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DIAGNÓSTICO DA SILICOSE

Dr. Paulo Gurgel


SILICOSE NO BRASIL
 A silicose é a pneumoconiose de maior
prevalência no Brasil
 Estimativas de casos e de expostos ao
risco
 30 mil casos (Mendes, 1978)
 6 milhões de trabalhadores expostos à
sílica
 Taxas de prevalência (Fundacentro)
 Pedreiras: 3,0%
 Cerâmicas: 3,9%
 Fundições: 4,5%
 Indústria naval: 23,6%
 Cavação de poços: 17,4%
ATIVIDADES DE RISCO
(SILICOGÊNICAS)

 Extração: mineração subterrânea e de


superfície.
 Construção de túneis.
 Beneficiamento de minerais: corte,
britagem, moagem e lapidação.
 Indústria de transformação: cerâmicas,
fundições, vidrarias, marmorarias.
 Outras: perfuração de poços, jateamento,
artesanato, prótese dentária, borracharias.
SILICOSE

É uma doença pulmonar causada


pela inalação de poeiras com sílica livre
e sua conseqüente reação tecidual de
caráter fibrogênico.
PATOGENIA

A sílica livre (SiO2) é extremamente


tóxica para o macrófago alveolar
devido às suas propriedades de
superfície que levam à lise celular.
RISCO DE ADOECIMENTO
O risco da doença
existe quando há >
7,5% de sílica livre na
fração de poeira
respirável ou quando,
mesmo abaixo deste
valor, o limite de
tolerância para a
sílica é ultrapassado.
FORMAS CLÍNICAS

 CRÔNICA

 ACELERADA

 AGUDA
FORMA CRÔNICA

Caracteriza-se por apresentar nódulos


disseminados em ambos os pulmões. A
doença manifesta-se após longos
períodos de exposição. Esta é a forma
encontrada mais freqüentemente nas
atividades de risco, após muitos anos de
exposição (> 10 anos) a pequenas
concentrações de sílica livre.
FORMA ACELERADA

Apresenta grande quantidade de


nódulos em vários estágios de
desenvolvimento, com forte tendência
à confluência formando
conglomerados. Esta forma surge, após
períodos de exposição a concentrações
maiores de sílica, num prazo mais
curto, em torno de 5 a 10 anos.
FORMA AGUDA

Desenvolve-se, geralmente, em
traba-lhadores expostos a altas
concentrações de sílica livre. A doença
se manifesta após curto período de
exposição, de meses a 5 anos. Sua
expressão anátomo-patológica é de
uma proteinose alveolar associada a
um infiltrado inflamatório intersticial.
IDENTIFICAÇÃO DE CASO

Denomina-se caso de silicose todo


indivíduo com história confirmada de
exposição ocupacional a poeiras minerais
e que apresenta alterações radiológicas
compatíveis com pneumoconiose,
conforme a classificação da Organização
Internacional do Trabalho (OIT/80).
HISTÓRIA OCUPACIONAL
• Profissão
• Detalhamento da participação do
trabalhador nos processos de trabalho
• Tempo de exposição
• Consumo tabágico
• Co-morbidades (asma, tuberculose,
colagenoses)
QUADRO CLÍNICO
Fase assintomática
A seguir:
 Dispnéia progressiva
 Tosse seca --> com expectoração
 Dor torácica
 Astenia e emagrecimento
Nas fases mais avançadas podem sobrevir:
 Insuficiência respiratória
 Cor pulmonale, crônico
EXAME RADIOGRÁFICO
 É o exame mais importante tanto para o
diagnóstico quanto para o controle evolutivo da
doença.
 Pequenas opacidades arredondadas, lesões
fibróticas progressivas nas zonas superiores e
calcificações ganglionares em “casca de ovo”
são achados sugestivos de silicose.
 Condensações alveolares difusas predominando
nos lobos inferiores ocorrem nas formas agudas.
 Possível o exame radiográfico normal em
paciente com silicose sintomática.
INTERPRETAÇÃO RADIOLÓGICA
(ALGORITMO)
R X tó ra x

adequado in a d e q u a d o

n o rm a l a n o rm a l r e p e t ir

s u g e s t iv o n ã o s u g e s t iv o

c la s s ific a r c o m e n ta r
TOMOGRAFIA
COMPUTADORIZADA
 A TCAR tem sido recomendada porque a
radiografia convencional do tórax pode não
apresentar sensibilidade diagnóstica em 10 a
15 por cento dos casos de doença
patologicamente documentada (Fishman).
 Em dispnéia não explicada e/ou função
respiratória anormal pela suspeita de doença
intersticial pulmonar.
 Ainda não constitui um método padronizado
para o diagnóstico e o acompanhamento
evolutivo das pneumoconioses.
ESPIROMETRIA

• Avaliação da dispnéia
• Grau da disfunção respiratória
• Diferencial: padrões restritivo,
obstrutivo
misto e inespecífico
• Seleção para a TCAR
ESPIROMETRIA
(EM GRUPOS DE ALTO RISCO)
Testes espirométricos para
indivíduos aparentemente saudáveis em
grupos de alto risco devem ser considerados
parte de um exame regular. De alto risco
incluem os fumantes e os sujeitos a riscos
inalatórios no trabalho. As vantagens de tais
testes funcionais de rotina seria tornar o
indivíduo consciente de seu estado de “saúde
respiratória”, para alertar o médico para
pequenas mudanças que podem representar
uma tendência de perda acelerada na função
pulmonar e para estabelecer dados basais
para comparações posteriores se mudanças
marcadas ocorrerem na função pulmonar (I
Consenso Brasileiro sobre Espirometria,
BIÓPSIA PULMONAR

• Transbrônquica
• Por toracotomia (amostra de tecido
mais adequada para exames
histológico e mineralógico)
• Por cirurgia toracoscópica vídeo-
assistida (procedimento de escolha)
GRANULOMA SILICÓTICO
microscopia à luz polarizada  partículas birrefringentes
PACIENTE TIPO DE BIÓPSIA HISTOPAT0LOGIA SÍLICA

1. JARR (jato de areia) Pulmonar, por toracotomia GRANULOMA POSITIVA

2. FHF (pedreira) Pulmonar, transbrônquica Fibrose incipiente; septos NEGATIVA


alveolares espessados.
S/ granuloma

3. JBBA (pedreira) Pulmonar, transbrônquica Tecido fibroso colagenizado. POSITIVA (em


S/ granuloma citoplasma de
macrófagos)

4. FLSR (pedreira) Pulmonar, transbrônquica Nódulo fibroso colagenizado. POSITIVA


S/ granuloma

5. ACF (mina) Pulmonar, por agulha (2) GRANULOMA Não pesquisada

Ganglionar, por mediastinoscopia GRANULOMA Não pesquisada


Pulmonar, transbrônquica (2) Não realizada
Inadequada

6. RSF (pedreira) Pulmonar, transbrônquica Tecido colágeno NEGATIVA


hialinizado
7. EAS (poço) Pulmonar, transbrônquica Fibrose; porção compacta NEGATIVA
tendendo a nodular
8. FEPC (jato de areia) Pulmonar, transbrônquica Espessam. conjuntivo. NEGATIVA
S/ granuloma
9. FBV (cerâmica) Pulmonar, por toracotomia ???
Não realizada. Apenas LB Não realizada POSITIVA (não fago-
citada por
macrófagos)
10. FLB (pedreira) Pulmonar, transbrônquica Pneumonite crônica GRANULOMA- Não pesquisada
TOSA e inespecífica em vias de
cura por fibrose
BIÓPSIA
QUANDO INDICAR

 História ocupacional ausente ou


incaracterística
 História de exposição a agentes
desconhecidos
 Aspecto radiológico discordante com a
exposição
 História de exposição, sintomas e sinais
clínicos pertinentes, função pulmonar
alterada, porém com a radiografia e a
tomografia de tórax normais
TUBERCULOSE:
SITUAÇÕES CLÍNICAS DE RISCO
LEMBRETE

 SIDA
 SILICOSE
 DIABETES
 CORTICÓIDES / IMUNOSSUPRESSORES
 LINFOMAS / LEUCEMIAS
 INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA
 SUBNUTRIÇÃO
PROGNÓSTICO

• BOM, com a lenta progressão (em


décadas) da doença nas formas
simples.
• RUIM, com a intercalação das infecções
bronco-pulmonares e a progressão da
doença para a insuficiência respiratória
nas formas complicadas e aceleradas.
PREVENÇÃO

A falta de terapia específica


para a silicose enfatiza o papel crucial
da prevenção primária na abordagem
deste problema.
GRATO PELA ATENÇÃO

pgcs@ig.com.br

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