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Em relação ao Pará, existe a perspectiva de que esse Estado possa ser beneficiado pela
extensão do gasoduto Meio Norte ou pela possível construção do primeiro trecho do
gasoduto do Sul. Uma outra alternativa de oferta de gás natural cogitada para o território
paraense é a importação de gás natural liquefeito (GNL). Contudo, todas elas devem ser
cuidadosamente avaliadas.
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Este artigo de opinião foi elaborado por Marcos Vinicius Miranda da Silva, analista de sistemas energéticos,
com doutorado pelo Programa Interunidades de Pós-graduação em Energia da Universidade de São Paulo. E-
mail: energiapara@yahoo.com.br
O Pará não possui reservas de gás natural, caso um dos empreendimentos anteriormente
mencionados seja concretizado, acredita-se que a oferta dessa fonte energética não ocorrerá
antes de 2011. Portanto, a GASPARÁ terá que ficar em compasso de espera, pois não é
prudente iniciar a construção de uma rede estadual de distribuição de gás sem a definição
do prazo para o início das obras do gasoduto Meio Norte, que provavelmente levará dois
anos para ser concluído.
Em uma estrutura organizada, o papel da GASPARÁ seria de execução das obras, com o
objetivo de desenvolver suas atribuições de distribuição e comercialização de gás. O
planejamento da oferta dessa fonte energética ficaria a cargo de uma secretaria ou outra
instituição governamental que seria criada para esse fim, por exemplo, semelhante à
Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Isso é necessário para evitar que os interesses
comerciais dessa companhia se sobreponham aos interesses da sociedade
O aumento do consumo de gás natural não depende apenas da oferta e da ampliação da rede
de distribuição, o preço dessa fonte energética também é um ponto crucial. Por exemplo, o
projeto siderúrgico da Rio Tinto, em Corumbá, teve que ser modificado para carvão
mineral, devido à incerteza sobre o preço do gás que foi gerada pela estatização das
reservas bolivianas. Recentemente, a Vale anunciou que utilizará carvão mineral na Ceará
Steel por não poder contar com o subsídio no preço do gás comercializado pela Petrobras.
A Usina Siderúrgica da Bahia (USIBA), produtora de ferro esponja, teve que adiar a
ampliação de sua planta em função do elevado preço do gás. Esses fatos são um forte
indício de que a produção de ferro esponja através do processo de redução direta (DRI) só
apresentará viabilidade econômica se o preço do gás natural for baixo, girando em torno de
US$ 1,7 por milhão de Btu, como apontado pela Vale para viabilizar a produção de ferro
esponja no complexo siderúrgico de Tubarão (ES).
Um preço dessa ordem provavelmente só poderá ser alcançado através de subsídio, o que
não será aceito pelo setor siderúrgico nacional. Dessa forma, a perspectiva de usar o gás
natural para produzir ferro esponja no pólo siderúrgico de Marabá dificilmente será
concretizada.
Enquanto o governo estadual encampa a estruturação da GASPARÁ, milhares de paraenses
que vivem na zona rural ainda consomem energia como na Idade Média, problema que não
será resolvido pelo programa LUZ PARA TODOS. Por outro lado, a produção de
biocombustíveis não deslanchará sem o suporte desse governo. Num Estado pobre, os
recursos monetários disponíveis devem ser investidos com inteligência. Esse é o primeiro
passo para romper as amarras do atraso socioeconômico.