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asa en lind tla: Oa UM LIVRO TLUSTRADO DE MAUS ARGUMENTOS ‘Tradugo para o portugués por Diogo Lindner Diogo Lindner - lindnerdiogo@gmail.com - 9 de novembro de 2014 Essar letrinhas middas no server a nenhuum propésito, a nie sero de fazer este ivro parecer um livro real. Em livras impressos, ‘ormalmente se vé um grande pardgrafo de Itas pequenas na primeira ou na segunda pigina, seguido por termos como © 2013. ‘Tadios os direitos reservados, tc. ¢ tal. Impresso nos Estados Unidos da América. O editor também pode inclur algumas palavras para desalentar potenciais pratas. Nenhuma parte desselivro pode ser tilizada ou reproduzida por nenhum meio sem permissio ‘scrita. Isto € tipecamente seguido por uma lina ou duas sobre o editor, seguida por uma sequéncia de mimeros. ara maiores informagies, por favor conlateJaspeeCollins Publishers, 99 St Marks Pl New York, NY 10S, 12.13 1415 16 LPISSRH 10987654321 Mas, falando sério, tado 0 que vocé necessta saber & que este trabalho esti compartifiaca sob uma licenca Creative Commons BY-NC o que significa que vocé pode compartilhiclo e adaptao livemente para uso no comercial, com a correspondente _atribuigdo dos autores. Diregio cristiva e antistica: Ali Almossawi, lustragées: Alejandro Giralda, Tradugio para o portuguis: Diogo Lindner. Revisdo da tradugao: Tiago Femandes. “Eu amo esse livro ilustrado de maus argumentos. Um compéndio de falhas sem uma sé falha.” —Prof. Alice Roberts, anatomista, apresentadora do programa da BBC ‘The Incredible Human Journey’ “Um resumo maravilhosamente digerivel das armadilhas e técnicas de argumentagao. Eu nao co! ensinado ou reintroduzido a nogées fundamentais do discurso pensar em uma manetra melhor de ser légico. Um pequeno livro delicioso.” —Aaron Koblin, Diretor Criativo da equipe de Data Arts do Google PARA QUEN £ ESTE LIVRO? PREFACIO APELO AS CONSEQUENCLAS ESPANTALH APELO A AUTORIDADE IRRELEVANTE EQUIVOCO TALSO DILEMA CAUSA QUESTIONAVEL APELO AO MEDO GENERALLIACAD APRESSADA APELO AIGNONANCIA FALSO ESCOCES TALACIA GENETICA CULPAPOR ASSOCIAC AO AIRMAR A CONSEQUENCIA APULO ANTPOCRISTA BOLADE NEVE APtLO A MULTIDAO AD HOMINEN LACIOCINEO CIRCULAR COMPOSICAOE DIVISAD CONSIDERACOES FINALS DEFINICOES BIBLIOGRATIA PARA QUEM E ESTE LIVRO? Este livro € direcionado aos novatos no campo do raciocinio Igico, particularmente aqueles que, tomando emprestada uma expresso de Pascal, tém como caracteristica compreender melhor através do visual. Eu selecionei um pequeno conjunto de erros comuns de raciocinio e os elucide! utilizando llustragdes féceis de recordar, que s3o complementadas com varios exemplos. Minha esperanca € que © leitor aprenda dessas paginas algumas das armadilhas mais comuns da argumentacio e que seja capaz de identifica-las e de evita-las na pratica.. ~TREFACIO A literatura em légica e em falacias légicas é longa e exaustiva. A novidade neste trabalho esté no uso de ilustragdes para descrever um pequeno conjunto de erros comuns de raciocinio que esto presentes em grande parte de nosso discurso atual. ‘ [AS ilustrages so, em parte, inspiradas por alegorias tals como as de “A Revolugo dos Bichos” de Orwell e, em parte pelo humor nonsense de obras como as histérias e poemas de Lewis Carroll. Mas, ao contrério dessas obras, ndo & a narrativa que as mantém coesas. Elas sio cenas distintas, unidas somente através do estilo ¢ do tema, o, que oferece uma melhor adaptabilidade e possibilidade de reutilizagao. Cada falécia esté exposia em apenas uma pagina e, por isso, a concisio da prosa é intencional. Ler sobre coisas que ndo deve fazer é realmente uma experiéncia de aprendizagem muito uitil. Stephen King, em seu livre On Writing (ainda nao traduzido para o portugués), escreveu: “Aprende-se mais claramente 0 que nao fazer pela leitura de prosa ruim”, Ele descreve ‘essa experiéncia de ler uma novela particularmente terrivel como, “o equivalente literério da vacina contra a variola”. [King] © matemético George Pélya é citado como tendo afirmado, em uma conferéncia sobre 0 ensino da disciplina que, além de entendé-ta bem, é necessério também saber camo nao entendé-la. [Pélya] Esse trabalho fala primariamente sobre coisas que nao se deve fazer em argumentacao.! 1 Para ver o inverso, vejao livro de T. Edward Damer sobre raciocinio incorreto, HA muitos anos atrés, eu passel parte de meu tempo escrevendo especificagies de softwares’usando légica de predicados de primeira ordem. Foi uma intrigante maneira de raciocinio sobre invariantes, usando matemética discreta em vez da notagao usual (inglés). Isso trouxe precisio onde havia ambiguidade potencial, e rigor onde havia alguma imprecisio. Durante esse mesmo tempo, eu examinel alguns livros sobre légica proposicional, tanto modernos quanto medievais, um dos quals fol o livre A Handbook of Logical Fallacies,” de Robert Gula. 0 livro de Gula lembrou-me de uma lista de heuristica que eu tinha rabiscado em um cademe, a uma década airds, sobre como argumentar; elas erain a resultado de vérios anos argumentando com estranhos em féruns online, ¢ tinham coisas como: “tente nia fazer generalizagtes sobre as coisas”. Isso € ébvio para mim agora mas, para um colegial, foi uma descoberta emocionante, Rapidamente ficou evidente que formalizar os raciocinios prdprios pode levar a beneficios titels, tals como clareza de pensamento e de expressio, objetividade e maior confianga. A capacidade de analisar argumentos também auxilia a fomecer um critério para saber quando se retirar de discusses que provavelmente seriam inttels. Questies e eventos que afetam nossas vidas e as sociedades nas quais vivemos, geralmente levam as pessoas a debater politicas e crengas. Ao observar algumas dessas discusses, tem-se a impressio de que uma quantidade consideravel delas sofre com a auséncia de bons * NT—Sem tradugio para o portugues. raciocinios. O objetivo de alguns dos escritos sobre légica é auxiliar a reconhecer as ferramentas e 05 paradigmas que permitem o bom raciocinio e, consequentemente, levam a debates mais construtivos. ‘Uma vez. que a persuasdo nao se dé em funcdo apenas da légica, mas também de outras coisas, é ttil estar ciente das mesmas. A retérica provavelmente esta no topo da lista, e preceitos como o principio da parciménia me vém a mente, assim como conceitos como o “énus da prova” e onde ele reside. O Ieitor interessado pode consultar a ampla literatura existente sobre o tema. Para concluir, as regras da légica no sdo leis do mundo natural, nem constituem a totalidade do raciocinio humano, Como Marvin Minsky afirma, o raciocinio do senso comum ardinério é dificil de explicar em termos de principios Igicas, assim como as analogias, acrescentando, “a légica explica como pensamos tanto quanto a gramatica explica como falamos”. [Minsky] A légica no gera novas verdades, mas permite que se verifique a consisténcia e a coeréncia de cadeias de pensamento existentes. E exatamente por essa razdo que ela demonstra ser uma efetiva ferramenta para a andlise e a comunicagao de ideias e angumentos. —A.A,, Sdo Francisco, julho de 2013 ‘© primeito principio € que vocé ndo deve enganar a si mesmo, e voc® € a pessoa mais fécil de enganar. —Richard P. Feynman 40 Falécia Informal» Pistas Falsas » Apelo as Consequéncias o~ Apelo as Consequéncias (© “apelo as consequéncias” consiste em falar a favor ou contra a verdade de uma declaragio apelando s consequéncias de aceitar ou de rejeité-Ia. Apenas porque uma proposigao leva a algum resultado desfavoravel nao. significa que ela é falsa. Da mesma forma, o simples fato de que uma proposigao tem consequéncias positivas no a torna automaticamente verdadeira. Como coloca David David Hackett Fischer, “ndo se deduz que uma qualidade ligada a um efeito seja transferivel & sua causa”. No caso de consequéncias positivas, um argumento pode apelar as esperancas de uma audiéncia, 0 que, por vezes, toma a forma de pensamento positivo. No caso de consequéncias negativas, tal argumento pode por sua vez apelar para os temores de uma audiéncia, Por exemplo, seguindo a linha de Dostoievski: “Se Deus no existe, entdo tudo é permitido.” Ponda a parte discussies sobre moralidade objetiva, o apelo as consequéncias sombrias de um mundo puramente materialista no diz nada sobre se o antecedente é verdadetro ou ni Deve-se ter em mente que tais argumentos sio falaciosos samente quando eles lidam com proposigies com valores objetivos de verdade, ¢ ndo quando eles Lidam com as decisées ou politicas, [Curtis] como por exemplo, o caso de um politico que se opie ao aumento de impostos por medo de que ele vé ‘ter um impacto adiverso nas vidas dos eleitores. BEM, SENOS LIVRARMOS DO NOSSO GADD, VAMOS TER QUE CAMINHAR PARA TODO 0 LUGAR, £ 1550 SERIA TERRIVEL PARA O MORAL. PORTANTO, EMISSOES DO GADO NAO ESTAO MATANDO 0 PLANETA. 12. Falacia Informal » Pistas Falsas » Espantalho Espantalho Caricaturar intencionalmente 0 argumento de uma pessoa com 0 objetivo de atacar a caricatura ao invés do argumento real & 0 que se entende por “colocar um espantalho”. Deturpar, citar de maneira incorreta, desconstruir e simplificar demais sio os meios pelos quais se comete essa falécia. Um argumento do espantalho é geralmente mais absurdo que o argumento real, o que o toma um alvo mais fécil de atacar e, possivelmente, leva 0 oponente a defender o argumento mais ridiculo ao invés do original. Por exemplo, Meu oponente estd tentando convencé-lo de que nés evoluimos de macacos que se ila. Esta é claramente uma deturpacao do que afirma a biologia evolutiva, que & a ideia de que humanos e chimpanzés compartilharam um ancestral comum ha virios milhdes de anos atrés. Deturpar a ideia é muito mais facil do que refutar as evidéncias da mesma, ; balangavam em drvores; uma afirmagao realmente ric OENERCICO, MUSCULADO E COLORIDO TUCANO FOI COMPLETAMENTE DESFIGUKADO POR UM DOS ARTISTAS. MALS TARDE, ELE MOSTROU A0 PUBLICO SUA PINTURA E CRITICOU 0 QUAD ABORRECIDO E SEM VIDA 0 TUCANO PARECEU 14 Falacia Informal »Pistas Falsas > Faldcia Genética » Apelo 4 Autoridade Irrelevante ~~ Apelo a Autoridade Irrelevante Um apelo a autaridade é um apelo ao senso de modéstia [Engel], 0 que quer dizer, um apelo a0 sentimento de que os outros so mais bem informados. A esmagadora maioria das coisas nas quais acreditamas, como os tomos eo sistema solar, assentam em uma autoridade flavel, assim como todas ‘as afirmagées histéricas, parafraseando C. S. Lewis. E possivel apelar razoavelmente 4 autoridade pertinente, como os cientistas e os académicos tipicamente o fazem. Um argumento se toma falacioso quando o apelo é a uma autoridade que no é especialista no assunto em questo. Um apelo semelhante que merece atencdo € o apelo & autoridade vaga, onde uma idefa € atribuida a um coletivo vago, Por exemplo, Professores alem@es mostraram que tal ¢ tal coisa é verdadetra. Um tipo de apelo a autoridade imelevante € o apelo sabedoria antiga, onde algo é considerado verdadeiro somente por que se acreditava ser verdadeiro ha algum tempo atts, Por exemplo, A astrologia era praticada por civilizagées tecnalogicamente avancadas, como a China Antiga, logo ela deve ser verdadeira. & possivel também apelar & sabedoria antiga para apolar coisas que sio’ Idiossincréticas, ou que podem mudar com o tempo. Por exemplo, As pessoas costumavam dormir nove horas por noite hd muitos séculos, portanto nés precisamos dormir 0 mesmo tempo nos dias de hoje também. Ha todos os tipos de razées que podem ter levado as pessoas a dormir por periodos mais longos de tempo no passado. © fato de que elas o fizeram nao fornece nenhuma evidéncia ao argumento, i | / CUENDANIOS (WAN Jf, fy EGER QUA QUL/SE A/SAB/00N CURIOSAMENTE, 0 PROFESSOR a 0 MALS [LUS DO MUNDO, £ FREQUENTEMENTE CLTADO EM tus COM A FLDELIDADE. ie VIVO ACIONADAS S55 a == 16 _ Falacia Informal » Ambiguidade + Equivoco Equivoco equivoco explora a ambiguidade da linguagem, alterando o significado de uma palavra durante 0 curso de um argumento e usando os diferentes significados para apolar determinada conclusio. A palavra cujo significado é mantido durante todo um argumento € descrita como sendo usada univocamente. Considere 0 seguinte argumento: Como vocé pode ser contra a fé quando fazemos ‘atos de fé’" 0 tempo: todo, por exemplo, com os amigos, com os potenciais cénjuges e com investimentos? Aqui, @ significado da palavra “fé” € deslocado de uma crenga espiritual em um Criador para a confianga em um empreendimento arriscado. Uma invocagdo comum dessa faldcia ocorre em discusses sobre ciéncia e religiio, onde o termo “porqué’ terme que busca causa, que é o principal motor da ciéneia, ¢ em outro ele pode ser utilizado como um pode ser utilizado de maneiras equivocadas. Em um contexto, pode ser utilizado como um termo que busca propésito, e tratar sobre temas morais ¢ lacunas dé conhecimento, para os quais a Ciéncia pode nao ter respostas. Por exemplo, pode-se argumentar: A ciéncia nao pode nos dizer 0 porqué de as coisas acontecerem. © porqué de nés existirmos? © porqué de sermos seres morais? Assim, precisamos de alguma outra fonte para nos dizer por que as coisas acontecem. * Nota do tradutor: Originalmente “we take leaps of faith”, Em portugués, a tradugdo mais adequada seria “damos votos de confianca” ao invés de “fazemos atos de fé". Optou-se por manter uma tradug30 mals literal para que fique mais bem evidenciado 0 intento do autor, de jogar com os signtficados da palavra “faith”, a saber, “{ em sentido religioso e no sentida de “confianca’’. “Nota do tradutor: Originalmente trata-se do significado de “why”, que é traduzida como “porque”. ARAINIA sly PARA A rguin ECURIOSA GARCA QUE tA rand. COMER GELETA EM UM OUTRO sit NUNCA HOJE, POLS HOJE NAO £ A 418 _ Falscia Informal » Hipatese Injustificada » Falso Dilema? Falso Dilema Um falso dilema é um argumento que apresenta um conjunto de duas opgdes possiveis e assume que tudo no mbito daquilo que esta sendo discutido deve ser um elemento desse conjunto. Se uma dessas categorias é rejeitada, entao se deve necessariamente aceitar.a outra. Por exemplo, Na guerra contra o fanatismo, ndo hé meio termo; ou vocé esté conosco ou com os fandticos. Na realidade, ha uma terceira opgo, pode-se muito bem ser neutro; e uma quarta opco, pode-se ser contra ambos; e até mesmo uma quinta opgio, na qual é possivel identificar-se com elementos de ambos. Em The Strangest Man,” é mencionado que o fisico Emest Rutherford, certa vez contou a seu colega Niels Bohr uma pardbola sabre um homem que comprou um papagaia em uma loja sé para devolvé-lo porque ele ndo falava. Depois de varias visitas, o gerente da loja finalmente Ihe disse: “Oh, estd certo! Voc queria um papagalo que fala. Por favor, me perdoe, Eu lhe dei o papagaio que pensa.” Claramente, Rutherford estava usando a pardbola para ilustrar 0 génic do silencioso Dirac, embora se possa imaginar que alguém poderia usar tal linha de raciocinio para sugerir que alguém é ou silencioso e um pensador-ou falante e um imbecil. 2 Essa falécia pode ser referida também como falécia do terceiro exclui dicotomia, * Nota do Tradutor: The Strangest Man: The Hidden Life of Paul Dirac, Quantum Genius — Graham Farmelo. Sem tradugdo para 0 portugués, 9, pensamento preta e branco, ou a falsa ~ QUE PARTE DO ABACATE QUE VOCE GOSTARIA DE PROVAR? - DISSE 0 COMERCLANTE. ~ EU GOSTARIA DE PROVAR 0 BOCADO DO MELO, DISSE 0 COMPRADOR, - 0 A QUE PARECE ESTAR FALTANDO. 20. Falacia Informal» Falacia Causal » Causa Questionavel Causa Questionavel Esta faldcia assume uma causa para um evento sem que haja realmente evidéncias de que esta exista. Deis eventos podem ocorrer um depois do outro ou, em conjunto, porque eles sio correlacionados, por acidente ou devido a algum evento desconhecido; ndo se pode concluir que eles estio causalmente conectados sem provas. © recente terremato ocorreu devido as pessoas desobedecerem ao ret nao & um bom argumento. A faldcia tem dois tipos especificos: “Depois disto, portanto, por causa disto” e “com isto, portanto, por causa disto”. No primeiro tipo é dito que um evento causou outro porque ele o precede. No segundo tipo, porque um evento ocorre ao mesmo tempo em que outro, é dito que ele o causou. Em ‘arias disciplinas, isso é chamado de confundir correlagéo com causa.? Aqui esté um exemplo parafraseado do comediante Stewart Lee: Eu ndo posso dizer que, porque em 41976 eu fiz um desenha de um robé e “Guerra nas Estrelas” fot lancado, emtdo eles devem ter copiado a ideia de mim. Também hé outro que eu vi recentemente em um férum online: O atacante derrubou o site da companhia de trens e, quando eu chequel 0 hordrio de chegada de trens, vocé acredita que eles estavam todos atrasados! © que quem escreveu o post ndo consegulu perceber € que esses trens raramente chegam no horério, e assim, sem qualquer tipo de controle cientifico, a Inferéncia é infundada. 3.Como se pode ver, comer chocolate e ganhar um Prémio Nobel se mostraram altamente correlacionados, talvez aumentando as esperangas de muitos comedores de chocolate. AQ FINAL DE-CADA NOITE E POUCO ANTES DO AMANRECER, 0 CASTOR FAI TODO 0 CAMINHO ATE O TOPO DA MONTANA E PEDE PARA 0 SOL © APARECER. 0 SOL SEMPRE 0 FAD. 22 _ Falacia Informal » Pistas Falsas » Apelo Emocional » Apelo ao Medo Apelo ao Medo Esta falécia joga com os temores de uma audiéncia, imaginando um futuro assustador a0 qual se chegaria se uma determinada propasicao fosse aceita. Em vez de fomecer evidéncias para mostrar que uma conclusdo decorre de um conjunto de premissas, 0: que pode fomnecer uma causa legitima para 0 medo, tais argumentos dependem de retérica, de ameagas ou de mentiras. Por exemplo, “Pega a todos 6 funcionérios para votar em meu candidato nas préximas eleicbes. Se o outro candidate vencer, ele ‘vai aumentar os impostos e muitos de vocés irdo perder seus empregos.” Aqui esté outro exemplo, tirado do romance “O Processo":" Vocé deveria me dar todos os seus bens antes de a policia chegar aqui. Eles vide acabar colacando-os no depésito ¢ as coisas tendem a se perder no depdsite, Aqui, embora o argumenta seja mais provavelmente uma ameaga, ainda que sutil, € feita uma tentativa de raciocinio, Ameagas Sbvias ou ordens que no tentam fomecer evidéncia no devem ser confundidas com esta falicia, mesmo que elas tentem explorar o senso de medo. [Engel] * Nota do Tradutor: © Processo (no original em alemio, Der Prozess), romance do escritor checo Franz Kafka. ~ OSENHOR SAPO PERDEU A ELELCAO DEPOLS QUE 0 SENHOR BURKO CONVENCEU A TODO MUNDO DE QUE, SEO SENHOR SAPO SE TORNASSE O REITOR, EM BREVE A UNIVERSIDADE INTELRA SERIA DIRIGIDA POR SAPOS. 24 Falacia Informal » Analogia Fraca >» Amostra Nao Representativa > Generalizagao Aprestada Generalizagao Apressada Essa falicia é cometida quando alguém generaliza a partir de uma amostra que seja oumuito pequena ou muito especial para ser representativa de uma populac3o. Por exemplo, perguntar a dez pessoas na rua 0 que elas pensam do plano do presidente para reduzir 0 déficit de modo algum pode ser dito que seja representativo do sentimento de toda a naga. Apesar de convenientes, generalizagdes apressadas podem levar a resultados caros e catastréficos. Por exemplo, pode-se argumentar que os pressupostos de engenharia que levaram a explosio do Ariane 5, durante o seu primeira lancamento, foram o resultado de uma generalizacio apressada: 0 conjunto de casos de teste que foram usados para 0 controlador do Ariane 4 nao foram suficientemente amplos para cobrir o conjunto necessério de casos de uso no controlador do Ariane 5. Referendar tais decisdes normalmente recai sobre a capacidade de argumentacio de engenheiros e de diretores, dai a relevancia deste ¢ de outros exemplos semelhantes & nossa discussio sobre falicias Iigicas. Aqui esté outro exemplo de Alice no Pais das Maravilhas, onde Alice infere que, uma vez que ela esté flutuando em uma massa d'égua, deverla estar por perto uma estacdo de trem e, portant, ajuda, “Alice havia ido praia uma vez em sua vida, e havia chegado a conclusio geral de que, para onde quer que ‘vocé va na costa Inglesa, vocé encontrard uma série de cabines de banho no mar, algumas criancas cavando na areia com pas de madeira, em seguida, uma fileira de casas de hospedagem, ¢ atrés delas uma estacao ferrovidria.” [Carroll] “EU NUNCA VI COMIDA QUE NAO “EU NUNCA VE COMIDA QUE FOSSEDE FORMA ARREDONDADA. NAO TENHA BORDAS RETAS ...” TODA ACOMIDA t, PORTANTO, DEFINITIVAMENTE DE FORMA ARKEDONDADA.” 26 _ Falacia Informal » Falacia dos Dados Faltantes » Apelo a Ignorancia Apelo a Ignorancia ‘Tal argumento assume que uma proposi¢ao é verdadeira simplesmente porque no ha evidéncia provando que ela nao 6. Assim, a auséncia de evidéncia é tomada como evidéncia de auséncia. Um exemplo, citado por Carl Sagan: “Nao ha nenhuma evidéncia convincente de que os OVNIs no estio visitando a Terra; portanto OVNIS existem.” Da mesma maneira, quando nés ndo sabfamos como as pirdmides foram construidas, alguns concluiram que, a menos que se prove o conirério, elas deveriam, portanto, ter sido construidas por uma forga sobrenatural. © énus da prova-sempre recai sobre a pessoa que faz uma alegacio. Além disso, como varios outros colocaram, devemos nos perguntar o que é mais provavel eo que € menos provavel fundamentando-nos na evidéncia de observagdes passadas. mais provavel que um abjeto voundo pelo espace seja um artefato feito pelo homem ou um fendmeno natural, ou é mais provavel que sejam alienigenas visitando-nos de outro planeta? Uma vex. que temos observado frequentemente o primeiro € nunca o tiltimo, é mais razoaivel concluir que € pouco provavel que os OVNIS sejam visitantes do espaco exterior. ‘A forma especifica do apelo ignordncia € o argumento da incredulidade pessoal, onde a incapacidade de uma pessoa para imaginar algo leva a uma crenca de que 0 argumento que esté sendo apresentado é falso. Por exemplo, ¢ impossfvel imaginar que nds realmente pousarnos um homem na ua, entdo isso nunca aconteceu. Respostas desse tipo s3o, por vezes, espirituosamente coritrapostas com, £ por isso que vocé néo é um astrofisico. VEJAL E UM ESTRANHO TEDKE DE LU? MOVENDO-SE PELO CEU. EU.NAO SEI 0 QUE £, ENTAD DEVEM SER ALLENS VISITANDO-NOS DE OUTRO PLANETA. 28 Falacia Informal » Ambiguidade » Equivocagao » Redefinigao » Falso Escocés Falso Escocés As vezes uma afirmagao geral pode ser feita sabre uma categoria de coisas. Quando confrontades com uma evidéncia desafiando essa afirmag3o, ao invés de aceitar ou rejeité-la, se pode contra argumentar co desafio redefinindo arbitrariamente os critérios de adesao nessa categoria.* Por exemplo, pode-se postular que os programadores sio criaturas sem habilidades sociais. Se alguém ‘vem e repudia essa afirmagao dizendo: “Mas John é um programador, e ele ndo é de todo soctalmente desajeitado”, pode provocar a resposta: “Sim, mas John no é um programadar de verdade.” Aqui, nlio esté clara quais s8o as atributos de um programador, nem a categoria das programadores esta t3o claramente definida como, digamos, a categoria das pessoas com olhos azuis. A ambiguidade permite que a mente obstinada redefina as coisas & vontade. Esta falacia foi cunhada por Antony Flew em seu livro “Thinking About Thinking”. Lé, ele dé o seguinte exemplo: Hamish esté lendo o jomal e se depara com uma histéria sobre um inglés que cometeu um crime hediondo, qual ele reage dizendo: “Nenhum escocés farla uma coisa dessas”. No dia seguinte, ele se depara com uma histéria sobre um escocés que teria cometido um crime ainda plor; em vez de alterar sua afirmagio sobre as escoceses, ele reage dizendo, “Nenhum escocés verdadeito faria uma coisa dessas.” 4 Quando um atacante maliciosamente redefine uma categoria, sabendo bem que, ao fazer isso, ele ou ela esta intencionalmente deturpando-a, o ataque se toma uma reminiscEncia da faldcia do espantalho, az SINTO MUITO, AS REGRAS ACABAKAM DE MUDAK, APENAS PORCOS VERDADEIROS PODEM ENTRAR. 30 _ Falacia Informal » Pistas Falsas » Falacia Genética : Falacia Genética AS origens de um argumento ou as origens da pessoa que o profere nao tem qualquer efeito sobre a sua validade. A faldcia genética é cometida quando um argumento é ou desvalorizado ou defendido apenas por causa de sua histéria. Como T. Edward Damer assinala, quando se esta emocionalmente ligado as origens de uma ideia, nem sempre é fécil separar-se destas para avalié-la. Considere 0 sequinte argumento, E claro que ele defende os sindicalistas em greve; afinal, ele é da mesma vila. Aqui, em vez. de avaliar 0 argumento fundamentando-se em seus méritos, ele é rejeitado pelo fato de que a pessoa vem da mesma vila que os manifestamtes. Esse pedago de informagao é usado entdo para inferir que o seu argumento é, portanto, invdlido. Aqui esté outro exemplo: Como homens ¢ mulheres que vivem no Século 21, nds ndo podemos manter essas crengas da Idade do Bronze. Por que nao? - alguém poderia perguntar. Devemos rejeitar todas as idelas que se originaram na Idade do Bronze, simplesmente porque elas surgiram nesse periodo da histéria? Por outro lado, também se pode invocar a falicia genética em um sentido positive, dizendo, por exemplo, que Os pontos de vista de Jack sobre arte ndo podem ser contestados; ele vem de uma Jonga Iinhagem de eminentes artistas. Aqui esté faltando uma evidéncia que sustente a inferéncia, tal como nos exemplos anteriores. a CON 0 DEVIDO RESPEITO, SUA ALTEZA,. COMO NOS PODEMOS ACEITAR AS IDEIAS DEUM CACKORRO QUE DESENVOLVEU ESSAS § TDELAS-ENQUANTO ESTAVANARUAT = 32 Falacia Informal» Pistas Falsas » Culpa por Associagao Culpa por Associagao Cullpar por associagio é desacreditar um argumento por propor uma ideta que é compartilhada por umindividuo ou grupo socialmente demonizados. Por exemplo: Meu oponente esté propondo um sistema de satide que lembra o de paises socialistas. Claramente, isso seria inaceitdvel. Se o sistema de saiide proposto se assemelha ou nao. ap de paises socialistas no tem influencia alguma sobre se ele € bom ou ruim. £, assim, um completo non sequitur. Outro tipo de argumento, que tem sido repetido ad nauseam em algumas sociedades, é o seguinte: Nao podemos deixar que as mulheres dirijam carros, porque nos paises infiéis as pessoas deixam suas mulheres dirigirem automéveis. Essencialmente, o que este exemplo e os exemplos anteriores tentam argumentar é que algum grupo de pessoas é absolutamente ¢ categoricamente ruim. Portanto, partilhar sequer um tinico atributo com @ grupo citado converteria alguém em um de seus membros, 0 que conferiria a ele todas os males associados a esse grupo, 7, UMA DITADULA PROS UMA DITADURA EDU ee TT ae MEU OPONENTE ACREDITA QUE DEVEMOS INVESTIR MAIS EM EDUCACAO. SABE QUEM MAIS PENSA ASSIM? 0 PROPRIO DITADORII! 34 _ Falacia Formal » Falacia Proposicional > Afirmar a Consequéncia Afirmar a Consequéncia Uma das varias formas validas de argumento 6 conhecida como modus ponens (0 modo de afirmar mediante afirmag3o) e tem a seguinte forma: Se A entio C; A, portanto C. Mais formalmente: A=mCAFC. Aqui, temos trés proposicdes: duas premissas e uma conclusio. A é chamado de antecedente e C de consequente. Por exemplo, se a agua esté fervendo ao nivel do mar, entio sua temperatura é de pelo menos 100°C. Tal argumento é valido, além de ser sélido. ‘Afirmar a consequéncia é uma falécia formal que toma a seguinte forma: Se A entao C, C, portanto A. © erro surge de presumir que, se a consequéncia é verdadeira, entio 0 antecedente deve também ser verdadeiro, o que, na realidade, no necessariamente € 0 caso. Por exemplo, Pessoas que vdo para a universidade sdo mais bem sucedidas na vida. John ¢ bem sucedido; portanto, ele deve. ter frequentado a universidade. Claramente, o sucesso de John pode ser resultante de sua educago académica, mas poderia ser também resultante de sua criago, ou de seu empenho em superar dificuldades. De modo mais geral, no se pode dizer que, porque educago académica implica sucesso, que, se alguém é bem sucedido, entdo ele deve ter recebido essa educacio. CAVALEIROS VESTEM ARMADURA, ISTRANHO. VOCE VESTE ARMADURA E, _ NOENTANTO, NAO £ CAVALEIRO i W TODO MUNDO QUE USA *ARMADUKA TEM QUE SER UM CAVALEIRO 36 Falacia Informal» Pistas Falsas » Falécia Genética s Ad Hominem> Apelo a Hipocrisia’ ~~ Apelo a Hipocrisia ‘Também conhecido pelo seu nome latino, tu quoque, ou seja, vocé também, esta faldcia implica opor uma acusagao com outra acusagio, em vez de abordar a questio a ser levantada, com a intenc3o de desviar a atengio do argumento original. Par exemplo: John diz: “Este homem esté errado porque ele do tem integridade; basta perguntar a ele por que ele foi demitido de seu tiltimo emprego,” a0 que Jack responde: “Que tal falarmos sabre 0 gordo bénus que vocé recebeu no ano passado, apesar dos cortes em metade da empresa?” O apelo a hipocrisia também pode ser invocado quando uma pessoa ataca outra porque o que ele ou ela esti defendendo conflita com suas ages passadas. [Engel] ‘Temas outro exemplo do filme de Jason Reitman, Obrigado por Fumar (Fox Searchlight Pictures, 2005), onde um didlogo carregado de tu quoque é finalizado pelo astuto lobista do tabaco Nick Naylor com: “Simplesmente me diverte a ideia de que este cavalheiro de Vermont me chame de hipdcrita, quando este mesmo homem, em um mesmo dia, organizou uma conferéncia de imprensa na qual ele defendeu que os campos de tabaco americanos fossem derrubades e queimadas, e entéo saltou em um Jato privado e voou para.a Farm Aid,” onde ele subiu em um trator no palco ¢ lamentou a queda do ‘agricultor american.” * Nota do tradutor: Concerta beneficente anual, organizado pela associacio de mesmo nome, no intuito de ‘apoiar os pequenos agricultores norte-americanos. Mais informagdes em: farmaid.org POR QUE VOCE CONTINUA COMENDO O NEU MINGAU? QUETAL SE EU COMECAR A LISTAR TODOS 05 SEUS MAUS 38 _ Falacia Informal » Causa Questionavel » Bola de Neve Bola de Neve A bola de neve® tenta desacreditar uma proposi¢ao, argumentando que a sua aceitacao, sem diivida levard a uma sequéncia de eventos dos quais, um ou mais deles serdo indese}éveis. Embora possa ser 0 caso de que essa sequéncia ocorra, cada transi¢ao ocorrendo com alguma probabillidade, este tipo de argumento parte do principio de que todas as transicdes so inevitavels, sem a0 mesmo. tempo oferecer nenhuma evidéncia que sustente isso. A falcia joga com os temores de uma audiéncia e esta relacionada a uma série de outras falécias, como o apelo ao meda, o falso dilema e a argumentagio voltada as consequéncias, Por exemplo, “Nés nao devemos permitir ds pessoas o acesso irresirito a intemet. Daqui a pouco elas eslardo frequentando sites pomograficos e, em breve, toda a nossa estrutura moral se desintegrard e seremos reduzidas a animais.” Como fica absolutamente claro, nenhuma evidéncia é fornecida, além de conjecturas infundadas e de certas pressuposigies sabre a condiita, de que 0 acesso a internet implica a desintegracio do tecido moral de uma sociedade. 5 A faldcia dabola de neve descrita aqui é do tipo causal. SE VOCE DETTAR UM VALENTAQ ENTRAR *% {M SEU QUINTAL, NO DIA SEGUINTEELE {STARA EM SUAVARANDAE, NO PROXIMO DIA ELE COMERA SEUS BEBES! OF QUE FOI UNA AADA RAPIDAI 40 Faldcia Informal Pistas Falsas » Apelo & Multidao Apelo a Multidao ‘Também conhecida como apelo ao povo, tal argumento usa o fato de que um ntimero considerdvel de pessoas, talvez mesmo a maioria, acredita em algo, como evidéncia de que, portanto, esse algo deve ser verdade. Alguns dos argumentos que tem impedido a aceitag3o generalizada de ideias pioneiras sio desse tipo. Galileu, por exemplo, enfrentou o ridiculo perante seus contemporaneos pelo seu apoio a0 modelo de Copémico. Mais recentemente, Barry Marshall teve que tomar a medida extrema de inocular a si mesmo, a fim de convencer a comunidade cientifica de que as tilceras pépticas podem ser causadas pela bactéria H. pylori, uma teoria que foi, inicialmente, amplamente descartada, Atrair pessoas a aceitar 0 que é popular é um método frequentemente utilizado na publicidade e na politica. Por exemplo, Tedos os garotos legais usar esse gel de cabelo; seja um deles. Ainda que se tomar um “garoto legal” seja uma oferta tentadora, nada suporta o imperative de que tenhamos que comprar 0 produto anunciado, Politicos frequentemente utilizam retérica similar para dar impulso & suas campanhas e para influenciar os eleitores, POR QUE VOCE NAO ESTA USANDO STA, QUANDO {UDE tt UM CHAP Ausanpounr \/ {ST 1000 MUNDO 42. Falacia Informal » Pistas Falsas » Falacia Genética » Ad Hominem® ae Ad Hominem Um argumento ad hominem é aquele que ataca 0 caréter de uma pessoa e no 0 que'ele ou ela esta dizendo, com a intenc3o de desviar a discussio e desacreditar 0 seu argumento. Por exemplo, Vocé ndo é um historiador; Por que vocé ndo se mantém em seu proprio campo? Aqui, o fato de a pessoa set ou ndo um historiador no tem impacto sobre o mérito de seu argumento ¢ nao reforga de nenhum ‘modo a posi¢ao do atacante. Este tipo de ataque pessoal é referido como ad hominem ofensivo. Um segundo tipo, conhecido como ad hominem circunstancial, é qualquer argumento que ataca uma pessoa por razbes cinicas, a0 fazer tum juizo acerca de suas intengdes. Por exemplo, Vocé ndo se importa realmente com a redugao da criminalidade na cidade, vocé sé quer que as pessoas votem em vocé. No entanto, ha situagdes em que se pode legitimamente pir em causa o carter e a integridade de uma pessoa, como durante um testemunho legal. strag3o é inspirada por uma discusso na Usenet hd varios anos, na qual participava um programador teimoso e excessivamente zeloso. "SEUS ATAQUES AD ROMINEM SAO EVIDENCIAS DE QUE SEUS ARGUMENTOS SAO INFUNDADOS”, ESCREVEU | USWARIO 226. RODRIGO COMECOU A DIGUTAR SUA RESPOSTA "VOCE PARECE SER MULTO ESTUPIDO PARA ENTENDER A DEFERENCA ENTRE UM INSULTO E UM ATAQUE AD HOMINEM. ” 44 _ Faldcia Informal > Falécia da Peti¢ao de Principio» Raclocinio Cireular Raciocinio Circular O Raciocinio Circular é um dos quatro tipos de atgumento conhecidos como “peti¢ao de principio”, [Damer] onde se assume a concluso, implicita ou explicitamente, em uma ou mais premissas. No raciocinio circular, a conclusio é descaradamente utilizada como uma premissa ou, mais frequentemente, é reformulada para parecer que é uma propasi¢ao diferente, quando na verdade nao é. Por exemplo, Vocé estd totalmente errado, porque vocé ndo esté fazendo nenhum sentido. Aqui, as duas proposigdes so uma e a mesma coisa, j que estar errado e nao fazer nenhum sentido, nesse contexto, significam a mesma coisa, © argumento esta simplesmente declarando que, “Por causa de x, portanto x”, o que no tem sentido, Um argumento circular as vezes pode contar com premissas nio declaradas, o que pode torna-lo mais dificil de se detectar. Aqui estd um exemplo da Série de TV australiana Please Like Me, onde um dos personagens condena o outro, um nig-crente, ao infemo, ao que ele résponde: “[Isso] no faz nenhum sentido. E como um hippie ameacando dar um soco em sua aura.” Neste exemplo, a premissa ndo declarada € a de que existe um Deus que envia um subconjunto de pessoas ao inferno, Assim, a premissa “Existe um Deus que.envia os ndo-crentes para o inferno” é usada para suportar a conclusio “Existe um Deus que envia os ndo-crentes para o inferno”. = ot r SIM PEQUENIN, CONFIE EM... OLIVRO. VOCE TEM CERTEZA DE QUEEU oz MAO VOU CAR A0 CHAO} "D LEAD-NARINHO ESTA SEMPRE CERTO.” (1:1, 0 LIVRO SEGUNDO 0 LEAO-MARINO) 46 Falécia Informal jpotese Injustificada » Composicao e Divisso oe ene Composic¢ao e Divisao A composicao possuem esse atributo. Se cada ovelha em um rebanho tem uma mie, disso ndo se segue que o inferir que um todo deve ter um determinado atributo porque ocorre que suas partes rebanho tenha uma mie, para parafrasear Peter Millican. Outro exemplo: Cada médulo nesse sistema de software foi submetido a um conjunto de testes de unidade e passou em todos eles. Assim, quando ‘0s médulos sdo integrados, 0 sistema de software ndo viola nenhuma das invariantes verificadas pelos testes de unidade. A realidade € que a integragdo de partes individuals introduz novas complexidades em um sistema devidp a dependéncias que podem, por sua vez, introduzir vias adicionais para falhas em potencial. A divisio, ao contrario, é inferir que uma parte deve ter algum atributo porque o todo a que ela pertence por acaso possui esse atributo. Por exemplo, A nossa equipe é imbativel. Qualquer um dos nossos jogadores seria capaz de bater-se com um jogador de qualquer outra equipe € eclipsé-lo. Embora possa ser verdade que a equipe como um todo é imbativel, nio se pode usar isso como evidéncia para inferir que qualquer um de seus jogadores é, dessa maneira, imbativel. Claramente, 0 lividuals de seus jogadores. sucesso de uma equipe nem sempre é a sama das habilidades is * NT-Também conhecidia como “Todo pela parte; parte pelo todo”. CONSIDERACOES FINATS Ha muitos anos. atrés, eu ouvi um professor introduzir os argumentos dedutivos usando uma maravilhosa metéfora, descrevendo-os como tubos estanques onde a verdade entra por uma extremidade € sai pela outra. Realmente, esta foi a inspiraco para a capa deste livro. Tendo chegado ao final deste livro, eu espero que vocé saia com uma melhor apreciacio nao somente dos beneficios dos argumentos estanques na validag3o e ampliacdo do conhecimento, mas também das complexidades dos argumentos indutives, onde as probabilidades entram em jogo. Com esses argumentos, em particular, 0 pensamento critico prova ser uma ferramenta indispensavel. Eu espero que vocé também saia com uma percepgao dos perigos dos argumentos frageis e de como eles s30 comuns em nossa vida cotidiana. Scroll down for more + Share on Twitter Facebook DEFINICOES 51 Proposigao: Afirmacao que é ou verdadeira ou falsa, mas no ambas. Por exemplo, Boston é a maior cidade de Massachusetts. Premissa: Proposigao que fornece suporte para a conclusdo de um argumento. Um argumento pode ter uma ou mais premissas. Argumento: Conjunto de proposicdes que visam persuadir por melo do raciocinio. Em um argumento, um subconjunto de proposigdes, chamadas premissas, fornece suporte para outra proposigio chamada de conclusio. Argumento dedutivo: Argumento no qual, se as premissas sio verdadeiras, enti a conclusio deve ser verdadeira. Diz-se que a conclusio detiva, por necessidade légica, das premissas, Por exemplo: Todos os homens sio moriais. Sécrates é um homem, Portanto, Sécrates é mortal, Um argumento dedutivo € planejado para ser vélido, mas & claro que pade nao ser. Argumento indutivo: Argumento no qual, se as premissas so verdadeiras, entio € provével que a conclusdo também seja verdadeira.” A conclusio, portanto, ndo deriva com necessidade Igica das premissas, mas com sim probabilidade. Por exemplo, cada vez que medimos a velocidadle da luz no ‘vacuo, esta é de 3 « 10 mis. Portanto, a velocidade da luz no 7 Na cléncia, geralmente se procede indutivamente de dados a leis, e destas a teorias, portanto, a indugao é a bbase de grande parte da cigncia. A indugo é tipicamente entendida como testar uma proposigo em uma ‘amostra, porque seria impraticével ou impossfvel fazer de outra maneira, vacuo é uma constante universal. Argumentos indutivos geralmente procedem de instancias especificas para o geral. Falacia légica: Erro no raciocinio que resulta em um argumento invalida. Esses erros tém a ver estritamente com o raciocinio usado para a transigao de uma proposigo para a outra, e niio com os fatos. Em outras palavras, um argumento invélido para uma questo nao significa, necessariamente, que a questo nao é razodvel. Faldcias ligicas sio violagies de um ou mais dos principios que fazem um bom argumento, tals como boa estrutura, consist8ncia, clareza, ordem, relevdncla e completude. Falacia formal: Falacia 1 cAlculo légico. A validade do argumento pode ser determinada apenas por meio da andlise de sua estrutura abstrata sem a necessidade de avaliar o seu contetido, a, cuja forma no se adequa & gramética e as regras de inferéncia de um Falacia informal: Falécia légica que se deve ao seu contetido € contexto, em ver. de sua forma. Se.o erro no raciocinio € comumente invaecado, 0 angumento é considerado uma faldcia informal. Validade: Um argumento dedutivo € vélido se a sua conclusio segue-se logicamente de suas premissas. Caso contrério, diz-se ser invilido. Os descritores validos e invélidos aplicam-se apenas ‘aos argumentos € nao a proposicées. Solidez: Um argumento dedutivo é sélido se ele é vilido e suas premissas sio verdadejras. Se qualquer uma dessas condigGes nio se sustenta, entio, o\argumento nao é sdlido. A verdade & determinada pela verificago se as premissas ¢ as conclusdes do argumento estio em conformidade com os fatos do mundo real. Forga: Um argumento indutivo é forte se, no caso em que suas premissas sejam verdadeiras, entio ¢ altamente provavel que a sua conclusio também seja verdadeira. Caso contrario, se é improvavel que a sua conclusio seja verdadeira, endo diz-se que 0 argumento € fraco. Argumentos indutivas no so preservadores da verdade; nunca é a caso de que uma conclusio verdadeira deva seguir-se a partir de premissas verdadeiras. Irrefutabilidade; Um argumento indutivo é irrefutdvel se ele € forte e as premissas sto realmente verdadeitas, isto é, de acordo com os fatos. Caso contrdrio, diz-se que ele é duvidoso. Falseabilidade: Atributo de uma proposigio ou argumento que Ihe permite ser refutado ou desmentido através da observago ou da experimentacao. Por exemplo, a proposicao: “todas as folhas sto verdes”, pode ser refutada, apontando para uma folha que nao é verde. A falseabilidade é um sinal da forga de um argumento, ao invés da sua fraqueza. 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