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8. A moda como um ideal na vida ‘into me uma merda, mas minba aparénci est ims, ne Easrow Buss! (© waje mais vez proclams o homer Swaxeaonanst (Osque zen desua rou uns pare pineal desimesman sccaco, em geal porno ter mals alr que sua oupa ‘Wasa Fazer! CConhece, rimeiro, quem é; depois, adorn teem con formidade com so Eoneerot “Ipexvipaps” & um pos concEITOS SEMINAIS para se descrever a fungio da moda. Supostamente, esta contribui para a forma ‘io daquela, Nossasidentidades tornaram-se problematicas — no temos mais garantias sobre elas, Iso es associado a uma €nfase geral na autorreaizacio~ um fendmeno extremamente moderno. Se, por exemplo, perguntissemes a uma pessoa do pperiodo medieval se ela se preacupava com antorsealizagio, ‘nossa pergunta nfo seria compreendid, Esse pensamento Ihe teria parecido completamente estranho, Enquanto o mundo pré-moderno era concebido como uma ordem estética que consstiaFandamentalmente em esséncias imutiveis, o mundo _moderno esta em constante madanga. Além disso, cantém to- ‘A moda como meena vide ® dass fontes de mudanga em si mesmo ~ no € controlado por summa forga externa (Deus). Fo papel do homem moderno nesse ‘mundo nio consiste em realizar uma esséncia dada, mas em realizar asi mesmo, criando a si mesmo. ‘busca atual da aurorralizagiotalvez seja a expressio mais clara do dominio que aiadividualismo ( individuo como uma ‘deologia)obteve sobre nds Ble esti to difandido que é dificil pensar em algo mais conformista, Hé cerea de dois séculos, comecamos pouco a pouco 2 pensar em nos mesmos como individuos, foi entSo que o individualism apareceu em cena ‘Surgiu a compreensio de que todos 0s individu sio diferen: tes de fato,tinicos, Para nds, a percepsio de nds mesmos ‘como “individvos”é #0 “natueal” que temos dificuldade em imaginar que ji pode ter sido diferente, mas 0 “individuo” & uma construgio social que surgiu e, em principio, pode vol- tara desaparecer, ainda que hoje nos pareca dificil conceber alternarivas para esta autocompreensio.* Uma caracteristca particular dos individuos & que cles dever se realizar como tas. ‘So postas no mundo com tarefa de se comnarem si mesmas, de realizarem suas earacterstcassingulares. Nao hi mais um significado coletivo da vida no mundo moderne, ut signifi ceado do qual caiba ao individuo participar ~e que The dar& identidade aucomaticamente através da partiipacdo no cole- tivo, im ver disso, somos todos remetidas a nossos projetos Individuals de autorrealizagao, Todos eso preocupados com a autortealizagio, mas muito poucos parecem refletir sobre que tipo de eu deveria ser realizado. Em vez disso, 6a autorrealiza- ‘gio come tal que ocupao centro do paleo, Bla pazece ser uma obrigacdo, A emergincia do individualismo significow uma ve Moa: wma flow ‘emancipacéo cultural do individuo, mas também the conferiu luma nova responsabilidade em relagio a si mesmo e para se 4 traligdes proporcionam constincia, mas sio cada vee ‘mais desintegradoras em decorréncia do processo de moder nizaeio, Desprovidos de tradigées, somos construtore hiper ‘vos de estilos de vida, numa tentativa de formar significado e ldentidade. A dissolugdo das clases sociais preparou caminho para a emergncia de estilos de vida, que por sua vex contri- ‘buci para incrementar a dissolugo das classes como um re- sultado de creseente diferenciago. Na sociedad pés-moderna ‘nossa identidade é menos determinada pelo status financeiro ‘que antes, ou, mais precisamente, o status financeito foi reds ido a um fator entre muitos. Por isso, até os mais abastados «esto sujeitos a0 mesma tipo de “trabalho de identidade” que todos os demais, ands que gozem inegavelmence de uma van ‘tagem num mundo em que identidade esté se tornando cada vez mais algo que se pode comprar. & mais dificil manter um ‘estilo de vida que a afiliagio a uma classe social: requerat- vidade incessente. Além disso, coma estilos de via sem de ‘moda, ¢ preciso avaléslos constantemente para saber em que ‘medida convém conservislos ou escalher um novo para ficat «em dia com a moda. O homem pré-moderno tina maiden tidade mais estivel porque ela se ancorava numa tadiggo, mas hoje foros libertcos em grande media desses geilhes, ea entilade pessosl tamou-se portanro ume questi de manter ‘um estilo de vida Enquanto uma tradicS06 legada, um estilo de vida ¢escothido, A escolha de um estilo de vida em vex de ‘outro é apenas frouxsmente compulséria e sempre pode set A moa como wm ideal na vid 161 revista, Quando pertencemos inteitamente a uma tradiclo, ‘nfo a questionamos nem buscamos alrernativas. 0 “eu rele: xivo",por outro lado, nfo pode evitar uma procura crénica de alvernativas entre as quais € possivel esclher. ‘A ipétese do.eu reflexivo éstéparticularmente associada a [Anthony Giddens, embora tenha sido sem divida antecipada por filésofos como Fichte e Hegel, Segundo Giddens, uma monitoracio reflexiva de nosso proprio comportamento é ‘uma parte inerente do eu em membros de todas as sociedades hhamanas, tradiionais ou pos-tradicionais® Em sua op ro entanto, as sociedades modernas se caracterizam por um po especial de autorreflexidade, que se torna radicalizada precisamente porque os individuos foram praticamente liber tados dos grilh6es da tradigéo: "Na ordem pés-tradicional da modernidade, e contra o pano de Fundo de novas formas de cexperigncias mediadss, a autoidentidade torna-se um esforgo reflexivamente organizado.”® Giddens formula isso também da seguinte maneira: “Caracteristicas fundamentals de uma sociedade de teflexidade clevada si 0 carter ‘bert’ da aot entidade e a natureza reflexiva do compo.” Iso significa que, em vez de 0 eu parecer algo dado, os individuos tém, cada vez ‘mais, de consteuir uma autoidentidade usando 0s meios a seu dispor, © ex se torna algo que tem de ser eriado, monitorado, smantido ¢ mudado, Bsa hipétese da autorreflenividade parece colidir com a teoria da agio de Bourdieu, em que 0 conceito de “habitus” é central. Bourdiew sugere que a identidade € rouito menos trabalhivel mediante intervencdo reflexiva do que pretende a teoria de Giddens. Nosso habitus €formado por estruturas 1 Mota: fsa socias ¢ era ages que por sua ves as reproduzem. £ impor- ‘ante enfatizar que o habitus no & estritamente determinante, no sentido de que cada aco deva ser diretamente seguida por le" Estd mais estretamente relacionado a0 conceito arsto- tilico de hers, que & uma atitude ou disposigfo bésica.® Um stor que funcione bem num campo particular nio fica set: vilmente afercado as regras desse campo, mas, a0 contririo, cxibini certo grau de flexibilidade. O habitus & uma espécie de segunda maturezs, e € basicamente pré-reflexivo. Opera ‘num nivel mais profundo que a conseiéneia humana: "Os es ‘guemas do habitus, as principais formas de clasificagio, devern sua eficicia especifca ao fato de que eles funcionam abaixo do nivel da consciénciae da linguagem, além do aleance do escrutinio introspectivo ou do controle pela vontade." Prect simente porse situarabaixo da conscigncia,o habits no pode set modificado, em principio, por mea de um ato consciente de vontade.* Tal como Bourdieu 0 compreende, ele nfo pode ser objeto do tipo de intervengio que, segundo Giddens, € uma

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