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Tarefa 2 – Análise crítica ao modelo de Auto-avaliação das Bibliotecas Escolares

A ideia geral da funcionalidade da BE está, mais ou menos, difundida de uma


forma errónea, mal interpretada, mal usada e mal explorada. A transformação que se faz
necessária tem caminhado lentamente, uma vez que a aceitação dos moldes actuais da
BE ou se faz imediatamente, por considerar que os objectivos se adequam ao nosso
sistema educativo ou se luta contra eles, expondo ideias retrógradas ou, em pior caso,
nem se comenta, ajustando-a mentalmente a um espaço decorativo da escola. Michael
Eisenberg, refere que “Success starts with attitude. A positive attitude breeds positive
results, a negative one breeds failure.”. Para ultrapassarmos este conjunto de situações,
precisamos ver a BE como parte integrante de um todo que é o sistema educativo
“School librarians teach meaningful information and technology skills that can be fully
integrated with the regular classroom curriculum.” (Michael Eisenberg et. al.– School
Library Journal, 9/1/2002). Assim, quando um elo, pertencente ao sistema, rompe a
cadeia, gera-se um enfraquecimento do mesmo. A BE promove o desenvolvimento da
leitura e literacias da informação, mas não deve nunca trabalhar isolada. Colabora com
os alunos na construção e desenvolvimento da sua aprendizagem e com todos os outros
membros da comunidade educativa na aplicação das suas práticas. É uma parte do todo,
mas é uma parte significante no papel da educação “”The instructional role of the school
librarian is a significant leadership role.” (Todd Ross in 68yh IFLA Council and
General Conference – August 18-24,2002).
Para demonstrar que a BE é essencial no processo de ensino/aprendizagem é
necessário que haja uma forma de analisar as acções decorrentes da mesma. O Modelo
de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares é um instrumento que permite aferir os
resultados e, implica, ao mesmo tempo, numa concertação das acções tomadas. É
pertinaz porque é contínuo, avaliador do trabalho efectuado e determinante na
apreciação do sucesso educativo. Além de consistir num espaço bem equipado, a BE,
acima de tudo, deve conduzir ao desenvolvimento dos 4 domínios: Apoiar o
desenvolvimento curricular; promover a leitura e literacia; criar projectos, parcerias e
actividades livres e de abertura à comunidade e desenvolver uma boa gestão. Mesmo
que não se avaliem, de uma forma exaustiva, todos os domínios num só ano, os
restantes também devem ser trabalhados. “A opção pela avaliação de um dos domínios
não pode significar, por isso, o abandono dos restantes domínios” (Bibliotecas
Escolares: Modelo de Relatório de Auto-Avaliação – RBE. O modelo de auto-avaliação
é o regulador das políticas praticadas e indispensável para a continuação de um trabalho
que exige uma actualização constante no seu percurso. É “(…)um processo que,
idealmente, conduzirá à reflexão e originará mudanças concretas na prática.” (Texto da
sessão), porque “(…) program needs and priorities change from year to year.”. É
necessário, assim, considerar que medir, analisar e planificar é imprescindível para
atingir os objectivos desejados.
A construção de um modelo de avaliação e a sua exequibilidade implicam
conceitos que orientem a existência de qualquer BE. Assim é bom referir que:
 o público-alvo é o aluno que deve ser activo, logo construtor da sua
própria aprendizagem;
 o conhecimento é abordado de uma forma crítica;
 a introdução das novas tecnologias forçou uma aprendizagem de novas
literacias.
Desta forma, espera-se que a BE seja um organismo activo, impulsionador das
aprendizagens que conduzam ao sucesso educativo. Para perceber esta dinâmica, é
necessário que se efectue a recolha de evidências das acções implementadas, de forma a
reestruturar essas acções, sempre a pensar na melhoria das mesmas. “A quantidade e a
qualidade das evidências recolhidas (…) acerca de determinada questão chave para a
qual procuramos melhoria ou solução.” (Texto da sessão).
Um modelo de auto-avaliação reconhece-se prestador eficiente quando ele
próprio utiliza práticas que o tornam dinâmico e circular, uma vez que ao se identificar
um problema, recolhem-se evidências que devem ser tratadas e definir orientações para
o futuro. Numa avaliação tradicional distinguimos o input e o output. O input fornece-
nos dados de gestão e o output a correspondência entre esses dados e a sua eficiência.
Actualmente, apesar de não se descurar esses aspectos, vemos uma BE preocupada com
a avaliação dos comportamentos do utilizador, no respeitante à aquisição das
competências das diferentes literacias e na construção do seu conhecimento. “Trata-se,
neste contexto, de aferir não a eficiência, mas a eficácia dos serviços – os resultados que
os serviços produziram.” (Texto da sessão).
A avaliação permite o crescimento da BE enquanto organismo capaz de se
inovar e de se “reciclar”. O nosso modelo está dividido em 4 domínios que permitem,
de uma forma global, aferir a BE enquanto espaço definidor de recursos variados, mas
principalmente como “(…)um espaço formativo e de aprendizagem (…)” (Texto da
Sessão). São domínios inerentes ao contexto educativo que visam os objectivos
programáticos do processo, que pretendem desenvolver as competências da leitura e da
literacia da informação, sempre numa perspectiva de articulação com os diferentes
elementos que participam no desenvolvimento da prática educativa. Prevêem qualidade
da colecção, uma gestão capaz de se transformar, adequar a BE aos novos valores e
integrá-la em todas as políticas que, de uma forma directa ou indirecta, digam respeito à
vida de uma escola.
As exigências que se fazem ao professor bibliotecário são um grande desafio, já
que este será responsável pela motivação de todos os membros da comunidade
educativa para a implementação deste modelo. Deve envolver-se, envolvendo todos,
incluindo os órgãos directivos, e dialogar, de uma forma a obter uma resposta que
satisfaça os objectivos da avaliação. Precisa formar-se continuamente e rever a sua
actuação, avaliando-se como professor bibliotecário e responsável por toda a
complexidade que envolve a existência pertinente de uma BE. Este percurso permite
identificar os pontos que precisam ser mais ou menos trabalhados. Analisar as
evidências, compete, não só à equipa, mas a todos os elementos que compreendem este
processo, seguindo-se a necessidade de estabelecer prioridades no ajustamento da
avaliação medida, de maneira a tornar todo o processo mais adequado e conducente à
prática educativa.
A auto-avaliação não se pretende instantânea, mas gradual e eficaz, requer
acções dinâmicas, organizadas e transformadoras, já que se revê a si própria, através das
evidências recolhidas, mas nunca se tratará de uma constatação isolada. Deve ser
trabalhada em conjunto essencialmente com os órgãos de gestão. “A avaliação não é um
fim em si mesma. É um processo de melhoria que deve facultar informação de
qualidade capaz de apoiar a tomada de decisão” (Texto da Sessão). Esta tomada de
decisão não pode ser de responsabilidade única do professor bibliotecário nem da sua
equipa, deve ser um planeamento em conjunto, uma vez que os professores
bibliotecários sozinhos, certamente, não chegarão a nenhum bom porto. Como cita
Michael Eisenberg, “Turning the vision of the school library program into reality
requires two essential elements of good management: strategic thinking and strategic
planning.”.Qualquer estratégia que se pretenda fazer para melhorar os domínios da BE
só será bem sucedida se esta for enriquecida por uma gama variada de políticas que
permitam apoiar este espaço físico equipado com diversos recursos materiais num
espaço de aprendizagem de saberes, de partilhas desses mesmos saberes, isto é, num
conjunto de atitudes de construção de aprendizagem que envolva todo o sistema
educativo de uma forma global. “As decisões a tomar devem, assim, basear-se nas
evidências e informações recolhidas, mas devem sempre ter em conta o ambiente
interno (condições estruturais) e externo da biblioteca (…)” (Texto da sessão).
O processo de auto-avaliação da BE é essencial para redefinir as políticas
educativas pertencentes a qualquer escola, mas também auxilia a RBE a tomar decisões
relativamente ao seu programa, porque, raramente, encontramos uma verdade absoluta
num sistema tão complexo como o do desenvolvimento das variadas competências.
“School librarians have significant challenges ahead of them as they contribute to the
development of their school as an inclusive, interactive and empowered learning
community, particularly now in the context of an intense information and technology
environment.” ( Todd Ross in 68yh IFLA Council and General Conference – August
18-24,2002).
Procura-se um aluno construtor da sua própria aprendizagem e da sua tomada de
consciência enquanto cidadão capaz de pensar por si próprio, já que vive num mundo
exigente e em constante mutação. “The destination is not an information literature
student, but rather, the development of a knowledgeable and knowing person (…)”.
(Todd Ross in 68yh IFLA Council and General Conference – August 18-24,2002).
O modelo de auto-avaliação vai incidir principalmente neste contexto, uma vez
que a BE escolar existe para o aluno construtor da sua própria aprendizagem. A
avaliação pressupõe condições para relacionar a aprendizagem efectiva nos novos
contextos e moldar as funcionalidades da BE na direcção destes objectivos. A BE deve
dar, por isso, provas da sua maturidade, já que é uma proporcionadora directa de um
dinamismo crescente, actual e inovador.

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