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Da fragmentação à integralidade:

ARTIGO ARTICLE
construindo e (des)construindo a prática
de saúde bucal no Programa de Saúde
da Família (PSF) de Alagoinhas, BA
From fragmentation to integrality: constructing
and reconstructing the practice of buccal health
in the Alagoinhas (BA) Family Health Program

Adriano Maia dos Santos 1


Marluce Maria Araújo Assis 1

Abstract A study about the practice of buccal Resumo Estudo sobre a prática de saúde bucal
health in the Alagoinhas – BA Family Health no PSF de Alagoinhas – BA (2001-2004), com o
Program (2001-2004) with intent to analyze the objetivo de analisar os dispositivos que orientam
arrangements that direct whole attention to buc- a atenção integral à saúde bucal: vínculo, acolhi-
cal health: vinculum, reception, autonomy, re- mento, autonomia, responsabilização e resolubili-
sponsibility and resolubility. The methodology is dade. A metodologia é de natureza qualitativa,
of qualitative nature in a historical-social per- numa perspectiva histórico-social. Os materiais
spective. The empirical material consists of inter- empíricos foram entrevistas com trabalhadores,
views with health workers, managers and pa- gestores e usuários, observação da prática e fontes
tients, the observing of the practice and documen- documentais. Os resultados revelam que a prática
tary sources. The results show that the practice is é organizada através de ações individuais e coleti-
organized through individual and collective ac- vas, construídas por uma demanda reprimida. O
tions built by a restrained demand. Attention is atendimento é fragmentado com a valorização
fragmented; there exists an excessive importance excessiva da técnica e da especialidade, cujo eixo
given to technique and specialization, whose axis é ordenado pelo modelo médico-centrado, com re-
is directed by the doctor-centered model with lim- solubilidade limitada. O acolhimento é manifes-
ited resolubility. Reception appears as a tense and tado através de uma relação tensa e conflitante,
conflicting relationship, however with a poten- porém com potencialidade para construir alter-
tiality to build alternatives for change. Vinculum nativas de mudança. Vínculo e autonomia entre-
and autonomy cross link in the rescue of the cruzam-se no resgate da relação trabalhador-
worker-patient relationship and the encounter usuário e no encontro de suas potencialidades,
with their potentialities, which makes possible to possibilitando horizontalizar saberes, estreitar la-
level knowledge, narrow bonds and consolidate ços e consolidar afetos. Enfim, a prática da saúde
liking. To conclude, the practice of buccal health bucal é plena de conflitos e contradições e se cons-
is full of conflicts and contradictions and is a po- titui em potencial ferramenta de mudança nos
1 Núcleo de Pesquisa
tential tool for change in the work process, coex- processos de trabalho, convivendo com o velho
Integrada em Saúde
Coletiva, Universidade isting with the old (fragmentation) and the new (fragmentação) e o novo (integralidade), num
Estadual de Feira de Santana. (integrality) in an unfinished process still under processo inacabado, em construção.
Av. Universitária s/n, construction. Palavras-chave Prática, Saúde bucal, Programa
Módulo VI, 44031-460,
Feira de Santana BA. Key words Practice, Buccal health, Family Health Saúde da Família, Integralidade, Programas de
adrianouefs@yahoo.com.br Program, Integrality, Health program saúde
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Santos, A. M. & Assis, M. M. A.

Introdução Integralidade e tecnologias relacionais

O presente trabalho tem como objeto de análise O debate em torno da integralidade converge
a prática de saúde bucal no PSF em Alagoinhas também para um modelo de saúde concebido
(BA), de 2001 a 2004. Para tanto, buscamos a partir de tecnologias relacionais do tipo aco-
compreender como são estabelecidas as rela- lhimento, que pode ser apreendido como ações
ções a partir de dispositivos (ou agenciadores) comunicacionais, atos de receber e ouvir a po-
de mudança, tomando como referências as pro- pulação que procura os serviços de saúde, dan-
duções de Campos1, 2, 3 e Merhy4, 5, 6, entre ou- do respostas adequadas a cada demanda, em
tros, que discutem os dispositivos de vínculo, todo o percurso da busca (recepção, clínica, en-
acolhimento, coeficiente de autonomia, respon- caminhamento externo, retorno, remarcação e
sabilização e resolubilidade entre os sujeitos so- alta).
ciais envolvidos, direta ou indiretamente, na O vínculo estreita-se com o acolhimento,
produção dos serviços de saúde. ampliando os laços relacionais, desenvolvendo
Inspirados em Baremblitt7, compreende- afetos e potencializando o processo terapêutico
mos o dispositivo como sendo o que se contra- entre os usuários, os trabalhadores de saúde e
põe às estruturas funcionais e ao poder hege- os gestores do sistema. Seguindo esta lógica, a
mônico. Portanto, está a serviço da mudança, unidade de saúde passaria a organizar sua de-
da transformação, da construção e da produção manda, de acordo com as necessidades e priori-
do novo. O dispositivo, também chamado de dades – e não somente atrelada à ordem de che-
agenciamento, é dinâmico, e, por isso, opera gada –, evitando-se, na medida do possível, filas
sem fronteiras, traz consigo a revolução, não ca- desnecessárias e perda de tempo1.
be em parâmetros estabelecidos, cria novas pos- Nessa direção, Campos3 argumenta que os
sibilidades. serviços de saúde que pretendam de fato se res-
Portanto, a prática de saúde bucal integral ponsabilizar pelos problemas da saúde preci-
teria que ser composta de um conjunto de agen- sam ter, por base, a ampliação do que ele deno-
ciadores de mudança. Traçando uma analogia mina “coeficiente de autonomia” dos sujeitos-
com a física, poderíamos conceber a integralida- usuários. A prática em saúde introduz os aspec-
de no campo da saúde como um feixe de luz – tos singulares do indivíduo, da família e da co-
forma de energia que se propaga pelos espaços – munidade na condução terapêutica, através do
que, ao atravessar um prisma, se decompõe em compartilhamento de saberes entre trabalhador
diferentes cores. Cada cor – chamaremos de dis- e usuário, como forma de garantir resultados
positivo – separada apresenta diferentes graus mais eficientes no processo de cura e/ou no
de força; ao se reagrupar às outras, restaura-se o controle das morbi-mortalidades.
feixe original, ou seja, recupera-se a potenciali- A responsabilização diante dos desafios do
dade de iluminar – de criar novas perspectivas. processo saúde/doença é a soma dos demais
Nesse sentido, também como um feixe lu- agenciadores, é a incorporação ao ato terapêu-
minoso, a integralidade sofreria os mesmos fe- tico da valorização do outro, a preocupação
nômenos físicos – reflexão, refração ou absor- com o cuidado e o respeito com a visão de mun-
ção – ao incidir sobre diferentes instituições, do de cada um; é, portanto, ser cúmplice das es-
organizações ou estabelecimentos, em espaços tratégias de promoção, prevenção, cura e reabi-
pouco permeáveis, que têm o processo de tra- litação dos usuários.
balho impregnado de instrumentos e conheci- Todos os dispositivos citados confluem para
mentos estruturados. A princípio, os agencia- uma resposta adequada, uma solução para os
dores sofreriam uma reflexão – voltariam para problemas, ou seja, para a resolubilidade das de-
o ponto de origem – ao tentar transpor um obs- mandas sentidas e apresentadas. Todos eles, con-
táculo. Num segundo momento, rompendo-se tudo, compõem um dispositivo maior, um feixe
alguns entraves, atravessariam o espaço, ainda de luz: a integralidade.
que sofressem algum coeficiente de refração – Por todos esses argumentos, seria equivoca-
desvios de propostas. Num momento mais avan- do esperar um conceito unívoco para integrali-
çado, os dispositivos da integralidade rompe- dade, posto que perderíamos a sua totalidade e
riam as barreiras, construiriam novas formas de incorreríamos na possibilidade de restringir al-
fazer/agir na prática cotidiana e seriam, portan- guns de seus sentidos ainda inacabados, poten-
to, disseminados e absorvidos pelos diversos su- ciais vetores de transformação das práticas no
jeitos. Sistema Único de Saúde (SUS)8 .
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Diante dessa possibilidade de transforma- quisa e os riscos e/ou benefícios a que estariam
ção, Merhy5 discute as ferramentas tecnológicas submetidos os participantes da investigação, de
apropriadas para fazer um confronto com as acordo com a Resolução 196, do Conselho Na-
sólidas instituições de saúde, apostando nas tec- cional de Saúde10.
nologias leves – tecnologia de relações –, na am- A análise dos dados foi orientada pela her-
pliação das possibilidades terapêuticas e no re- menêutica-dialética segundo Minayo11, bus-
direcionamento do modelo de saúde compro- cando-se, na especificidade de um contexto his-
metido com a defesa da vida. tórico-social, explicar e interpretar conflitos, re-
Por outro lado, baseados em Campos1, Ce- lações e práticas sentidas, percebidas e experi-
cílio9 e Merhy5, defendemos a legitimidade dos mentadas no cotidiano da atividade da saúde
conhecimentos estruturados (tecnologia leve- bucal. Em suma, pretendemos estabelecer o
dura) e das máquinas, aparelhos e tantos outros confronto entre os diferentes grupos pesquisa-
(tecnologia dura), como fundamentais e/ou dos, através das convergências, divergências, di-
complementares na conquista da integralidade ferenças e complementaridades, a fim de cons-
e humanização, em todo o percurso realizado truirmos/reconstruirmos as categorias empíri-
pelos usuários na busca pela saúde. cas do estudo, articulando-as com o referencial
teórico orientador, à procura de relações dialé-
ticas entre elas. A síntese dos resultados das
Metodologia do estudo análises é apresentada seguir.

Trata-se de uma pesquisa de abordagem quali-


tativa, numa perspectiva histórico-social, cujo Prática da Equipe de Saúde Bucal
recorte espacial foram três Unidades de Saúde no PSF: ações individuais e coletivas
da Família (USF) em que atuavam as Equipes com resolubilidade limitada
de Saúde Bucal da Secretaria Municipal de Saú-
de de Alagoinhas – BA. A organização das atividades em saúde bucal
As técnicas de coleta de dados foram a en- revela que cada cirurgião-dentista organiza o
trevista semi-estruturada, a observação siste- processo de trabalho de tal forma que seis tur-
mática da prática e as fontes documentais. Os nos sejam destinados ao atendimento em con-
sujeitos do estudo foram 22 pessoas, que atua- sultório (atividades curativas) e os outros qua-
ram no período de 2001-2004, distribuídas en- tro turnos utilizados em atividades preventivas
tre quatro grupos de representação: grupo I (ci- nas escolas do município, para crianças na faixa
rurgiões-dentistas e auxiliares de consultório etária de 6 a 14 anos (palestras, controle de pla-
dentário – ACD – 06); grupo II (outros traba- ca, escovação supervisionada e aplicação tópica
lhadores de saúde – 06); grupo III (usuários do de flúor)12.
sistema – 05) e grupo IV (informantes-chave: Nesse sentido, a prática de atenção à saúde
prefeito, secretário de saúde, coordenador de bucal da realidade pesquisada traduz um viés
saúde bucal, coordenador do Programa Saúde característico das atividades preventivas na
da Família – PSF – 05). odontologia: o foco está centrado na atenção a
As entrevistas dos três primeiros grupos e as escolares, na faixa etária de 6 a 14 anos, que es-
observações da prática foram orientadas por tudam em escolas públicas, por meio de técni-
um roteiro, no qual constavam informações cas de escovação, aplicação de flúor e acompa-
acerca do participante do estudo e dos disposi- nhamento clínico13. Compreendemos que a
tivos de análise: acolhimento, vínculo, respon- prática, nesta perspectiva, fragmenta e reduz o
sabilização, coeficiente de autonomia, resolubi- campo do cuidado em saúde bucal, pois con-
lidade e relações estabelecidas entre os diferen- centra as ações em uma faixa etária específica.
tes sujeitos que atuam, se responsabilizam ou se Contudo, é no esteio dessa lógica de atenção
articulam com a prática de saúde bucal no PSF que as ações preventivas vão se configurando
de Alagoinhas. As entrevistas com os informan- no cotidiano das equipes de saúde bucal, de for-
tes-chave foram livres, sem roteiro. A coleta de ma acrítica e limitada, na solução de problemas
dados aconteceu no primeiro semestre de 2004. inerentes a este campo.
O projeto de pesquisa foi submetido ao Co- Constatamos que as ações fora do consultó-
mitê de Ética em Pesquisa (CEP), da Universi- rio são realizadas em quatro turnos semanais e
dade Estadual de Feira de Santana, que avaliou devem contemplar as práticas coletivas: visitas
a pertinência do mesmo, os objetivos da pes- domiciliares, planejamento, reuniões em equi-
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Santos, A. M. & Assis, M. M. A.

pe, capacitações, entre outras atividades. No en- cluem, ao contrário, leva em conta a dialética
tanto, devido à histórica exclusão por serviços desses conceitos, pois os compreende como im-
clínicos e uma grande demanda reprimida, as bricados num mesmo corpo, numa mesma so-
Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal ciedade, simultaneamente.
sugerem que de 75 a 85% das horas trabalhadas No cenário pesquisado, a clínica apresenta-
pelo cirurgião-dentista no PSF sejam utilizadas se com limites em sua conduta terapêutica e de
na assistência curativa14. organização, necessitando reformulações que
Neste processo de organização das práticas permitam a sua ampliação.
de saúde bucal, a atenção individual também se Não podemos negar, também, que a reali-
apresenta com limites a serem superados. Sinte- dade em foco não foge da característica que
tizadas as observações realizadas em três equi- marca a maioria dos municípios brasileiros e,
pes, durante a coleta de dados, percebemos que: principalmente, os nordestinos – a desigualda-
o atendimento individual é conduzido de ma- de social. É nesse panorama, portanto, que os
neira pontual; algumas vezes rápido, centrado aspectos econômicos, sociais, demográficos,
na queixa do usuário; limitado pelo equipa- culturais e epidemiológicos interferem no pro-
mento ou insumo disponível no momento e cesso saúde-doença, constituindo um quadro
pelo número de vagas; sem garantia de retorno, complexo e heterogêneo que termina determi-
restrito a um procedimento por indivíduo. Per- nando o padrão de qualidade de vida das pes-
cebe-se também a falta de planejamento, con- soas. E tudo isso produz um tipo de demanda –
centrando a ação na figura do dentista, com fa- demanda reprimida – que se materializa para as
lhas na biossegurança e na própria técnica utili- pessoas quando, mesmo tendo algum tipo de
zada para a realização da intervenção clínica. acesso aos serviços de saúde, têm sua resolubili-
Dados semelhantes foram encontrados no mu- dade limitada.
nicípio de Feira de Santana15. Portanto, a rede básica (incluindo as USF)
As observações trazem à tona a discussão precisa estar inserida num sistema funcional e
sobre o processo de trabalho do cirurgião-den- resolutivo, com redes hierarquizadas de servi-
tista, aqui especificamente a clínica desenvolvi- ços, para se constituir em porta de entrada do
da na sua prática dentro do PSF. Para Campos1, sistema de saúde. Em síntese: trabalhar com um
poderíamos falar na existência de três clínicas, aparato científico-tecnológico capaz de resolver
todas com particularidades importantes, que se cerca de 80% dos problemas de saúde da popu-
comunicam e se interpenetram: clínica oficial, lação1.
clínica degradada e clínica ampliada. De fato, a maioria das necessidades de saú-
A primeira seria a tradicional clínica carte- de bucal poderia ser resolvida nas USF, se o re-
siana, espaço no qual a prática desconhece a quisito fosse a capacidade técnica dos profissio-
pessoa enferma e personifica a enfermidade, nais. Na realidade, a forma como se organizam
alienando-se nos seus objetos fetichizados – as práticas em saúde bucal nos conduzem a
exames, remédios, atos, protocolos, programas. uma discussão polêmica – fazer ou não o “tra-
A saúde é entendida como mercadoria16. tamento completado”, ou seja, concluir todas as
A segunda consiste numa clínica marcada necessidades que cada usuário apresenta, pelo
por interesses de qualquer natureza – econômi- menos em relação aos procedimentos básicos,
ca, política, ideológica –, mas que, nesse caso, ou resolver apenas os problemas demandados
transfigura-se numa práxis distante das necessi- em cada consulta.
dades de saúde. Os diferentes interesses sobre- O “tratamento não completado” gera, de
põem-se à promoção, prevenção, cura ou reabi- um lado, uma maior rotatividade de usuários
litação dos usuários, impingindo a estes uma que utilizam os serviços, mas, por sua vez, cria
lógica de submissão. um círculo vicioso, no qual a baixa resolubili-
A antítese seria a clínica ampliada, centrada dade acaba por gerar a permanência dos usuá-
no sujeito concreto – não somente na sua enfer- rios por muito tempo no serviço, sem a garan-
midade –, a fim de resgatar a integralidade hu- tia de que concluirão o tratamento ou conse-
mana, o espaço de relações e de responsabiliza- guirão resolver os seus problemas.
ção na ação de cuidar das pessoas. Este é um Com freqüência, dado o caráter infeccioso
movimento voltado para a ampliação do ato te- das principais doenças bucais e em função da
rapêutico, que valoriza as singularidades. Nesse demora no atendimento, muitas unidades den-
caminhar, a clínica ampliada não polariza o con- tárias, que poderiam receber um tratamento
ceito de saúde e doença como coisas que se ex- conservador se cuidadas a tempo, acabam sen-
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do mutiladas. Outras vezes, quando o usuário sos, entre outras formas de regular o acesso ao
consegue uma nova vaga, o que foi reparado serviço.
hoje volta a ficar comprometido novamente, Dois entrevistados (cirurgião-dentista e
havendo a necessidade de outra intervenção. ACD) esboçaram uma postura mais relacional
A prática clínica defronta-se, ainda, com na recepção. O primeiro admite seu caráter hu-
uma restrição nos serviços de saúde bucal, a as- manizado e a preocupação em acolher, ainda
sistência de média e alta complexidade. As Di- que parcialmente, aquele que procura uma in-
retrizes da Política Nacional de Saúde Bucal14 formação na unidade; da mesma forma, o ACD
reconhecem que a atenção em saúde bucal, nes- mostra-se envolvido com os aspectos subjetivos
ses dois níveis, tem sido muito pequena, com- dos usuários que se dirigem à recepção, priori-
prometendo a integralidade e a resolubilidade zando algumas necessidades, como as urgências
das ações. Ressalta-se, no entanto, que, só a par- e os atendimentos a idosos e gestantes.
tir de 2004, instituiu-se pela Portaria no 1571/ Percebemos a potencialidade da comunica-
GM, em 29 de julho de 200417, uma política na- ção quando, mesmo na ausência de vagas, os
cional de financiamento para a atenção de mé- trabalhadores de saúde comprometem-se a ten-
dia complexidade em saúde bucal. tar ajudar, de alguma maneira, o usuário, a par-
tir da utilização do núcleo leve do seu saber – a
relação. Na pesquisa, uma das dentistas não res-
Acolhimento: uma relação tensa, tringe suas ações cuidadoras a uma área adscri-
conflitante e potencial ta, nem impõe ao usuário regras de normatiza-
ção prescritas no receituário do PSF; ao contrá-
Acreditamos que a limitação na resolubilidade rio, a trabalhadora concentra seus esforços no
das práticas em saúde bucal faz parte da histó- ser que sofre, que apresenta uma necessidade
rica dependência das ferramentas de trabalho que deve ser acolhida, independentemente de
(cadeira, instrumentais clínicos, entre outros), onde resida.
necessárias ao desenvolvimento das atividades A linha de tensão se desvela com grau máxi-
curativas, mas não suficientes para atender às mo no momento da marcação de consultas. To-
diferentes demandas de saúde. Nesse aspecto, das as equipes de saúde bucal no município uti-
podemos nos referir à saúde bucal como depen- lizam uma forma de marcação, e cada uma de-
dente das tecnologias duras e leve-duras, já que las já experimentou diversas alternativas no in-
para a condução das ações na prática cotidiana tuito de conceber um serviço mais próximo da
ela requer a necessidade quase orgânica de um universalidade e da equidade na atenção.
aparato instrumental – tecnologias duras – sus- As entrevistas convergiram para o sistema
tentado por conhecimentos bem estruturados de marcação, seja baseado na demanda espon-
(fisiologia, anatomia, patologia, epidemiologia, tânea e/ou centrado na doença. Demonstraram,
entre outros) – tecnologias leve-duras5. também, o nível de desumanização na relação
Entendemos que o acolhimento acontece usuário-recepção, evidenciado na procura por
nos microespaços das relações individuais e co- consultas, uma situação em que não há garantia
letivas, seja na recepção, na clínica, no tipo de de vagas para todos. A limitação no número de
acesso, nas palestras e reuniões desenvolvidas, consultas impõe uma disputa injusta entre os
no tipo de oferta de serviço, entre outras formas usuários, que passam a chegar cada vez mais ce-
relacionais e comunicacionais existentes entre do, de modo a garantir o acesso. Configura-se,
trabalhadores de saúde e usuários. assim, como um serviço excludente, conflituoso
As observações realizadas nas USF demons- e tenso, caracterizando-se quase como uma se-
tram que a recepção funciona segundo critérios leção natural, na qual só os mais fortes conse-
administrativos, como meio para barrar ou li- guem sobressair. As observações comprovam
mitar a demanda por serviços. Nesse sentido, a que a grande maioria dos que ficam na fila é
definição de clientela pode conflitar com o composta de adolescentes e adultos jovens, ao
princípio da universalidade, pois o acesso passa passo que as pessoas que trabalham, os idosos e
a ser modulado pela ordem de chegada, carta- as donas de casa acabam por ter dificuldade nes-
zes informativos sobre o número de vagas, dias se tipo de organização.
específicos para determinado grupo ou proce- As observações da prática também demons-
dimento clínico, presença de determinado tra- traram não haver um processo acolhedor, no
balhador na unidade, estado clínico geral do máximo constatamos formas diferenciadas de
usuário, triagem ou seleção prévia de alguns ca- receber. A crítica assinalada pauta-se pelos rela-
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Santos, A. M. & Assis, M. M. A.

tos de experiências, materializados por Cam- O estabelecimento do vínculo na


pos1 e Franco et al.18, que se referem mais ao construção do coeficiente de autonomia
acolhimento na porta de entrada do que ao ato
de receber de modo adequado. Impõe-se a ne- Acioli19 e Campos2 traduzem vínculo como o
cessidade de uma equipe que concretize tecni- meio para realização de uma prática clínica de
camente o dispositivo; este, portanto, não pode qualidade e integral, partindo da aproximação
se restringir ao porteiro, à agente administrati- afetiva entre os sujeitos que cuidam e os sujei-
va ou ao ACD, ainda que eles estabeleçam inter- tos que são cuidados, e do reconhecimento legí-
faces no processo de cuidar. timo do saber biomédico, porém agregado ao
No caso específico das práticas do cirurgião- saber difundido, e também legítimo, dos ritos e
dentista, as observações explicitaram várias práticas populares.
arestas impregnadas de um fazer automatizado O material coletado durante as observações
e ambíguo. Em alguns momentos, as tecnologias destaca-se pelo atendimento humanizado e a
duras estiveram disponíveis à intervenção clíni- tolerância quanto aos desencontros de interes-
ca. No entanto, o dentista realizou procedimen- ses entre trabalhadores e usuários. Em todas as
tos rápidos, escolhendo sempre o mais simples USF visitadas, os usuários referiam os seus pro-
de ser executado. Negligenciou as normas de blemas ou os tratamentos que desejavam. Essa
biossegurança e rompeu com critérios clínicos evidência também foi percebida em um centro
estruturados, comprometendo a qualidade do de saúde de Ribeirão Preto – SP20.
procedimento produzido. Apesar disso, cada Uma peculiaridade marcante, quando dis-
usuário que entrava e saía do consultório de- cutimos vínculo em relação à equipe de saúde
monstrava satisfação quanto ao tratamento re- bucal, é a forma como esta foi agregada às equi-
lacional proporcionado pelo profissional, ainda pes de PSF no município. Por conta da propor-
que alguns tenham se mostrado insatisfeitos ção de uma equipe de saúde bucal para cada
com relação ao procedimento realizado. duas equipes de saúde da família, a diretriz do
Em outra observação da prática, o cenário é vínculo, mesmo a institucionalizada para as
o inverso do anterior, pois o aparato tecnológi- equipes do PSF, foi fragmentada para os dentis-
co duro não é suficiente para a realização da tas/ACDs.
maioria das intervenções clínicas (compressor Nesse sentido, tornou-se um desafio maior
quebrado e ausência de aparelho para esterili- para as equipes de saúde bucal, pois o número
zação). No entanto, o dentista, de forma criati- de pessoas vinculadas é o dobro em relação ao
va, executa procedimentos clínicos possíveis, dos outros profissionais. As demandas indivi-
mesmo sem estar obrigado a realizá-los, em ra- duais curativas em saúde bucal (restaurações,
zão das limitações impostas. O uso do arsenal exodontias, raspagens) são resolvidas apenas
leve é o grande diferencial, o profissional dá pelos dentistas, ao contrário de outras deman-
uma aula de como receber, ouvir e se responsa- das, compartilhadas por diferentes profissio-
bilizar pelo sofrimento do outro. Simultanea- nais. Além disso, tornou-se também uma difi-
mente, ainda com resolubilidade limitada, pro- culdade para os usuários compreenderem que,
cura, com as ferramentas disponíveis, contor- dentro da equipe de PSF, um dos membros tem
nar as dificuldades e desenvolver um processo que dividir seus turnos de trabalho entre duas
de cuidado, centrado no usuário. comunidades diferentes, restringindo o acesso
Temos ainda outros dados da pesquisa, das pessoas a turnos específicos, mesmo quan-
apresentados de forma bastante contraditória. do o dentista está na unidade.
O profissional tem o melhor aparato tecnológi- Por outro lado, os desafios impostos pela es-
co-estruturado disponível, entretanto resolve trutura organizacional congregam a necessida-
os problemas demandados de forma pontual e de do vínculo como agenciador das relações
estabelece uma relação conflituosa com os fragmentadas durante o processo de trabalho
usuários. Assim, tecnicamente produz serviços da equipe de saúde bucal. Nesta perspectiva,
com primazia, ao mesmo tempo em que cen- também percebemos que o PSF possibilita o en-
traliza a conduta terapêutica, restringindo o trelaçamento das relações e dos afetos entre os
acolhimento. trabalhadores de saúde e a comunidade, ao fa-
zer com que a prática ultrapasse os limites da
USF.
Pela trajetória das falas dos diferentes traba-
lhadores de saúde, pudemos perceber tentativas
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de utilização de táticas diversas, com o intuito trabalho, um afastamento daquilo que julgam
de dar conta da complexa luta para alterar as não ser de sua competência. Portanto, aprisio-
concepções tradicionais e incorporar novas al- nam o campo do cuidado, predominantemente
ternativas na forma de fazer/agir em saúde. Pa- inter-relacional, em uma atividade marcada pe-
ra os sujeitos em questão, transparece a necessi- lo individualismo e o fracionamento dos atos
dade de ir além do que está posto, ser irreveren- terapêuticos.
te e, aliado a isso, aglutinar as pessoas para que Encontramos, em algumas falas, o trabalho
se tornem cúmplices de um projeto coletivo. em saúde recuperando a essência do ato de cui-
Mais do que isso, trata-se do propósito de res- dar. Nesse âmbito, percebemos o deslocamento
gate da relação trabalhador-usuário, relatada do eixo – recortado e reduzido – corporativo-
por alguns dos entrevistados, a fim de horizon- centrado, para o eixo – plural e complexo –
talizar saberes, estreitar laços, consolidar afetos, usuário-centrado21. O gradiente relacional que
estabelecer vínculo. caracteriza a convivência entre as diversas áreas
O coeficiente de autonomia é um expoente de saúde contribui para a resolução dos proble-
do grau de confiança, apego, identificação e mas dos usuários, pois implica a responsabili-
sentimento de pertencimento, alcançados atra- zação dos diferentes trabalhadores e a confor-
vés do aprender/ensinar a maneira de se viver a mação criativa da defesa da vida.
vida, a saúde ou a doença. Vínculo e autonomia Porém, muitos depoimentos dão conta da
entrecruzam-se, constroem-se e agenciam-se, dificuldade de reunir a comunidade em torno
numa relação de nutrição placentária, que se de discussões. Talvez a histórica exclusão das
processa a partir da sua presença nos interstí- pessoas das arenas de decisão tenha impossibi-
cios das práticas sociais, no “ventre” da saúde e, litado a tomada de consciência em relação à im-
portanto, no cerne da saúde bucal. portância de sua participação; talvez a forma
como são organizadas as reuniões e as aborda-
gens não consiga conquistar a atenção e o inte-
A rede de relações dos diferentes resse da comunidade.
sujeitos que protagonizam a prática Concluímos, entretanto, que a pouca ade-
de saúde bucal são também está associada ao formato acadê-
mico em que os encontros coletivos têm se de-
Os trabalhadores de saúde estabelecem interfa- senvolvido, por meio de palestras verticalizadas
ces entre si e com os usuários em espaços dis- e pouco problematizadoras. Constatamos, ain-
tintos e inusitados (USF, domicílios, escolas, da, que muitas equipes organizam reuniões a
ruas, igrejas, entre outros), muitas vezes além partir das prioridades definidas pelo nível cen-
do território de adscrição, configurando-se, tral da Secretaria Municipal de Saúde, como as
portanto, num complexo mosaico no qual aco- conferências de saúde, os momentos de disper-
lhimento e vínculo podem (ou não) estar inter- são do treinamento introdutório para as equi-
mediando os encontros. pes de saúde da família, ou para cumprir uma
Os depoimentos coincidiram com as obser- exigência do programa que determina a realiza-
vações, revelando o quão distantes os entrevis- ção de reuniões na comunidade. Ou seja, as
tados estavam de práticas interdisciplinares. Os reuniões são propostas às pessoas de forma des-
trabalhadores têm uma concepção comparti- contextualizada, nem sempre condizente com
mentalizada do conhecimento de cada área, o as reais necessidades dos territórios sociais, es-
que serve de justificação para a fragmentação paços de atuação das referidas equipes.
do corpo; este, por sua vez, deve ser mediado
por profissionais distintos, cada um com o seu
papel definido. Assim sendo, ainda que com- Considerações finais
partilhem o mesmo espaço de trabalho, a práti-
ca permanece centrada no núcleo de conheci- Pensar a prática faz-nos refletir acerca de sua
mento de cada trabalhador, ocasionando um importância na estruturação do existir humano
desencontro dos saberes. e de sua interdependência. Assim sendo, há a
A rede de relações apresentada nas falas traz constituição de uma prática que determina mo-
a reprodução das práticas em saúde, denun- dos e maneiras de agir dos sujeitos individuais e
ciando as assimetrias entre os diferentes sujei- coletivos; e, no sentido inverso, uma interpene-
tos. Nesse sentido, os trabalhadores das diversas tração objetiva e/ou simbólica destes sujeitos no
áreas cristalizam, através da divisão técnica do redimensionamento das ações humanas, ou se-
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Santos, A. M. & Assis, M. M. A.

ja, das práticas, que são, portanto, produtos das sões teórico-empíricas, que identificamos en-
relações dialéticas. quanto rupturas à hegemônica prática médico-
Acreditamos que o debate em torno das centrada, individual e focalizada no trabalha-
práticas em saúde bucal demanda um modelo dor de saúde. A ênfase na equipe interdiscipli-
de atenção mais adequado, que possibilite agre- nar, portanto, parece ser uma potencial ferra-
gar as diversas tecnologias (dura, leve-dura e le- menta de mudança nos processos de trabalho,
ve) disponíveis da maneira mais adequada, sem alicerçando a integralidade e seus dispositivos
reduzi-las nem tampouco ultrapassar as suas (acolhimento, vínculo, autonomia, resolubili-
possibilidades. Até porque reduzir a prática em dade, responsabilização) na confecção de práti-
saúde bucal a determinismos pragmáticos ou cas originais, de novos modelos.
funcionalistas não seria coerente com as pro- O que ressaltamos aqui é que nem sempre é
postas estudadas, muito menos excluir a legiti- possível curar ou resolver uma necessidade
midade historicamente construída em seu arca- apresentada, mas é sempre possível cuidar, es-
bouço técnico-científico. cutar e contribuir para amenizar o sofrimento
Nas análises delineadas na investigação em do outro. Até porque, quem adoece, adoece co-
foco, intencionamos criar confrontos entre o mo um todo, ou seja, uma cárie, uma dor de
posto e o proposto, procurando capturar os ve- dente, repercute na boca, no corpo, na alma, na
tores que indicassem um caminho possível a vida. Junto com alguém que sofre, sofrem os
ser trilhado ou descaminhos a serem descons- que o amam, o sofrimento é então compartilha-
truídos. do, ainda que não dividido. Por isso, é patente a
Nessa seara de possibilidades, os caminhos necessidade de trabalhadores sensíveis, com
foram sendo apontados no decorrer das discus- uma nova ética na saúde.

Colaboradores

Santos AM elaborou a pesquisa que deu origem ao artigo


e participou da redação do mesmo. Assis MMA partici-
pou da redação do artigo.
61

Ciência & Saúde Coletiva, 11(1):53-61, 2006


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Artigo apresentado em 25/04/2005


Aprovado em 18/08/2005
Versão final apresentada em 5/09/2005

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