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Sabado, 31 de Maio de 1997 SERIE — Numero 22 BOLETIM DA REPUBLICA PUBLICACAO OFICIAL DA REPUBLICA DE MOCAMBIQUE 4° SUPLEMENTO IMPRENSA NACIONAL DE MOGAMBIQUE AVISO Amatéria apublicarno «Boletim da Republica» deve ser remetida em cépia devidamente autenticada, uma por cada assunto, donde conste, além das indicagdes necessérias para esse efeito, o averbamento seguinte, assinadoe autenticado: Parapublicaggono «Boletimda Reptblica» SUMARIO Assembleia da Repiblic: as lo | Define ae socmas epecas que reg a orgunizato 0 | fndananesa do Manso de Mapto | "Betas o esto os nares © dos membroe dot éepon die | autarqua locas territoriais. Lain 1253 i Let do Recenseamento Geral da Populagio ¢ Habitagio ¢ de | revogacao da Let 1/90, de 13 de Abr Let n°797, de 31 de Mato ‘A Constituigio da Repsiblica estabelece que as autarquias locais esto sujeitas a tuela administrativa do Estado, nos termos dali. [Nestes termos e a0 abrigo do disposto non? 1 do artigo 135 da Constituigdo, a Assembleia da Reptblica determina: ARTIGO 1 (Ambito) ‘A presente Lei estabelece 0 regime jurfdico da tutela administrativa do Estado a que esto sujeftas as autarquias locas ARTIGO 2 (Tutela administrativa) 1A tutela administrativa do Estado sobre as autarquias locais consiste na verificacao da legalidade dos actos administrativos dos érgtos autérqucos, nos termos da presente Lei. 2. O exercicio do poder tutelar pode ser ainda aplicado sobre 0 mérito dos actos administrativos das autarquias locais apenas nos casos ¢ nos ermos previstos na presente Lei ARTIGO 3 (Autonoma e tutela) 1. As autarquias locais s4o autGnomas na realizag&o das suas atribuigdes, sem prejujzo do exercicio dos poderes de tutela administrativa do Estado. 2. Atutelaadministrativa do Estado s6 pode limitaraautonomia das autarquias locais, nos termos estabelecidos na lei. ARTIGO 4 (Modalidades) 1. Oexercicio da tutela administrativa do Estado compreende a verificagao da legalidade dos actos administrativos dasantarquias locais através deinspecedes, mquénitos,sindicanciaseratificagoes. 7 Independentemente de inspeceo, inquérito ou sindicancia, (os Orgtios de tutela administrativa do Estado podem solicitar 114-2) informagbes e esclarecimentos sobre decisbes,administrativas dos ‘Srgtos ¢ servigos das autarquias locals. ARTIGO 5 iscallzagio) 1.0 6rgio com poderes tutelares pode realizar inspecdes, inquéritos ou sindicdincias aos actos administrativos dos érgios autérquicos de forma regular ou ocasional. 2. A inspecedo consiste na verificacao da conformidade, com ale, {dos actos amtinistrativos praticados e dos contratos celebrados pelos ‘6rgtos e servigos das autarquias locas. 43. 0 inguérito consiste na averiguasto da legalidade dos actos administrativos dos Gretos eservigos das autarquias locals em virtwde de denincia fundada ou ainda, quando resulte de informagoes © recomendagdes de uma inspeceaio anterior, 4. A sindictncia consiste na indagagio profunda e global da actividade dos Orgios ¢ servigos da autarquia local, quando existam Indios de ilegalidades que, pelo seu volume ou gravidade, niio possam ser averiguados no ambito de mero inquérito, ARTIGOS (Ratificagiio) 1. A eficécia de certos actos administrativos dos Grgios das ‘autarquias locals fica dependente da ratficago do Srgto da tutela administrativa. 2. Carecem de ratificagto do Grgio tutelar os actos administrativos dos érgtos autérgiuicos expressamente indicados na lei, bemn como os, ‘que tenham por objectivo: 4) aprovar o plano de desenvolvimento da autarquia local; ) aprovar o orgamento; ©) aprovar o plano de ordenamento do teritrio; 4) aprovar 0 quadro de pessoal; 2) aprovar a contracgio de empréstimos © de amortizagto lurianuel, 3. O.6rgto de tutela administrativa dispbe apenas da Faculdade de ratificar ov nilo 0 acto administrativo, nBo podendo introduzir ou ‘Propo alteragdes nem substitu(so por outro. 4. A no ratificagto expressa dos actos administrativos ¢ das deliberagbes referidas no n° 2 deste artigo carece sempre de fundanientagio do éegso tutelar, ‘5. 0s actos administrativos nao raificados sao inexequiveis, ARTIGO7 ‘Regime de ratificagdo tutelar) 1, Parnefeitos de ratificaggo tutcla serdremetida dentidade tutelar, pelopresidente do éegto autérquico, umacertidio ou cpiaautenticada do acto sujeito& tutela, 2. A ratificagdo tutelar 86 pode ser recusada com fundamento em ‘legalidade do acto sujeito a tutela ou na sua desconformidade com os plaose programas aqua auargus exes vnc, oe ee da ‘ A atficaggo tutelar pode ser parcial, quando serefira.a uma parte ‘auténoma de um acto susceptivel de decisto sem alteracio do seu conteddo. 4, Aratificagtotutelar pode ser concedida sob condigao suspensiva ou resolutiva tendente a garantir a conformidade do acto sujeito a tutta com a legalidade. ‘5. Considera-se a ratificagao tutelartacitamente concedia se, no ‘Prazo de quarenta e cinco dias a contar da recepg8o da certidao ou I SERIE — NUMERO 22 pia referida no n° 1, no for comunicada por escrito a sua denegagio expressa, otal ou parcial, ao Grgto tutelado. 6. Daratificagao tutelar ou da sua recusa, cabe reclamagéo graciosa ou recurso contencioso com fundamento em ilegalidade, nos termos gerais da lei, 7. Tem legitimidade para reclamagao graciosa e para recurso contencioso previstos no némero precedente: a)aspessoasquenelestenbam nteresselegitimo, directo, ‘imediato ¢ actual; ‘bo Grgao tutelado, nos casos derecusa daratificagtioou ‘atificaglo parcial ou ainda sob condigao. ARTIGO 8 (Orgfios de tutela) 1. A tutela administrativa do Estado cabe ao Governo e 6 ‘exercida pelo ministro que superintende na fungi pablicae nna administragio local do Estado e pelo ministro que superintende no planoe finangas, no dominio das respectivas Areas de competéncia, 2, Sem prejuizo do estabelecido no n° 1, o ministro que superintende na fungto piblica ¢ na administraglo local do Estado ¢ 0 Grgto central da tutela administraiva. 3. As competéncias de wutela administrativaestabelecidas ‘no n° 1 poderdo ser delegadas nos governadores provinciais ‘pelos ministros competentes em razao da matéria, 4. Osactos administrativos praticados aoabrigodonimero anterior poderio ser objecto derecursoaoministrocompetente ‘em razdio da matéria, podendo por este serem confirmados, revogados, modificados, suspensos, ou convertidos. ARTIGO9 (Sangées) ‘A prtica de ilegalidades graves no ambito da gestio autrquica, a responsabilidade culposa pela inobservancia ‘das suas atribuigGes, amanifestanegligéncia no exercfcio das suas compettncias e dos respectivos deveres funcionais, ‘constituem fundamento de perda de mandato do titular do (rglo ou de dissolugao do Grgo a quem forem imputadas. ARTIGO 10 (Perda de mandato) 1. fundamento para perda do mandato dos titulares de cargo em Grgiios das autarquias locais a pratica de actos ccontrérios & Constituiglo, a persistente violagao da lei, a ‘quebra grave da ordem piiblica e a condenagio por crime ‘pantvel com pristo maior. 2. Perdem o mandato os tivulares de drgios das autarquias locals que’ 4@) apts a eleigdo, sejam colocados em situacio que os tome inelegiveis ou se torne conhecida qualquer situago de inelegibilidade anterior 8 eleigdo; ») sem motivos, deixem de comparecer a seis reunives seguidas ou a doze reunides interpoladas; ©) pratiquem individuamente alguns dos actos pre- vistos no artigo 9 da presente Lei; ) apts as eleigdes, se inserevam em partido politico diverso ou adiram a lista diferente daquela em que se apresentaram a sufrégio. 31 DE MAIO DE 1997 114-63) 3. Perdem 0 mandato os titulares de Orgios das autarquias locais que, no exercicio das suas fumgdes 08 por causa delas, se coloquein ean situago de incompatibilidade, por ntervirem em processo administrative, acto ou contrato de diteito pablico ou privado, quando: 4@) nele tenham interesse, por si, como representantes ov ‘como gestores de negécios de outra pessoa: ) por si ou como representantes de outra pessoa, nele tenham interesse orespectivo cOnjuge, parente ou afim ‘em linha recta éna linha colateral até ao segundo grau ‘ou em qualquer pessoa com quem viva em economia comum; ©) por si ou como representantes de outra pessoa, tenbam interesse em questo semelhante que deveserdecidida ‘ou quando tal situago se verfique em relagdo.a pessoa abrangida pela alinea anterior, 4) tenham intervido como peritos ou mandatérios, ou hajam dado parecer sobre a questdo a resolver; ©)tenban intervido no processo conio mandatério, qualquer das pessoas referidas na alinea b); J)contraeles ou qualquer dos seus parentes ou afins referidos: ‘naalfnea b) tenha sido proferida sentenga condenatéria ‘ransitada em julgado numa acco judicial proposta por ‘um dos interessados no proceso administrative, acto (ou contrato, ou pelo respectivo cOnjuges £8) setrate derecurso de decistio proferida por si oucomasua {ntervengo, proferida por qualquer das pessoas referidas na alinea D) ou com a intervencio destas 4, De modo a evitar a situasdo de incompatibilidade, os titulares de Gros das autarquias locais devem revelar a0 érglo ‘em que se integram a existéncia do conflito de interesses e pedir escusa de participagao na decisto em causa. ‘5. Constitu ainda causa de perda de mandato a verificagto, em. momento posterior ao da elei¢io, por inspeccto, inguérito, sindicéncia ou qualquer meio judicial, da priica por aoga0 ou omissto de ilegalidades graves em mandato imediatamente ante- fior exercido num 6rgio de qualquer autanquia local. ARTIGO 11 (Proceso e competéncia para a decisio de perda ‘de mandato) 1. A perda de mandato ser precedida de: 4) inguérito ou sindicancia aos Grgaos ou aos servigos nos casos nfo previstos nas alineas seguintes; ‘b)semtenga judicial transitada em julgado, no.caso da pritica dos factos. passiveis de procedimento criminal re- feridos no n° 1 do artigo anterior, ©) verificagao dos factos que consubstanciem as situagdes das alineas a) ¢ 6) do n° 2.do artigo anterior, 2. Nos casos das alineas a) ¢ b) do nimero anterior, se as conclusdes do inquérito ou da sindicAncia ou ainda de sentenga transitada em julgado revelarem a exisiéncia de qualquer das situagdes que constituem fundamento para a pera do mandato, isso serd comunicado a0 ministro competente, nos termos do artigo 8, pela entidade que houver promovido 0 inguérito ou a sindicdincia, 3.No caso da alinea ¢) do n” 1, a verificacdo dos factos cabe & assembleia da autarquia local, que os comunicar& ao ministto competente, nos termios do artigo 8. 4. Tomando conhecimento de factos susceptiveis de conduzir a perda do mandato, o ministro competente, nos termos do artigo 8, assegura que o visado seja ouvido, fixando-se o prazo de trinta dias para a apresentagao da sua defesa ¢ fomiecendo-Ihe todos os elementos por ele soliciados que possaum ser essenciais para a defesaede que ainda nao tentacon! to, nomeadamente,0s relat6rios dos inquéritose sindicancrase respectivoselementosde rova. 5. Produzida a defesa Jo visado, © ministro com poderes tutelares aprecia todos os elementos do processo e remete-0 a0 ‘Conseiho de Ministros para decisao. 6. A decisto de perda de mandato € impugnével junto do ‘Tribunal Administrative pelo titular ou membro visado, ARTIGO 12 (Impugnagao contenciosa do Decreto de Perda de Mandato) 1. A impugnagio contenciosa do Decreto de Perda de ‘Mandato poderd ser feita junto do Tribunal Administrative por ‘qualquer titular dos Grgdios ou membro visado. 2. 0 prazo de interposido do referido recurso é de vinte dias a contar da data da publicastio do Decreto de Perda do respectivo Mandato e tem efeitos suspensivos. 3. O Conselho de Ministros poderd contestar, querendo, a ‘impugnagao do Decreto, no prazo de vinte dias acontar da data de notificag#o ou revogar o seu Decreto antes da deliberago do ‘Tribunal Administrativo, 4, 0 processo previsto nos nimeros anteriores tem cardcter vurgente, ARTIGO 13 (Dissolugio dos érgios das autarquias locals) 1. Qualquer 6rglo colegia da autarquialocal pode ser dissolvido pelo Conselbo de Ministros quando: 4) obstearealizago de inspeceao, inquérto ou sindictncia, ‘quando se recuse a prestar aos agentes da inspeoyto informagies ¢ esclarecimentos ou a faculta-Ihes 0 exame aos servigos € a consulta de documentos; )tenbaresponsabilidade na nfo prossecurto, pelasutarguia, das aribuigbes aque se refere oartigo 6 da Leiw? 297, de 18 de Fevereiro; ‘6) nfo dé cumprimento a decisées definitivas os tribunais; <)tenhaobstado a aprovacio, em tempo dil, deinstrumentos essenciais para o funcionamento da autarquia local, salvo ocorténcia de facto julgado justificativo eno imputavel ao Grgto em causa; €) no apresenteajulgamento, no prazo legal, as respectivas conta, salvo ocorténcia de facto julgado justificativo; ‘A ontvel de endividamento da autarquia local ultrapasse os limites legalmente autorizados; 8) 0 encargos com o pessoal ultrapassem os limites estipulados na lei 2. Adissolugio€ proposta pelo ministro com poderes tutelares, sendo objecto de decreto fundainentado. 3. O decreto de dissolucdo do conselho municipal ou de povoagao designar uma comiss4o administrativa que se manterd fem fungbes até A sua substituigao, nos termos da lei, apés a realizago deeleigdes para 0 presidente do conselho municipal ou de povoagao. 114-34) 4. A dissolugio do consetho municipal ou de povoagdo no implica a perda do mandato do tespectivo presidente nem a dissolugao da correspondent assembleia municipal ou de povoacio. 5. A dissolugdo do conselho municipal ou de povoagto & precedida de audigao da correspondente assembleia municipal ou 7 lugao da assembleia tem as consequencias previstas na Lei n? 2/97, de 18 de Fevereiro . ARTIGO 14 (Bfeltos da dissolugio e da perda de mandato) 1. No perfodo de tempo que resta para conclusto do mandato interrompido eno subsequente perfodo de tempo correspondente ‘novo mandato completo, os membros dos érgaos da antarquia local, objecto do decreto de dissolugdo, bem como os que hajam perdido 0 mandato nao podertio desempenhar fungbes em drgtios

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