Você está na página 1de 26
APOSTILA DE ELETRICIDADE E ANALISE DE CIRCUITOS 41, ELETROSTATICA 4.1. Introdugao A humanidade j4 conviveu com a Idade da Pedra, do Bronze e do Ferro. Ha dois séculos utiliza as maquinas térmicas e, hoje, convive com a “Era da Eletricidade’. A hist6ria da eletricidade remonta aos tempos da Grécia Antiga, seis séculos antes de Cristo. Era do conhecimento de Tales de Mileto (640-546 a.C.) que um pedago de Ambar (uma resina fossil), quando friccionado, adquiria a propriedade de atrair corpos leves. Mas foi somente a partir do século XVII que a eletricidade comecou a se desenvolver como ciéncia. No século XVIII, a ciéncia da eletricidade experimentou um desenvolvimento muito rapido e considera-se 0 século XIX como 0 da consolidacao da energia elétrica No século XX, a associagdo entre a eletricidade ¢ o magnetismo propiciou a construgo das maquinas e dos motores que revolucionaram 0 nosso modo de vida A eletricidade € dividida em trés partes: 1, Eletrostatica: estuda os fendmenos ligados as cargas elétricas paradas (repouso; 2. Eletrodinamica: estuda os fendmenos ligados as cargas elétricas em movimento; 3. Eletromagnetismo: estuda os fenomenos magnéticos e suas relagdes com o movimento de particuias eletrizadas. 1.2 Fendmenos da eletrostatica + Atritando-se dois pedagos de vido em um pedago de seda, verificou-se que aproximando-se 0s dois pedagos de vidro surgia entre eles uma forca de repuiséo, como mostra a figura 1.1 # Reminte Fig.l. ~ Forca de repulséo ‘+ Atritando-se um pedago de vidro e um de borracha em um pedaco de seda verificou-se que, aproximando-se 0 vidro da borracha, surgia entre eles uma forga de atragao, como mostra a figura 1.2 (7 as Fig..2— Forca de atragao 1.3 Modelo Atémico Para entendermos os fenémenos elétricos, faz-se necessario a apresentago do modelo simples de particulas que constituem a matéria: os atomos. © atomo € a menor porgao de um elemento quimico que ainda conserva todas as. propriedades quimicas de tal elemento. Modelo atémico de Bohr ‘0 modelo de Borh apresenta uma estrutura muito semelhante a do sistema solar, onde os planetas giram em tomo do sol, cada um em sua érbita. Ele representa 0 ‘tomo com suas trés particulas fundamentais: elétrons, protons e néutrons, como mostra afigurat.3 Fig.1.3 - Modelo de Bohr Normalmente, um dtomo apresenta iguais quantidades de prétons e elétrons. Embora a massa do proton seja muito maior que a massa do elétron (cerca de 1836 vezes maior), essas duas particulas tem quantidades de carga elétrica (q) opostas, ou seja, iguais em médulo © de sinais Contrarios: Gorton = “Gaston Atribui-se ao proton uma quantidade de carga elétrica positiva, ficando para o elétron uma quantidade de carga elétrica negativa. © priton = +8 © otéton = -© Os dtomos dos elementos quimicos (com excego do hidrogénio que possui um tinico elétron) possuem varios elétrons, que se distribuem em camadas de energia) em torno do ndcleo. A primeira camada, que € 2 mais préxima do niicleo, pode acomodar somente dois elétrons. Se um &tomo tiver trés elétrons, 0 terceiro elétron ter que ocupar a segunda camada Nesta segunda camada podem ser acomodados no maximo 8 elétrons, na terceira 18 e na quarta 32. A figurat.4 representa a distribui¢&o dos elétrons para o étomo de cobre. SSsioce rae oie Fig.1.4 ~ Distribuigdo de elétrons do Atomo de Cobre 1.4 Principios da eletrostatica * Principio da Conservacao das Cargas Elétricas A soma algébrica das cargas positivas e negativas de um sistema isolado permanece constante em qualquer instante. * EQantes = 5 Qapés + QA(antes) + QB{antes) = QA(apés) + QB(apos), Sistema . Apesar da transferéncia de cargas _ de.um compo para outro Q; + Q, = constante Fig. 1.5 — Principio da Conservagiio das Cargas elétricas ‘+ Principio da Atracao e Repulsdo das Cargas Elétricas, 1. Corpos eletrizados com cargas de mesmo sinal se repelem; 2. Corpos eletrizados com cargas de sinais contrarios se atraem. i \ / \ \ \ \ } \ p\ f\ \f G65 & &d Cargas ganis negatives) Carpes ipaaie positives (13 0 sicecentes se atraern se repelem se xepelem (@ ry re) Fig.1.6 ~ Principio da Atracao e Repulsao das cargas + Principio da Forca Eletrostatica A forga de atragdo ou repulsdo entre as cargas depende da distancia entre as mesmas, ou seja, quanto maior a distancia entre as cargas, menor € a forca de atragdo ou repulséo entre elas. fat : 2. RO O& Or ¢<© QO 5, . & R . Fa to oS 1.5 Quantificagao da Carga Elétrica ( valor absoluto da carga do proton igual ao valor absoluto da carga do elétron, contudo, sabemos que os protons e elétrons possuem sinais opostos, portanto, se um corpo tem um numero igual de protons e elétrons, a soma de sua carga elétrica 6 nula Podemos caracterizar esse corpo como neutro, O processo de alterar o numero de elétrons das camadas de valencia (mais extemas) de um atomo se chama lonizagao. Quando um elétron é retirado de um atomo, este passa a ser um ion positivo ou cation, pois o numero de prétons fica maior que o de elétrons. Quando se acrescenta um elétron em um &tomo, este passa a ser um fon negativo ou anion. © Corpo neutro ftp = ne; + Corpo eletrizado positivamente (Q>0) n,>n, - Cedeu elétrons; Corpo eletrizado negativamente(Q<0) n, qp = 1,610 °C. + Carga elétrica do elétron => ge = - 1,60107°C E muito comum a utilizagdo de submultiplos das unidades de cargas elétricas tipi _milicoulomb microcoulomb: anocoulomb picocoulomb 1.6 Condutores e Isolantes Para que um material seja condutor de eletricidade, ¢ necessdrio que ele possua portadores de cargas elétricas livres, portanto, séo denominados condutores os materiais que permitem a passagem de uma corrente elétrica razoavelmente intensa com a aplicagéo de uma tenséo razoavelmente pequena. Além disso, os atomos dos ‘materiais que s4o bons condutores possuem apenas um elétron na camada mais distante do nucleo, a camada de valéncia. A Tabela1.1 abaixo, mostra a condutividade de varios materiais em relag&o ao cobre, que € 0 material utilizado com mais frequéncia. Tabeta 1.4 Condutividade Relativa () 105 100 7S 31,2 21 4 Cobre Ouro Os isolantes so materiais que possuem pouquissimos elétrons livres, sendo necessério a aplicagéo de uma tenséo bastante elevada para que eles sejam percorridos por uma corrente mensuravel. Devemos lembrar que mesmo o melhor dos isolantes se tomaré condutor se for submetido @ uma diferenca de potencial suficientemente elevada. Chama-se de rigidez dielétrica a maior forga elétrica que 0 isolante pode suportar sem chegar a descarga disruptiva. Esta € medida de maneira uniforme com a mesma medida da diferenca de potencial que pode ser aplicada a uma camada isolante de espessura unitéria. A tabela 1.2 apresenta alguns dos seus valores para os isolantes mais conhecidos: Tabela 1.2 Rigidez dietétrica de alguns dos isolantes mais comuns Material Rigides Dieldtrica Média (kV/em) Re Porcela Gleos Baquelite Borracha Papel (paralinado) Teflon Video Mica w 140 500 304 4.7 Eletrizacao dos Corpos Um processo de eletrizacao se caracteriza por uma transferéncia (ganho ou perda) de elétrons em um corpo neutro. 4.7.4 Eletrizagao por atrito Ao atritar vigorosamente dois corpos, A e B, estamos fornecendo energia para que haja transferéncia de elétrons de um para o outro, Supondo que a interagdo aconteca Unicamente entre esses dois corpos, 0s elétrons cedidos por um so 0s recebidos pelo outro (Figura 1-8). Algebricamente, temos: Qa=-Qs kastao ANT Fig.1.8 - Eletrizacao por atrito. Para que ocorra o processo de eletrizagao por atrito, devemos observar que: * Os materiais devem apresentar tendéncias diferentes de ganhar ou perder elétrons, caso contrério a transferéncia nao acontece; + Pelo menos um dos corpos deve ser isolante, caso contrério os elétrons retornam a0 corpo original antes que se desfaga 0 contato. Materiais diferentes tem diferentes tendéncias de ceder ou receber elétrons. Essa tendéncia pode ser ordenada em uma escala, chamada série triboelétrica (do grego tribo ~ ago de esfregar). Ao atritarmos dois materiais quaisquer de uma série triboelétrica, aquele que estiver posicionado a esquerda ficard eletrizado positivamente; 0 que estiver direita ficaré eletrizado negativamente. + & vidro ~ mica - lé - seda ~ algodao ~ madeira 1.7.2 Eletrizagao por contato Se 0s dois corpos forem condutores, durante o contato, que pode durar uma fragdo de segundo, 0 excesso ou falta de elétrons distribuir-se-4 pelos dois corpos, de acordo com a capacidade que cada um tem de armazenar cargas elétricas. Para corpos idénticos, os corpos resultam, apés 0 contato, com cargas idénticas (Figura 1-9). mbar ~ enxofre — metais => - Fig.1.9 - Eletrizacdo por contato Conservago da carga elétrica: Qa + Qe = O'n+ O's Se os corpos forem idénticos, teremos: Q's + Q's = (Qa + Quy 2 Observagbes: 6 ‘+ Apés 0 contato, as quantidades de cargas elétricas (Q’) so proporcionais & capacidade de armazenamento de cargas de cada corpo; ‘+ OA capacidade de armazenamento de cargas elétricas de um corpo aumenta com as suas dimensées; ‘+ Se um corpo condutor eletrizado for posto em contato com outro corpo neutro, mas de dimens&o muito maior, 0 corpo menor ficaré praticamente neutro. O corpo maior recebe o nome de ‘terra’. E 0 que acontece quando ligamos um corpo eletrizado a terra (ele se descarrega). 1.7.3 Eletrizagao por indugao Na eletrizagdo por indugdo, necessitamos, primeiramente, de um corpo eletrizado. Esse corpo pode ser condutor ou isolante, j4 que ndo fara contato com o corpo a ser eletrizado. Ele @ chamado de indutor (A). O segundo corpo (B), denominado induzido, deve ser condutor, podendo ser inclusive uma solucdo eletrolitica, ou ainda dois corpos, B1 e B2, ligados eletricamente (Figura 1-10). Cas Seae so (earns a Fig.1.10 - Eletrizagao por Indugao 1.8 Interagao Elétrica Consideremos dois corpos eletrizados, separados por uma distancia o. Quando a dimensio desses corpos muito menor que a disténcia que os separa, podemos representa-los Por pontos e chama-los de cargas elétricas puntiformes. A intensidade da forca elétrica F (atragao ou repulsdo elétrica entre os corpos) diminui a medida que aumentamos a distancia entre os corpos. A direcao da forca elétrica 6 a direcdo do segmento de reta que os une. Com relagao a0 sentido, cargas de mesmo sinal se repelem e cargas de sinais diferentes se atraem. Quando aproximamos um corpo eletrizado de um corpo neutro, as cargas elétricas induzidas que tém sinal contrario ao do indutor ficam mais préximas desse corpo que as cargas induzidas que tem o mesmo sinal do indutor. Em decorréncia da diferenga entre as distancias, na figura 1.11, a forga de atracdo € mais intensa que a de repulsdo, e o corpo neutro é atraido. Rimage ay Bepuisio C) =< Fig.1.11 — Um corpo eletrizado atrai um corpo neutro Se 0 corpo a ser induzido n&o é condutor, no ha uma ‘separagao macroscépica das cargas, embora isso aconteca em nivel molecular. Nesse caso, dizemos que 0 corpo fica polarizado, sendo também atraido pelo indutor. 1.9 Lei de Coulomb A lei que permite 0 célculo da intensidade da forga elétrica entre corpos eletrizados foi elaborada pelo fisico francés Charles Augustin Coulomb (1736 ~ 1806). Considerando duas cargas elétricas puntiformes, a intensidade da forga elétrica é: + Diretamente proporcional ao produto da carga elétrica de cada corpo; ‘+ CInversamente proporcional ao quadrado da distancia que os separa. pole A constante “k’, denominada constante eletrostatica, depende do meio em que as cargas esto imersas. No vacuo, temos: .10°Nm 7c? Em certos casos, é interessante escrever a constante eletrostética em funcéio de uma outra constante, denominada permissividade elétrica do meio (e), da seguinte forma: No vacuo, temos: 9 = 8,85.10°°C7 NM? 1.10 Campo Elétrico Uma carga elétrica Q tem a propriedade de produzir um campo em tomo da mesma, chamado de campo elétrico. Este campo é uma grandeza vetorial e tem diregdo radial, “podendo ser representado graficamente através de linhas imagindrias denominadas linhas de campo ou linhas de forga. 1.10.1 Linhas de Forgas As linhas de forca so orientadas através de retas ou curvas que indicam, ponto or ponto do espago, a intensidade, a direg&o e o sentido do vetor campo elétrico. Esse campo pode ser fruto de uma ou de varias fontes. Para um determinado ponto do espaco, temos: Fig.1.12 ~ Linhas de fora de um campo elétrico Com base na Figura 1-12, temos que: + A direcdo de E é dada pela tangente linha no ponto considerado; * O sentido de E é o mesmo da linha de forga; * A intensidade de E € proporcional densidade de linhas, ou seja, onde ha maior concentracao de linhas, 0 campo é mais intenso, onde as linhas esto mais espacadas, 0 campo menos intenso. As figuras a seguir representam as linhas de forga em algumas situag6es: if tN Fig.1.13 — Dire¢ao e sentido das linhas de forca Observacées: * Se a carga elétrica € positiva, 0 sentido do campo elétrico é divergente e se a carga é negativa, 0 sentido do campo é convergente; * As linhas de forga nunca se cruzam. © cruzamento das linhas implicaria dois vetores campo elétrico diferentes no mesmo ponto; * As linhas de forga surgem sempre como linhas abertas. Como se originam no infinito ou nas cargas positivas e findam nas cargas negativas ou no infinito, ndo podem retornar ao mesmo ponto. © campo elétrico é uniforme quando, em todos os pontos dessa regio, o vetor campo elétrico possui a mesma intensidade, a mesma direc&o e o mesmo sentido. As linhas devem, entéo, apresentar: * Amesma diregdo (retas paralelas); + Omesmo sentido; + [Um espagamento constante, pois a densidade de linhas proporcional intensidade do vetor campo elétrico. Fig.1.14 — Campo elétrico uniforme 4.10.2 Vetor Campo Elétrico ‘Também podemos entender que o campo elétrico é uma regio do espago na qual, se colocarmos um pequeno corpo eletrizado, chamado carga de prova, este ficara sujeito a uma forga elétrica (Figura 1-15). Fig.1.15 - Carga elétrica q colocada em um campo elétrico fica sujeito a forca F Genericamente, quando desiocamos uma carga de prova para diferentes pontos de um campo elétrico, verificamos variagdes na forca elétrica. Assim, em cada ponto do campo elétrico, definimos 0 vetor campo elétrico (E) pela seguinte expresso: got. igi No S.1., a unidade do vetor campo elétrico é newton por coulomb (N/C) Da definic&o acima, podemos escrever: Faglé Observagées: + Os vetores F @ E possuem sempre a mesma direcao; * Se q> 0, os vetores F ¢ E possuem o mesmo sentido; * Se q<0, 0s vetores Fe E possuem sentidos contrarios. 1.11 Trabaiho realizado por uma forga elétrica Na fisica, 0 trabalho realizado por uma forga num corpo é representado pela letra grega t (tau), e corresponde ao produto da fora aplicada F pelo desiocamento d causado No corpo em relagéo a um referencial, ou seja, t = Fed. A unidade de medida de 7 é N.m(Newton x metro) que foi denominada Joule (J). ‘Seja q uma carga puntiforme fixa. No campo gerado por q consideram-se dois pontos, A e B, distantes ra @ fg de q, conforme a figura 1.16 a+) A B @ 4. ° ® Ke dy he Fig.1.16 ~ Carga elétrica e os pontos Ae B 10 ‘Ao desiocar uma carga de prova Q de A para B, ao longo do segmento AB, a forca elétrica realiza trabalho. Contudo, este trabalho néo pode ser calculado por processos matematicos simples, pois, se a carga de prova Q esta em movimento, a distancia entre a carga de prova Q e a carga q esta aumentando e, pela lei de Coulomb, a forca esta diminuindo em fung&o de que esta forga é inversamente proporcional ao quadrado da distancia. Através da equago seguinte, pode-se calcular o trabalho a ser realizado por uma forga que atua numa carga elétrica Q imersa em um campo elétrico, criado por outra carga q lee =Kegeqt 1 ae di. a) No caso, o trabalho necessério para que a forca F desloque esta carga do ponto A até 0 infinito pode ser calculado pela equag&o. connd! Fan = 2024 ‘ } d Mas como: — +0, tem-se: Sabendo-se que energia ¢ a capacidade de realizar trabalho, pode-se afirmar que 2 energia potencial elétrica E,, armazenada pela carga Q no ponto A, é igual ao trabalho necessario para deslocata do ponto A ao infinito, ou seja, Esa=Tac Ou, entéo: aKs0e4 eh? 1.12 Potencial Elétrico Em uma escada, para cada degrau, temos, em correspondéncia, um certo nivel de energia. Se considerarmos um mesmo corpo, colocado em niveis de energia diferentes, obteremos valores diferentes para a energia potencial. Analogamente, quando analisamos © espaco ao redor de uma carga puntiforme (carga fonte), encontramos niveis de energia diferentes. Para uma carga puntiforme, os pontos mais proximos a ela corespondem a niveis de energia maiores. O nivel zero corresponde aos pontos infinitamente afastados da carga. ‘Se em aigum ponto do espago que circunda a carga puntiforme (fixa), colocarmos uma carga de teste (carga de prova Q), 0 sistema ficara dotado de energia potencial elétrica, conforme a equagao anterior. A expresso de F,,, apresentada anteriormente, pode ser decomposta no produto de dois termos: * Um que depende exclusivamente de fatores ligados a0 campo elétrico [x2] d, * Outro que depende exclusivamente do corpo de prova [0]. © termo que depende exclusivamente de fatores ligados ao campo elétrico chama- se potencial elétrico que é definido como: Q No campo de uma carga puntiforme, temos: V,=KeL d, Assim: V=E/Q No S.I., a unidade de potencial elétrico € o volt (V), que corresponde a: 1 V = 1J/C. Como a energia é uma grandeza escalar, também o potencial elétrico é uma grandeza escalar, podendo ser positiva, negativa ou nula. 1.12.1 Superficies equipotenciais Em tomo de uma carga elétrica existem infinitas regides esféricas imagindrias, cada uma formada por infinitos pontos com o mesmo potencial elétrico, formando assim, as superficies equipotenciais, como mostra a figura 1.17 Fig.1.17 - Superficies equipotenciais A figura 1.18 apresenta as superficies equipotenciais em relacdo as placas planas paralelas e eletrizadas. Fig.1.18 - Superficies equipotenciai 1.12.2 Diferenga de potencial A figura 1.19 mostra um campo elétrico gerado por uma carga q positiva e os pontos A e B, respectivamente, a uma distancia da @ da desta carga. a) A B ©. @ e Fig.1.19 - Pontos A e B num campo elétrico O potencial elétrico nos pontos A e B sao: Keg V,= “"" Keq A grandeza (VA ~ VB) 6 0 desnivel de potencial entre os pontos A e B, sendo geraimente representada por V. Essa grandeza recebe o nome de diferenca de potencial elétrico (ddp), ou tenséo (Volt) V=VA-VB 1.13 - Blindagem eletrostatica Na figura 1.20a pode-se observar que quando o condutor A carregado Positivamente @ colocado na cavidade vazada do condutor C, cargas aparecem na superficie de C em fungéo da indugdo eletrostatica. Entretanto, 0 condutor B colocado fora de C 6 submetido a inducdo eletrostatica causada pela carga da superficie externa de C. Observa-se na figura 1.20b que se 0 condutor C é conectado a terra, as cargas positivas na superficie extema de C 6 transmitida através do fio e fluem para a terra tomando seu potencial igual a zero, desaparecendo assim, a indugdo eletrostatica que atua sobre B. Condlui-se que no existe mais a interac&o entre os condutores Ae B. Este procedimento 6 chamado de blindagem eletrostatica. O @e Terre i) te Fig.1.20 — Blindagem eletrostatica 2. ELETRODINAMICA Na eletrodinamica se faré um estudo dindmico das cargas elétricas estudadas na eletrostatica, ou seja, quando as cargas elétricas estéo em movimento. Dai o nome eletrodinamica. 2.1. Corrente Elétrica. Apesar de existir substancias condutoras de eletricidade em outros estados da matéria (liquido e gasoso), 0 interesse maior deste estudo recai sobre os condutores sélidos metélicos. Nos materiais sdlidos metalicos existem muitos elétrons livres fracamente ligados a0 nicleo que se libertam de suas érbitas apenas pela aco da energia térmica a temperatura ambiente, tornando-se elétrons livres, e que movimentam-se aleatoriamente pelo condutor, como mostra a figura 2-1. Ge 5FL0F SOSPQ ° t T* X Q S68 Se! be ) Fig. 2-4: Movimento Aleatério dos Elétrons Livres num Condutor Sélido Metilico Aplicando-se uma diferenga de potencial ou tensdo entre dois pontos deste condutor, surge dentro dele um campo elétrico. Logo, podemos definir corrente elétrica como sendo 0 movimento ordenado de cargas elétricas, positivas ou negativas, no interior de um condutor qualquer, devido a ago de um campo elétrico. 2.4.4 Sentido Convencional da Corrente Elétrica A corrente elétrica convencional tem o sentido oposto ao do desiocamento dos elétrons livres, ou seja, 0 mesmo sentido do campo elétrico, indo do potencial maior para © menor, portanto, pode-se entender que, ao invés de elétrons se moverem num determinado sentido, 6 como se cargas positivas imaginarias se movessem no sentido oposto. A vantagem dessa convencao esta no fato de que, tanto no calculo da intensidade da corrente elétrica como na resolugao de circuitos, salvo algumas condigbes especificas, 08 valores numeéricos sero positivos. 2.2. intensidade da Corrente Eiétrica A intensidade da corrente elétrica 1 a quantidade de cargas elétricas AQ que atravessa a segdo transversal de um condutor num intervalo de tempo At. Fig, 2.2: Intensidade da Corrente Elétrica No SI, a unidade de carga elétrica 6 0 Coulomb (C) e a de tempo € 0 segundo (s), portanto, a unidade de corrente elétrica é C/s, também denominada Ampere (A), em homenagem a este cientista que estudou os efeitos da corrente elétrica 2.2.1 Corrente Continua A corrente continua caracteriza-se pelo fato de fluir sempre num tinico sentido, em fungo da tens&o aplicada ao condutor ter sempre a mesma polaridade, Se esta tensdo for constante, a corrente gerada também sera, coma mostra o gréfico da figura 2-3 e WA)T ed ts) Fig. 2.3: Gréfico da Corrente Continua Constante, Exemplo: Corrente fomecida por uma bateria de automével, cuja intensidade depende de quantos e quais circuitos a bateria esta alimentando, 2.2.2 Corrente Alternada A corrente altemada caracteriza-se pelo fato de fluir ora num sentido ora no sentido inverso, em fungéo da tenséo aplicada ao condutor inverter sua polaridade periodicamente. A corrente alternada mais importante 6 a senoidal, como mostra o grafico da figura abaixo: if{A) Fig. 2-4: Grafico da Corrente Alternada Senoidal. Exemplo: A corrente fomecida pela rede elétrica 6 alternada, com forma senoidal e tem uma freqiiéncia de 60 ciclos por segundo (80 Hertz). Isto significa que um condutor ligado nos pélos da rede faz com que a corrente elétrica circule altemadamente 60 vezes em cada sentido e a cada segundo. 2.3. Resisténcia Elétrica Alguns materiais oferecem resistencia @ passagem da corrente elétrica. Esta resisténcia € conseqléncia do choque dos elétrons livres com os atomos da estrutura do material. A resisténcia elétrica 6 a medida da oposig&o que os 4tomos de um material oferecem 4 passagem da corrente elétrica. Ela depende da natureza do material, de suas dimensées e da sua temperatura. 2.3.1 Efeito Joule No choque com os dtomos, os elétrons transferem parte de sua energia cinética (relacionada 20 movimento) para eles que, por sua vez, passam a vibrar com maior intensidade, fazendo com que haja um aumento da temperatura do material. O Efeito Joule é 0 nome dado ao fenédmeno do aquecimento de um material devido & passagem de uma corrente elétrica. Para transportar a corrente elétrica de um lugar para outro, deve-se utilizar condutores que oferecem 0 minimo de resisténcia, para que ndo haja perdas de energia por efeito joule. Por isso os fios condutores so feitos principalmente de cobre ou aluminio. Existem situagdes nas quais a resisténcia & passagem da corrente elétrica uma necessidade, tanto pelo aquecimento que gera (chuveiros, ferros de passar roupas, aquecedores, etc), como pela capacidade de limitar a corrente elétrica em dispositivos elétricos e eletronicos. 2.4, Leis de Ohm Um cientista chamado George Ohm, através de diversas experiéncias, relacionou entre si as seguintes grandezas em um mesmo material: tenséo — corrente — resisténcia — dimensées. 2.4.1 Primeira Lei de Ohm A primeira Lei de Ohm mostra de que forma a resisténcia, a tensdo e a corrente estéo relacionadas entre si. Primeira Lei de Ohm: A corrente elétrica I que passa por um material é diretamente proporcional & tensio V nele aplicado, ¢ esta constante de proporcionalidade chama-s V=eRI Da primeira Lei de Ohm, tem-se que: — R=V/I Portanto, a unidade de medida da resisténcia elétrica € 0 Volt/Ampére ou, simplesmente, Ohm (02), em homenagem a este cientista Graficamente, a Primeira Lei de Ohm fica assim representada: Vv hob b ft Fig. 2-5: Representago Grafica da Primeira Lei de Ohm. 16 Pelo grafico pode-se observar que se trata de uma relagdo linear entre tenséo e Corrente, uma vez que a resisténcia elétrica é uma constante. Desta propriedade, surgi um novo dispositivo muitissimo importante para a eletricidade e eletronica: a resisténcia elétrica ou resistor, cujos simbolos elétricos sdo: Woo Fig. 2.6: Simbolos do Resistor Resumindo, a Primeira Lei de Ohm pode ser escrita matematicamente de trés formas: V=Rioul=V/RouR=V/I 2.4.2 Segunda Lei de Ohm A segunda Lei de Ohm mostra como a resisténcia elétrica esta relacionada com suas dimensdes e com a natureza de material com que é feita. Experiéncia: Usando materiais de mesma natureza, George Ohm analisou a relaco entre a resisténcia R, 0 comprimento Le a rea A da segdo transversal, e chegou as seguintes conclusées: * Quanto maior o comprimento de um material, maior é a sua resistencia elétrica; * Quanto maior a area da seco transversal de um material, menor 6 a sua resisténcia elétrica. Em seguida, ele analisou a relacdo entre a resisténcia R de materiais de naturezas diferentes, mas com as mesmas dimensdes, chegando as seguintes conclusées: * Cada tipo de material tem uma caracteristica propria que determina sua resisténcia, independente de sua geometri + Esta caracteristica dos materiais ¢ a resistividade elétrica, representada pela letra grega p (rd), cuja unidade de medida 6 Q.m. ‘Segunda Lei de Ohm: | 4 resisténcia elétrica R de un material resistividade elétrica p pelo seu comprimento | de sua segito transversal | R | 7 1 de sua | diretamente proporcional ao produt € inversamente proporcional a drea A | A tabela abaixo mostra a resistividade elétrica de alguns materiais usados na fabricagao de condutores, isolantes e resisténcias elétricas: ‘Tab. 2.1 Resistividade Elétrica de alguns Materiais Classificagao Material [__ Resistividade p(G.m) Metais Prata 4.6.10" Cobre 10 Aluminio 2.8.10 Tungsténio 5.0.10 _____ Platina 10,8107 Ferro 12.10 Ligas Lato 8.0.10" _Constanté 50.10 110.10" | = 4000. 10% a 8000. 107 | Isolantes a 2.5.10" _| joNa 10% 3.0.10 toa io" | 2.0.10" a0nas0ee 10a 10 2.4.3 Influéncia da Temperatura na resistencia Elétrica A resisténcia dos condutores em geral ndo € constante e varia com a temperatura. O fendmeno ¢ devido a variagéo da energia cinética ou mobilidade dos elétrons livres do material. Geralmente nos metais, o aquecimento é acompanhado com um aumento da resisténcia, enquanto em outros elementos tais como: carbono, Oxides dos metais alcalinos ¢ alcalinos terrosos, o aquecimento é associado a uma diminuig&o do valor da resistividade elétrica. A expresso a seguir representa a variagdo da resistividade elétrica em funcdo da variag&o de temperatura: P= prr(lta*Ar) sendo: Pp [O.m] = Resistividade do material a temperatura T; P» [O.m] = Resistividade do material a temperatura To; AT [°C] =>T-To = variagdo da temperatura; © [°C] => Coeficiente de temperatura do material, A tabela a seguir mostra o coeficiente de temperatura de alguns materiais: ‘Tab 22 Coeficiente de Temperatura ‘Material Prata ‘Aluminio Platina - Observagées: 1. Os materiais cujos valores de resisténcia aumenta com o aumento da temperatura, apresentam coeficientes de temperatura positivos; 2. Existem materiais com coeficientes de temperatura préximos de zero e por esse motivo s&o utilizados na fabricagao de resistores; 3. Os materiais cujos valores de resisténcia diminui com o aumento de temperatura, apresentam coeficientes de temperatura negativos. 2.5. Condutancia e Condutividade Elétrica Em alguns calculos, também pode ser empregada a unidade de medida inversa da resistencia Re que é chamada de conduténcia, indicada com o simbolo G e medida em Siemens (S). 1 Cnn Da condutancia foi derivada a condutividade « como sendo o inverso da resistividade, que representa a caracteristica do material relacionada a sua condutancia. a= 1 (amy ou(sim > 2.6 Poténcia Elétrica Sempre que uma forga produz movimento, diz-se que ela realizou um trabalho, ou que ela transformou sua energia acumulada’ em energia cinética (relacionada’ 20 movimento), portanto, pode-se dizer que o trabalho realizado € igual a energia transformada ou, ainda, que energia é a capacidade de realizar um trabalho. Como jé foi visto, uma ddp (diferenga de potencial) aplicada entre dois pontos num Ccondutor, cria um campo elétrico que faz com que os elétrons livres se movimentem ordenadamente na forma de corrente elétrica. Como ddp é forga-eletromotriz (tem. —- forca que move elétrons), € claro que ela também realiza trabalho, ou seja, transforma a energia potencial elétrica em energia cinética. Também sabemos que, quando um condutor resiste @ passagem da corrente elétrica, ele se aquece. Isto significa que 2 energia cinética dos elétrons, devido aos choques com os tomos do condutor, transforma-se em energia térmica ou calor. Como 0 calor gerado pelo condutor ou pela resistencia nem sempre € aproveitado, 6 muito comum dizer que eles gastam a energia 19 fecebida, ou simplesmente, a dissipam, portanto, em eletricidade, a transformagdo de energia esta relacionada tanto com a tens&o, que produz o movimento dos elétrons, como também com a corrente, que gera o calor. ido num intervalo de tempo At | Paténcia elétrica é portanto, trabatho + ou a energia elétrica E consumida nuin intervalo de tempo. E Ar ar Aunidade de trabalho e de energia no SI 6 0 Joule (J). Logo, a unidade de potén elétrica ¢ Joule/segundo, também denominada Wati(W), em homenagem ao cientista James Watt. A poténcia elétrica esta diretamente relacionada com a tensdo e a corrente: ‘* A poténcia elétrica fomecida por uma fonte de alimentacdo a um circuito qualquer, 6 dada pelo produto da sua tenséo pela corrente gerada. Pev Se 0 circuito for uma simples resisténcia elétrica, a poténcia fornecida pela fonte sera totalmente dissipada por ela (transformando-a em calor), isto é: Poténcia Fomecida = Poténcia Dissipada Pela Primeira Lei de Ohm, tem-se que: V=ERI()) 1 VIR (ll) ‘Substituindo-se (1) na equago da poténcia, tem-se: P=Vi->P=RiI>P=RP ‘Substituindo-se (I) na equac&o da poténcia, tem-se: P=VI>P=V.(VR)=>P=VIR Assim, a poténcia dissipada por uma resisténcia elétrica pode ser calculada por qualquer uma das formas anteriores. 2.7 Consumo de Energia Tendo em vista que a poténcia dissipada € a energia consumida em um intervalo =P+AT [j] ou Ws] de tempo (P = —), temos: ar Para facilitar os calculos de consumo de energia residencial e industrial, a unidade mais usual é 0 (KW.h). 20 3- Circuitos em corrente em corrente continua 3.1 bipolo elétrico E um dispositivo que possui dois terminais chamados de pélos, portanto 0 nome de bipolo. Também podem operar como gerador ou receptor, dependendo dos sentidos convencionais de tens&o e corrente relacionados a ele. A figura 3.1 representa um bipdlo elétrico, — Fig. 3.1 - Bipolo elétrico 3.1.4 Gerador Um bipolo funciona como gerador quando transforma um tipo qualquer de energia (mecénica, quimica e etc) em energia elétrica, portanto, é considerado um elemento ativo no Circuito. Como exemplos, podemos citar as pilhas e baterias que tem a propriedade de transformar energia quimica em energia elétrica e os dinamos que transformam energia mecanica em elétrica. O sentido da corrente € do potencial menor para o maior. 3.1.2 Receptor Funciona como receptor o bipolo que transforma a energia elétrica em outro tipo qualquer (térmica, mecanica e etc) sendo, portanto, considerado elemento passivo de um Circuito elétrico. Como exemplos, podemos citar as resisténcias elétricas que transformam energia elétrica em térmica e os motores que transformam energia elétrica em mecénica. O sentido da corrente € do potencial maior para o menor. Deve-se salientar que um gerador podera atuar como receptor (bateria em carga), dependendo dos sentidos de corrente e tens&o impostos a ele pelo circuito. Neste caso poder ser considerado um receptor ativo. 3.2 uito Elétrico A corrente elétrica s6 podera circular em um “caminho fechado" de maneira a sair de um pélo da fonte para outro da mesma fonte. Esse caminho fechado 6 chamado de malha Um circuito elétrico € um conjunto de bipolos envolvendo geradores e receptores interligados por condutores, formando uma ou varias malhas. A figura3.2 apresenta um exemplo de circuito elétrico. je T Ry | La Fig, 3.2 - Circuito elétrico au 3.4 Leis de Kirchhoff O fisico alem&o Gustav Robert Kirchhoff (1824-1887), aliando a conservagao da energia a andlise dos circuitos elétricos, sistematizou duas leis que nos permitem resolver Circuitos com varias malhas, 3.4.1. Definic6es + Ramo: trecho do circuito constituido de um ou mais elementos ligados em série. + NG: 6 a intersecgao de trés ou mais ramos. Pode-se dizer que € um ponto onde a corrente se divide. * Malha: toda poligonal fechada (circuito fechado) cujos lados s&o constituidos de ramos. Considere 0 circuito abaixo: Fig. 3.3 Circuito exemplo Exemplos de ramos: AB, BC, ADC, BFEC, ete. Exempios de nés: A, Be C. Exemplos de malhas: AJIHGBA, ABCDA, ABFECDA, etc. 3.5 Primeira Lei de Kirchhoff (lei dos nés) “ A soma algébrica das correntes em um né é igual a zero” ou " a soma das correntes que chegam a um né é igual a soma das correntes que dele saem" Fig. 3.4 Lei dos nés De acordo com a figura 3.4, podemos escrever: hehth A equacdo da lei dos nds ¢ uma equacdo algébrica, isto é, qualquer uma das intensidades de corrente pode resultar negativa. Caso isso acontega, esse resultado significa que a corrente tem sentido contrario ao adotado quando de equacionamento do problema. 2 Exemplo: Determinar 0 valor da corrente |5 ty +la= het baths 1+ 22341415 3245415 I=3-4,5 b= -1,54 Logo, a corrente Is vale 1,5A e tem sentido oposto ao indicado. A corrente |; chega ao nd. 3.6 Segunda Lei de Kirchhoff (lei das mathas) “A soma algébrica das tensdes em uma maiha é igual a zero” ou ‘a soma das tensdes no sentido horario é igual a soma das tensdes no sentido anti-hordrio”. Essa lei tem por objetivo promover o equacionamento das tensdes nas diversas malhas existentes em um circuito elétrico, Uma fonte de tenso ou fem pode ser considerada como um aumento de tensdo (depende de como ela esta atuando no circuito: gerador ou carga), uma corrente através de um resistor consiste numa queda de tensao. Para facilitar a denominagdo, adota-se indices alfabéticos para indicar as fontes de tenso e indices numéricos para indicar as quedas de tensao. Em resumo, temos: Tensdo aplicada ~ soma das quedas de tens4o = 0 Vamos considerar a malha ABCDA ¢ percorré-la no sentido horario (figura 3.5) . v= Sov . © eer @ Fig. 3.5 Malha ABCDA composta de gerador e resistores, Analisando a maiha, temos: z Va — Vi —V2—Vs = 0. 100 - 50-30 ~20=0 Para resolver um circuito de multiplas malhas, adotamos o seguinte roteiro: Assinalamos as correntes em cada ramo, sem se preocupar com o sentido correto; + De acordo com os sentidos das correntes, colocamos os sinais de (+) ou de (-) em cada elemento; ‘+ Aplicamos a 1a lei de Kirchhot ‘+ Aplicamos a 2a lei de Kirchhoff para cada uma das malhas. Esse roteiro vai resultar em um sistema de n equag6es com n incégnitas, que pode ser resolvido da maneira mais conveniente. Exemplo 1) Determinar o sentido e a intensidade da corrente no circuito 13.0 \Vamos supor que 0 sentido da corrente seja desconhecido, e por isso, adotamos um sentido arbitrério. Consideremos a corrente no sentido horario. Observe que a orientago da tenso nos resistores esta presa a orientagdo da corrente, logo a equagdo da malha sera: 5-131-15-71=0 -201=10 0,54 © sinal negativo em | significa que 0 sentido da corrente € anti-horario, como ja era esperado, Nem sempre 6 possivel prever com antecedéncia, 0 sentido da corrente, por isso devemos adotar uma orientago arbitraria para as correntes, permitindo desta forma, que montemos tantas equagdes quantas forem as correntes desconhecidas, m4 3.7 ASSOCIAGAO DE RESISTORES. O valor da resistencia de um resistor ¢ padronizado. Portanto, nem sempre é possivel obter certos valores de resisténcia. Associando-se convenientemente resistores entre si podemos obter o valor que quisermos. Chama-se de resistor equivalente o resistor que pode substituir uma associagao de resistores, sem que 0 resto do circuito note diferenca. Uma outra aplicagéo para a associago de resistores é uma divisdo de tensdo, ou a divisdo de corrente. 3.7.4 Associacao Série Resistores estéo em série quando a corrente que passa por um for a mesma que passa pelos outros. A figura 3.6a mostra uma associagdo série e a figura 3,6b a resistencia equivalente. In u Fig. 3.6 - Resistores em série 3.7.2 Propriedades da associagao sé1 + A tensdo entre os terminais da associacdo é a soma das tensdes em cada resistor. Ut =U, + U; + Us Essa propriedade 6 um dos destaques da associacdo em série. Cada resistor esta submetido a uma parcela da tensdo total, e a tensdo total € a soma das tensdes. Por isso, a associacéo em Série 6 usada para dividir a tens&o entre dois ou mais resistores. Caso os resistores ‘sejam idénticos, so também idénticas as tenses a que estdo submetidos. + A maior resisténcia corresponde a maior potencia dissipada Como a intensidade da corrente elétrica (I) 6 a mesma em todos os resistores de uma associagéo em série, as poténcias dissipadas por cada um deles so diretamente proporcionais as suas resisténcias, pois P = R.P . ‘+ As tensées individuais sao proporcionais as resisténcias. Sendo U = Ri, e como a corrente elética € a mesma para todos os resistores podemos escrever: UsIRs = UaiRa = Us/Rs 3.7.3 Resistor equivalente Em uma associagao série, podemos substituir associago por um tinico resistor, cujo valor deve ser igual ao da soma das resisténcias dos resistores da associagao. Por esse resistor equivalente passaré o mesmo valor de corrente da associagdo quando a tensao aplicada for a mesma U= Ril + Ral + Ral + ....Ral UFICR +Re +R t.. Rn) => UN = Rit Ro + Rs +... Ry => Reg= Ri + Rz + Ra +... Ry A poténcia dissipada no resistor equivalente é igual a soma das poténcias dissipadas nos resistores da associagdo. Pt=P, +P, +P; Onde: Py=Rr.l? , Pe= Rol? , Ps=Ral? e Pt=Reql? 25 3.8 Associagao Paralela Em uma associag4o paralela, a tensdo em todos os resistores € a mesma, a corrente 6 que se divide. Na figura abaixo, temos uma associagdo paralela de trés resistores, @ 0 resistor equivalente da associacao. Fig. 3.7 - Associacao paralela 3.8.1 Propriedades da associaco de re: * A ddp (diferenga de potencial) Ut é a mesma em todos os resistores. Us = Uz = Us = Ut + A.corrente total é a soma das correntes em cada resistor. Pela lei dos nos: t=hth+h + A menor resisténcia corresponde a maior poténcia dissipada. Como a tensdo (U) € a mesma para todos os resistores e P = U/R, ento, a poténcia € inversamente proporcional a resistencia elétrica * A intensidade da corrente elétrica em cada resistor 6 inversamente proporcional a sua resistencia. Uy = Uz = Us = UIR;+ U/R2* UIRst... U/Ry, Rik Rols 1=U ( URit URet Ret ...1Rs ) lilly = RalRs @ belly = RafRe WU = (1/Ry* 1IRot 1Ret ..1Ry ) Req = URG+ WIRot URS Rn 3.8.2 Resistor Equivalente Na associago paralela, 0 inverso do resistor equivalente 6 igual a soma dos inversos dos resistores da associagao, Observagées: + Somente para dois resistores associados em paralelo RR; R, MOR ARs + Para nresistores de resistencias iguais a R: R= . a Da mesma forma que na associagdo série, a poténcia dissipada no resistor equivalente ¢ igual a soma das poténcias dissipadas nos resistores da associaco Pt=P, +P, +P; 26

Você também pode gostar