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Lngua Portuguesa

Olavo Bilac

ltima flor do Lcio, inculta e bela,
s, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu vio agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, rude e doloroso idioma,
em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Cames chorou, no exlio amargo,
O gnio sem ventura e o amor sem brilho!
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Msica Brasileira
Olavo Bilac

Tens, s vezes, o fogo soberano
Do amor: encerras na cadncia, acesa
Em requebros e encantos de impureza,
Todo o feitio do pecado humano.
Mas, sobre essa volpia, erra a tristeza
Dos desertos, das matas e do oceano:
Brbara porac, banzo africano,
E soluos de trova portuguesa.
s samba e jongo, chiba e fado, cujos
Acordes so desejos e orfandades
De selvagens, cativos e marujos:
e em nostalgias e paixes consistes,
Lasciva dor, beijo de trs saudades,
Flor amorosa de trs raas tristes.
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BERIMBAU
Manoel Bandeira


Os aguaps dos aguaais
Nos igaps dos Japurs
Bolem, bolem, bolem.
Chama o saci: - Si si si si!
- Ui ui ui ui ui! Uiva a iara
Nos aguaais dos igaps
Dos Japurs e dos Purus.

A mameluca uma maluca.
Saiu sozinha da maloca -
O boto bate - bite bite...
Quem ofendeu a mameluca?
Foi o boto!
O Cussaruim bota quebrantos.
Nos aguaais os aguaps
- Cruz, canhoto! -
Bolem... Peraus dos Japurs
De assombramentos e de espantos!...

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