UM DON JUAN DE PROVNCIA

Artur Azevedo
Quando fui pela primeira vez quela patriarcal cidade de provncia, o Linhares, que eu
chamava primo, por ser filho da primeira mulher de meu pai, no quis que eu ficasse no hotel,
e levou-me para sua casa, onde havia um quarto de hspedes.
Durante os dias que ali me demorei fui carinhosamente tratado, e ainda hoe sou reconhecido
aos favores do primo Linhares e de sua famlia, senhora e cinco senhoritas casadeiras.
!u no fazia outra coisa todos os dias seno passear pela cidade, e tarde, depois de antar,
o primo Linhares mandava colocar sete cadeiras no passeio, porta da rua, e ele, a senhora,
as senhoritas e eu sentavam-nos ao ar livre, e convers"vamos at# ao escurecer. !ra muito
divertido.
$uma das tardes em que est"vamos assim, peram%ulando so%re os mais variados assuntos,
sur&iu de uma esquina, a cem passos do lu&ar em que nos ach"vamos, o vulto es&uio de um
rapaz moreno, de &randes %i&odes, envolto numa capa espanhola e com a ca%e'a co%erta
por um &rande chap#u desa%ado.
( primo Linhares, mal que o viu, er&ueu-se e disse imperiosamente s senhoritas)
- *eninas, vo para dentro) vem ali o +l"vio Antunes,...
As cinco senhoritas levantaram-se e desapareceram, correndo no interior da casa.
! o primo Linhares e-plicou-me)
- Aquele +l"vio Antunes # um patife, um sedutor de senhoras casadas, um Don .uan,... $o
consinto que as pequenas olhem para ele,... $o h" nesta cidade sueito mais desmoralizado,
$enhum pai de famlia honrado o rece%e em casa,
! como o tal +l"vio Antunes se apro-imasse)
- (lhe para aquele todo, /ea, - o tipo completo do conquistador,...
! o transeunte, que era, efetivamente, um rapa&o, passou fazendo ao primo Linhares um
cumprimento, que no foi correspondido.
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1m ano depois, o primo veio ao 2io de .aneiro. +ui rece%3-lo na esta'o da !strada de +erro,
e tratei lo&o de per&untar pela famlia.
- !sto todos %ons. A minha pequena mais velha foi pedida semana passada.
- 2or quem4
- 2or um e-celente rapaz - o +l"vio Antunes.
- 2erdo... mas o 2l"vio Antunes no era...
- !ra sim, mas que quer voc34 5om aquela coisa de mandar as meninas para dentro todas as
vezes que ele passava l" por casa, fiz-lhe um e-traordin"rio reclame, 6odas elas &ostavam
dele, e ele &ostou da mais velha,
- (ra, 7o de ser muito felizes.
- 8im, mesmo porque, melhor informado, me convenci de que a m" reputa'o do po%re rapaz
era unicamente devida quela capa espanhola e aquele chap#u desa%ado,
- Deveras4
- !ram mais as nozes que as vozes, e se al&umas falcatruas fez ele, coitado, foi em
conseq93ncia do reclame que lhe fazamos, eu e outros pais de famlia.