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are Polecepia: Tere ¢Pesuia SenBe 2001, Vol 17m hp. 245-248 O Efeito Foucault: Desnaturalizando Verdades, Superando Dicotomias Ceciia Maria Bouses Coimbra € ‘Maria Livia do Nascimento Universidade Federal Fluminense RESLMD- Este artigo parte de dias contidas em algumas obras de Foucavi,lvantando questéesreferentes i produgto de verdes, ahegemonia da citacia postive e aos binsrsrnospresentes no mundo contemporiaeo. Aponta,sinda, como Pensumentodessefildsofo tem sido uma potentsferramenta, que tem possiblitado colocer em andliveascrengasproduidas pelo pensanento pllOnico, ainda hoje ominanten0 Ocidente. A pstirdst,colocaem discussto a divisto psicalogia Verso palitcs, procurando pensar que efeitos tém sido produzidos poral dcotemiacoticiena. Palavras-chave: verde; dicotomias: pi asp The Foucault Effect: Changing Truths, Overcoming Dicotomies [ABIRACT-The present anicle is based on ideas contained in some of Foucault” s works rising questions regerding the way teuthis produced, the hogamosical standpoint of pottive science and the present binerysins in contemporsy world ftstill peints out how the thought ofthis philosopher hes Beane strong ool, which has turned possible to putunderenalysisthe beliefs producsd by he platonic thought, yet dominant inthe Occident. From tis, t puts wnder discussion the division paychology versus policy ying to think which effects hasbeen produced by this dieotomy, Keywords: ruth; dichotomies: pypractices Parece-me que ques deve levaramconsiderasso no intl: ‘tualndo portant, ‘oportaderdevaloresuniversais” rele é algucm que ocupa wma posigao expecifia, max caespec Pieidede esi igada as fungdes gerals do aispostvo de vera ‘de em nassas socledades. Em owiraspalavras,o intelectual ‘emumatripla especfetdade: a esperfeldadede ue posieae ddeclasse(.): a epectfctdade le suas condigBes de vidae de trabotho,ligadas asua condiedo de intelectal (finale. ‘a, aespecfiidade da verdad nassoctedades contemporaine: 1s. Bentda que sua posi pode adauiriruma signifcagao ‘eral, que sew combate local ou especifio acarreta els, ‘am mplicagies que nde so somente profissicnaison setoriais Ble funciona ow buta ao nivel goral deste regine de verde, que étdoessencial para a xtruturar eparaofincionamenta domossa socladade. Hé um combate "pela verdade" ou, 20 ‘menos, "em torno da verdade -entendend-e, mals una ves, quepor verdade ndo quero dizer" conjunto das coisas ve aieiras adescobrien a fazer acetar", mas anjunto das regrassegunde as qual edsiingue overdedeiro do fal ese atribul ao verdedeiro efeitos expecificos de poder”: entenden dose também gue ndo se trata dem combate “em favor” da verdade, mas em tornado etatuto da verdade edo papel co imice-politico que eladesemspenha (Foucault, 1988, p. 13) Dentreas diferentes contribuietes de Foucault nosmais diversos dominios do saber, tis como psiquiatra, justi, histria, medicina, este artigo privilegia e questio da produ- pode verdades, da dicotomia entre psicologixepoliticae Alguns de seus efeitos sobre nossas praticas. 1 Bdereso: Ra Jodo Peston 134 to 403. CBP: 24220.351 -Niwri RU Em tuicedeniceccombe Adistéria da Loucura, un de seus primeiros escritos, queneste ano completa quarente anos, inaugura uma hist6= ria dos processos deexclusto presentes no mundo ocidental ue, baseados em teoriascientifico-positivists - ainda hoje hhegemdnicas- ttm produzido verdades sobre os conside dos diferentes, sistematicamente rotulados,estigmatizados eexclufdos (Foucault, 1972/1995), Nesta obra Fouceult ques- tiona a separagio entre razio e loucura, ondo esta tomada como o inverso da razo, como adesrazdo, Para tanto, dis- cute o conjunto dos discursos que foram se impondo pela razBo a0 falar sobre a nfo razio. RazBa que se torna una figura de poder e passe afuncionar também comoum mecs- nismo de exclusio (Ewald, 1995). Ao discutir 0 saber psi ‘quidtrico baseado em discursos racionais, esse filésofo le- vanta quest8es sobre como a ciéneia tem sido orgenizada em disciplinas estanques, em teritériosisolades emesmo excludentes, construindo-se, assim, verdades espectficas proprias, inerentes esses determinados campos. Verdades {que totalizame passam a ser vistas como universais perma nentes, temas ahistéricas. Nosso objetivo aqui nfo se prendea uma anilise dosta sua primeira obra, masa partir ealgumas idgias ali presen- tes, em especial de constituipio de verdades ede binaismos no mundo contemporineo, apontar como 0 pensamento de Foucault tem sido uma potenteferramenta que nos possi lita colocar, cotidianamente, em anélise as erengas era nés produzidas pelo pensamento dominante no Ocidente advindo da filosofia de Plato. Posteriormente, colocaremos em dis 1ssho adivisto psicologia versus politica, procurando pen CMB. Coimbra e M. L. do Nascimento sar porque ela tem sido construida e vivida de forms tio éicotsmico-excludente, Pertimos do pressuposta que as verdades sto produsbes histérico-sociais eque n6s, os intelectual, cientistas, pes qisadores,especilistas, peritos, somos uma parcela impor- ‘ante daqueles que tém tidotal tarefa: adeconstruir verda- es. Verdades consideradas como cientificase, portanto, neutas, bjetivas euniversas, Sabemos ser espinhoso e mesmo marginal o camino quenos propomos percorrer aqui, pois colocar em andlise crengas estabelecidas e fortemente instituldas em nosso mundo psi pode se tornar perigoso. Entendemos que uma das revoluydes trazidas polo pen- samento de Foucault diz respeito ao lugar dedestaque ocu- pado pelas priticas socisis nahistéra, Tal concep coloca de eabera para baixo” o pensamento hogeménico no Oci- dente calcado na crenga em naturezas eesséncias, na exis téncia de objetos “em si", de verdades universais: acrenga na objetividade e homogencidade do mundo que firma ser possfvel sua apreenstioeo conhecimento imparcial dareali- dade quenos cerca. Com isso, tem-se produido'a primazia ddarazioe adesqualificapio das sensagOes. Este pensamento trazido por Plato, presente de modo geral nas priticas sciais ‘em espevial,nas acaderias, coloca utros modos de existir «deperteber 0 mundo comp teritérias marginals edesquali- ficados, muitas vezes negando-os. A forza de Foucault est, Justamente, emafirmar a produedo desses espagos de exclu. ‘fo, enfatizando os diferentes poderes que os stravessamy/ ‘consttiem, suas potéacias e mesmo suas possibilidades de singularizasao (Guattari & Rolaik, 1986). Sua inovag30.con- siste em assinalarque os objetos, aberes e sujeitos quees- ono mundonio témumaexisténcia “em si", nfo so natu ris, mas forjados historicamente por priticas datadas que 0s objetivam, como um trabalho jamais completado. Mas cada prética elapriprla, com seus contomosinmitaves eonde vem? Mas, das mudangas hstérioas, muitosimples- ‘mente, Das mil transformapdos da realidade hstirtea, Iso 6 dorestodahistérla, como todas ax coisas. Foucault nd des- cobriu uma nova instdneia, chamada “prétiea" qué era, até endo, desconhecida eles esforgapara ver aprética ol ual ‘realmente: nfo fala decoira diferente a gual fala todo hs toriador, a saber, do quo facem as pessoas: simplesmente Foucault lentafalar sobre iso de tna manciraexat,desere \erseus contormas pontiagudos, em verde uta ferns vagos ‘enobres(Veyne, 1978/1982, pp 159-160) Nestomodo de entender o mundo, as diferentes priticas ‘dos homens vao engendranda objetas sempre diversas, se aceitando, portanto,a idéia de uma evolugio através dos tempos, de um objeto que brotasse sempre de um mesmo lugar, que tivesse uma origem primeira, Desnaturalizando Verdades ‘O caminho que nos propomos percorreraqui pretendere- afirmar esse carter de produgdo que constitui arezio como forga hegemdniea no mundo ocidental, determinante das ver~ 26 aces, apartirdesaberes dominantes, qualificadas come cien- tificos, competentes, poisracionais (Foucault, 1966/1987). Em ‘oposigo, 0s outros saberes que se encontram presentes no ‘mundo passaram a ser caracterizados como n&o cientficos, incompetentes ligados assensaedes, sendo, portanto, margi- nalizadose desqualificadas, ue tipo de saber vocés querem desgualificar no momento ‘onque voeés dizem ‘Ena cléncia’? Queswjeltojatanie, que sujelte de experléncia onde saber vets querem merortzar” ‘quand dzem: ‘ex que formulaescedscurso,enunciourn dis ‘urso cientficoesouum eientsia’? Quo vanguardolerico- politica vocés querem enironizar para separd-lade todas 38 Imumerasas, circulates e descontinuas formas de saber? (Fuca, 1985, p. 172) Pera Foucault os saberes, compreendidos como materiax lidade, priticas eacontecimentos, sto dispositives politicos articulados com as diferentes formag8es sociaisinsereven- o-se, portanto, em suas condigdes potitices. Dai firmar {que nfo hi saber neutro: todo saber é politico. Para cle a andlise do saber implica necessariamente na anilise do po- der, visto nfo haverrelagto de poder sem a constituigso de uum campo de saber. Da mesma forma, todo saber constitul novas relagdies de poder, pois onde se exercitae poder, 20 mesmo tempo, formam-sesaberes eestet, em contrapartida, asseguramo exercicio de novos poderes. essa forma, cada formaclo social tam seus regimes de verdade, Nos séculos XIX e XX, tais verdades eram,con- tinuam sendo, dadas pelas ciéncias positivisias que acolhi- am, eainda acolhem, certos discursos como verdadeiros, fazendo distingdo entre seus enunciados eoutros considera: os falsos. Foucault vai apontar que essas ciéncias no tém estabelecidorelacdes com os diferentes saberes quo esto ‘n9 mundo, Av contrétio, tém desqualificado uns como no ‘competentes, sobrepondo cutros consideradoscientficos e, portant, verdadeiros. Chama de saberes dominados os con- siderados abaixo do nfvel requerido pelos postulados da cientificidade; os nfo qualificados porque locsis, descon- tinvos, heterogéneose, portanto,ndo legitimados pela ira- nia dos discursos hierarquizantes, homogeneos, universali- antes ¢totalizantes que condizem com os critérios de ciéa- ciaede verdade. , principalmente, apartirdo século XIX, coma emer: sgéncia do que Foucault enomina de instituigbes de soqies- tro, que o poder epistemolbgico se estabelece, passandoa 1m dos responsiveis pela constituigfo das ciacias hu- manas saciais. Tal rede de estabelecimentos -pedagogi- 06, médicos, penais ou industriais passa. tercomo prin- ipa caratoristice a vigilincin a diseiplina, através dewme série de fungSes (Foucault, 1975/1986). Pertodo o séeulo XIX, esses estabelecimentos se multiplicam objetivando 0 soqilestro eo controle de rs funges: do tempo, do coma do saber dos sujeitos a eles submetidos eneles inclvidos. Ba famosa inclusto por exclusio,tipica das sociedades disci plinares, "que tem por fue ligar os individuos aos apare- hos de produc, formagto, eformacio oucorresio de pro ddatores” (Foucault, 1996, p. 114). Sobre Verdadese Dicotomias A primeira funcao dessas instituigdes de seqlestro,se- gundo Foucault, € 0 controle do tempo, pois & necessério {que o tempo dos homens seja constantemente colocado & disposigiodos aparelhos de producto capitelista. Daf, a gran- de preocupacdio em conseguir extra, controlar e vigier tempo de existéncia dos sujeitos nos diferentes espagos e nos diferentes momentos de sua vida, épreciso que otempo dos homens sea colocade no marca do, oferecido aos que o guerem comprar ecompristoem toca dum salir, eépreciso, par outro lado, que este tempo dot homens seja transfarmado em tempo de rabaiho, (Fousclt, 1995, p. 16). A segunda fungi das instituigses de sequesto refere-se ao controle dos corpos que passaram a ser, partir do séealo XIX, formados, reformados, corrigidos, para adguirirem aptiddes, qualificarem-se para poder, cada vez nas, se dis- ciplinarem, se submeterem e trabalharera melhor. "Que o ‘corpo dos homens se torne forga de trabalho,” (Foucault, 1996, p. 119), A terceirafunel0—a que nos interessa mais diretamente para que possamos pensar a questio da producio de verda- des - € 0 sequestro do saber dos sujeites. Esse poder epistemoldgico, polimorfo epolivalents, segundo Foucault, {emo propésito de extrairos saberes produzidas pelas mais diversas préticas dos sujeitos submetidos econtroladas pe- los diferentes poderes, Através de minuciosos econstantes registos, observagbese classifcagdes dos componamentes esses sujitos em diferentes situagGes e momentos vai sen do construido, em cima de seu saber-experiéncia, um outro saber sobre ele, que fala dele, que a desereve, diagnostica, que presereve o que, comoe quando deve agir, pens, sen= tir, Enfim, que rumos deve dar & sua vida, Aprende, com isto, a caminhar neste mundo guiado por modelos, que di zemo que fazere como fazer € onde em nenhum momento $ colocado em questo o para qué fazer. Nesses modelos esto as verdades, que definem determina como serbom cidadio, bom pai, bom filho, bom aluno, boa mae, bom tre bathador. Varios saberes io a produzidos: oteenoldgico, 0 Ade observagao, o clinico, dentre outros, queso, cotidians- iments, fortalecidos e atualizados pelaspriticas dos profissi- ons ligados as cincins bumenas esociais, esse forma, so extrafdos dos préprios sujeitas seus saberes produzidos por suas priticascotidianas, Este conhe- cimento seqtestrado serdretranscritoe acumulado segundo ‘certasnormas, saber psiquidirico se formou apart deum campo deob- servagdo ererckapratica eexcustramentepelasmédicasen- (quanto deinham poder no interior deur campo isttocional Jfechade que era o asl, 0 hospital peiguigtrice. Do mesm? ‘modo, a padagogia se formou a partic das prépriae adapta: hes da criamgacstarefas escolares, adgptesdesobvervodase ‘xtraias do seu comportamenio para ornarem-seemsegulde eis de funcionamento das insttugbese forma poder exer- ldo sobre a cranca’ Foucault, 1996, p. 122), ies Teor. eP esq, Bross, Se-D2z2001, Vo. 17.3,pp. 248-248 Superando Dicotomias A psicologia emerge, no século XIX, dentre outras cién- cias numanas e sociais,principalmente em cima de dois sa- bres: 0 deabservacko eo clinico, estando presente no cati- dliano dessas insituigbes de seqiesira. Nao por acaso nossa formagio psi tem sido atravessada pelas erengas em uma verdade imutavel, universal e, portanto,ahistoricae neuirs ‘numa apreensto objetiva do mundo e do ser humano; em ‘uma natureza especifica para cada objeto; em urns identida- de prépria de cada cuisa enas dicotomias que, por acredita- rem nas esséncias, produzem exclusBes sisteméticas, Tais crengas que atravessam, constituem e estio presentes em nnossas priticas cotidianas, 20 mesmo tempo estio sendo fortaecidas e atualizadas por essas mesmes priticas, Por iss, slo tdo frequentes no mundo e, em especial, ne psi os binarismos que opbem objevos, conceitos, teritérios como teoriaepritica, saber e poder, individuo e sociedad, macro ‘emicto, interior e exterior, psicologiae politica, denire ov- tos. A poténcia do pensamento de Foucault em nossts priti= ces diz respeito a desconstructo de todas essas crengas ac aponti-las enquanto produgtes hist6rico-saciais,indicando amultiplicidade presente nos diferentes objetos que esto ‘no mundo, negando com isso a possibilidade de apreends- los de forma objetivae neutra scolocando em questo nosso conhecimento baseado em verdades. [Na base de todos esses binarismos esté a crenga de que cada conctito gue se opde a outro ocupa um teritério sepa radoe bem delimitado, tem identidade pr6priae funciona de ‘maneirs especifica e previsivel,o que configurauma home- ‘goneidade, uma unidade, uma natureza que Ihe seria intrin- Dessa mencira, por exernplo, psicologiae politica tém sido construidas eaceitas, deum modo geral, como tetité- ros separados, estanques; como objetos quese opdem, como conceitos que nada tém em comum, pois so tomatdos como naturais, ahistéricos e possuidores de uma esséneia imutd- vel. Tal eompreensio tem reafirmadoas praticas que sepa- ram radivalmente esses dois campos, pais se entende que a cigacia psicolégica nfo permite interlocusdes com determi- nados temas, em especial os considerados politicos, nio po- ‘dendo ser conspurcada por questdes consideradas to dis- tantes dela eque nada tém a vor com sua esséacia, Aocontrério, negamos essas crengas modelos hegem6- nicos e entendemos psicologis e politica como teritérios gue sc cruzam, que se atravessam, que se complementam, ue sfo miltiplos e impossiveis de serem aproendidos em sua totalidade. Oefeito Foucaultnos tem permitido estranhara separa- so entre psicologiae politica, pois em momento algum es- s¢8 dois dominios se excluem. Ao trabalhar em psicalogia - na pesquisa, na docéncia, na orientagdo de alunos, nas inter vensdes em diferentes estabelecimentos- estamos atraves- sados ¢ constituidos @ todo momento pelos conbecimentos 2ar CMB. Coimbra e M. L. do Nascimento espectficos de nossa area, pelo lugar legitimado de saber/ poder que ocupamos sciaimente, pornossas implicag6es€ crengas politicas, pelo contexte histérico em que vivemos, pelos diferentes saberes-experféncias que vio nas constitu indo a0 longo de nossa trajetéria, pelas diferentes eseolhas ‘op¢es que vamos realizando, pelos miltiplos encontros ¢ agenciamentos que vao acontecendo em nossas vidas. Hoje 6 impossivel paranés separar que é psicolégica do que é polftico: negamos suas esséncias, apostamos na consti ‘fo histirica desses campos de conhecimento enasarticula- ges que se operam entre cles. ‘O que quisemmos enfatizar no presente trabalho, mesmo que de forma bastante ripida, diz respoito a produso, por parte da chamada cigacia positivista, de duas competentes ‘nstituigder":verdade edicotomia. Aspraticas consideradas cientificas afirmam que devem se resguardar das misturas, das impurezase poluigses queestio a0 seu redor ecireulam pelomundo, Como vestais,sarcerdotisase guardies de San- Inrio de Vesta (deusa da Vidaentre os romans) —inacessi- vela0s considerados leigos —devern manter su virgindade enquanto estiverem aservigo do clo. Assim, os intelectu- sisresguardam apurezada'“verdadeira”citacia e, por isso, poUcos séo0s prvilegiados que tém acesso a esses temaplos sagtados, poucos os que podem funcionar como vestais; antes, devem ser “purificados”, evitando toda e qualquer ristara (Coimbra, 1995). Este tem sido, em geral, 0 papel das formagdes na drea das cifacias humanas esociais, em cexpecial nada psicologia. Entretanto, se apostamosnasraulti= plicidades, nas priticas sociais como produtaras dos obje- (0s, saberes ¢ sujeitos que estao no mundo, apostamos em outras formas de existéncia. Apostamos na possibilidade da criagao ¢ da invencdio, na provisoriedade das coisas, como nos sponta Foucault. Referéncias Coimbra, CMB, (1995). Guardides da ordem: uma viagem pelas rétices psi no Brasil do "milagre". Rio de Janeiro: Oficing aoAutor Ewald, (1995). Foucavl: analytique de Vexelusion. Maazine Linvaie, 334, 22-24 Foucaul, M. (1985). Figtare punir: nascimento dapristo. (LMP. ‘Vassllo, Trad) Pettipatie: Voze, Trabalho orignal publica- doem 1975), Foucault, M. (1987). As palavras e as colsas: wma arquealogio da elcias onanas.(S. Musa, Tred.) So Paul: Martins Fontes. Trabalao crginal publicado em 1956), 2 Porinstig, dent do referencia scioaalon ats tends. rmosnte oestatlecnent9ouloca eogeico, mas eager cam. Dosde ores nsiuldasepecabidos somo natiais axe se optem ‘ertenemene s oteseampos de frsinstiuines Dal lz {ueasinstagbey eiferentoment deme sovisus,afosanesdie es srinloase, porarto, temas, Exo er constant ovine ‘evsondoirpesnent. 28 Foucault, M, (1988). Mlcrafrca do poder. (R. Macha, Org. ¢ Trad.) Rio de Janeiro: Graal. (Trabalhos originals publicados sem dat). Foucault, M (1995). Misra da foueura ma idade eis, (1. Coetho Netto, Trad.) Sto Paulo: Perspeciva (Trabalho origi- ral publicadeem 1972). Foueavl, M, (1996). 4 verdede e as formas juridicas REM. Machado ¢ EJ. Moras, Trad.) Rio de Jancio: Neu Ed Guatiar, F. & Rolnik,S. (1986). Meropolice: carigrapas do ese, Petcopotis: Voces. ‘Vesne, P1982), Como se escreve a histria- Foucault revo rng a histrla.(A.Baltare M.A. Kreipp, Trad) Bras: Uni (Tssbalhosorginaispublicadoe em 1971/1978), ecebido em 30.10.2001 “Aevito om 04.02.2002 Pigs Teor. ¢Pesq, Bras, Se-Dez2001, Vol U7. 3,p9. 245-248,

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