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o7ns2015 ‘AOrapio de Coran| Un bkg led 9 Trae, A Oragao de Conan A Oragio de Conan Por Frater CS. tu. prea da orapto ta coma axado apo masasmaroaeas sob ogo cater ate sarfrma © ‘enya go 990 a cama Teagraatonaguarsa que Em se tratando da pratica espiritual, € muito diffeil tudo ocorrer de forma natural logo no inicio. O praticante comeca de forma um tanto “mecanica” até se acostumar e fazer aquilo se aperfeigoar a um ritmo mais elevado que passa a ser semelhante a propria respiragio, como se 0 ato fosse puramente “organico” e “vivo”. Em especial, com a pritiea da oragao, isso se torna verdade cabal. Eu tiro por ba ¢ da experiéncia pregressa que tive ao longo dos meus poucos anos de estudo e pratica, O meu ‘comeco foi timido, uma ver que minha maior base é no campo da magia e, na maior parte das vezes, tendo 0 hébito de tratar o operatério como uma formula matemética “precisa”. E muitas vezes essa precisio é iluséria, fruto de uma projegdo mental e especulativa sobre um ideal de rotina e priticas que as vezes nao correspondiam ‘a0 meu real ritmo e anseios pessoais. Entretanto, o crivo da experiéncia pratica ajuda a perceber o idedrio pessoal. E uma vez que isso ocorre, fica mais ffeil de obter um maior entendimento de si proprio e do Universo que o cerca. Em quase todos os tratados antigos € textos classicos a magia é atrelada a uma forma de religiosidade popular e pragmatica, Na seara da magia cerimonial, influenciada pelo Hermetismo ¢ Qabbalah, i cabalfsticos e outros simbolismos impactantes ao individuo que recorresse de tais métodos para atingir algum objetivo. A grande maioria dos grimérios segue a premissa de “livros de oragio” de pessoas muito religiosas. Se & época constitufa um disfarce conveniente para se passar despercebido do olhar e punig&o da Igreja Catélica, pouco importa. O fato 6 que em praticamente todos, se formos sintetizar a maioria de suas recomendagies pessoais, a composi¢do é recheada de rezas e sacramentos religiosos. so se tornou mais pontual pela influéncia dos nomes O cardter magico é evidente. As oragdes constituem parte es deveriam fazer, dado o evidente contrassenso da maioria dos praticantes modernos em achar que a oragio em si é algum tipo de mostra de “inferioridade” ou “submissio” “caracteristicos” das religides abradmicas, como 0 al na pritica do mago ocidents , ou ao menos Cristianismo. Claro, todo credo e, principalmente, sua contraditério se prestar exagerado desprezo pela oragdes cristis e se posicionar de forma favordvel aos mantras hindus e budistas como se fossem superiores quando estes também correspondem a mesma coisa: préticas devocionais religiosas, instituigdes esto sujeitos a crit as, mas chega a ser hripevfertomagnablog werdpress.com/2015I04/27/a oacao-de-conard 6 orosa01s ‘A Oragdo de Coren | ‘A magia em si contém sua carga de religiosidade pragmética que diverge do culto institucionalizado pela sociedade civil. E ndo vai ser o rango pela falta de estudo do praticante moderno que iré descaraeteriza-la & influéneia da mentalidade iluminista e racionalista que permeiam em boa parte das vertentes modernas. Mesmo eu, que faco uso de um método pessoal mesclado a esses conceitos contempordneos, reconhego a necessidade da pritica mfstica como suporte ao préprio desenvolvimento espiritual. Faz parte da mentalidade ocidental. E a0 magista é necessario ser um pouco mi puro com suas especulagées psicolégicas ou ao delfrio decorrente de alguma alucinagao induzida pelo fanatismo religioso. istico para se equilibrar a “equacio"; sem chegar aos extremos do ceticismo Em muitas de suas obras, como “O Poder da Magia”, “A Arvore da Vida" e o “The One Year Manual”, Israel Regardie recomenda firmemente a pritica de invocagdes a divindades ou uso de oragées pelo caréter Cinflamar-se em oragao") quanto psicoterépico (deixando o magista equilibrado em seu psiquico e emocional), indo ao gosto pessoal de cada um em predilegdo por uma mitologia ou religido em particular. Esse tipo de opiniao se casa muito bem com o dito de MacGregor Mathers em seu “Guia Geral e da Purificacdo da Alma": istico Na Verdadeira Religido, néo existe sectarismo, Portanto, cuida-te, para que nao blasfemes o nome pelo qual teu Irmdo reconhece Deus; pois se assim o fizeres contra Jtpiter, tu blasfemards contra IHVH, e também contra Osiris, e também contra YEHESHUAH. inda Mathers como referéncia, a A orago também é um ato magico e tem seu fundamento. Tomando “Verdadeira Oragao ¢ tanto agdio como palavra: € Vontade”, Ao religioso a vontade individual se encontra abaixo da vontade divina, sendo o desejo ou a petigao a siplica para que D'us possa intervir milagrosamente em sua vida, algo que na visio do cético carece de sentido légico se, na sua critica a ética judaico-crista, é uma contradigéo existir um “Deus Todo-Poderoso” que realize milagres para um ¢ nao o faga para os demais; o que dizer entdo das desgragas que ocorrem no mundo? Porque o “Todo-Poderoso” nao intervém? Se todos rezam pela vit6ria em um concurso, porque todos nfo passam? E, entre os extremos, esté 0 mago, ao mesmo tempo um cientista naturalista e sacerdote. De certo modo hé de se concordar com os questionamentos céticos que sio apresentados pela maior parte dos que desconhecem da espiritualidade. © ser humano nao é 0 Todo e esta limitado em autoridade e poténcia para intervir de forma absoluta no universo, pois nesse plano dialético estamos sujeitos as intempéries e desgragas. Ninguém est imune. Oragées nao serdo a panacéia universal para todas as situagGes, mais ainda para os desejos pessoais mais instintivos, tfpicos dos adeptos religiosos de correntes fundamentalistas que pensam ser um meio para obter frutos materiais sem o devido esforgo. Nao que nio seja digno ter alguma coisa ne necessidades particulares ¢ usar disso ou da magia para alcangar algo nao deixaria de ser legitimo, exceto se no houver um esforgo gradual da pessoa de ir atras do objetivo e trabalhar para conquisté-lo também. vida, pois todos possuem, O conflito entre « vontade individual e a “vossa Vontade” é aparente. Se a vontade individual é legftima perante a Providéncia em “vontade pura, desembaracada de propésito, livre da dnsia de resultado, é toda via perfeita” (AL 1:44), nada 6 mais que a mesma Vontade de D'us para agir segundo a “Lei Maior”. O “quando” ou “como” é que iro depender de muitos fatores. D’us nao é um “ente” ou padrio antropomorfizado para intervir. Ble até pode intervir, mas nao o faz porque nao precisa fazé-lo. E morte, mas nada disso impede que se reze pedindo a intercessio de uma Forga Maior. le todo modo as desgragas ocorrem. Haverd guerras, secas € Talver o erro esteja em considerar tais padrdes como atrelados & percepgao humana de realidade e de um Ente criador. mais coerente pensar que esse Ente seja simplesmente uma “Forga” ou uma espécie de “Centro” para 0 qual tudo se volta, Uma oragao individual de stiplica ganha mais forga quando peticionada em prol do coletivo, por exemplo, Muitas oragdes judaicas so postas no plural no ato intencional de canalizar toda a vontade coletiva em beneficio miituo, o que constitui um exemplo ilustrativo ao questionamento. hnips:tarternagnablog wordpress com/2015/0427/a racao-de-conard oros01s ‘A Oragdo de Coren | A pratica da oragao pelo mago segue entiio essa mescla de devogao e ato intencional. Enquanto imagem ¢ semelhanga de D'us, 0 mago pede por auxilio divino como seu representante. Uma ver. auferida a devida autoridade, este pode agir de forma sincronizada aos das forgas césmicas como se a propria divindade fosse. Na visio mfope de boa parte das pessoas, 0 ato de humildade em se reconhecer como menor diante do Todo parece denotar fraqueza. Nao é a humildade piegas do submisso que confere 0 reconheeimento da Providéncia, mas a necessidade de fazer parte dela que 0 torna favoravel a forga ¢ o poder das hostes celestes para que e estas ajam ‘em auxilio ao orador. Um exemplo pitoresco que me ver & mente é 0 de Conan = O Birbaro, filme dirigido por John Milius com base na obra de Robert E. Howard, uma ficgio fantéstica que narra as aventuras de Conan, um barbaro cimeriano no ambiente do que o autor chamou de Era Hiboriana, muito antes da separagao dos continentes no que era conhecido sob o nome de Conan, o barra eg Pangéia. Um ambiente hostil no qual predominava barbarismo e a beligerdneia, onde a magia era temida e tida sob forte earga de feitigaria ea religido, quando no muito agregada a conceitos risticos, avangada demais ¢ incompreendida pela massa inculta que era controlada por poderosos que detinham esse conhecimento, ja incutindo neles o fanatismo idélatra ou o temor espiritual da ira dos det Conan, vivido pela interpretagao classiea de Arnold Schwarzenegger, teve 0s pais assassinados por um lider 1S nagdes. bérbaro que ao longo dos anos se tornou um hiero Parte do que ele aprendeu sobre a espiritualidade se deu através de seu pai, que buscou passar nele ensinamentos ligados ao trabalho diério com 0 oficio de ferreiro. Seu pai nao tinha estudo ou erudigdo, mas a apreensio e fante de um culto fandtico que se estendia por diversa sabedoria particular daquilo que sentia, mesmo que de forma réstica, a respeito de Crom, 0 deus que vivia na ‘montanha ¢ tinha seu mistério particular, Fogo e vento vem do céu...dos deuses do céu. Mas Crom é o seu deus. Crom,ele vive na terra. Uma vez, 0s gigantes viveram na terra, Conan. E na escuridao do caos, enganaram Crom, e tiraram dele o enigma do aco. Crom ficou zangado, e a terra tremeu. Fogo e vento atingiram os gigantes e seus corpos cairam nas dguas. Mas em sua ira, os deuses esqueceram 0 segredo do ago € 0 deixaram no campo de batalha ¢ nés que 0 encontramos, somos meros homens. Nao deuses. Nem gigantes. Meros homens. hnipsstarternagna og wordpress com/2015/04/27/a oracao-de-conard orosa01s ‘A Oragdo de Coren | Eo segredo do ago sempre levou em si o mistério. Vocé tem que aprender seu enigma, Conan. Tem que aprender sua disciplina. Pois em ninguém, em ninguém neste mundo pode confiar, homens, mulheres ou feras Nisto [aponta para a espada] vocé pode confiar. De uma forma superficial, o mito de Crom mostra forma adaptada ao entendimento réstico do ferrciro e, de forma ‘mais profunda, encerra em si um segredo mistico e religioso. Crom, que vive na montanha, inatingfvel aos homens, ‘comuns como o pai de Conan, tem em si um segredo, um enigma de poder que pode beneficiar quem o entende: qual o enigma do ago? A metalurgia foi um dos fatores primordiais para o crescimento das primeiras civilizagées e era o cerne do poderio militar de qualquer povo que detivesse o segredo da fabricagdo de metais resistentes e duraveis. Sendo assim, passou a se considerar uma arte discreta ¢ conhecida somente por quem manuseava com maestria o fogo e a forja, tal como os alquimistas posteriormente, que travestiam a arte de transmutacéo metélica numa mistura muito singular de religiosidade crist’ com profissdes liberais de oficio, como a de botanico, médico, farmacéutico e boticério. As impressdes particulares do protagonista sempre foram temerosas € avessas a tentar compreender 0 desconhecido, prineipalmente no que dizi a0 seu proprio deus, mas isso nfo impedia de 0 mesmo ter um entendimento do universo que o cercava e nogées primarias de cosmologia numa rara conversa com seu amigo ladino Sabotai ao redor de uma foguei ‘Conan em sesloraca sscusso eliiea com Sabo, = Pra que deus vocé reza? Bu rezo para os quatro ventos. E voce? = Pra Crom. ~ E mas ew néo rez, Ele no me owve. [Sabotai ri] — Pra que serve ele entdo?...ah, € como eu sempre digo. ~ Ele é muito forte! Se eu morrer terei que ir perante ele...ele me perguntard: ‘qual é 0 enigma do aco?’, Se eu ndo souber ele me expulsaré do Valhalla e rind de mim. Assim é Crom! Forte em sua montanha! —..Ah, meu deus é maior. [Conan ri] = Crom acha graga dos seus quatro ventos...ele ri de cima de sua montanka. — Meu deus é mais forte, ele é 0 Céu Eterno. O seu deus vive embaixo dele ~ Sabotai ri. ‘Num nivel primério, o deus reflete a postura ¢ moral do devoto para depois transcendé-la com a experiéncia mistica. Nese sentido, Crom reflete a postura e moral guerreira do barbaro ignorante de poucas palavras & raciocinio limitado e, a0 mesmo tempo, é um ente intangivel, distante e hnips:tarternagnablog wordpress com/2015/0427/a racao-de-conard o7ns2015 {Conan,em profinda devogio a Crom, itamanco-se ‘omorago, ‘A Oragiode Coren | autoritirio, semelhante ao Javé e a0 Senhor dos Exéreitos do Velho Testamento. Ao mesmo tempo ele se traveste com o enigma do ago e age de forma misteriosa a exemplo de um Deus Abscondius, um “Deus que se esconde” da realidade aparente, dando um tom gnéstico e eético, mareante influéneia de Nietzsche sobre Howard. Aparentemente seria dificil, como Conan mesmo disse na conversa acima, de se obter uma resposta. Afinal, ele nunca tentow rezar clamando ajuda a dele. Mas sso nfo 0 impediu de acessé-lo em momento de necessidade, peticionando sua intervengio usando 0 que acreditava e praticava como uma forma de atingir um estado elevado de consciéncia. Nesse sentido, sua apelativa nao foi ao sentimentalismo, mas a verve Délica da batalha e do prazer da guerra e da vit6ria, algo que agradaria a Crom, que reconheceu a forca de Conan em pedir e disputar atengiio da divindade, enviando-lhe em seguida uma resposta proporeional aquele fmpeto bélico sob a forma de uma valqu Isso, caro leitor, é Teurgia. Qual o enigma do ago? ‘compart sso: WW ecer | || F Facebook oe Sobre Frater CS. Umea celeste @ man de Crom, alge au gzramente eco quando a xagses bem celeradas so andias. zs avu youibe coma? WePREKGENLNAA nici sua jorndainietica com o estudo de Thelema. Coordenou grupos de esto diversas, tendo partcipado devas Riot _instituigesinciteasdeeariterthelémien Cineluindo a Astrum Argentum)-Trabalhou na dvulgaio da magia em vias ‘plataformas da internet (dente eas oespago "Novo Aeon"), tendo sido um dos apresentador do programa "No Triangul” /Atualmente desenvolve estudos nas reas da Tradigio Salomvdnicae Hermétiee, dando especial atengio 20 Tat, Qabbslah astrologi tradicional e Magia Cerimonial Clissiea (na linagem Golden Dawn. Taraém aor a magia grimérie través dos (onal enoehiana) hnipsstarternagnatog wordpress com/2015/0427/a oracao-de-conard o7ns2015 ‘AOrapio de Coran| Seguir “” Inia seu ender deel hnipevfartemagnablog werdpress.com/2015!0/27/a racao-de-conard

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