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das florestas, pelos ermos da noite, constelada pela penumbra lunar, com sua tez
feminina. E desse modo, podemos existir no solunar, no crepuscular – no entre-lugar –
que entrelaça sol e lua, dia e noite, masculino e feminino, celebrando a inteireza
dinâmica e in-tensiva de nossa existência em fluxo, inacabada, tão singular e tão plural,
tão demasiadamente humana.
A-venturar se desdobra no realçar e no atiçar o elã que move o corpo e o
espírito, que nos co-move por inteiro nas venturas das ventanias do mundo, na busca
que leva à afinação do trançar a urdidura do humano, de seu advento, como expressão
in-ventiva do ser-sendo, do sopro cósmico que, no ritmo e na dança tensorial de seus
eventos, aventa a beleza que encanteia a vida. Somos des-tinados às travessias
instauradoras de pontes, de redes, de modos de relação fratriarcais que vicejam nossa
existência e nossa coexistência no cosmos/caosmos.
Carecemos de uma pedagogia da itinerrância em que, como bandoleiros – homo
viator – transitamos entre as errâncias do caminhar como peregrinos aprendentes nas
ensinanças das sendas abertas do ser-sendo, no crivo da tragicidade de cada experiência
vivida com a nervura do corpo e o vigor do espírito. Aprendizados que brotam na
calidez do aqui-agora, no carpe diem.
Assim, o espírito pregnante, despojado e irreverente, volteia pelos itinerários das
itinerrâncias semoventes, pelos laços das encruzilhadas, cultivando, no arco de cada
momento, uma aprendência desprendida e espirituosa – a auto e a inter-aprendência –
que faz a vida jorrar escorrente, se desbordar altiva em seu singrar in-tensivo no leito
encurvado de seus rios. Nesse fluxo, podemos atingir o cume da terceira margem, a
fruição do estado poético e anímico de nossa existir no mundo, no desmundo – nas teias
entrelaçadas do intermundo.