morava o Coriolano !oi o mais e,perimentado pela
epidemia. ) pobre"diabo via, aterrorizado, passarem todos os dias enterros de crian-as da
vizinhan-a, e tremia pela sorte da Pequetita.
.m dia em que o tio Bandeira lhe apareceu em casa, o Coriolano deu"lhe uma pequena
investida em !avor da vacina-o, mas o positivista !oi in!le,*vel& lan-ou"lhe um olhar severo,
pegou no chapu e na bengala e disse&
" /e voc0 me torna a !alar em vacina, saio por aquela porta e nem o 1ei,eira +endes ser( capaz
de !azer com que eu aqui ponha mais os ps2...
" Bom, no se zangue, meu tio& 3( c( no est( quem !alou...
4ntretanto, a epidemia aumentava cada vez mais, e o Coriolano, que andava inquieto e
sobressaltado, um dia apanhou D. saura a 3eito e !ez"lhe ver os seus receios.
" /e no !osse o tio Bandeira.
" +andarias vacinar a Pequetita$
" 5 e,ato.
" 4ntretanto, no te aconselho a que o !a-as sem lhe dizer !rancamente que tomaste essa
resolu-o... /e lhe mentisses, ele no te perdoaria2
" o diabo2 /e a Pequetita.. . )h2 nem disso me quero lembrar2 4u teria remorso toda a vida2.
" Pois vai 6 casa do tio Bandeira, e dize"lhe com toda a ombridade que vais mandar vacinar a
menina2 7o s nenhuma crian-a nem nenhum idiota que se dei,e governar pelos outros2
" 1ens razo.
) Coriolano !oi 6 casa do tio Bandeira, e voltou amargurado, com l(grimas nos olhos e na voz.
" 4nto$... !alaste"lhe$... " perguntou D. saura.
" 7o.
" Por qu0$
" 4ncontrei"o morto2
" +orto$2
" De var*ola hemorr(gica2 8oi atacado anteontem e ho3e ao meio"dia era cad(ver2 4 eu sem
saber de nada2 Pobre do Bandeira2...
4 o Coriolano desatou em pranto.
Quando serenou, disse a D. saura&
" Amanh, pela manh... ho3e mesmo, ser !or poss*vel, vacina"se a Pequetita.
" 7o preciso.
" Por qu0$
" Porque a Pequetita h( dois meses que est( vacinada.
" 9( dois meses$2
" /im2 Desde que come-ou a epidemia2
" 4 nada me disseste2.
" Para qu0$ Para te zangares$ /e !iz mal, Deus me perdoar( porque !ui levada pelo meu instinto
de me.

Você também pode gostar