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JOSE REIS [Asisente da Faculdase do Economia GS UMNetedade da Coimbra OS ESPAGOS DA INDUSTRIALIZAGAO —NOTAS SOBRE A REGULAGAO MACRO-ECONOMICA E O NIVEL LOCAL ‘As formas actual ce coinpto da Dedicase uma ‘a Coracterzageo 2 relacionam com”s regulasdo lage Gas Imacrosoconomics” Na analise da ‘gun 1 00 "fo pos. acanomie portuguesa, abe um usrre, Procura-se neste texto. papel coral sos movimentosfocas masa aie a8 iorbas wale Se nGactraehe "nest Sse Ingustria derivam do Toctoree pro- Aguwda- para mostrar wm pro. Dpramonte\industeais ae factores ates de “to Imeronten’ aon meron locals onda ema produtiva ical E.. texto parte de uma dupla preocupagéo e, por isso, desenvolve-se em dois registos — por um lado, propde-se ‘uma reflexdo sobre a natureza das articulacées entre 0 espaco © @ industrializa¢ao, por outro lado, esta bastante vinculado a falgumas questoes, ainda em aberto, sobre a contiguracdo ‘espacial da economia portuguesa Quanto ao primeiro tema, reconhece-se que a particular intensidade com que o problema se coloca hoje resulta de ‘alguns traces de novidade que, a meu ver, estao ligados a0 processo de transiclo entre modos de regulagao econd- ‘mica(!) que se iniciou na década de setenta e & sua recen- tragem sobre os movimentos locals dos capitals (2) (ine alent may detenad sobre one tome (az-22 om Santos Reise Marques [1888] Procuravsearalor como. na Impossolicado de Trio sic muoso om sue train, no ee gue, 0 cexement SSbreseasin noves formas do procenso proastve, com Wace onamono do ica de abnacaan. apie obn-o adie ap cpnauo sac iabiisade do rencimento airtel eogepureda polo Estado. 0 ei scmanto da componerie social do Estados as novas formas de oD ‘crdscimo da precarsagao'e da eb afao, of rlseho sola {ey'A qowsto eos movimantos local do capita eaciona-s nto co brastcds lebnige sobre 9s tundamentor do captalemo et propose, Ag “3841 somo som a8 perszast foivmento de (Stoner, 1908, Arona 18). 1 Introdugao 13 4 ose Ros sobre as arti- culagdes espaciais das ‘economias Relevante neste processo parece ser a consolidacao, notéria durante os anos oltenta, de uma tendéncia de »tecom- posigdo espacial das economies, com um lugar importante para o papel das formagdes socials regionals de natureza, por assim dizer, intermedia (Reis, 1986). Procuro, neste Ambito, identificar algumas das vertentes que esta relagzo complexa inclui, propondo-me esbogar uma apreciagao sobre as articulagdes espaciais da industria no tempo curto que se iniciou no pos-guerra. Porque suponho que tem sido muito insuticiente a atengao concedida a0 nivel focal, deter-me-ei na caracterizagto das suas autonomias © das mediagdes que o relacionam com as transformagdes dos factores envolventes axteriores. Sobre o caso portugués ensaiarel uma andlise, meramente exploratéria, das vinculagoes espaciais da industria, conside- rando parlicularmente pertinentes os movimentos locais de Industrialzagao. Estes ultimos ocorrem principalmente no quadro do um 0s pertis regionais da industrializago portuguesa—o do Literal Norte € Centro, Neste sentico recorrerel a alguns ole- mentos de um caso de estudo que venho a analisar no ambito de uma investigagao mais vasta, © do concelho de Agueda, procurando mostrar os processos de dinamizagao @ adensa- mento de uma rede industrial local 2.1 Uma das vertentes pelas quals se exprimem as rola- 0es espaco/industrializagao esta ligada ao poder de mobili dade de certas unidades emprosatiais que, ao decidirem da sua localizagio, modelam elas proprias as estruturas espa: clais. O que esta em causa $80 movimentos de agentes, deci 8086 racionals que tendem a aproveitar as diterencas entre as economias regionais —sejam diferengas quanto aos recursos naturals ou & distancia, sejam (e entdo o problema ¢ distinto) diferencas quanto aos custos salariais, & qualificagdo da forga de trabalho ou aos modos dominantes de reprodugao social ‘A propésito deste assunto, objecto principal das teorias da localizagao (’}, € bem conhecido 0 papel modelador da grande empresa ¢ da sua intima ligagao @ uma tecnologia de produgéo em grandes séries onde era relativamente liquida @ 2 ‘Sonsiseragao Ge iatores como. Wabalho entre gs. primeiras intudnciag sobre’ as, decabes do ncalzagao (Cooke 1583) Storer & ‘ile 1985) & uma vias para tontograt ab teria da eslzegao hums {oronagio malt ample das decades foainas ‘Ayasiot (198456) consta Imovele do doservotumento fegnal arcades pu fronteira entre as taretas de diteccao e concepeao e as tarefas de execugao. Como assinala Aydalot (1980916), produz-se uma construgao da divisdo espacial do trabalho, isto ¢, «a ‘empresa vai definir o espago», quando é capaz de ultrapassar 0 limites espaciais da sua actividade corrente. Ha entao uma percepcao do espaco e das suas diferengas que esté muito Felacionada com a mobilidade de agentes que dispoem de capacidade de regulagao. Fol neste quadro que se desenvolveu um conjunto muito marcante de andlises sobre a configuragao espacial da indus tria entre 0 pés-guerra e a década de setenta. Mostrou-se principalmente que a industria moderna, dotada de um modo de acumulagao intensivo se articulou com o espago de forma extonsiva *) (Lung, 1983), Atende-se, nesta argumentagao, 20 tipo dominante de tecnologia que caracterizou este periodo © da mecanizago taylorista, que permitia a produgdo stan- dardizada de grandes séries © comportava a separagao fun- ional das fases snobres» de direcgéo e concepgao — carentes de trabalho técnico qualificado— da fase de execucdo, que apenas necessitava de mao-de-obra abundante, mesmo sem experiéncia profissional. A esta separacao funcional corres- onde a possibilidade de separarao espacial, © as empresas nao deixaram de a aproveitar, deslocando estabelecimen- tos —e, portanto, fases do processo de produgao— para regides de mao-de-obra abundante e barata e alargando assim 2 geogratia do emprego industrial ‘A contirmagao estatistiea deste movimento, quer ao nivel da distribuigao espacial do emprego, quer 20 nivel da sua natureza bipolarizadora (concentragao do trabalho qualiticado nas zonas centrais onde se verificavam economias externas ¢ de aglomeragao; dominancia do trabalho desqualificado nas zonas para onda a industria se descentralizou) tentou uma bboa parte dos especialistas a propor a seguinto sintese: a industria moderna tende a substituir uma organizagao territo- al — orga de tabatno,attudes face 8 nian, novaedo, savor fare ‘Sropretas pars ma wor 60 desevotwmento dos mete finds’ neste Ambo, parece-me relevanto o cruzamonto da teorig da fo'com ado. todos de Teprodugao social Tet Rel. 1985238) Ce aegnagda ob im regina de scumcgho como ern, 0 Grau no soqunde cava eo tata oy prococtor basoados na quantitade Ao rapa ena Guracko da frrada de trabaiho ‘Gra rela itensiva com o espago Quer signicar que as bases da economia sto esuencialmente regionals mg relagao oxtentna sparta pare Savio de a6 emprosas no reconhocerem fronteraseapacits bv prvacar Inentos regionals partant, se moverem no aspaeo Heese de =actores 0s Espacos: a inaustriaizagac 18 16 dose Res rial — que se caracterizava por uma especializagdo regional & volta de ramos industriais ancorados na natureza local dos capitals ¢ dos recursos — por uma outra em que estas estru- turas regionais sao desorganizadas pela sobreposicao do novo esquema produtivo. Ou seja, uma geografia industrial que antes se centrava em bases regionais e locais (por isso era espacialmente intensiva, sendo em tungao das respectivas especializagoes que se dava a articulacdo externe entre rogides de que fala Lipietz()) tende a ser substituida por uma ‘outra em que as industrias dominantes apenas interpelam 0 ‘espago em termos de oferta de mao-de-obra, sem implicagdes. de natureza inter-industral, técnica e capitalistica, dizendo-se ‘partir de aqui que a fase de acumulacdo intensiva & espa- clalmente extonsiva 22 Mas o problema das articulagées entre espaco e industrializagao @ hoje patticularmente pertinente quando se constata que uma boa parte dos processos industrials mai recentes emanam das regioes © séo bastante diferenciados. Com a crise, redeliniu-se a capacidade concorrencial das ‘economias locals (Camagni, 1984) e, relativamente ao tipo da equena emoresa, culo papel na actual estrutura e processos: Industriais € crescente, tence, lapidarmente, a dizer-se que & © préprio -espago que deline @ empresa: Esta 6, pois, uma outra vertente do problema inicial, em que se trata de reconhecer noves comportamentos espacials, saidos do dinamismo dos meios. O que esta principalmente fem causa @ que 0S varios esparos —isto ¢, as regides ou os, sistemas produtivos locais —. os varios contextos localizados, ‘5e dotam de diferentes capacidades de iniciativa e, por isso, ganham uma centralidace que relativiza 0 peso das formas de Fegulagao macro-economica. &, aids, nesta perspectiva que se tem notado a crescente importancia das regides intermédias, como ¢ 0 caso, em Portugal, do Centro e Norte litoral (cf por exemplo, Reis, 1985, ou Couret e Silva, 1986) A espessura —e, porventura, a vitalidade— destes espa- (G08, necessariamente diferenciados, advém tanto dos quadros de vida, dos modos de reprodugao social e da forca de trabr Iho, coma da matriz produtiva que ai esta organizada, 23. Julgo que podem particularizar-se tres correntes de analise que tém concorrido para a compreensao do actual reordenamento das economia. 4 espcigheasao dae optus fat be soyunae ramos ou secGees produtnes TUSBSed8) arroutacao tera onsite no lacie de as vacoe evo (egidba'e basearem "urna sapeeairagsa dequele po (ips, 1877 180), Uma atende principalmente as relagées de trabalho e os seus desenvolvimentos principals dividem-se por duas ver~ ses: a pesquisa ja muito vasta e de matriz principalmente ‘anglo-saxénica sobre a segmentagdo dos mercados de traba- lho @ a =descontinuidade das sociedades industrials» (Berger f Piore, 1980); 08 contributos da vescola francesa» da regula (cao e da relagao salarial (Boyer, 1986a e 19860). Ambas tem Integrado a dimensao espacial) ‘Outra ¢ muito influenciada polos estudos sobre a (May, 1986:12) Para a anilise da diterenciagao das dinamicas espaciais da Industria em Portugal tenho vindo a usar como primeira indi ccador a distribuigao regional co investimento (Reis. 1985:226- -227; 251-252), Pode, deste modo, constatar-se que a posicao cimeira dg regiao do Lisboa relativamente ao investimento industrial tem vindo a regredir. Com efeito, as regises do Norte e do Gentro detinham am 1977 45% do total @ em 1980, ‘sua parte tinha passado para 55%, Lisboa diminui de 53% para 41%% @ 0 seu contributo para 0 acréscimo nacional foi de 4.2%, enquanto 0 do Norte foi de 17.6% @ 0 do Centro 22.6%. llustrando 0 modo desigual como, recentemente, a indis- {ria se tem distribuido pelas diferentes parcelas do territério nacional, Joao Ferrdo (1986) mostra que sA0 os espacos ime- diatamente peritéricos as éreas de industrializagao mais antiga © a8 principals aglomeragdes urbanas dos distritos mais rurais. que constituem a base fisica privilegiada daquele movimento, Para além deste quacro de diferenciagao, também outras aproximacoes exploratorias da configuraga espacial da indus tria denotam, com alguma clareza, que ha uma vinculagao regional dos padrées de industralizacao e que as principals tendéncias de evolugao ocorrem com o desenvolvimento de certas redes enraizadas localmente (© proprio facto de 0 tecido industrial ser largamente dominado pelas pequenas empresas constitui um primeiro arqumento para encarar as coisas deste modo. Com efeito, «dos 275 concelhos do Continente, a maioria esmagadora € hegemonizada por PME, jé que as grandes empresas apenas tém participagao relevante em poucas dezenas (96), Para além disso, em mais de metade dos concelhos a hegemonia per tence as pequenas empresas (199), o que exprime o grande impacto regional destas unidades» (Ferro Rodrigues e Lino Fernandes, 1986-19), A acopgao cesta perspectiva resulta, por um lado, de se reconhecer pouca pertinéncia, para o caso portugues, & Interpretagao que encara 03 processos de alargamento da geogratia industrial como a consequencia — bipolarizada— da accao central ¢ extensiva dos grupos ou das grandes empre- 588 e, por outro lado, de se reconhecer que a regulacao local dos processos de industralizacao ¢ relativamente significativa Em abono deste pressuposto, que nao podere! justticar em detaihe neste artigo, estara o facto, apontado nomeadamente por Ferro Rodrigues @ Lino Fernandes (1986:35) de ha mais de um década nao ser notdria a existéncia de grandes inves- timentos na industria transformadora nacional que originas sem novas grandes empresas nacionals capazes de substitu rem os grupos nacionalizados Os distritos que, na década de oitenta, apresentavam uma feigdo mais marcadamente industrial sA0, por esta ordem, os, de Aveiro, Braga, Porto, Setdbal e Leiria. O seu grau de Industrializagao(), isto 6, a relagao entre 0 seu peso no femprego industrial nacional e o seu peso populacional, € superior a 1, que representaria o nivel de roferéncia na hipd- tese tebrica de haver uma igual distribuigao da industria pelo lespaco nacional (7) Torarel coma indicador do grau de indusiaizacao a rela entre ‘pate Gow actos ngustrass sata fou conceia) no toa nasionl ‘iin 2 parte da populacde rotidenta do aut (ou concelna) na toil ‘clonal (ou ditt) Ou valores apevontaden 0. para 181. 04 te SEBSpuSis! Bape deed as Tatas ie et oho 0s Espagos da Industializagtio 19 20 oss Reis Para além deste dado estrutural, interessa ainda atendor fas evolugoes mais recentes. Entre 1950 @ 1981, so trés distc- 108, dos anterlormente referigos, revelaram crescimento deste indicadar — Aveiro, Braga @ Leiria—. mostrando que 50 aqui {a dinamica do emprego industrial € superior @ do emprego Ros outros sectores. Signiticativas de uma tendéncia para a perda de importancia do emprego industrial s&o as evolugoes Fegistadas no aistrito de Lisboa, que da feicdo claramente industrial que assumia em 1950 (indice 1.26) passa para um {indice inferior & unidade em 1981 (0.96); no de Setubal, que mantém um valor elevado (1.22) mas bastante inferior a0 de 3950 (1.66), € no do Porto. A circunstancia de se tratar de distritos com areas metropolitanas permite associar esta evo lugao @ tendéncia geral para o crescimento acentuado do ‘emprago no terciario e para a diminuigdo relativa dos indica~ ores dos outros sectores. No entanto, este mesmo argu- mento serve para sublinhar 0 significado das evolugoes de sentido crescente 0s tactores sectoriais de dinamizagao, isto & os ramos que, em fung&o desta evolugdo, ganhiam maior expressao dentro de cada distrito, revelam que em cada um deles se esta perante din&micas industrials de raiz diferente © especitica Assim, @ evolugao Industrial do distrito de Aveiro esta principalmente marcada pelo ramo da metalomecanica—em 1981 representa 27% do emprego industrial, contra 16% em 1950. O erescimento deste ramo di-se em detrimento do peso do téxtl @ vestuario e da madeira e cortiga Braga mantém, durante este periodo, uma estrutura do femprego industrial relativamente estavel. Com o textile ves tuério a ocupar 89% dos activos industrials, é 0 mais especia- lizado dos distritos do Continente. Consideranda a importancia de cada ramo no emprego, pode dizer-se que o distrito de Leiria organiza a sua industria ! volta dos =produtos minerais ndo metdlicos», que agrupam ‘actividades tao importantes na sua economia como as indus trias do vidro, dos cimentos ou das ceramicas. Contudo, em termos do crescimento registado, assinalavel o peso do ramo dos produtos quimicos, principalmente através da indus- tria dos plisticos. Estas indicagdes servern-me para sublinhar que, mesmo a hivel distrital, a evolugdo industrial aparece principalmente determinada por uma rede de inter-relagdes cuja incigencia se revela particularmente associada 2 uma mana industrial loca- lizada, Num plano mais vasto, tem-se analisado a matriz indus- twial nacional como estando basicamente organizada a volta de dois padroos regionals reveladores de dois modos de con- solidagao industrial Um pode associar-se & regio de Lisboa @ caracteriza-se pela especializagao na refinacao de petrbleos, nas indistrias ‘quimicas, no fabrico e montagem de material de transporte © ‘hum complexo agro-alimentar destinado ao processamento de ‘alimentos importados (Figueiredo at a/, 1985). Trata-se de um padrao de industrializagao com um tempo de consolidagao Cujo esgotamento ocorreu no inicio da decada de setenta e ‘que, por is80, fol «duramente atingido com a crise de insergao ‘geecondmica do pais» (idem:249), 0 outro ¢ 0 padrao industrial das regioes litorais do Norte © Centro e integra muitas das actividades exportadoras do pais, desde 0 textil e 0 vestuario aos produtos metalicos & material electrénico, @ ainda certas industrias em que, glo balmente, 0 pais 6 deficitario, como @ 0 caso dos bens de ‘equipamento e de consumo duradouro, designadamente ma- Aquinas e ferramentas para a industria Este quadro de especializagao Industral regional ndo so ‘coaduna com uma situacdo de dicotomia ou polarizagao que separasse uma zona de elevada qualificagao de uma outra Conde tivessem guarida as tases descualificadas da producao. Mas, além disso, corresponde-Ine uma diferenga susbstancial ‘no que se refere & articulagao da industria com 0 meio social ‘onde se localiza. © trabalho ¢ 0 primeiro factor desta anticulagao que vinca 4 diferenciagao espacial. & sua oferta forma-se sod condigoes de interacgao social localizada e retlecte muito directamente diferentes modos de reproducao social. Mas tambem os pro= prios processos industriais, desde a iniclativa empresarial ate as formas de trabalho industria, relevam de factores inerentes a este quadro social ‘As possibilidades de fragmentagso da relagao salarial, de que so exemplos a expansao do trabaino ao domicilio e ate 08 efeitos perversos, hoje tao claros na sociedade portuguesa, como os da exploragao do trabalho infantil e os da intensa utilizagao do trabalho feminino, jogam com 0 papel muito particular das relagdes da familia com 0 mercado de trabalho, ‘A estrutura salarial (Reis, 1986c) compagina-se com 0 papel principal da agricultura na sociedade portuguesa —o da sua complomentaridade face a rendimentas nao agricolas, agindo, assim, como esfera (produtiva) ce reprodugao da {orga de trabaino. ‘A natureza das redes © dos tipos de habitagao & um factor articulado com certos sectores industriais em expanséo que apelam para formas de pequena produgao no espago da resi- dancia, 0s Espagos. 4a Industriaiaceo an 22 Jose Reis Os factores de suporte das debilidadas de uma econo- ‘mia somi-poriférica contém também elementos dinamizadores. ‘Assim, por exemplo, as formas de sociabilidade locais —ge- radoras de relagbes horizontais entre os individuos — a natu- reza das economias familiares © a complementaridade da equena agricultura podem constituir sfactores de dinamiza- ‘edo, que se tornam particularmente activos quando jé hd un ‘quadro industrial relativamente aberto—isto é, dotado de ‘capacidade de diviséo ou especializacéo do trabalho industrial ©, por iss, capaz de originar modos informais ou de pequena dimensao, por conta propria Estes elementos podem tornar-se mais visiveis com uma aproximagdo aos movimentos @ as estruturas locais de indus- twializagao Num plano em que, para além de um quadro geral de articulagdes com o meio rural, sobressaem os argumentos proptiamente industriais de dinamizagao e adensamento do sistema produtivo local interessante © caso de Aguoda. Trata-se de um concelho com 54% da populagao activa ‘ocupada na industria transformadora. A metalomecanica ‘ocupa 66% da mao-de-obra industrial. Relativamente ao dis trito de Aveiro, 0 seu grau de industrializagao afere-se pelo indice 1.35 (1.29 em 1970). E principaimente na passagem da década de cinquenta para a de sessenta que se acentua 0 aumento do emprego industrial (a populagao activa no Ssecundario passa de 23.8% para 38.0% e, em valores absolu- tos, de 2555 para 4738 pessoas). A partir de 1970 este conce~ Iho tem uma percentagem da populagdo activa na industria superior a do distito, Em tragos muito largos, a historia industrial de Agueda pode ser contada do seguinte modo. Trata-se de uma indus- ‘wializagao com raizes ja fortes no inicio do século e que vai ‘conhecendo sucessivas fases de reordenagao (*). Gira princi- paimente & volta da metalomecanica (as ferragens, no inicio, 2 Beto ae Soogranna Unga dove tea aetna G2! -a8 fatsegnss de vbjectos de tara Ge neauenas dimensbes” como © ‘Sido mais talento Gos dcniae lens par se otras retrencies Nels posiede ra rede rei Ricajges« Se ums relaeao privieg.aca Som 9 cori camera que 2 Porto ompre fe, sesignadarente quanto 20 amo ongnaro das ferragene. Ot Tencimontae Ge Smgrarto iambat inten de space, a dos relgclonace oom ‘sree oe uma cama média de agriculores propetarios,¢ out'e factor fhe ae econ em aguas biogas dor ponavox do Tangata ‘Num periods Jcras, fi marcante 0 associat wemg de proaveao enve ot Industrate do ferragens ‘ sxdansho cas ingveting. go ieamo sa clonada com a eriagdo do ompresas de ‘teada de cinquenta @ as Industrias de bicicletas e motociclos, depois, sAo as acti- Vidades principais) Na primeira década deste século tinham-se jé formado duas empresas de significado importante @, na década de vinta, surgem neste ramo pelo menos mais cinco empresas também significativas. Entre estas estao algumas das que haveriam de ter um papel relevante na formagio de varias geragoes de trabalhadores industriais, podendo alias dizer-se ue esta industrializacao nao produz somente um alargamento 4a relacao salarial, extraindo a mao-de-obra da estera agri- cola, havendo também lugar a formagao de uma cultura industrial 'No pés-guerra, assinala-se um novo surto de constituicao de empresas de ferragens, juntando-se-Ihe agora um nimero Ja significativo de unidades do sector das bicicletas e motoci- clos. As décadas de sessenta e setenta conticmam a expansao destes sectores, acrescentando-se-the o de maquinas e fer- ramentas, tornearia, fundicdo, equipamentos e material eléc- tricos © mobiliario metélico, que de certo modo podem ser tomados como casos que representam a capacidade de diversiticagdo do sector da metalomecainica Relativamente & margem deste processo, a década de ccinquenta assinala também a expansao das industrias de cera- mica, especiaimente a cerémica para construgao, jé que no campo da cerémica artstica se tinham instalado durante @ segunda década © nos anos trinta algumas unidades impor- tantes. Se bem que expressivas do ponto de vista do emprego do investimento, as empresas do ramo da cerémica pare Cconstrugdo fazem apelo a uma mao-de-obra de caracteristicas muito diferentes da que 6 mobilizada pola metalomecanica Em 1971 0 Recenseamento Industrial indicava 296 estabe- leciment~s industriais, com 8414 trabalhadores (9) A recolha directa de informacdo faculta-nos valores muito diferentes, que dao uma imagem bastante clara de uma rede Industrial muito densa, assente em unidades de dimensao fungBes muito variadas. Para 1986 pude estimar ('®) que exis- tiam referencladas mais de 700 unidades de producao indus- trial—cerca de 55% s80 do ramo da metalomecanica, Uma parte muito elevada sao empresas em nome individual, o que ‘meio, Além diag, o ainda no quadro da mlelomectnica, epresentan m'grande veto de dverahenyto das capacioades Je progugdo aust "A'docada do selena ssinaa'«exparaao de vos produlos-— materi ‘eiseneo, novels maisicos, magulnas (Gy Anda denen ares le sgn a, rite ToY"Gier a informacko inedta oo Registo Nacione! das Pessoas Cotecias, doistera da sta, orga por vloes Ge au dopo por recolna ciacta 05 Espagos da ingseratzagto 23 24 ose Reis ‘aponta para uma propensao elevada para a inicativa produtiva para a pequena dimensdo, articulada com as unidades mais, sformaise Uma outea investigagao (Caetano, 1985), tinha concluide {que em 1977 existiam em Agueda 276 estabelecimentos e que ‘esse numero passou para 424 em 1982, sendo particularmente significativa a evolugao registada na metalomecénica, 20 pas- sar de 139 estabelecimentos para 234 ‘A informagae de que disponho acerca da industria deste concalha mostra com bastante evidéncia que a grande maioria ddas empresas, mesmo as iniciais @ as de maior dimensto, so resultado da mobilizagao de recursos locals ¢ que entre os novos empresarios predominam os percursos de mobilidade que tém na base a aquisig&o de um nivel de cultura industrial Superior & média, devido A anterior ocupagao, como assala- Fades, de cargos de supervisao junto da pradugao (encarre- ‘gados, mestres, ete.) ou de lugares na estera administrativa, ou comercial. Uma situagéo tipica é a que resulta de socie- ddades entre ex-empregados destas diferentes fungoes. Julgo por igs0 que $e trata de uma situagao cujo dinamismo remete para a cultura técnica e industrial criada por um meio indus twial muito denso, onde a principal polarizacao resulta de um Conjunto de empresas de um ramo com tendéncia civersiti- cadora © com uma notavel acgao tormadora, [Nao tom significado a instalagao de empresas estranhas ‘208 capitais locais que para aqui se tivessem deslocado numa mera perspectiva de desconcentragdo, embora disponha de ‘dados relacionados com a associagao de capitals locais e de ‘capitals extoriores, mas em que parece caber a estes a inicia- tiva da organizagdo do processo industrial, sendo, por isso, ‘eles préprios que optam pela instalacao local. Foi-me argu- mentado que 0 conhecimento diracta e a disponibilidade do mao-de-obra apropriada fol o factor decisivo dessa escolha. Mais do que conhecimento trata-se, provavelmente, de uma questo de sociabilidade — cultural e técnica—, pois nao & raro que entre estes empresirios se encontrem ex-assalar 08 ou pequenes patroas em mobilidade, numa ja longa tra jectéria industria Entretanto, 0 quadro de reprodugao social assinala a pre- ena estéval da agriculture (cerca de 5000 expioragoes desde 1952), que influencia directamente a economia de cerca de metade das familias locals. © seu peso contrasta de forma ‘muito evidente com a populagto activa que este sector ocupa @ revela que sto muito fortes as estratégias de complementa- ‘idade, como alls pude contirmar por inquérito directo junto de empresas industriais. ‘Ainda assim, um dinamismo industrial deste tipo nao seria, compreensivel se nao assinalassomos 0 facto de a matriz industrial dominante permitir, © até promover, a divisio do trabalho e a espacializagao. A especializagao de fungdes nao 86 ocorre em vista das necessidades de empresas locais que carecem de componentes ou de equipamentos em que outras se especializaram, 0 que permite eliminar certas secgbes até hha anos correntes no -organigrama» das empresas (os moldes fu as secgdes de ferramentas sdo exemplos frequentes), ‘como ocorre face ao mercado ~exterior» & regido. O caso mais nitido deste processo di-se, no entanto, no sector das bici- cletas @ motociclos, onde é natéria a presenga de um grande numero de pequenas empresas especializadas em componen- tos © acessories, vinculadas ao mais pequeno numero de ‘empresas do dimensdo apreciavel, que tém alids entre si uma estrutura comercial comum. ‘A vinculagao originaria a0 meio local permitiu, ainda, que {8 relagdes com © ambiente industrial exterior @ com as suas evolugdes tivessem principalmente desenvolvimentos locals, ‘Suponho que os elementos incluidos no ponto anterior justiticam que se afirme que uma andlise organizada a partir {de um principio de regulagao central contém virtualidades que {a tornam ingispensavel mas levanta também uma serie respei- ‘aval de problemas. E por isso necessario e seguramente legi- timo que se analise um modelo espacial da industria para alm da inscrigao das estratégias racionalizadoras de agentes dotados de mobilidade e situados nos slugares de comandos da acumulacao econémica. De facto, se por um lado ¢ irrofu- tavel que dificilmente se podem identificar as tendéncias mais marcantes de modelagao do tecido econémico sem nos ape- ‘recharmos do conhecimenta dos movimentos estruturais a {que aludi no inicio, também parece corto que certos proces- 508, como este da configuracao espacial da industria, neces- sitam de fazer apelo a multiplas vertentes, situadas a niveis diferentes de intervencao, mas cuja forga modeladora 6 muitas vezes decisiva ‘Um problema permanentemente em aberto € 0 que con siste em atribuir uma ponderagdo judiciosa ao nivel regulador central © aos niveis =inferiores» com que aquele inevitavel- mente se articula, Com eteito, se admitimos que as recentes alteracoes: Industrials se repartem desiguamente pelos diferentes espa- G05, © 68 concordarmos que 0s silinerdrios» seguidos no sao linearmente determinados pela logica do capitals (que so em abstracto se pode supor esiritamente centralizada), entao importa conhecor quais sa0 0 elementos internos constituti= vos das estruturas economicas e socials locais que tem 03 Espagos da Industrilieagao 4. 0 local autonomias mediagdes 25 26 ose Reis ‘assumido maior relevo no processo de recomposigao espacial ‘© que varléveis de media¢do, constituintes de um nivel meso~ ‘econdmico, & necessario controlar para conjugar a plurali- dade de factores micro-ecanomicos e micro-sociais que as soalidades empiricas» nos oferecem. A ideia é, evidentemente, ultrapassar uma visdo focalista, que seria inevitavel se se cen trasse a andlise $6 nestos dltimos topicos, sem reduzir a dife- renciagao local 2 um produto dos mecanismos pelos quais se organiza centraimente a divisao espacial do trabalho, Nao sendo legitimo, como espero demonstrar, que se all- Inher 08 movimentos locais por um esquema interpretativo linico, parece-me contudo possivel tipificar tematicas que permitam analisar a sua diversidade, Ha duas vertentes principal's que me parecem reflectir 0 Intoresse pola andlise local (para maior desenvolvimento, cf Reis, 1986b). Em primeiro lugar, 0 facto de as formagoes nacionais se apresentarem regionaimente diferenciadas deixa supor, para além de outros factores conhecidos, modos de regulagao local cuja especificidade me parece resultar princi- palmente dos factores que incidem sobre o mercado de traba- lho. O lado da oferta revela a natureza da organizacao familiar @ a modelagao do funcionamento econémico pela esfera da reprodugdo social. Apola, por isso, para o conhecimento das modalidades de reproducao da forga de trabalho ¢ da maneira como as familias regulam a vinculagao dos seus membros aos: mercados de trabalho. O lado da procura evidencia a natureza do sistema produtivo, das formas empresariais e dos proces- 808 de evolugao da matriz produtiva, A referéncia ao mercado de trabalno nao se limita, alas, fa invocar as analises do ambito da economia do trabalho, mesmo as que constituem os seus desenvolvimentos mais recentes, com as teorias da segmentacdo € da descontinul- dade (Berger @ Piore, 1980; Cooke, 1883) ov a dos mercados locais do trabalho e dos sistemas locais de emprego (Mallet, 1980). Apela também para a andlise das proprias estruturas Indusiriais locais, dos seus modos de mobilizagao da forga de trabalho, dos processos de adensamento das relacoes intor= industriais, dos tipos de mao-de-obra que requerem, das actividades em que competem no mercado nacional e inter Em segundo lugar, a pertinéncia do local é evidenciada pelo modo como se dao as articulagdes entre este nivel @ os diferentes aspectos da envolvente externa. A presenca de uma ‘estrutura social especifica, com formas pruprias de regulagao @ de racionalidade, reordena a nivel local a inter-relagao com (8 espagos mais vastos, pelo que o «produto final» nunca 6 0 resultado linear da dominagao de um polo. Penso que vale a pena, aqui, uma reteréncia a alguns dos ‘mais significativos trabalhos sobre as sociedades de economia difusa do Nordeste e do Centro de Italia. Tem-se insistido (Paci, 1980 e 1982; Fua e Zacchia, 1988) no facto de esta modalidade de industrializacdo ter partido de uma matriz social caracterizada pelo predominio das protissoes autono- ‘mas, do uma massa de trabalhadores sem emprego suficientes na agricultura mas que resistem a afastar-se detinitivamente do lugar de origem, onde, entretanto, a integragao nas ‘empresas familiares ¢ artesanais ou na actividade agricola thes {deu «experiéncia de gestao», «espirito de iniciativa- ¢ «sentido {de responsabilidade>. O suporte que a «socializagao na familia agricola auténoma» (Bagnasco 1983-754) garante tracuz-se ainda no financlamento das novas empresas, do seu cresci- mento ¢ da sua propagagao (Fua e Zacchia, 1983). Na con- clusto de Bagnasco (Idem-183), «a familia de origem campo- esa é 0 contro da estrutura complexa: a industria apresenta-se no territério em fung8o da deslocagao deste tipo origindrio de familia. ‘Ao insistirem nos aspectos que indiciam uma elevada Integracao social, estes contributos elucidam sobre a capa- cidade de estruturagao ospecitica destas economias locais, 0 que provavelmente esta corrente deixa menos claro $80 os nivels intermédios pelos quais se dé a mediagao entre este movimento micro-social, que as estratégias familiares repre- sentam exemplarmente, © 08 movimentos detectavels nos processos econémicos designadamente no proceso de industrializagao. Creio que & muito pertinente a crescente conviccao (Bagnasco, 1984) de que as estratégias de descentralizacao das grandes empresas no sto o factor explicativo principal para 0 dinamismo © para a posi¢ao ocupada peles regides intermédias. Ainda assim, a compreensio destes processos hnd-de apelar para esquemas interpretativos que esclaregam os dosonvolvimentos das capacidades de regulacao local que atribuimos aos factores que caracterizam o mercado de traba- Ino e as estruturas locals reordenadoras dos estimulos exter- ‘nos — isto 6, hd-de mostrar como se estabelece a mediagao entre certas condigoes locals @ o reordanamento macro-eco- Ndmico. A titulo meramonte exploratério, e pensando no caso portugués, tentarei caracterizar trés planos que me parecem, ser nfo s6 enquadrados do nivel estritamente local como ainda planos de apreensao dos mavimentos econémicos de modiagdo que se situam entre 8 reordenagao macro-econd- mica @ as capacidades de iniciatva locals. Parto do principio que 0s mercados locals de trabalho, no sentido em que os caracterizel anteriormenta, @ as estrutur Os Espagos da Industralinagio or Jose ee socials locals constituem ja um plano de enquadramento do nivel micro-social. Ha contudo que o especificar o julgo que isso pode ser feito através da andlise das economias indus- triais, dos modos regionals de reprodugdo social e dos agen- tes colectivos locais No plano das economias industrials, é relovante conside- rarmos © tipo de rede empresarial existente e © modo como se constitul. As historias industriais lacais, a0 permititom ana- lisar 0 tempo @ a natureza dos processos de consolidagao © constituigao da malha empresarial podem esclarecer a exis tencia ov nao de formas de adensamento local das relagoes inter-industriais, o grau de qualificagao da mAo-de-obra e de formagao que a industria promove, o grau de cultura indus- trial que caracteriza o meio. Parece-me que este ¢ um plano decisivo para distinguir as situagdes em que hé uma real capacidade de esiruturagao @ de negoclagao por parte das economias locais daquelas em que 0 local detém somente Capacidade de reaceao ao estimulo externo. Por outro lado, & importante saber se a malha omprasarial se consolida a volta de um sector industrial dominante dotado de capacidade industrializante e de dversificagao, Sera isto que permite distinguir as situagées de mono-indiistria, sem capacidade de repercussoes industrials locais e muito depen- dentes do mercado de um produto e da evolugao de uma certa tecnologia, daquelas situagdes em que se organiza um sistema produtive local A consolidagao de certos modes regionals de organizar a pprodugao social, nomeadamente a sua vinculaggo a uma actividade de natureza produtiva, como # a pequena agricul tura complementar, e a sua inscrigao numa determinada rede Urbana, em geral uma rede de pequenos centros dotados de fungdes centrais e sem deseconomias de aglomeracao, ofe- rece a possibilidade de apreciar mais desenvolvidamente as fetratégias que se centram ao nivel familiar. No caso portu- ues, a capacidade de estruturagao da regifo litoral Norte © Centro tem chamado a atengao por razbes relacionadas n8o 80 com as suas economias industriais como também com a forte articulagao entre 4 pequena agricultura @ 0 tecido indus trial. Som me deter muito neste ponto, quereria sublinhar que este papel enquadrador das trajectorias econdmicas dos sec- tores nao-agricolas assume uma natureza estrutural numa Sociedade como a portuguesa. No entanto, o facto de ele sor localizado, isto ¢ de ser muito mais caracteristico em certas regides, faz dele um elemento central, mediador, das articula- (G0es tertitoriais de uma economia segmentada, Finalmente, 0 terceiro elemento importante de mediaga0. parece-me ser a aco dos agentes colectivos locals. Penso quer na classe empresarial», mesmo sem representagao forganica propria, a que a consolidagao de um quadra indus- trial ja tenna dado capacidade de «movimentagao>, quer no associativismo industrial, quer em agentes autérquicos. Deve Feconnacer-se que ou um sistema produtivo local se consoli- dou durante um processo longo, originando alguma capaci- ‘dade de regulacao local ou regional, ou 0 jogo de descentra- lizagao industrial nBo corre livremente entre as regides, carecendo por isso da intervengao de agentes como, por exemplo, as autarquias (") . (0) Um caso que me parece bastante eluclaatvo do papel das autar. pst ojaclonat Sena locas para promaveram oemorog mata SioTae afgani. A sua expansao mute recente calecerme Wustar-umna Eniago d2dare detest! ab, Sova, no Se pos ‘sparar deeonvalsimantae do gorere.Go Ge Agvads” iterentoms 38 quo sets porane ume fospostaihdusal a ans ‘Sto prinopamente ond ‘ads tondercia para'9 Sx0do populaciona ‘A lovalzaeto de wma ompreeamurinacionl cua laboragao em Por tugal deren 30 negrdo enite 9 Cataso Portugues «8 Ranaut intalaceo ‘omprosas da aro so vesluivio wt svolueao ne sont da fabrics or uma empresa local, Gp sistomas de utkzagae 2 Gevrecupernets de calor ao oo aspactas mas carste Pata peomovera stalggao local destas Indetias, a Carnara Municipal propee'ae ume. acpas suber tvtna soreaaa em ‘aglisedes. 6 sncentivos feldegnados com frrenas © nlalayges e io abel a formaran protsiona. ‘Sou vrtualgadiasv Sos mites este caso, ve venho esudsndo tr bam ne qunare se uma invostigagao mats smplanao'6 posse put ques {Bur de tamanno, dar conta neste igo 0s Espacos 4a ngvetnateagso 29 30 Jose Rows Reteréncias Bibliograticas Agletta, Ms Bender A Arocena, J Aydaiot, P. 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