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Portugus

Texto narrativo
Saga, de Sophia de Mello Breyner Andresen
Ao cair de uma tarde, penetraram sob o arco das gaivotas, na barra estreita de um rio
esverdeado e turvo, flutuante de imagens entre as margens cavadas. esquerda, subindo a
vertente, erguia-se o casario branco, amarelo e vermelho, misturado com os escuros granitos.
Na luz vermelha do poente a cidade parecia carregada de memrias, insondavelmente
antiga, ferica e magnetizada, com todos os vidros das suas janelas cintilando. Animava-a uma
veemncia indistinta que aqui e alm aflorava em ecos, rumores, perpassar de vultos, gritos
longnquos e perdidos, reflexo de luzes sobre o rio.
Hans amou desde o primeiro momento a respirao rouca da cidade, o colorido intenso e
sombrio, o arvoredo murmurante e espesso, o verde espelhado do rio. Na estrada que corria
junto s margens viam-se bois enfeitados e vermelhos, puxando carros de madeira que
chiavam sob o peso de pipas, pedra e areias.
ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner "Saga". In Histrias da Terra e do Mar. Porto: Porto Editora, 2013. 978-972-072632-2. p. 64

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