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9 de novembro.

Cheguei a repartio as oito horas.


O chefe de seo fez como se no tivesse notado a minha
chegada. Por minha parte, tambm fiz como se nada
houvesse acontecido entre nos. Revi e cotejei alguns
papeis. As quatro horas sai, pesei pelo gabinete do diretor,
mas nao vi ningum. Depois do jantar, levei a maior parte
do tempo na cama.
11 de novembro.
Ontem, sentado no gabinete do diretor, aparei para ele
vinte e trs penas, e para ela...ai de mim!... para S. Ex.,
quatro. O diretor gosta de ter em sua mesa um grande
numero de penas. Ih! Deve ser um homem inteligente!
Esta sempre calado, mas dentro daquela cabea, penso
eu, ha um mundo de meditaes. Gostaria de saber sobre
o que ele medita de preferencia. Gostaria tambm de ver
mais de perto a vida desses senhores, todas essas
complicaes e truques da gente da corte. Por varias
vezes tentei entabular conversao com S>Exa, mas, com
os diabos, a lngua sempre se recusa a obedecer; chego
apenas a dizer que faz frio ou faz calor. Gostaria de deitar
um olhar ao salo, cuja porta de vez em quando vejo
aberta, e ainda mais a um quarto atrs do salao. Ui! Que
rica decorao, que espelhos e porcelanas! Sim, gostaria
de deitar um olhar ao aposento em que vive S. Ex.a. Eis o
que eu gostaria de ver: o toucador, com todos os seus
frasquinhos e potezinhos, todas aquelas flores que a gente
chega a ter medo de cheirar, e todas as suas vestes
espalhadas, mais semelhantes ao ar do que a vestidos.
Teria vontade de ver um instante seu quarto de dormir.
Aquio, penso eu , deve ser uma maravilha; aquilo deve ser
um paraiso que nem no ceu. E olhar o escabelo sobre o
qual ela costuma por os pezinhos ao se levantar da cama,
e ver como os calca de meias brancas como a neve...ai de
mim...ai de mim!....mas basta...psiu!

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