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{INDICE Introdugio ao Estudo da Nootogia ANTROPOGSNESE, ‘Tewa 1 Art, 1 Que € 0 Homem? Art. 2 — Advento do Homem Art, 3 — Diferenga essencial entre © Homem eo animal Art, 4 — Teoxias antropogensticas . Art. 5 — Os simios e 0 advento do Homem Art. 6 — Vislio decadialéctica da Antropogénese PSICOGENESE ‘Tea ‘tea 0 Art. 1 — Psique, Alma e Es Arl. 2 — As estructuras intencionis e vivenciais om Art, 1 — A construccéo da reslidade ul uw 7 35 6 6 93 108 am 123 13h 1 MARIO FERREIRA BOS SANTOS TEMAS NOOLOGICOS Tex ‘Taxa w Art, 1 — Introduegdo & temética . Ant. Art. 3 — Decadialéetiea nooldgiea Art, 4 — A timese parabélica e a criagio das tensées .. Att 5 — A Iiberdade cee 193 aT 138 ut 158 . 1st ut 213 223 INTRODUCCAO AO ESTUDO DA NOOLOGIA © tormo noologia tem sua origem na palavra Nous, que em grego significa espirito, O térmo noolégico tem sido empre- gado modernamente na filosofia, para tudo quanto eoncorne 0 espirito. A Noologia é em suas linhas gerais, a (a Geistelekre dos alemies), e corresponde & tafisien dos escolisticos, pole nflo € apenas uma deserigfio do funcionar do psiquismo humano, mas uma especulacdo em torno de temag transeendentais, metafisicos, como a origem e o fim da alma humana, prova ou nfo de sua existéncia. nar psieolégieo racional, como ¢ afectivas, e penetra no Ambito da problematic enoseolégico-eritica, que pertence espe- mente ao campo da Teorin do Conhecimento ou Gno- is dos escolésticos seguiu-se a grande contribuigde eritica da psicologia de nossos dins, 0 que convém consignar, cujo impeto 6 devido em grande parte as criticas elaboradas por Kant ¢ as andtises em profundidade procedida por psicdlogos modernos, A Noologia néo se cinge apenas ao estudo do funcionar noético, mas também investiga as suas raizes, origens fins, 2 MARIO FERREIRA DOS SANTOS incorporando déste modo téda a imensa contribuicao do espe- cular escolastico sore © tema da alma. Por outro lado nao pode deixar de examinar as teotias propostas para explicar 0 advento do homem, embora tais temas sejam propriamente das 1as antropoldgicas. Também nfo pode desinteressar-se fins a que tendem, e a discussie em térno déste ponto se impoe cada vex mats, Desta forma, podemos considerar nosso livro “Psicologia’ onde compendiamos as idéias gerais sobre aquela disci nossos trabalhos sobre Noologia obedecerao ao seguinte eritério. 1) “Novlogia Geral”, apresentada neste volume, det case 40 esttdo da Antropogénese, que discutira as idéias prin- cipais sobre o advento do homem, e a Psicogénese, onde exami- naremos a8 principais teorias sObre a formagao da alma huma- na e suas carseterfsticas diferenciais. Terminaremos éste vo- lume por um exame dos temas noolézico As normas do nosso método, que pri sintdticamente a materia em estudo, para, posteriormente, proceder a andlise dos temas prineipais e, finalmente, encerrar com uma visio conereta da totalidade da temética e da pro- blomatica da matéria em exame. cuteto de Braque ". Esta obra, que suce- Gerd & “Nook consta de um amplo exame de uma das regives ;portantes da Noologia, que é 0 estudo da formacio e conexio dos esquemas noéticos. 8) “O Problema da Al mos a série de estudos nool6 mos as diversas posigdes te cia ou nfo de uma alma espiritual no homem, e do seu =. Com esta obra, encerrare. NOOLOGIA GERAL 13 A Noologia 6 uma ciéneia eo seu objecto material é o facto psiquico. O objecto formal 6 esse facto psiquico examinado espeeifieamente no campo antropolégico, no campo da ratio. nalitae dos escoldsticos, no campo da noesis humana, com os icos animais, sera opor 'TROPOGENESE EMAL ARTIGO. 1 QUE £ O HOMEM? ‘Duas perguntas fundamentais incluem-se na lista das in- terrogagées mais exigentes: que é 0 Homem? De onde vem? Se a estructnragiio das ciéneias do saber tas, deade as de até as de origem eien- jo pensamento hu- os gestos de ‘ifiea, que passam pel mano, muitas vézes do homem enquanto t sentar as seguintes 1) 0 homem, com 60 mesmo homem, como @ de Neandes Aurignae, ete, m construir, pelo meno: de Cro-Magnon, 0 de Grimal cas importantes, que permitem tha ascensional, cont fluxos e re- 8 MARIO FERREIRA DOS SANTOS fluxos, de um desenvolvimento que se intereala entre 0 dos simios superiores ao tipo de homem mais elevade que conhece- ‘mos na actualidade, mente cientifico, que se estabelega seja o homem um simia evoluido. 2) Por outro lado, psiquicamente, podemos admitir que ‘© homem, nas suas diversas fases, conheveu evolugées, estruet- anda as stais faculdades no funcionar de esquemas, de conjun- tos diferentes, o que permite admitir que ha uma eonstante va- Em suma, os estudos actuais da Antropologia permitem-nos afirmar, no campo da Antropoginese, que: a) © homem enquant € formalmente invariante, isto 6 quanto & sua hor de, © homem o @ desile que transposicdes especifiens, de uma espé- a animalidade para a hom! 86 cientifieos, como filosbfieos e metafisicos, sive teolégicos; 2)__que o homem, tanto fisiea como psiqufeamente, tem Antes de_pross concopedes s6b1 perspectivas (que oportunamente mostraremos ser ui fe abstractas, apesar de certa ‘magbes) fornecem jortante, o que nos tividade conereta em suas fio de eonjunto déste tema 4 colucar © problema da antropo- 1) Teorias que nao aceitam a evolagio propriamente dita, 2) Teorias que a aceitam, NOOLOGIA GERAL 0 Impée-se um esclarecimento do térmo evoluedo, tantas vvézes empregado nos livres de cigneis, mas nem sempre devi- sires, ¢ nesse sentido lato todos estiio de pleno acdrdo, avabado. A Assim o germe evolu até aleancar o indiv espécie posterior e mais perfeita estar mento terminaria por dar surgimento efee- dade, B tal se dard ou por factires i por um desenvel io evolucionista, pois éste pensamento é dominante na los, Mas 6 evidente que ha vi wr a evolugao, e esti nessas modal jonista o motive que gera as mais dades do pensamento ev tas discordaneias, Ha necessiddade, portanto, de esclarecer livergéncias para de HA teorias que no aceitam a evolucio, ¢ hit as que a aceitam. ‘Tanto nae primeiras, como nas segundas, hi # aecitago de modifieagoes: 2 MARIO FERREIRA DOS SANTOS ©) Por factéres internos b) ™ > externos ©) pela interactuaeflo de ambos, ‘As que nfo aceitam podem elassifiear-se: 1) Fixistas — admitem uma harmonia preestabelecida . ‘Temos, ein parte, o eriaciuntema ismo moderne. je admite que o orgunismo responds ando suas estructuras virtuais (po Hn, © que corres onde ao apriorismo nas atitudes filos6ficas). O meio ambiente ‘tem um papel de “detector”. No terreno da Psicologia, temos as posigies aprioristieas, que consideram algumas estracturas de Ia tentes, como vemos nos jnatistas eléssicos, Aqueles sto Preformadas e nko eleboradas pela experiéneia, entos exteriores, @ as sinteses jas “formas”, na Psicologia, tas) : no agirma a adaptagdo por pressiio exte- ia cortesponde a0 assoc’ conhecimento results dos haloitos fdade interna, que con Sicione tais acquisigées. Corresps ‘que expliea a inteligéneia pela press 2), Por tages en evolugio (evoluci ia a inteligéncix como tal, con- Je também ao empirismo, NOOLOGIA GERAL a ago euclidiano tem Ués dimenedes porque melhor corvespon- 03 nossos sentidos. (FA aqui adequaeio do espirito ‘tarmos @ externos: 6 0 que ssponde & interdependén- 10 do objecto pelo su- interaceionismo afirma sees intemos ses endégenns) fects rime eanrepondente $0 Beolusgo imo (convencionstio, dent Paget) actives oxteros — Jamarcklamo (empire nn Horots). io evotngao \fenomenciogia) faceives extornes Corresponds ie concepescs dos fxistt, & da harmonla preesisbelecia, As do prelormicmo, 0 platonic ngs formas. Antes de procedermos a critica das diversas posigdes, hé se entende por factires here 0, cfs, achiagio posterior serd, \la aes mesmos, de eerto modo, propor’ Factéres heredi Sto factores here: 2) o nosso sistema nervoso ¢ os nossos éréiias dos sentidos b) a organizacao tensional da nossa inteliyéncia mani festada nos niveis de capacidade. 2 MARIO FERREIRA DOS santos Nilo poderia 0 organismo adaptar-se As varidmeias exte- estivesse éle j& organizado, Nem a Herdamos pelo menos a aptidée para os esquemas que 3¢ estructaram em conjuntos, e éste em con Ha, assim, riedade psiquica. pansio ¢ retragio do process vital sabrochamento) ; e eariay 10, estabelece Piaget og seiruin- ntropogéness, 0 que nos interessa & saber algo sé © desenvolvimento dos esquemas fisieos ¢ psiquicos, que ossam esclarecer ‘a sdbre 0 adventa do homem, Posigio de Piaget assim, 0 pa- imporé hs NOOLOGIA GZRAL 2 cestructuras eertas eondigdes necessfias e irreduetiveis de exis ‘Muitas vézes se cometeu o érro de olhar 0 ap: ‘iente om estructuras j4 feitas, e dadag desde 0 pouco e pouco é que éle se impde & conscineia, wracas a elabora- Go de estructuras sempre mais adaptadas ao seu proprio fun- cionamento, Desd wri nao s0 apresente sob a for- ma de estructuras necessérias, sendo go térmo da evolugio das nogies @ ndo ao se 0 a priort esti, portanto, nos siderarmos como inatas, nao as cons{deraremos epistémicamen- te como a priori. COMENTARIOS ius teorias que nfo aceitam a 0s fizistas estabelecem que 0 or! ma adequada ao meio ambiente, O proce monto ge di dentro dessa forma, e ac vém sito apenas aceidentais nfo substan tanto, transformagd dygieamente, nao é uma fase do deseny' mom ¢ formalmente homem, Para que um ser animal se tornusse homem, teria de perder a sua forma anterior para ser novamente informado. Haveria, sssim, uma geraefio ¢ uma imediata 9, so apenas avtualizegies de virtual i@, porque todo ser actua proporeionadamente & a MARIO FERREIRA DOS SANTOS icionisias admitem que as mutagdes experimentadas igteo esto contidas na forma que tem, e sAo apenas: \les aetualizadas que ufo afectarm a substancia do ser, formalmente. gruente com © axioma do de ‘montadas silo apenas possi est no postilado filos6fieo de As mutagdes que se déem, se ultrapassam ao campo da forma, exigiriam a eorrupelio do ser anterior © # gerngio de mancira clara: um triangulo as mutagdes se do den- tro da forma da triangula drado, porque ao sursir éste to déste tridngulo, O quadrado nfo é um trian, lo, mas otro ser, formalmente outro, As mutagies dio- irmagio, € por 8 negada. Para que suryissem novas espécies, essas ndo seriam apenas faves de uma espécie anterior, mas eorrespon- com a corrupefio da forma an- 's posighes, as espéeies ja estiio dadae desde mutagies, que Se conhecem, slo apenas o actualizar parte de um ser anima idades, o qual eorrespondert forma, Mas 0 advento do homem implicaria, to 6, 0 preestabeleci humanidade, o que ¢ expresso no térmo biblico da iespiracdo da alma humana no Adgo feito de barro, no ado animal, que re- cede 0 que © humaniza, NOOLOGIA GERAL 8 propriamente composigdo, como se o homem ima mixis, de uma mistura de animalidade e de por um acto ‘ormagho nova. Tangemos aqui tema da assungto, que 6 ma- “Q Problema da Alma’ nas ao campo blemas de or ‘Nao se trata aqui apenas de situar uma afirmat fa, que so reduzitia apenas 2 um tema de .quele livro teremos oport veremos que & inge- lesmente porque so poueos. ‘Pais tomas wero & proporgfio que examinemos outros, ar com seguranca terreno de sem 0s quai ‘thio grave importaucia. rem ad ARTIGO 2 ADVENTO DO HOMEM ‘Sempre o homem interrogou, proeurando respostas &s suas nde png ésse algo mais? Qual a nossa posieto diante de tudo isto? De onde vim? — & a pergunta do adver iu o homem? Para onde vou? — constitu sempre o problema miximo, presente om t6das as époeas: © problema da morte, Houve époeas em que 0 heaem vive preparando-se para \da © homem:; 6 a Cosmologia, a Antropol 19 vimos em “Ontologia ¢ Cosmologia”. a "MARIO FERREIRA Dos SANTOS Nels, o homem é tomado e estimado parte, embora siderado como parte do universo. Na Cosmologi le € considerado como a parte mais elevada (como valor), Para essa posi¢io, o mundo é modelado pelo horaem, que forma, como se observa principalmente nos homens primitivos. a antropologia ¢ as diversas cos- a essincia ¢ a estructura do ho- lo finito, 0 corpo. © homem 6 um de Deus, mas tem em si a possi- % vim composto de salma ¢ corpo. E: como a de qe 0 homem & um 2njo deceido, nostalgica por isso angustiago, ; ia concepeho é a greya. Uma espéeie de teopan- fismo, om que tudo € ‘Todos os deuses tém eardcter pessoal, Para os gresfos 0 mundo era divine, ¢ vive (pantesimo © hilozotsm0). NOOLOGIA GERAL 2 Para os gvegos, 0 homem € animal, mas recebe um dom, ‘que & 0 Logos, a razio, que ¢ algo semelhante A alma, @ qual Ihe permite a formagio da inteligéneia, A raaio é um poder, uma forga. (Para oc rfl 6 farga, porque é espiritual). Na concepgdo grega hé quatro pontos fundamentais: 1) O homem é péoduto de um agente diveto, a razio; 2) essa razio permite que éle conhega a si mesmo, ¢ as coisas como elas so; 8) Gee agente (Logos) tem um poder, wma forga; 4d) ésse poder é dado a todos os homens, e no apenas a usa aiimero determinado déles. os prineipais representantes cesta posiglo, pode- ‘a do “homo sapiens”, A inteligéncia nio sti na uatureza, mas sb o homem & Esta 6 2 coneopedo que passaremos snto, que é conbrario a essa cone eopga Jaco, que corresponde, por an ieia, ao movimento renaseentista no Ocidente, e do tendéncia exotéricamente irracional. |A terecira teoria, que 6 das mais eonhecidas, pode ser er globada como a dos siaturalistas, positivistas e pragmatistas, fistes procuram reduzir o homem a natwreza, So orizam o nexo eausal. Para Ostes, o homem nfo é 0 piews, mes 6 homem que produz, que fabri como também 0 s40 0 w MARIO FERREIRA Dos SANTOS tinto e as sensagbes, vio derivando-se até se tormarem propriamente sho, dessa forma, inteligéneia é © Logos, transformagses qna- eriias no trabatho do eérebro, Os defensores siio Demdcrito, Epieuro, Comte, Spencer, Darwin, Laplace, ete, A quaria teoria oferece uma valorizagao do tinto de reproduedo, de pod rm ésses instintos de reproducio, a convepgao econdmica na his- toria, que procura explicar os factos humanos como cauisados sobretudo pelo factor eeondmieo: como Karl Marx, Bsta pi we o homem é apenas 0 produto da natureza, 0 racistas, que estabelecem serem os cho- ques de ragas os adores do homem. Finalmente, ta concept, t do peder politico no sentido de Ma- guiavel, © a da Vontade de Poténeia de Krause, Adler ¢ Nietzsche. A quinta teovia ¢ uma iddia terrivel, como a chama Scheler. Procura estudar o advento do homem, a sua posigio e o sett valor na histéria, © poueo conhecida por estar esparsa em muitas obras. # contréria a todas as outras, O tema principal é 0 da docadéncia. Afirma: o homem é um desertor da vida, 0 homem vive de sucedaneos, ete., enfim, é um ser desarmado ante 0 mundo, por NOOLOGIA GERAL a sso necessita de instrumentos téenieos, incluindo coneettos, idiomas, ete. A razio, que para a posigiio grega é divina, para 1 6 uma negacHo da vida, ou como coxo”, sem o valor que The deram sresos e cristaos. Para esta teoria, o homem é uma enfermidade, um verme ridieuto ¢ pretencioso, que se autocritiea nas horas de depres- lio, © homem pens porque nfo pode e nao sabe para onde ,, e escolhe racionalmente porque nao sabe agir instintiva- mente. E astuto, porque é fruco e jeamente. Por isto 6 um animal vido de morte, porque nasceu para sofrer. Conclusfo: © wo sapiens nao & um momento alto, mas um momento de d Apoiam esta teoria: Schopenhauer, Nietzsehe em parte, Klages e Dacgué. ste foi propriamente um dos primeiros a esbocarem-na, com alguns fundamentos sérios de ordem cientifiea, Daequé assim considera: hé uma deeadéneia em tida a natureza, ¢ © homem também decai. No inicio do universo, 0 homem foi 0 maior de todos os bens, mas decaiu. Nés somos apenas alguns homens que esto demorando a decair, enquanto outros irmfos nossos j4 decairam, que so os anim: portanto, Inverie a teoria comum, partinde do m: tabelecen que o homem é decadente, mas pode servir de ponte ‘para 0 super-homem, que o superard. wore preciso evitar a confusto entre inteligéncia ¢ espirito, ‘Mas o espirite humano nfo consiste apenas na inteligi- lidade, © homem pode usar a in para o mal. 2 MARIO FERREIRA DOS SANTOS © animal néo contraria og seus instintos, enquanto 0 ho- ides, eensuras, entraves, obs- tos. ido a forga dos insti 6 suficiente cxlar 2 si préprio, e se vé obrigado a construir o que compens Cria, entio, os instrumentos. Neste easo, Ole esté dentro também da concepeho naturalista, que admite 0 homo-faber. ‘Mas sugede que as concepcdes naturalistas aceitam um progresso continuo, enguanto a da decadéncia repele esta afir- ohomem néo esté em progresso, mas sim em cons- em regresso. Cada vex porde mais férca, e cada ver se vé obrigado a trumentos para a vida. EA proporgio que os ceria, os érpos funcionam menos, o que lhe aumenta o en- Sraquocimento. Dao como exomplo, o abuso dos medieamentos. Nao procura evitar as dores por meios natursis; prefere drogas de efcito mais rapido 6, com isso, enfraquece o orga- jsmo, por atrofiar as suas defesas, Nao enfrenta as intem= , porque 0 seu organismo no est preparado para elas. imontagio 6 cada vex mais eozida, B quando no idas condimentadas que possam des- wa-se contra ai proprio, éle preci- surgem algumas opintoes, dosviam 18 que aceltam tides a deeadéncia inevitével, idade de superagio, com excepgio de Nietesche, que teoria slo as dos autores meios naturais (como nudi tiviam despertar os proprios A ravio passa a ser, para éles, uma manifestagio de deca ia maior. A proporgdo que 0 homem se torn mal NOOLOGIA GERAL s salogia. das Moral”, 1a novessiddade, viu-se tintos por instrumentos. Nietasche, na defende a tese de que o homem, foread brigade a viver em sociedad. Iidade sempre que hé “sé reunigo entre “companheiros” comun. Para Nietzsche, 0 homem vivia anter) macho e Femea. para a execusio mente avs pares: nfo & propriamente uma soeiedade, O homem pelo aumento dos ques, ax necessidades do apbic-raitno, ‘o homem fraco, que no podia ca fisien, entregava-se 20 aseetismo pars sous semelhantes, pala fOrga Imitivos feitieelros, 08 pre- \ésofo alemio. Iutas entre os grupos e exam apoiados pelo asceta que néles encontrava a férga que 0 amparava, O aseeta é um taumnaturgo (palavra que vem de um verbo grego que siguifica admirar, causay admiragio). a MARIO FERREIRA DoS SANYOS Na concepglo de Nietasche est estabelecida a luta, ao surgir 0 chefe, porque surge o esbogo da divistio de classe. Hoe os Realmente o homem, como animal, é decadente, A inteligéneia, incluindo a razo, nfo pode ser conside- rada como um mal, nem apenas como um recurso. Sendo um a intensidade dos instintos, teria fatalmente que compensé-los. Por que os outros animais ni eriam tam- bem instramentos? Porque nao tém o que Ihes permitiria criar instrumentos, © conjunto sistemitico 1m produto do espirito, ¢ ps nossa époce & que é espirito de decadéneia. na afectividade? Ox homens que ago perdem em afectividade mais do que 68 que vivem em pequenos agrupamentos. Quanto mais nos aproximamos uns dos outros, mais nos separamos, Perdeu-se muito da simpatia humana, Devido as grandes acumulagdes nas metrdpoles, a capa cidade de sotrer Nas grandes concentragdes humana, os homens aproxi- mam-se fisicamente ¢ afastantse afectivamente. Hoje 9 homem vale pelas coisas, Foi em épocas cruéis que sti Buda, Confiicio, ete. Mas ha excepgies que permitiram que ria niio Fosse apenas um pesadelo, O homem que tanto progride com a téenica néo realizaré nada de grande com 0 coracao? # natural que actualizemos a decadéneia porque mos, mas outra coisa deixar-se arrastar pelo es decadéncia. TEMAT ARTICO 8 DIFERENCA ESSENCIAL ENTRE © HOMEM E 0 ANIMAL relagao poraneidade de onto nao tinham a conformagdo que conhecemos hoje, Os mares estavam repletos de vegetais, de algas; eram mares de sargacos, dos quais alnda conhecemos um entre & América e a Europa, na parle norte, Na terceira fase, os vegetais ja ndo tinham as grandes di- mensbes anteriores e eram semelhantes aos vegetais de hoje, restando algumas espécies remanescentes. % MARIO FERREIRA DOS SANTOS As drvores diminuirum de tamanho, e 86 nessa época seria possivel o surgimento da homem, ou melhor, de sett antecessor, ‘© homin‘deo. ideos, anteriores a0 pitecdintropo, eram dife- fides que hoje eonheer:i0s, os simios supe- riores. Deviam vir dz mesma fonte, mas ja se haviam dife- renciado, Deu-se, portanto, algo espantozo, porque éstes se trans- formaram completamente, Qual a causa desea transformagio? Compendiando o que 8 seguintes observagoe Se atentarmos para as diferengas entre o3 mein, vemos que elas so imensamente grandes, como tambéin grandes sfo as semelhancas. Como se ex] to, que désve clo comum, uma parte seguiu uma diregéo, e outra seguiu uma sso diferente? #2 visio humana é binocular e permite a conver- sobre © mesmo objecto. © homem a converse no consegu tim também essa mobilidade, mas ter 08 focos acentuados como o homem; seus is hipermetrépicos, e nao podem fixar os objectos imos. A hipermetropia diminui no homem civilizado. comaparado a um homem culto, revela maior hic eemelhante & dos simioz, que percebem melhor os objectos mais afasindas que os proximos. Bsses animeis tm uma visio de conti l, diferente de a dos outros Os hhominideos, na primeira fase, alimentavamese tiniea- mente de frutos e félhas tenras, Depois das mi é gicas havidas, viram-se forgados a procurar 0 al © que Ihes provacou ies fisioligicas, Por ex., 0 mésculo que sus. tenta a caboga perdeu 2 suwe fancio, ¢ a nova posiedio do eére. NOOLOGIA GERAL a vo exigia ovo equilibria, per parte frontal, parte das asso posterior. A transformacSo désse anim: vores © passou 2 viver depois de um longo per’ Gecorre das modificagées fisiolégieas sofridas. O lo facto de #fastay na narinas do ehfiv, atrofion graniiemente 0 olfato. A modificagdo da visto, que cada vex mais se fixou, de- senvolvend Jbém of nervos; @ a mastigacko, em conseqtién- las mudangas de alimentos, desenvolveu-lhe os maxilares, aram formas completamente diferentes de a arborieolas. Essas modificagies permitiram ‘9 completa do funeionamento do eérebro, Ne- hhomem consegue viver sem a parte frontal, enquanto os jos © podera, como j4 foi verificado experimentalmente. O com a visio, mais ou menos 120 graus, podendo ‘58 olhos dentro déese campo, Os outros suimais no © homintdeo, quando também modifieagies qual om sua tensio, ‘Vemos que a agua tem caracteristicas completamente feventas das substiinelas que a comp5em. As modificagdes do eo MARIO FERREIRA DOS SANTOS hhomem podiam ser compreendidas andlogamente. (1). Quando comegou & desenvolver-se em sux estructura, houve também icagées de ordem qualitativa, que explicaria porque se inguiu dos outros animais, pergunta: por que ste animal rente de 2 dos outros an- Um tedlozo poderia dizer que o hominideo foi escolhido por Deus para ser homem, feito a sua imagem, Realmente i uma completa moditieagio déste no modo de proceder em conte + néles hii o predominio da co- r enquanto no horiem dé-se o 6, hd predominaneia do vérebro sébre a colina los misteriozos, nos quails os animais se opdem & nature, Houve exemplos de s tamente 0 NOOLOGIA GERAL 2 1s de baleias e de elefantes. Mua tal nfo é propriamente se, mag um entreyar-se gos impulsos de morte, que animeis, hi escolha, mas, na- , enquanto nos animais, mao. por Darwin e oa Tanto no homem como nos es esta se aplica a val Este ponto de vista, entretanto, & comb: tros, que nfo accitam nenhuma bese metafisice, Acham que vopsiamente a eceolha de valores. Real os ani 1e nko tém a concepeo do valor, Quando 0 bomi animal, em gue os instintos perderam a sta forga, conhecea a Quando alguém promete, 6 porque admite a possibilidade ae cumpr promesta coloca no future ama reallzagio qualquer. E uma possibilidade recontiecida. cobservamos, recolliemo-nos em nos mesmos, concentramos-nos em ns mesmos, € no nos consideramos como objecto; Tundi- ‘mo-nos em nés mesmos. a MARIO. FERREIRA DOS SANTOS aan iis Wizem sempre sm & vida, € 6 omer pie Os animais nao rompom os Ii sequioso do novo , animal edipido ¢ E agora surge a divide: gave espirito? 0 ndo, ou apenas ésse ndo aprovisions-o de energins? Reanalisemos algtuns pontos importantes. A erecedio do hiominfdeo era uma exigéncia da propria des. ites, ¢ adomais o homem 6 Conseationtemente, 0 v ibrio, desen- volvendo-sv a parte frontal. Hssas modiffeagSes se processaram ais voltar & pesicio quadvamana. Os chipanzés, por exemplo, Ao para a ereceso, porque éles, quando 12 palma das mfos, mas nos nbs dos as de ordem real e as de sto & quais as confirmadas pelos factos & a que nfo 0 sho. NOOLOGIA GERAL a 5 divigem-se a si prOprios, mas essa antono, , conhece 0 (© funcionamento cerebral do ‘vex mais separado do sistema sensi Os animais esto sujettos a actos de Ioueura por terror, ete., mo porém 108 também que a visdo do ho- mem permite uma fixagio de diversos planos, o que nao sucede com os animais, o que Ihe permitiu desenvolver ums meméris eoordenada, A meméria dos animais é demesiadamente pelectiva e, te- maple, 08 piissarox que encontram seus ninhos idade, apesar de estarem déles muito distan- ‘a meméria do homem 6 mais complexa, con paieologia. te em todas o8 actos psieelégicos ,, tem sensngiio provorada pelos es pela, e na percepgio dyieamente, tornousse ais guiar-se pelos instintes como jovos instintos com o decorrer’ wsatisfagho, sfio indiferentes acs factos da insatista- 2 MARIO FERREIRA DOS SANTOS um certo conhecimento das possibilidades, mas dentro de certo Ambito, 0 que néo acontece com o homem:; éste 0 ultrapasca. O homem constrdi possibilidades ‘denis que o animal niio pode fazer. Eis por que néle se desenvoive a vontade, o que nfo se & nos animais, 0 homem estabeleee um fin, e © anim nfo estabolece fins. Ble estabelece uma meta a ser aleangoda, ¢ isto 0 homem eriou os primeiros instrumentas de trabalho, que The permitiram a construgio da téentea Com ésses instrumentos, prolongou © aumentow as possi- bilidades, conhecendo, ao actualizé-las, novas possibi homem primitivo, que usou © primeiro instramento depois da pedra, desejou que éle fOese melhor, pois accitava a possibili daile de ser mais eficiente. Assim o que o homem reallza, julga que pode ser porve sempre considera uma poasibilidade. le cor) tem com um objecto ideal, possiv ‘paracao cha eradlo, rao que que Ale desejaria, A com- ciagéo, Ble estima, (que vem do grego timesis), e temos a times rab 10 por meio da comparacke, Som ensa timese parabéliea nao compreender' smano, Kia surge da propria possi esta da ‘ago. O animal nao a renliza, porque nfo tem con: satistagiio-satisfagiv. Bo facto de o homem conside- 08 0 pro. To do, veritieamas que a seleceao é erescente, e que homem é 0 animal mais selective que existe. O conhecimento é 2 mixima seleesio realizad: ‘mamente selective em seu operar, Hi, entio, uma mais? Ha duns respostas: entre os homens e ani- NOOLOGIA GHRAL 8 1) 4 dos gue dizem que nio ba essa diferenca es 2) a dos que a accitam, Os fitimes admitem que o homem é portador de algo qua- ferente dos outros animais; é portador de uma alma, Outros admitewn que o homem, por dest fisio- Jogico, diferencioa-se completamente. Deu um salto qual passot a projectar-se de outra maneira. Exsas transformagdes iio tensionais. Como animal, tinha éle uma série de poseibili- dades que se transformaram quando éle se tor ‘Gla mudanea estructarul, criam-se nevas possi Os ani tanto, de mé Bles notam o corpo morte, néo meditam sobre a morte, o eapazes de idear. Nao so eapazes, por- wre a morte, por exemple. © homem vriou inibigGes para si mesmo, por isso pode opor-se & naturcza, Pode transformar-se em obstéeulo contra: fa naturezas separar-se do mundo exterior, tornando-o um ob- jecto de conhecimento, enquanto os animais sc fundem com 0 mundo exterior. © homem, em suas relagies soci 6, posterformente, a aquéle que constréi um superego, walidade; tornase pessoa. E & pessoa um papel na vida, ¢ que tem conseiéneta de a, € que & portador de si mesmo, senhor de uma, que atinge a pessoal ia abstraegées, como as do espaco, do quantitativo, do qualitative, ete, O espago, para éle, pasen a ser compreendido coma vazio, enquante, para os ani- mais, 0 espaco é sempre cheio de realidace, O homem & um constante desveelizador, por construir fdéias. © homem diz nfo & nabireza — e por isso surge & por- gupta: & 0 sido que cria o espirito, ou serve para aprovisionur © espirito de energia? Ha duas respostas: 4) © espirito € forga, (pensamento apolineo) ; 2) ou 6 nogativo; 0 espirito nasceu désse nie. 4“ MARIO FURREIRA DOS SANTOS No primeizo caso, 0 rio dé energi do, é justamente o contrario: porque criar 0 esptvito, No segun~ a natureza, teve Aceitzmos, entretanto, que 0 mio acontue a energia e ine tensifique o espirito, Mas se o homem nio fosse diferente de animal, niio poderin dizer ndo & natureza. fste espirito, por- tanto, jé estava no homem, antes de recusa, do nfo, ¢ éste nia acentus o espitito, Os defensores da teoria negativista sae Proud, Adler, Schopenhauer, ete. E surge outra pergunta: como sobrevive ésse animal traco ¢ enférmo, que é 0 homem? Dizse que consegue sobreviver justamente por A natureza. pelo ¥ 0 espirito quem verifies a repressio dos impulsos; 6 de ‘quem realiza a mobilizagio das frcas inibitOrins para enfren- leva & coneepeio mecani dle uma eeséneia diferente dos ani- ro campo da metafisica, 0 que is JA nos Tevaria a pene faromos & proporefo que invadamos os temas pri déste livro. 0 facto de elas suegirem TEMAT ARTIGO 4 TEORIAS ANTROPOGENETICAS Em face das grandes semelhangas que hé entre o homem e algims antropéides, surgiu ista, que afirma 0 seu parentesca (nfo a deseendéneia) com os simios s ‘neipalmente com o chipanzé. ‘Tiveram éles um élo comum, Assim se julgava antigamente: Homan t oofntopo i Antroptide do homem, que Entre as diversas teorias sbbre 0 adver merece hoje 08 favores da iz que © homem surgi sombocar nos simlos superiores. Desta forma, em vez do homiem ser aponi evolufda dos simios superiores, é le o desenvolvimento de um ser que sobrevém de um elo comum. uma espécie oe MARIO FERREIRA DOS SANTOS 0 grafico abaixo nos esclarece esta coneepeao: Homo sapiens simios auperiores \\ 7 ™ ese “elo comum” era um ser arboricola, B arboricola o foi ‘também o hominideo em sua primoira fase, quando se deu a ida das drvores", 0 que permitin o surximento do homo 2, depois de atravessur uma longa evoleio até atingir ‘em que se funda esta con- cepeiio, isemos em nosso livra “Se a esfinge falasse, . Apresentaremos alguns aspectos e notas que julgamos necesei- rios para o bom entendimento dessa hipdtese, condensanda o exposto no artigo anterior. Quando sobre # face do mundo dominavam os wrandes ani- mais, viviam os hominideos nas drvores que thes serviam de reftigio. 0 que néio se jam isolados, como os ivasy a destruigio da arvore era prove- dida de uma corimbnia de carscter litirgies, e os lenhadores confessam sentir estremecimentos quando Ihe ferem cerne com seus machados. NOOLOGIA GERAL " “Admiram-na antes de destruf-la, Admiram-na como a um deus voneido, Ha entre o homem e & Grvore uma ligagdo mais profunda. ‘Uma espécie de sacer, no sentido romano da palavra. O rect nheeimento de quem se depara com quem o acompanhou ne vide, () Hé na veminiscénela, Em fédas as épocas, 0 homem emprestou & avo: ., anseios € Sonos mem + @rvore um qué de famil Jago _ HG senipne respeito ante a serenidate de um carvalho, ante 1 perdida nos deveampadas,e © sulgueiro infunde sim- A intlixéneta 6 em ome parte estimulada pela érvore. tamente possivel, através de uma série de observagies psicoléuiens, his , bioldgicas ¢ paleontoliy Aceitemos, por ora, parentes remotos, € no nossos ascendentes. A hominifiengio dos antropéides, dos pros: exereido pelos grandes ani antropéides encontraram na rvore o refigio, um meio de le- gilima defesa. © viver nas Srvores desenvol i no lati primitive @ que & da drvore do bosoue: A ‘sta, es origo™ 6 MARIO FERRIIRA DOS SANTOS Po, eresciam mais, porque, nas arvores, a aleneio exigida, for- ava o desenvolvimento dos membros anteriores. No chiio, na terra, 0 des imento dé-se nos membros traseiros, 0 que sucede com todos os outros animais mamfferos, Ai o terreno 6 continuo, e basta tnicamente a atengio sensorial instintiva para a mareha animal. Nas arvores, o terreno descontinuo mento. Como conseqiién- Jo terreno descontinuo da terrae « p la pelo tempo, es Pago, variagdes geosraficas, ete, © desenvolvimeno dos membros tropside se viu em terra, nao Ihe fi imano de outros mam‘feros, 9 que 0 levou @ equilibrar-se patas traseiras, condicionando-the a vertiealidade, Esta era mais fécil, por corresponder ao desenvolvimento exagerado dos membros anteriores. sriores, quando © an- wap eaminhar qua- A marcha eviou 0 equilibris, apés ensaios sneessivos ¢ mi- enévios, © tornaram-se os braces supérfiuas para a marcha, porque a ela nfo se adaptavam, comum obsorvar-se nos animaia arborieolas am maior desenvolvimento do volume cerebr A necessidade constante de um alertamento da atengio 6atica predipos um desenvolvimento das sensagdes correspon dentes, um entrosamento entre © perigo e os olhos, entre a vida © os olhos, entre a atengfio e os olhos.... NOOLOGIA GERAL ry Por iss0 so os olhos que oferecem pontos de referéncia do equilibrio, bem como 0 “ponto de eoagulagao” de todo 0 conhecimento, no homem. (1) Determinou a vida arbérea o desenvolvimento da lingna- gem, Sao precisamente os animals arbéreos os que possiem © maior nfimero de elementos de linguagem, o que permitiu obter maior conhecimento das necessidades colectivas, pele transmissfio das emogdes de uns para outros. nu na arvore @ nasceu do perigo. Foi © temor uma das condicionantes da inteligéncia. ju 0 desenvolvimento progressive ‘io déste, Desta forma, a verti- iferenca entre ima, pois estri- bba-se tinicamente na maior varisbilidade da estructura eitos- ‘tratoldgien do edrtex © do seu tamanho. (2) ‘0 erinio do selvagem ¢ esquistomente dolicecéalo, © que most de célules ganglionares, ou 129 mil quimetros de neuretbtias, alam Go tecido canjuntive. 50 MARIO FERREIRA DOS SANTOS lo da forma, do estado, A avco exterior forga uma transformagio do “processus” interior, diferente do precedente, determinando a criagto de eequemss reactivos para as segSes © diversos acomodamentos, porque o psiquismo torna a busear Reage em fungio da acgdo, tismos primitivos. As bases or: sentimentos, reflexdes vontade ‘que se forma evoluelio do psiquismo. Nio devemos separar o aspecto sensitive do aspecto motor © & observagio mostra.nos que nio se pode separary na psico- logia, a acco motriz da acgio psiquica prdpriamente ‘Uma contragéo muscular separada, uma sensacio sepa ada, pode eseapar & conseiéneia, mas 0 mesmo néo se dé quan- co hi os correlativos motores. Ha conseiéneia quando ha ura agrupamento sensitivo-motor. © ambiente exerce sua influéneia sobre o homem, como exercemana o vento, o sol, a temperatura, a umidade e os astros Os instantes psicolégicos sia regidos pelos processos nsso- ciativos, quer separadamente, quer i do mundo exterior sdbre 0 umas eSbre as outras, HA uma niza, que as dist Os processos de meméria hereditéria sfio fixados nas eélu- Jas germinais, difundindo-se, om sesuida, em todo o organismo, especialmente no sistema nervoso, (1) da sensagio, afeiedes, a agai ambi Reredilela & um probleme sins em né pare » inci wansferéncia ea memsna dos antepessidos para oo aucesores Pod st iscutide no plano fico, de luboratiio, Talves a yentilea nde enconire, por ora, uma solusio; mas existe algo que se tanafore. A tese € damasiadamonte Yasin ¢ erie euttas observagoes NOOLOGIA GERAL a através de uma observagio suseinta, matemétiea de seu movimento. 10 6 indiferente a0 meio ambiente, pois sofre ‘a8 influéneius dos fendmenos que se sucodem & sua volta. A. verticalidade interior, aproximé-lo de outro objecto , e, eventualmente, para ransportados em linguagem psicologiea, éstes gestos tor- ram-se em operagées mentais usuais: adie@o, subtracio, eompa- ragio, trasladagl ico a wma coisa pensada, generaliza- abstraceao, edificacio material, etc. Tudo isto forma o ra- jo”. (Pierre Mabille) Niio queremos explicar 0 mental pelo fisico nem o fisico pelo mental. Aos penssimentos acodem os sestos, @ as atitudes As imagens decorrem, vivem, desenvolvem-se e traduzem-se em movimentos fisicos, Podemos pensar, construir pensumen- peren asin portato, as mesmas IntacrogegSes permenceere de Pe, isin, porcini, da Clone Naturl, come veremes mals adlante, 2 MARIO. FERREIRA DOS SANTOS tos, numa quase atonia dos museulos periféricos. Mas 0 sangue pode quase parar nas veias, as glindulas activarem-se ou nao, « digestio perturbar-se, as vézes paralelamente a um pensamento, No universo, 0 homem abrange mais espago do que um animal qualquer, Segurar um objecto @ a génese da adigfo e arrancar algo déle € a da subtracho. Compa transformé-lo favorecem a construgéo de esquemas intelectuais E dat para as abstracgdes e sinteses, o eaminho j4 nflo 6 to grande, afirmam, Nenhuma ideagio pode ser realizada sem se revestir da forma de representagées, quer auditivas, visuais, musculares, ou clfativas gustativas. © espago exerce sobre © psiquismo uma influénela inet tivel, pois é le, para nés, a reproducio dos noscos volumes das nossas dimensdes, # uma evolucio lenta, e desenvolveu-se de acérdo com os nossos meios de apreensi. A erlanca no pode ter a mesma concepgio do espao que nés. Bla 33 toma consei erescimento de stia capacidade de set cia do espago com 0 lade e muscular. vo, ela “toca” para crex. So os sen- tidos @ medi B nos milseulos, no tacto, que podemos tomar conhecimento da “realidade”. Segundo essa do, toda filosofia, neste ponto, tem Como avditiva, como visual, como tictil, segundo nossos sentidos, segundo os sentidos de quem onve, va e toea, 6 a “verdade”, | ; ‘| Hi ! NOOLOGIA GERAL 3 ‘Nés nfo apreendemos tda a realidade sensivel das coisas. Hé os que podem ouvir “melhor” 0 universo e seus fenémenos, 1e posstiem maior sensibilidade téctil, e outros iugéo tem suas bases, quer nos ele~ ‘ambiente que nos cerea, eomo nos que cons Nossos raetocinios obedecem as leis do universo, niio fogem_ delas, apesar de muitas vézes termos esta impressao. A vida pstquien ‘Um dos elementos importantes na vida psiquien é tempo. Pox éle velucionames, eneadeamos 03 pensamentos e formamos fa base da lei de eausagho universal. A nogo do tempo nos é fornecida, em primeiro lugar, por uma base apriori 1r, sensitiva, Nase da constatugio do ritmo inter no, de todos os ritmos, eirculagdo do sangue, vespiragio, sensa- ces, ¢ também do ambiente, noite, din, ete. ‘A ccerlena, cue forms a base da nossa verdade, tem seu nas- eimento numa funcio muscular. ‘Noa, e também os animais, temos consciéncia da certeza depois que tocamos, ouvimos, cheiramos, gostamos (saber, vem Ge saborear), mordemos,., S20 éstes os elementos sonsitivos ‘ue modelam os nossos melos de averiguago da verdade. a Formula primaria, mas que gera a hase das nostas certezas fue turas, a certeza que vem posteriormente, numa fase mais avan- gala, e que tem como ave a certeza muscular, nervosa, primitiva. Bm cua génese a palavra compreender (cum-prehendere), slenitica tomar, segurar. Eas operagées psicol6gieas posterio- ta, tém base ot MARIO. FERREIRA DOS SANTOS Os impulsos vém urados no homem e 0 sistema ideo obscuras € misteriosas, ‘Tudo quando gravita em torno désses pplsos secretos, & acelto como preestabeleeido, como axiomé- tico. Colectivamente os homens também sfo assim, Ta cerlas prediaposigdes simpitieas, énicas, raciais, tvi- bis, de el, que néo se explicam yor ficarem ocullas nas som dyras do passado, as quais explicariam tendéncias, predilesées, jnjetativas, desejos, preferénetas " * = As afeigdes emprestam ao mundo a beleza que vemos néle. Sem elas, éle seria repulsive e absurdo. Subjectivamente temos “horror a0 vacuo”, um objecto, de um homem, de uma eens, s mos logo 0 seu ie de icompleta, enche- io com pormenores anal nes aos elementos primordiais, como nos mostra a Gestaltthen- das formas). uma das nossas maneiras de eriar 0 mundo. E 0 nossa imaginaedo, juntando-se ao pouco que hi de sas idéias @ opinides, 0 que existe de apreendido do ext © que acrescentames com as nossas opinides nagio, 0 que evidéneia a nossa pouca familiaridade com a verdaste, ‘Nao nos contentamos com 0 conhecido; exercitamos sébre para delas podermos chegar ao conhecimento. NOOLOGIA GBRAL 8s |A fantasia permitenos formular o conhecimento pela apreensio das percepgées singulares. A fantasia € o prelidio da razio. Ba raa%o ainda priméria, cheia de impurezas, que ordena € compara yor anslogias remotas, pelos sentiments, selvagem, ia, A razio nio fore fa estas ingluéncins, Mas cireunsereve, analisa, focaliza melhor ‘as percepcdes, liga por assaciagées légiea, busca o auxilio dx tneméria, dispensa as analogias remotas, controladas pelas sen- sagées objectivas. ‘Tal ndo impede que muitos dos elementos comparativos da rasio eejam sedimentagies arcaicas de fantasias, de percep- ‘goes falsas, de sentimentos e afeigGes coaguladas, de peticdes de prineipio que se tornam postulados indiscutiveis. Para essa eoncepgéo, so éxtes os limites da raziio, E para determini-los exige-se uma grande atengdo e anélise, 0 pen- 1 asgociagSo, anulogias préximas ¢ remotus, con- tradig6es por analogias, por associagdes, meméria e, finalmen- ., a pereepedo psiquiea das eurvas altas do sacdes armuzenadas pelo subeonseiente. steriormente (em relagio & evo- por exelusdes da fantasia, A con- dude das pereepgdes sedimenta, fixa as sensagies objecti- formam, depois, a base angular da rezao, tanto no individual como no eolective. A razio, 6, portanto, de Nos jutzos, hé a influéneia dos instintos, como proporcio- nadores de fendmeno psiguico do pensamento ¢ do juizo. ‘Alas o¢ instintos, provocades pelos impulsos, trazem 08 con- instintos em movimento, Por isso 0 juizo, as vézes, destoa igGes internas é a tiniea que mneepedo, explicar @ aparente liberdade & em suma), pela condicionali- dade dos fuetdres opostos. .. 3% MARIO FERREIRA DOS SANTOS Aste choque dos instintos © eontra-instintos procesea-se no subeonseiente, eo que vem & Lona sio as curvas altas dos resultados. 0s indecisos trazem ao consciente es resultados eontradi- t6rios, as coordenadas das curvas altas. Se provalecom as de- terminagées étiens da razfo, ou actua por elas, o individuo con- sidera livre a escolha do acto. Se contraria os fundamentos éticos para tomar uma ati tude oposta ao que Ihe ditam as regras — o esguema racional ve, No nota que a i \dos de aparente est s instintos manifestam-se nas tendéncias, nas afetgbes, na percepeao. Ao percebermos alguma coisa e ao Zormarmes Longa ¢ demorada, cheia de aventuras, de march: trasmarchas, tem sido a histérfa da conguista ds hominilidade. ih tunas esto abertas pare essa coneepeie. Ela nfo explica suficientemente a formacko da inteligéncia, pelo menos NOOLOGSA GERAL Ea outros animais, sobretudo em seu aspecto expec previsbes, em seu impulso de dominar o tem} sua maneira de Interrogas 0 norqué da existéncia, em desejar interpretar 0 mm destino para si. Seré tema priximo estabelecer as pontos que distinguem ‘-homiem da animalidade. ‘Vasto campo do conhecimento humane, muito hé néle ain se quo a maior parte do que sabemos do passado esta ainda ensombreado de hipdteses. ‘A descida das arvores 6 ainda uma hipétese, ¢ certas dou trinas evolucionistas, apesar das fortes razdes a se favor, ainda mio ello suficientes para assegurar uma evidéneia in- contrastavel. Sedimontacdes psicoldgicas Mas prossesuindo por ésse emaranhado de hipéteses, elgu- mas tio sblidamente fundamentadas, outras sdbriemente apoin- das, podemos imaginar 0 homem de trezentos mil anos atrés, Jonga fase em que se deram 11s primeiras sedimentagoes psleolé- gicas simples, os primeiros actos intencionais elementaros rela- tivos ao emprégo dos instrumentos eolfticos, ° , os mais acessiveis foram aproveitados, o que ge observa também por parte dos sfraios quebrar, moer, iva, e 0 acto selective provocava uma neentuagao da capac! dade reflexiva. 4 nagquele longo pe silex usados, para facil pormitin a formagio de actos intencionsis. s MARIO. FERREIRA DOS SANTOS embora incompletamen- , uma diferenciaco, o , 0 comhecimento um certo ane mento do conhceimento, A esta fase ‘eariqueeimento das sentidas. Naturalmente af se desenvolveria a afectividade, 0 homem ior, @ fase que pre- cedeu a nossa, A mudanga da temperatura ésse periodo deter- minou 0 desaparecimenta Nesze per mento, como isfagdes conscient pela fraqueza gue ger nentava o campo d coma recursa para Nessa época, jé se esbegariam as Intas sociais entre os grupos, econéinica, ¢, conseyientemente, a formacio de ovas neuroses, NOOLOGIA GERAL 3 'S6 ento se processou a nitida difer sonho ¢ a realidade, gerando 0 cont dade, como evades. (1) ‘Na formagao da inteligéneia do homem muito influi a linguagem, ‘Aseim, como se desenvolve em funcio da intel uGnela sobre esta, porque a iago entre a fan- ito de liberdade e igagao dos sons aos objectos que ela dese- java dar indo uma nova espéeie de asso- ciagdo de bem come o enriqueeimento de morfemas, que Zaeilitavam © processo da inteligéncia. (2) sentines com 03 aciuais estudes da antropologi cela nos coloca em face de dificuldades tedrieas (aporius), que servirio de tema para os artigos posteriores. TEMAT ARTIGO 5 OS SIMIOS E 0 ADVENTO DO HOMEM Para a Antropologia cientifica, © homem primi tualmente inferior ao homem actual, embora fisicamente as diferengas vojam relativamente poouenas. Comparado © homem com os simios superiores, vése que 4, na forma exterior, multa semelhanga entre o eérebro do homem ¢ 0 do chipanzé, por exemplo. No chipanzé, encontram-se ‘05 mesmos centros eerebrais que no homem, e semelhantemen- te dispostas, embora sua extensio relativa seja di Ro é, dos séres conhecidos, 0 que cerebralmente mais se », ademais, no homem, je de gestos facinis que so semelhantes aos dos simios superiores, cado amplamente por éles. Por outro Iado, afectivas nos simios, como mimos ¢ euid como entre 08 pr plo. Conhece-se 0 entre mae e filho, ios casais, que nos serviriam de bom exem- ito bem nosso de “mie macaea” para assi- ‘nalar a me que mima excessivamente o filho. es MARIO FERREIRA DOS SANTOS Por outro Indo, tém ainda notado os antropSlogos, que se superiores, manifestagses de “a muito elevado, rebelando-se éstes, a0 ihote ser ameagado ou maltratado por um se fo. Repelem 0 abuso sobre a fraqueza, @ com nagio que é rara entre os humanos. Por outro lado, entre éles se observam, como complemento Iwidos, como teve ocasifio de observar Weinert, um dos antropétogos que mais se dedicaram a0 esiudo dos simios superiores, eujus obras representam hoje uma importante contribuigo neste sector do conhecimento humane. As observagdes de Weinert 0s exemplos comoventes de abegaciia, revelados por todos 08 estudiosos entre os s{mios, impedem juleamentos preeipita- dos, no sé quanto a afectividade, como até quanto 20 desen- volvimento intelectual. Weinert conta-nos, em seus livros, infimeros casos comoventes, em que, afrontando todos os peri- 4205, arriscam-se uns em bem dos outros, ultrapassanda e ven cendo repugnéneias, sofrendo at6 dores atrozes, para vir em suxilio de um mais fraeo, 0 que revela uma divegéo dos imput ‘50s que se opem ¢ Yoneem os impulsos haturais de conservaciio, Considera Weinert, ante tantas mostras, que a diferenca intelectual entre os simios superiores ¢ os homens pr € muito menor que a diferenga fisica, pois os factos que obser- vou permitiram-Ihe concluir a favor désses animais. Termi comum entre homens ¢ simios, coneeber ‘a, o mais elevado dos primatas, nome que di a , caja existéneia cabe & eidneia provar. Observon sobretudo entre gorilus e chipanzés, que sao oa mais préximos ands, ha v idade de niveis de inteligéneia, Uns revelam-se NOOLOGIA GERAL cy 1s, como muitos dos homens, e outros emi- © chipanaé, tendo uma sociabilidade muito , revela ainda maior grau de inteligéneia. E ‘einert ao facto de viverem em sociedade 0 maior de- senvolvimento da inteligéncia, bem como dos meios de comu- nicaclio, que sto imensamente esti um constructor de utensilios, enquanto o plo, o acidentalmente, Na verda lo muitas das experiéneias de outros ‘nos, verificar que o chipanzé 6 eapaz de construir um instru mento, como o de usar bambis, ¢ ligar uns aos outros, aprovei- tando a parte Gea para aleangar um fruto, como Guillaume também ja havia obsorvado. Mas, hi aqui, uma diferenga im- portante. B que o homem torna a usar ésse instrumento para ‘actos futuros. Sabe que éle serve para isso, e conexiona-o As possibilidades Faturas, 0 que nfo o faz 0 chipanzé, que, se 0 fencontra, usa-o como 0 faz com o bastio ou a pedra para de~ Fender-se, mas nio Ihe d& continuidade utilitéria, isto 6 nlo percebe a possibilidade de ser usado outras véves, 0 que é uma earacteristiea para nds importantissima, como ainda ve- ‘remos, € que permitiu 20 homem a construcgio da téniea, o ‘que no a comhecem os animais, nem mesmo os simios supe- Odservagies de Yerkes ¢ Guillowme Indimeras experiéneins de Yerkes também comprovam as afirmativas de Gi © ¢ Ge Weinert. “Nés verifieamos dste facto important bo de Antropomorfo capaz de pensar losicamente ¢ de exe- ‘entar uma série de aegées, das quais nfo se pode meyur 0 ex- nicter de encadeiamento lgico, Pois aqui nae pode ser expli ‘eado apenas como instinto: nenhum antepassado dos chipanrés teve jamais a oporti de buscar seu alimento, construindo Instrumontos dessa espé Weinert, referindo-se as expe- 6 MARIO FERREIRA DOS SANTOS j@ncias que teve ocasitio de realizar, ¢ que confirmam outras izadas por Yerkes e Guillaume. Bm face desses experidneias, concluem estes dltimos por admitir que a construgio de instrumentos deve ter antecedido 20 homem, e pertence A era eolitica, Revela o chipanzé uma seus actos nfo podem ser ex vos, E essa curiosidade, tercldria, panzés, como mostra Weinert, através de uma série de factos, como sejam 0 de eriaeao de bebidas com frutos e outras mani- festages ac ue teve Cle ccusifio de assistir por ocasio observacé teve oportumidade do fazer, sobre dsses ‘com os quais conviveu durante muito tempo para ob- io em plena natureza, Essas afirmativas foram nde curiosidade, e mui As manifestagdes estétieas primérias foram também objec- to de observacio, como os cantos dos orangotangos e as dancas dos chipanzés, provocados por motives ¢ ritmos, que o pri ‘ nto que Thes das izavam Variantes inesperadas, ¢ nfo uma icadus, como uma espécie de box, em que ha regras, @ no al es que as ofendem, com golpes 8", so desprezados e até castigados pelos outros, Gestos de admovstagtio foram verifi- cados, quando da pritiea de actos indevidos, eomo por exemplo, excesso de castigo ou atitudes violentas dos mais fortes «6 os mais fracos, que levam os outros @ protestarem com estos, com brades, com pulos, em manifesta expressio de desaprova- Ho, Atitudes inteligentes, como dissimulagdes ante os guar- das, afim de poultar actos realizados ou esconder abjectos, sfio comuns ¢ ficilmente observaveis. Brinquedos de “esconde-es- conde” e de “peyador”, em que um corre enquanto os outros © perseguem, variando depois os papéis, foram também observados. NOOLOGIA GERAL 5 Nas suas dangas, os chipanzés revelam téda a catharsis de suas emogées. Hd dangas alegres, frenéticas, dangas tas, desorganizadas, com manifestaeio de furor e de paixdes, € outras eom as figuras perfeitamente sincronizadas entre i, em cfreulos, © com variagio de posigdes e de altitudes, que nem sempre se repetem, surgem inesperadamente, enquanto uns maream o ritmo e outros cantam. ‘As conclasdes a que chegam os actuais observadores & que muitos dos eapectos Gue julgévamos ter surgido entre os ho- ‘mens, ou ser de origem exclusivamente humana, vemo-los tam- bem entre os simios superiores. © homem, para Weinert, por exemplo, deve ter surgido ‘dese elo comum, que cabe & eiéncia achar, que certamente, para ale, deve ser o driopiteco da Europa Central. (1) por panto de antropilogos europeus. Baseando-se nos estudos actuais eObre o desenvolvimento do hominideo até 0 homo sapiens, Weinert oferece o seguinte quadre, que abaixo reproduzimos: 5.000 20.0) Citncia e téenien Miade doe mete Homo sapiens (ou altuvialis) omens 0,000 200.000 a BPR m g nee =m —| & a ome i HE u u aS £ ze 1.000.000 ‘menbuums (terezie) cvilizagéo Driopitoce ‘Australopiteco ‘Prehominideos (Anieopsides vi- Einhoe dos Chis aneds Ponto de Percida NOOLOGIA GERAL 8 © homo sapiens Weinert (aceitande a opinidio de Schwalbe) considera o homens. Assim como 0 Authropus foi 0 homem do paleolitico antigo, o homem de Neandertal 6 0 do paleolitieo médio, que corresponde ao timo periodo interglacial. sapiens, que surge no paleolitico recente, corres- jento do homem através dos tempos, até al- cangar 0 de hoje, é, para Antropologia, uma decorréneia do desenvolvimento da intoligéncia latente, j& esbogada desde 0 elo, Seria o actualizar-se das possibilidades do homini- deo em face dos factores predisponentes, que lhe foram permi- tindo esta ou aquela emerséncia que, por sua vez, actuava sdbre os proprios fuctares predisponentes, pois entre dstes, ¢ impor- tantissimo salientar, esto 0s histérico-sociais. © homem de Neandertal ja tinha armas que Ianeava com ‘as miios; conhecia a divisio de trabalho, embora a sua vida Fosse devotada totalmente & procura de alimentos para satis fazer as necessidades. Ainda nfo havia gepultura e 0 enter- ramento, como se vé no paleolitico recente. © homo sapiens & propriamente do pleistoceno. # a inteli- ‘gdneia que venee a forea corporal. A arma de tiro é um grande progresso intelectual, embora trouxesse grande destruigao entre os homens, em suas novas guerras, ste homem jé conhecia o enterremento, e as ceriménias, que realizava no euidado do morto, revelam uma nogéo da vide de além timulo, e respelto ao morto, procurando cereé-lo de todo o bem estar que The proporeionasse uma viagem tranqiti- Jae segura pelas regides do além, ‘Todas as manifestagdes culturais, que preparam o advento dos grandes eiclos culturais, manifestam-se désse periodo em diante, até aleancar as grandes culturas 6s MARIO FERREIRA DOS SANTOS Quanto ao fogo, a primeira operagao deve ter sido a de ‘transporté-lo. A prépria lenda de Prometeu 6 do “transporte do foge”, de onde caira, de um vaio de Jupiter, até a habitacdo, leador © destrutive do fogo, © poder de é + cuja vaeiio les desconhe- ex, carmes cozidas, que até entio tempo deve ter decorrido entre a posse do fogo © a covedo dos alimentes, A. Eingnagem inggue os homens dos animais, dove ter lemorado desenvolvimento, Sabe-se que os simios pronunciam sons quando da inspiragiie do ar, en- cuanto nés 08 pronuneiamos expirando-o, Essa mudanga capi- tal é ainda um problema para os antropologistas. Uns admitem ‘que & mudanga da alimentacéo, depois de o hominideo ter alean- cado a posigao erecta, as mudangas do metabolismo, e também da posigho das cordas voeais, permitiram que se processassem 6s Sons por expiragio, dando surgimento, assim, 4 voz humana, 0 uso de basties de madeira e dos ossos permitiu a cons- trugio de muitos utensilios que predispuseram, por sua vez, novas possi O advento do homem Sobre o advento do homem, assim se expressn Weinert: os gerais do meio idade wo foi eviada NOOLOGIA GERAL co eee, porque um pareiso ha se nflo fol o resultado desea , ele no se teria produzido; dade poderia determiner 0 evento. E nfo se sido perdido, Se » antropo- ‘éneia, sem le, sem di- ela queime melhor permitiu cortar os va- quando a mao por si s6 nao 0 podia fazer antropogénese e gragas & époea glaciad (op. eit. pigs. 76/77) ao homem se explicaria, portanto, por um gran- i © homi- lade de seeuir em busea de re; tes, como devem ter feitos outros, j& desapareci ea de permanecer, gracas a0 fogo e enfrentar os frios permaneeer desenvolvendo assim poss! dades que estavam lntentes, mas que aguardavam as condi- jee predisponentes, que permitiriam o advento do Homem. TEMAT ARTIGO 6 VISAO DECADIALECTICA DA ANTROPOGENESE A Antropologia Cientffien procura astudar o homem como idade bioldgica, dentro da natureza, A Antropoyénese pergunta pela origem do homem. B eis Porque ela esté to Intimamente ligada & Amtropologia Filoa6- fica, que pergunta também sobre “o que” éle ¢ e 0 seu posto bo cosmos, nao se satisfazendo apenas em vé-lo colocado na natureza, pois também iga sdbre 0 homem como espirito. rersas opinides que ee formom sdbre a origem estudamos nas piiginas anteriores, encontra- ‘mos suficlentes clementos para colocar o problema da sua ori gem sob anélise decadialéetica, ano, como em tudo quanto Ole realiza, eria, cons- tréi, permite estudemos a eooperacio dos quatro grandes con- juntos de coordensdas que siio: 0 homem como corpo (soma- ticamente considerade), como psiquismo diferenciado, como rso dentro de uma coneresio geogréfica, sua cireunsténeia ital, © fazendo parte de uma sociedade humana. 2 MAEIO FERREIRA DOS SANTOS Da cooperacéo désses conjuntos de eoordenadas forma-se © homem como existente © no apenas formalmente eonside- ado. $6 podemos ver o homem concretamente se 0 considerar- mos como tendo um corpo, e um espirita, e que vive numa sociedade, numa regio ei © que © diferencia dos animais 6 0 espivite. O ter um corpo, o viver sObre a Terra e om sociedade, encontramos nas outras especies animais Nas religides, como na eristd, Deus £82 0 homem do “bar= Yo” da terra, como corpo. Os elementos adiimicos, que so os corporeos, foram por Deus sublimados, e néles soprou a inte- ligeneia, que é uma esséneia exaltada de vidas, 9 que ta Adio semelhante a Alma Univers boliea ésse texto, admite 2 origem animal do ho- tensito, de uma nova estructura, por uma causa efieiente que The inspirow uma alma, A rationatitas logos tim-se dedicado, no entanto, em procurar esclarecor essas diferencas entre o homem e o animal. Ja vimos nas paginas anteriores quantas mi semelhance NOOLOGIA GERAL B virtualizarmos as semelhaness, para actualizar as diferencas, 108 fatalmente uma posicso oposta, Nao pedemos, para ser perfeitamente dialéeticos, virtua- 1ada, Devemos actualizar os aspectos heterogéneos ¢ con- ma de escamotenrmos uma dificuldade ¢ nfo friamente colocarmo-nos ante o que é real. Animalmente considerade, 0 homem é parente dos simios superiores, $40 demasindamente evidentes os aspects, ¢ a eién- cia ndio pode nogar ésse parentesco, is0 reconhecer que as di vada pode muito bem caber em hipdteses que as expliquem, como 2s que constituem os principais postulados das hipSteses ciontificas. Mas 0 importante, ¢ que transparece a homem ¢ os simios ha uma diferenca especifiea, que eonsiste no que a filosofia eldssiea chamava de rationalitas. O homem é um animat al. Bese ractonal, 0 loos dos gregos, 0 espi- rito, a alma, — e 0 nome poueo importa, pois o que interessa €o contetido — ¢ algo que o distingue completamente dos a mais. © preciso saber em que consiste éese logos, essa razio, essa alia, quo entre Diferengas entre © komem ¢ 08 animais Na Antropologia, muitos autores tém proposto uma série de pontos fundamentais, que apontariam a diferenga fundamen- tal. Vejamos algumas prop 1) © homem ¢ inteligente, sabe distinguir entre meivs & fing, Realmente podemos estabelecer, como fundamentais, trés " MARIO FERREIRA DOS SANTOS das nas reagées cixculares, que tanto interessam aos psieé- logos modernes. submetendo-se, porém, As condigdes do modélo, Essa i goneia eneontramo-ta também nos simios superiores, pois so capazes de imitar. A inteligéneia secundaria consistivia na capacidade de dis- tinguir meios de fins, como na Psicogéneso vormo-la desenvolver- nhém nos arimsis superiores. toreiévia consistiria na imovagdo. A erianga quando busea 0 novo sem saber actualmente o que 6, ngatinha, busca Ja vimes, pelas informagdes ¢ observacées de Weinert, Yerkes, Jennings e outros, que os sfmfos manifestam curiosi- dade e eapacidade até de inovagao, como nos exemplos de novas dancas, cantos, bebidas, alimentagdo nova, ete, Portanto, em sun fundamentalidade, esta inteligéncia seria ainda observavel nos animais, NOOLOGIA GERAL % Portanto, fundado nos trés planos da inteligéncia, a dis- tingio entre 0 homem e os animais superiores, quanto & sua fundamentalidade, seria ainda precéria. (1) 2) Bo homem am animal que conkece a morte. Esta rtante se olhada sob 0 seu aspecto e silenciogos, esperam o instante final. Ha exemplos impressio- nantes, como os verifieados entre os elefantes ¢ tam! ‘simios. 0 conhecer a morte, portanto, também cabe aos animais, ‘Mas se verifiearmos, porém, ante os dados da antropologia, © homem de Neandertal, com a sua maneira de proceder ante a verificamos que éste dé um sentido muito mais religioso a ésse momento supremo, quer pelo tratamento que se observa nos tiimulos, onde se excele em cui- dados, quer nas pritieas mortudrias, que apresentam um ritual, mais a conseiéneia da morte, Neste easo, essa diferenga poderia valer como um simbolo da diferenga fundamental, mas apenas camo um simbolo. 8) Verifica-se que o ser humano revela wn aumento de i sua vida; realiza progressos, 0 que néo se verifien propriamente nos animais. ste aspeeto é de magna importineia, pois os animais nos mostram a perduraglo de certas atitudes que se perpetuam, ()_ Wio 0 & porém, quanto as intoligincen do grave superores, da quastensrin pore cima, 9 gue estadaremos mais adlante.

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