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Que meus inimigos façam-se débeis no frustrar da vida

Se lhes acompanhou os dedos finos não disse


Se lhe soou frio do cangote ao peito do pé tampouco
Somente vejo o que veem meus olhos, destes não me duvido
Escassa miríade posso descrever, só sei que tremi

Não era hora de ser gentil, não existe essa hora


Tampouco outras iguais a essas, nada é igual
Só o tempo. O tempo é igual a todos os outros
Calor, se não tivesse ao abano carinhado, seria (mais que sou) fumaça agora

Mãos suadas empapavam o bolso do paletó


O suor frio que me descia não percebeu os dedos finos
A mão delicada, a mazela desejada, dia após dia
Se é que os dias passam por bem

O abraço grosseiro, cavaloz, capataz, de arremate


Desfez-me ao respiro ofegante, crinavam os hormônios
Ardentes ao rubro escarlate borrado que derretera com a surpresa
Ah, mas eu sempe gostei de dentes vermelhos

A gélida impressão de que o tempo começara a andar preocupou-me


Cismei devaneios como um chulo e cambaleei, não sentia meus pés
Ou tampouco sentia meus impulsos, meus pés giravam como os olhos dela
Balançavam-se ao vento dois birutas incandescentes

A incandescência nossa brilhou na noite escura


Na praia vinham as brisas antárticas, mas saáricos suávamos
Como bicas no oásis, como satisfação no estado mais bruto

Verdadeiramente creio que não suportei outro arremate dela


Cai duro ao cimo da borrasca, senti-me no frio, gelado
Sua voz ao longe gritava por mim, como uma marani aos pés da pira

A minha insolência calou-me como se fosse pedresco


Vi-la de longe correndo contra o mercúrio que lhe torrava os pulsos
Que lhe enchia a boca de espuma. Também ela partiu

Ora, se em minha demência digo


Que se façam débeis meus inimigos
Eles vivem atônitos no frustrar da vida
E eu satisfeito por morrer de amor.

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